Let your heart hold fast escrita por Lily


Capítulo 3
03. Somebody's Me - Enrique Iglesias




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"Você sempre estará na minha vida. Mesmo que eu não esteja na sua vida. Pois você está na minha memória. Você, Você irá lembrar de mim?"

 

Quando Robin tinha oito anos, ela ganhou um coelhinho de sua tia, ele era branco com pintas marrons e tinha lindos olhos cor de chocolate. Robin o amava. Então um dia, depois de voltar da escola, ela o encontrou sobre a mesa de jantar, rodeado de alface e tomate. Por anos, ela nunca pensou que pudesse sentir uma dor tão grande como aquela, pelo menos não até aquele momento.

—Eu não uso mais ela, porque não estamos mais juntos. - Barney disse, embora seu rosto estivesse sério de uma maneira que ela nunca tinha visto antes, Robin apenas riu.

—Ok, Barney. Boa brincadeira, mas agora chega. - ela falou, mas mesmo assim ele não riu ou sorriu desfazendo a farsa. E de repente Robin sentiu seu peito doer e seus olhos arderem. - Me diz que isso é uma brincadeira, Barney. Por favor, me diz que é. - ela implorou, mas ele se conteve apenas em balançar a cabeça e lhe lançar um olhar de entristecido. - Eu realmente perdi a memória dos últimos oito anos? - Barney assentiu. - E não estamos mais casados?

—Assinamos o divórcio há quatro anos.

—Por quê?

Barney abriu a boca para falar, porém rapidamente a fechou como se não tivesse certeza sobre o que dizer.

—Chegamos a um acordo, Robin. Achamos melhor cada um ir para um lado diferente.

—Por quê? - ela insistiu sentindo as lágrimas se acumularem nas bordas de seus olhos.

—É complicado, Robin. - ele disse em um sussurro quase inaudível.

—O quão complicado é, Barney? Mas complicado que isso? - ela indagou apontando para tudo ao seu redor. - Mas complicado do que o fato de que a última coisa que eu me lembro é de ouvir você dizer eu te amo?

—Robin…

—Barney, eu te imploro, se isso for algum tipo de brincadeira, por favor pare.

Robin olhou para Barney esperando alguma ação, algum sorriso idiota ou pedido de desculpas, mas tudo o que conseguiu foi um olhar cansado. Ela piscou atordoada sentindo as lágrimas caírem, seu peito apertou ainda mais quase empurrando seus pulmões e forçando o ar a sair. Robin tentou respirar, mas parecia impossível conseguir um pouco de ar fresco.

—Srta. Scherbatsky, está na hora de Deus exames. - uma enfermeira avisou enquanto entrava no quarto, com os olhos fixos na prancheta, ela não pareceu notar o que estava acontecendo ali.

Robin secou rapidamente as lágrimas e se endireitou na cama, ela não chorava na frente de desconhecidos e não era agora que começaria acontecendo fora fazer isso.

—Robin… - Barney começou a falar, porém parou novamente, como se lhe faltassem as palavras. - Eu vou estar aqui quando você voltar.

Robin não o encarou, porque sabia que assim que fizesse isso, acabaria voltando a chorar novamente.

[×××]

—Como você se sente? - a doutora Evans indagou adentrando ao quarto. Robin desviou o olhar de sua mão esquerda e encarou a mulher.

—Eu não sei ao certo. Eu realmente perdi oito anos da minha vida?

A doutora deu um sorriso carregado de compaixão antes de acenar com a cabeça em afirmação.

—Mas não se preocupe, fora suas memórias e o braço quebrado, todo resto está certo. Nenhum trauma em sua cabeça ou em qualquer parte de seu corpo.

—Alguma chance de eu recuperar minhas memórias?

—Ainda não sabemos. Pode demorar algumas horas, dias, meses ou anos.

—Ou talvez eu nunca mais lembre de nada, não é? - Robin olhou para a doutora que soltou os ombros em um gesto de cansaço. Ela abaixou a cabeça novamente sentindo as malditas lágrimas voltarem, mas então respirou fundo e tentou acalmar sua mente. - Onde está o meu mari… Barney?

—Ele teve que fazer algumas ligações, mas prometeu que logo estaria aqui. Não se preocupe. - ela assegurou. - Mas também tem outra pessoa que quer lhe ver?

—Quem? - Robin indagou olhando para porta, esperando que fosse algum de seus amigos, um rosto familiar no meio dessa maldita confusão lhe faria bem.

—Olá minha bella signora. - Robin contorceu o rosto diante do homem que caminhava em sua direção. - A doutora Evans me explicou sua situação e agora eu entendo que me exaltei um pouco naquele momento, sinto muito. Não foi minha intenção lhe assustar.

—Você tentou me beijar e eu tenho um marido, quer dizer, ex-marido. Droga!

