Mudança de Passarela escrita por VFarias


Capítulo 4
A Festa na Represa!


Notas iniciais do capítulo

Nunca entendi o que queriam me dizer com: A diversão é você quem faz.
Mas depois de um tempo pude entender que tudo na vida somos nós mesmos que nos fazemos e permitimos, tudo que acontece, acontece porque permitimos, então acho que é hora de se permitir ser feliz plenamente e divertidamente.
Lembrando sempre o quão importante é sentir suas emoções de uma forma geral para assim passar a entender cada uma delas e a si mesmo.



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Narrativa – Colin.

— A Colin, vamos sim poxa, as festas no condomínio são muito legais, e esta festa na represa vai ser muito divertida, é a primeira festa do segundo semestre, essas festas são sempre as mais divertidas. – diz Laura tentando me convencer, por telefone, de ir nesta festa idiota, no condomínio idiota onde ela morava.

Tá eu vou. — respondi quando não aguentava mais a ouvir falando de ir nesta festa, isso porque só fazia dois dias que estávamos namorando. Todos já sabiam inclusive que nós namorávamos o que queria dizer que eu estaria em exclusividade da Laura nesta festa uma vez que assumi o compromisso com o namoro, eu realmente gostava dela, acho até que podia a amar realmente, mas não sei se estava pronto para largar a vida que eu levava desta forma tão repentina.

Neste dia eu tinha que ir ao mercado para minha mãe e como minha irmã queria ir a festa também, avisei a ela que na volta deixaria as coisas com Cida e a pegaria no portão para irmos a festa juntos.

Depois do mercado enviei uma mensagem a ela:

Maninha já pode ir para o portão, pega um chiclete na minha gaveta, por favor.”

Quando cheguei ao portão da minha casa, Sofia já estava lá, ela entrou no carro jogando o chiclete no meu colo e me olhando de uma forma estranha.

— Eu acho que o Pietro vai tentar me matar durante esta festa só pelo fato de eu estar lá e também por estar namorando a irmã dele, mas fora isso eu estou tranquilo. – digo a ela.

— Ótimo. – diz ela. – E quando foi que Pietro não quis te matar?

Ela diz isso e ri, é verdade ele sempre me odiou, que louco isso, eu nunca fiz nada para ele a não ser tentar me aproximar, mas mesmo assim ele sempre me odiou, o pior é que agora eu sentia que isso só ia piorar.

— Falando nele, fui com a mamãe na casa deles hoje a tarde enquanto você dormia, Tia Marcia não parou de perguntar quando o genro dela iria lá e o tio Roberto também. – disse Sofia, apenas olhei para ela como quem diz: e dai? Eu não estava pronto para encarar tudo isso ainda então ela continuou. – Acho que você não vai poder fugir disto por muito mais tempo.

— Mas falando serio, como será que é essa festa, espero de verdade que não seja uma festa caipira. – mudei de assunto.

— Você nunca foi lá não é mesmo? – questionou Sofia. – eu vou lá com a mamãe às vezes, lá tem várias festas e são bem maneiras, eu vou direto nelas com o Pietro.

Quase bati o carro! Minha irmã saia COM O PIETRO E EU NÃO SABIA? COMO ASSIM?

— A Colin ele não gosta de você, mas de mim ele gosta ué. – disse ela, e na mesma hora ela olhou para o outro lado.

— SOFIA VARGAS, NÃO ME DIGA QUE VOCÊ JÁ FICOU COM O IDIOTA DO PIETRO?! – Berrei!

— Calma Colin, olha para a rua. – disse ela realmente assustada. – a gente fica desde que éramos pequenos, a gente é tipo melhores amigos, eu converso com ele sempre, por mensagem desde sempre, e todas as vezes que eu vim para cá com a mamãe a gente ficou e ia para as festas juntos, tudo sem compromisso, somos amigos, ficamos por conveniência, mas nada de compromissos. Sem a menor dúvida, eu sou a pessoa que mais o conhece em todos os âmbitos.

— Caramba, vocês fizeram tudo isso na miúda, meu santo Mickey... – digo e ela começou a rir alto.

— Você ainda fala isso? – disse ela gargalhando. – eu sempre me esqueço desta sua mania, é muito engraçada.

— Não muda de assunto. – digo a ela sério. – a mamãe sabe disso?

— Sim, ela sempre torceu para que ficássemos juntos, e sempre torceu para que vocês fossem amigos, alias a Tia Marcia também, eu não sei o que acontece com vocês, ele gosta muito de mim. – disse ela. – Não sei qual o problema de vocês dois, e todo esse ódio gratuito que vocês sentem.

— Eu não tenho problemas nenhum com ele é só o fato de ele ser um idiota que não gosta de mim. – digo a ela já ficando irritado. – Voltando a falar da festa, então elas são maneiras?

— São bem legais, melhores que muitas baladas de São Paulo. – respondeu Sofia e olha que ela ia a muitas baladas até mesmo em São Paulo.

