— E esse continua sendo o nosso quarto - Forçou um pequeno sorriso para a sua frase.

Não havia necessidade de mostrá-la cada cômodo afinal era a casa em que ela nasceu e conhecia aquilo como a palma de sua mão, mas ao longo dos anos haviam feito mudanças, mudanças ao qual não fazia mais parte de suas lembranças, primeiro quando se casaram e Asami insistiu que fosse moldado ao gosto de ambas, a segunda vez foi quando a primeira filha chegou, estavam tão animadas que tudo era motivo para mudança afinal queria tudo perfeito para a primeira filha, e a terceira e última vez foi quando chegou a segunda filha, ao longo de dez anos aquela enorme mansão havia sido modificada.

— Que dizer, continua sendo o seu quarto mas agora com uma dona a mais - Consertou a sua frase quando recebeu um olhar questionário.

Estava nervosa, com medo e sem saber como agir, já havia passado por aquilo, no seu caso foi bem pior pois nem recordava de seu próprio nome porém contornou aquilo, mas agora à sua frente estava a mulher com quem estava casada há anos e a única coisa que restava na sua mente sobre elas era a memória de quando a amizade das duas estavam se intensificando, e o que ela podia fazer? Nada, nem mesmo os melhores médicos e curadores conseguiram ajudá-la.

Korra se perguntava porque sempre a vida lhe dava momentos felizes e depois arrancava tudo da pior maneira.
Essa tormenta começou semana passada quando ela, Mako, Bolin, alguns policiais de Republic City, os nômades do ar juntamente com a própria Asami, combatiam uma guerra entre duas Tríade de Republic City, conseguiram resolver o problema, teve consequências e várias, uma delas foi Asami ter se machucado.

Korra ficou ao lado de Asami durante dois dias enquanto a mesma se mantinha inconsciente e quando a viu acordar sentiu tanta felicidade e alívio por aquilo, mas toda aquela felicidade se desfez quando ao tentar beijá-la foi rejeitada e repreendida por aquela ação, no começo achou que era por tê-la deixado se machucar mas a constatação de que ela havia perdido a memória a fez se sentir pior do que quando foi envenenada por Zaheer.

— E você vai dormir aqui? Comigo? - A pergunta a fez voltar para a realidade.

— É a nossa cama... - Falou com receio - Deita, você apenas recebeu alta para ser tratada em casa.

Ajudou Asami deitar na cama e colocou a sua bolsa na poltrona logo voltando-se para ela.
Asami apesar da alta ainda não chegava nem a 80% de melhora, não só o seu corpo mas como a sua mente estava danificada. Mas ela não estava se importando nisso apenas em recuperar o vazio que ficou em sua mente, chorou tanto quando Korra convenceu ela de que eram casadas e de que havia perdido a memória, teve que lembrá-la do que houve com o seu pai apenas porque ela pedia para que ele pudesse visitá-la, acreditando que ele estava livre após cumprir a sua pena, mas foi apenas isso pois seguindo o conselho dos especialistas não deveria despejar tudo de vez em cima dela. Agora Korra tinha o dever de aos poucos ajudá-la com as lembranças.

.......

O dia havia amanhecido e Korra o testemunhou, estava no quarto destinado a hóspede para assim dá um pouco de espaço à Asami, quando ela reagiu de uma maneira negativa sobre Korra dormir ao seu lado não negou que sentiu raiva por isso mas logo mudou de idéia ao lembrar da situação em que Asami estava, então apenas a desejou boa noite e saiu do quarto em que ambas compartilhavam.

— O que o Aang me aconselharia? - Perguntou para si mesma e suspirou frustada lembrando que graças ao seu fracasso havia perdido a conexão com os outros Avatares.

Sentou-se na cama em posição de Lótus, e com olhos fechados começou a meditar, iria para o Mundo Espiritual, sempre recorria à ele quando era de extrema importância, lá havia Iroh e poderia falar livremente com Raava, também outros espíritos que poderiam aconselhá-la à algo, era raro recorrer à isso pois a muito tempo amadureceu ao ponto de seguir seus próprios conselhos e ideais.

Concentrou-se, muito tempo tendo isso em prática que era tão fácil para ela, estava tão próxima de chegar ao Mundo Espiritual mas tudo isso foi em vão quando ouvi gritos pela casa.

— Droga!! - Arregalou os olhos ao identificar a voz e rapidamente correu.

.....

— Mamãe! Mamãe! - A garotinha de mais ou menos três anos gritava enquanto subia a escada com pressa.

Assim que chegou no último degrau de cima sentiu ser levantada e quando olhou para cima viu quem era.

— Me solta, me solta! - Falou irritada - Eu quero a minha mamãe!

— Hey! Calma aí - Korra descia com a garotinha enquanto a mesma se debatia para que Korra a colocasse no chão e ela cumpriu o seu desejo apenas quando chegou na sala mas ainda continou a segurando.

— Desculpa Korra, mas desde ontem que ela está chorando pela Asami e eu não vi outra alternativa a não ser trazê-la - Explicou-se Opal.

— Tudo bem Opal, uma semana foi até um record - Assim que a soltou a menina saiu correndo - Obrigada vocês dois.

Ao lado estava Bolin com outra menina, porém mais velha que a primeira, no colo que dormia.

— Ficamos feliz em ajudá-la ao menos com isso.

— É verdade que a Asami não se lembra de nada?

— Bolin! - Opal deu um cutucão nele que logo fez bico alisando o local.

— Tudo bem, de qualquer forma não vai ser segredo - Falou cabisbaixa - E sim, é verdade, no momento apenas vocês e os mais próximos sabem, apenas pessoas que tem grande importância na vida dela, que dizer, todas menos as nossas filhas.

Como explicar para a mulher que nem lembrava que eram casadas que elas tinham filhas? Ou explicar as filhas que a mãe delas não lembrava mais de suas existências? Com certeza a notícia não seria agradável para a sua recuperação.
Lembrando-se desse detalhe Korra arregalou os olhos.

— Ashrah! - Sussurrou o seu nome - Por favor, coloque-a na cama, eu preciso resolver algo.

Apressou-se e em segundos estava em frente a porta do quarto, e várias paranóias viam em sua mente e perguntava-se quando seria o momento em que Asami iria gritar ao ouvir a garotinha chamá-la de mamãe. Deu um longo suspiro e entrou no quarto e para sua surpresa Asami estava de pé e com a garotinha no colo dormindo agarrada em si como se apenas um vento pudesse separá-las.

— Asami - aproximou-se.

— Me ajuda.. - Ouviu desespero em sua voz - Pega ela por favor.

Korra apenas deu alguns passos até Asami e logo a menina foi passada para os seus braços, em frente à ela havia uma Asami assustada encarando-a.

— Por que não contou que eu tinha uma filha?