—Acho que vou deixar vocês à sós. - a doutora disse preste a sair.

—Nem ouse. - Robin grunhiu olhando para ela fazendo-a recuar novamente para seu posto. - Quem você pensa que é para tentar me beijar?

—Seu namorado. - ele disse, ela arqueou as sobrancelhas um tanto descrente.

—Oh Deus. - ela sussurrou respirando fundo.

—Olha, nos conhecemos em uma viagem a Itália, você estava fazendo uma matéria sobre a política e eu sobre a gastronomia local. Eu te convidei para jantar e você aceitou. Estamos namorando há quase seis meses. - ele disse enquanto se aproximava dela. Robin adoraria recuar, mas se sentia como um pequeno animal enjaulado sem saída ou opção. - Sei que você não se lembra agora, mas eu vou fazer tudo o que posso para que você se lembre do quanto a gente se ama.

Robin olhou para a doutora, como se buscasse uma resposta para aquela questão. Mas mulher loira apenas deu de ombros. Robin suspirou um tanto cansada.

Oh Deus, como ela queria que aquilo fosse apenas uma piada de Barney. Uma armação para irritá-la. Mas pelo o que parecia, aquela era sua nova vida.

—Robin! - a voz de Lily soou como uma doce melodia. Robin se virou e sorriu minimamente ao notar sua melhor amiga correndo em sua direção com um olhar aliviado. - Oh céus! - Robin deixou que Lily a abraçasse e aproveito o momento para deixar algumas poucas lágrimas caírem. - Quando Barney ligou e me pediu para vir aqui, eu nem pensei duas vezes. Ele me contou sobre o acidente, que bom que não foi nada muito grave.

—Onde ele está?

—Barney? - Lily indagou ao se afastar. - Ele teve que ligar para a babá e saber como Ellie está. Você sabe, toda essa agitação acabou tomando um pouco de tempo dele, eles nem apareceram na apresentação das meninas.

—Quem é Ellie? - Robin questionou franzindo a testa.

—A filha dele. - Lily disse lhe dando um sorriso gentil. - Você não lembra?

—Na verdade ela não lembra, Lily. - Robin virou o rosto encarando Barney parado na porta.

—Então foi por isso que nós separamos? - ela indagou em um sussurro quase inaudível.

—Não. Ellie tem apenas seis meses, ela não tem nada a ver com isso. - Barney disse caminhando lentamente até ela.

—Acho melhor sairmos para dar um pouco de privacidade a eles. - a doutora falou enquanto empurrava Lily e o atual namorado de Robin para fora da sala. Barney se aproximou dela sentando-se na cadeira vazia.

Robin olhou para ele sem saber o que falar. Tudo ainda parecia muito surreal, como em um filme de quinta categoria.

—Robin, antes que você fale qualquer coisa, apenas me escute. Ellie foi apenas o resultado de um caso com uma mulher qualquer.

—Uma mulher que te deu a única coisa que eu não poderia lhe dar. - ela sussurrou apertando o lençol da cama entre os dedos.

—Robin…

—Não. Não precisa, eu entendo. Você queria filhos e eu nunca poderia te dar isso. Tudo bem, eu sabia que um dia isso poderia acontecer. Então eu posso realmente afirmar que isso é culpa minha, que a gente…

—Não. Não. Não. - Barney se levantou segurando-a pelo rosto, seus dedos tocaram as lágrimas que escorriam pelas suas bochechas. - Não faça isso. Não diga que  culpa é sua, não é. Nunca foi culpa sua. Você sabe muito bem que eu estava ciente disso quando nos casamos e eu aceite isso. Porque eu não estava me casando pensando em ter filhos, eu estava me casando porque eu te amava e não conseguiria passar nem mais um minuto da minha vida sem ter você perto de mim.

—Então nosso divórcio não teve nada a ver com o fato de eu não poder ter filhos? - ela indagou, esperando do fundo de seu coração que ele que não, porém o silêncio foi a única resposta que ela teve. Robin fechou os olhos e com a mão livre empurrou Barney para longe de si. - Sai daqui.

—Robin…

—Apenas saía daqui, Barney. - ela pediu sem olhar para ele. - Por favor, sai daqui.

Ela sentiu ele hesitar por alguns segundos antes de se afastar. Robin segurou a respiração esperando até a porta do quarto se fechar, mas somente quando ouviu clique da porta e os passos se distanciando pelo corredores que ela por deixou todo o ar e as lágrimas saírem. Sua garganta parecia estar carne viva enquanto ela prendia os gritos que lhe ameaçavam escapar. Socando com força o colchão tentou extravasar toda raiva e agonia que se acumulava em seu peito. Aquilo parecia um terrível pesadelo que ela não podia acordar.


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