Depois de passarmos pela portaria eu segui pelo caminho mais longo segundo Sofia para conhecer um pouco mais do condomínio, mas a essa distância eu já podia ouvir os primeiros resquícios de musica tocando e a musica era boa pelo menos.

Estacionei o meu carro na rua mesmo, assim como todos os outros carros estavam, que loucura, quanta gente e eram 20:15, nunca em São José ou em São Paulo uma festa estaria tão lotada após apenas 15 minutos de ter começado.

Aquilo era um ancoradouro, porque havia um galpão onde estava escrito: Garagem de barcos. Presumi que os moradores ou visitantes do condomínio deixassem suas embarcações ali para eventuais passeios.

Havia uma guarita também que naquele momento era um bar, e na parte de cima do farol era onde ficava o DJ, quem organizava isso devia ser um gênio, porque colocando o DJ lá em cima e virando todas as caixas para baixo, contra a agua dava uma acústica maravilhosa, e penetrante, havia uma descida que levava até a água em uma rampa de cimento, e do outro lado havia um caminho de terra que terminava em um amontoado de terra que era bem legal, parecia uma ilha acoplada a terra, na rampa de cimento havia uma balsa presumi que os barcos deviam ficar lá até que os funcionários pudessem guardá-los, também imaginei que aquela parte da represa devia sem muito funda, para que barcos e lanchas pudessem ficar paradas lá sem problemas.

A decoração da festa se baseava em tecidos coloridos, luzes, e a própria paisagem, cara aquilo era de mais.

Fui pegar uma bebida, Sofia já havia se enturmado com um grupo de meninas e conversava animadamente com elas, cara ela só precisava sorrir, isso era louco de mais, muito embora se eu parasse para refletir realmente eu também era assim, as pessoas sempre gostaram dos irmãos Vargas, onde quer que fossemos sempre arrumávamos companhia, mas hoje eu queria ver o todo, antes de me fechar em algumas pessoas, além de que eu ia ficar com a Laura a festa toda.

Fiquei um pouco afastado de onde estava a minha irmã, mas mandei uma mensagem para ela dizendo que me avisasse caso saísse antes da festa e que eu faria o mesmo, ela me respondeu com um ok e um emoji de beijo, nós sempre fizemos isso, toda vez que saímos juntos, porque assim nenhum se prejudicava nem ficava preocupado.

Decidi andar pela festa, ver as pessoas, conhecer a represa, enquanto Laura não chegava, eu segui em direção a ilha, e cara era de mais, uma faixa de terra terminada em um circulo perfeitamente redondo, que me permitia ver uma paisagem de água e outras diversas ilhas e ilhotas, maravilhoso, a música que tocava era muito divertida, boa para dançar, eu estava muito entretido com o som e a paisagem, até que uma voz me tirou do devaneio.

— Ora, ora, se não é o titular da “AR”. – não precisava me virar para saber que era Pietro, vindo de uma maneira petulante e arrogante como sempre era. – Parabéns por namorar minha irmã.

A ironia na voz dele chegou forte em cima de mim e eu a recebi bem tranquilamente, ele não me irritava tão facilmente, já eu, bom eu não precisava de muito para tira-lo do sério.

— Obrigado. – respondi e pisquei, eu sabia que ele odiava essa piscada, mas era mais forte que eu, essa piscada sarcástica era de mais, ela tirava qualquer um do serio. Eu me virei e voltei para a festa, já no ritmo de dançar.

Eu me joguei na “pista de dança” e comecei a dançar com o pessoal, logo conheci algumas pessoas e descobri que estudavam no Colégio Dourado, onde Pietro estudava também.

Droga eu vim para um ambiente onde para todo lugar que eu olho tem Pietro no meio. O que eu esperava afinal, ele mora aqui, esse lado da cidade e do titular da “AL”.

— Como é seu nome? – perguntou uma garota, a voz dela me trouxe algumas recordações.

***

— Colin corre você precisa correr mais rápido. – disse Laura, irmã de Pietro.

— Eu não aguento mais, eu não quero mais brincar disso. – digo a ela em resposta, o que era verdade, eu estava cansado, e queria descansar, correr sem rumo não era a brincadeira mais divertida.

Sentamos debaixo de uma árvore e começamos a conversar, rir, e brincar um com o outro.

Laura era uma garota muito divertida, nem parecia que tinha parentesco com Pietro, ela brincava comigo, conversava comigo e me tratava muito bem, ela foi adotada pela família de Pietro quando seus pais morreram em um acidente de carro e então crescemos juntos também, assim como Pietro e eu, mas com ela era muito diferente, eu adorava ela, estar com ela era completamente diferente de estar com Pietro.

Conversamos bastante e por fim ela apoiou a cabeça no meu ombro foi ai que demos nosso primeiro beijo.

***

— Não vai me dar oi não é? – perguntou a menina ainda atrás de mim.

Eu me virei e só abracei aquela menina de cabelos ruivos.

— Oi meu amor! – digo ainda a abraçando.

— Ei, estou te procurando a um tempão você precisa de um GPS. – disse ela debochando.

— Você sabe que não é bem assim. – retruquei, um pouco irritado porque aquele tipo de comentário não era algo que eu esperava ouvir já no começo do namoro, ainda mais vindo dela que sempre foi tão desencanada.

Passei horas conversando com Laura na festa e nem vi a hora passar, nos estávamos sentado na balsa conversando, porque ali a musica era mais baixa, mas estava tudo muito divertido, talvez eu estivesse certo ao ter aceitado namorar com ela.

Meu Deus como eu adorava aquela menina¸ quando voltamos a pista de dança nós dançávamos tão divertidamente que não sabia mais que horas eram, minha irmã chegou perto da gente já dançando junto também, ela e Laura nunca foram muito amigas na infância e Laura era mais velha que minha irmã, na verdade tínhamos a mesma idade, mas minha irmã sempre a viu como um exemplo, alegre, divertida, inteligente, então Sofia tentava imitar o jeito dela, e conforme foram crescendo até chegaram a ser amigas e minha irmã se tornou uma pessoa maravilhosa, eu a achava ainda melhor que Laura e não só eu achava isso, muitas pessoas pensavam desta maneira.

— Laura o que você vai ficar o tempo todo com esse otário? – ótimo, lá vem o Pietro.

— Pie vem dançar com a gente? – chamaram Laura e Sofia ao mesmo tempo.

— Nem morto que eu fico perto desse otário ai. – disse Pietro me fuzilando com os olhos.

— Caramba cara, você não baixa esse mau humor nunca? – questionei e dei risada e pisquei para ele. – Parece uma mocinha em TPM eterna.

— Cala a boca idiota. – disse ele, revirando os olhos.

— Mas é verdade Pietro, você vive estressado, cuidado em, estresse causa queda de cabelo. – digo a ele, sabendo que ele era fissurado no cabelo dele.

— Garoto se eu fosse você eu calaria a boca, eu já estou de saco cheio do seu jeitinho irritante e ficar enchendo o meu saco, se continuar assim eu vou te arrebentar.  – disse Pietro e eu via sangue nos olhos dele, ele realmente tinha raiva de mim.

Respirei fundo e revirei os olhos, por Mickey eu não mereço isso, era para eu estar me divertindo, era para esta ser minha primeira festa namorando com a Laura, mas não esse babaca tinha que estragar todas as coisas.

— Primeiro que eu só quero ficar longe de você, afinal você é um porre de mocinha, e segundo se teu saco tá cheio deve ser porque você não tá se aliviando direito, vai dar uma volta por ai e ver se acha alguém para relaxar e me deixa em paz, finge que eu não existo, finge que eu sou invisível. – digo a ele.

Esse jeitinho do Pietro já estava começando a me irritar, que cara mais imbecil, nunca tinha feito nada contra ele para ele agir assim comigo, santo Mickey viu! Foi então que ele veio para cima de mim, só vi o punho dele fechado indo de encontro com meu rosto.

— Imbecil! – disse ele e continuou vindo para cima de mim, claro que eu não ia apanhar de besta, devolvi os socos e chutes que ele vinha me dando, cara que sensação maravilhosa, era alivio mesmo, cada soco que eu acertava nele, parecia que eu estava nas nuvens, descontando todas as vezes que ele foi um idiota comigo.

Porém eu já estava cansando e com tédio daquela briga estupida, minha irmã e a irmã dele tentavam nos separar, mas em vão porque ele estava realmente com fúria e estava com extrema vontade de me bater e eu estava com raiva disso, mas então eu consegui jogar ele no chão, passei minhas pernas uma de cada lado do corpo dele, prendendo as pernas dele com meus pés sentando em cima dele e segurando suas mãos.

— Chega disso idiota! – gritei para ele. – a gente depende do nosso corpo em perfeito estado para trabalhar e você esta sendo um idiota.

Foi então que eu senti algo que nunca tinha sentido antes, não daquele jeito, algo em mim tomava vida, algo que não tomava vida de qualquer jeito, em qualquer situação, e muito menos em uma situação como aquela, não nunca tinha acontecido.

Nós dois nos encaramos em silencio, o que estava acontecendo, algo nele tomava vida também, eu conhecia ele desde pequeno e poucas vezes na vida vi aquele olhar assustado nele. Nós nos encaramos por mais um tempo até que ele falou.

— Qu...Quer faz... fazer o favor de sair de cima? – mandou ele gaguejando, tentando se desvencilhar de mim.

Sai de cima dele e sentei no chão, minha irmã e a irmã dele vieram em nossa direção correndo, e nos tiraram dali cada um para uma direção, por fim decidi ir embora para casa e Sofia disse que iria comigo, mas eu ainda não acreditava no que havia começado a tomar vida em mim naquele momento mais inoportuno.


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