A babá do meu tio escrita por Usagi Kuro


Capítulo 1
Favores


Notas iniciais do capítulo

psiu



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— Eles continuam dificultando para fazer o acordo. - o homem reclamou, bagunçando o cabelo loiro.

— Não modifique mais o valor e deixe que eles escutem sobre a concorrência. - o outro murmurou com os olhos escuros atentos aos papéis - Veremos se continuarão com isso.

— Sim senhor. - assentiu coçando a barba recém nascida - E sobre o mercado chinês?

— Vamos esperar a reunião para decidir algo, o sul coreano esta sendo suficiente por enquanto. - assinou alguns documentos e suspirou relaxando na cadeira - Cingapura realmente tem boas matérias mas ainda é arriscado.

Naruto massageou os olhos azuis por baixo das lentes, sonolento.

— Ah cara, por que você não descansa hein? Hoje é domingo Sasuke. - disse.

— Eu não preciso disso.

— Tudo bem, você talvez não, mas eu sim. Boruto bagunçou até tarde ontem e eu estava planejando dormir até a hora do almoço.

— Quem mandou ter filhos cedo? - ele ergueu as sobrancelhas, sério.

— Me poupe ok? Diz isso por que é um solteirão solitário. - deu risada.

— Não sou solitário. - ele retrucou, ajeitando o terno preto.

— É sim, e é um saco também. Sabia que alguns dos funcionários dizem que você é um babaca por falta de foda?

— Acho que tem muita gente desocupada hun?

— E eu concordo totalmente. - Naruto se levantou da cadeira e acenou - Estou indo embora, preciso dormir mais, e você, procure algo pra fazer nos domingos, nem esse escritório te suporta mais, seu viciado. - falou dando as costas e saiu pela porta de vidro.

Sasuke o observou e continuou encarando a porta que se fechava automaticamente. Estava se tornando viciado em trabalho?

Estalou a língua, negando para si mesmo. Trabalhar era algo bom e ele fazia de forma saudável, afinal ainda dormia quatro horas por dia e ia para casa cinco vezes por semana.

Solitário? Não. Absolutamente não. Ele estava bem do jeito que estava, sem distrações.

Soltou o ar pela boca e se voltou aos papéis novamente. Se não fosse por ele, aquela empresa nunca seria o que era atualmente.

O telefone na mesa tocou e em um reflexo ele levou ao ouvido, atendendo.

— Sim?

"- Hello Sasuke meu queridinho irmão mais novo."

— Por que está me ligando pelo telefone do escritório?

"- Não sei se você sabe, mas provavelmente deixou o celular em casa tolinho. Como sempre. E eu sabia que atenderia se fosse por aqui, sou um gênio não sou? Simples e econômico."

— Você realmente não tem nada melhor pra fazer Itachi? - bufou - Vou desligar...

"- Hey! Espera! Tenho algo muito importante pra falar seu grosso!"

— O que é?

"- Há essa altura ele já deve estar chegando aí, olhe para o elevador."

Sasuke desviou o olhar da mesa e encarou as portas de metal, que davam acesso exclusivo ao seu escritório.

— Ele? Quem diabos você... - parou de falar ao ver o pequeno garoto surgir, coçando os olhos - Itachi.

"- Já faz algum tempo certo? Este é Izuchi, meu lindo filho e seu sobrinho, agora ele já tem três anos."

— Certo, mas o que ele está fazendo aqui? E sozinho? - questionou, estático. O garotinho que parecia dormir em pé, deu seus curtos passos e adentrou a sala, com uma mini mochila nas costas, segurando um lençol azul colado ao rosto - Hey. - Sasuke exclamou se encolhendo na cadeira, assustado.

"- Você não deve se lembrar, mas me prometeu que cuidaria dele pra mim por um tempo. Estou indo para a minha segunda lua de mel."

— Só pode estar brincando.

"- Izumi enviará um guia para te ajudar, verifique o seu e-mail. Nos vemos daqui dois meses maninho, cuide bem da minha cria."

— O QUE? ITACHI SEU CAN-

"- Não xingue na frente dele, ele aprende rápido."

— GURO!

"- Beijinhos... - DIGA AO SASUKE PRA CUIDAR BEM DA MINHA CRIA SE NÃO ARRANCO OS OVOS DELE FORA! -"

Afastou o celular do ouvido ao ouvir o grito de Izumi, esposa do irmão, no fundo da ligação que foi encerrada em seguida. Esfregou o rosto sem saber o que fazer.

— Tio?

Arregalou os olhos e se voltou a criança parada em frente a mesa.

— Sim?

O garotinho estendeu os bracinhos, piscando devagar.

— Dormir.

— Dormir? - se levantou, arrodeou o móvel e se agachou - O quê exatamente isto significa? - Izuchi abraçou o maior, se aconchegando a ele - Hun? Ah. - resmungou entendendo.

Se ergueu com ele nos braços sem dificuldade, suspirou. Sempre soube que na cabeça de Itachi faltava alguns parafusos, porém imaginava que Izumi os teria, já que se mostrava responsável e madura. Apertou os olhos completamente convencido que da família Uchiha ele era o único normal.

— Senhor Uchiha.

— Shiu! - sinalizou que fizesse silêncio ao o homem que falava da porta.

— Desculpe, aqui está a encomenda que o senhor Itachi Uchiha deixou aqui mais cedo. Já foi verificada.

Sasuke estreitou o olhar para a grande mala amarela e trincou os dentes, se segurando para não xingar tudo e todos.

O homem grandalhão sorriu vendo a situação.

— Está rindo? Quer mesmo que te jogue do vigésimo nono andar?

— Não senhor. - negociou, risonho.

— Juugo libere todos os funcionários pelo resto do dia.

— Claro. - assentiu - Boa sorte senhor. - disse antes de sair.

— Sorte? Quem precisará disso será Itachi.

Ele se encolheu verificando o sobrinho, que cochilava com a cabeça em seu ombro. Com cuidado pegou a chave na mesa e colocou no bolso. Izuchi era pequeno o suficiente para conseguir segura-lo com um dos braços. Com a mão livre agarrou a alça da mala e foi até o elevador, apertando no botão do estacionamento. O que tivesse que levar, seria depois.

Se encarou no espelho. Um homem alto, com tatuagens pelo pescoço, cabelo perfeitamente penteado para trás, com roupa social e expressão carrancuda, segurava um garotinho pequeno e fofo nos braços. Aquilo tudo era contraditório demais.

Como poderia sua vida totalmente programada e organizada ter sido bagunçada em poucos minutos a aquele ponto? Suspirou novamente.

As portas metálicas se abriram e ele saiu em direção ao Evoque estacionado exclusivamente. Destravou e rodeou o carro, abrindo a porta do passageiro.

— Três anos? - parou por um momento, pensativo - Não, aqui não. - voltou-se a porta traseira. Se esgueirou pelo banco e com cuidado sentou Izuchi no banco do meio, colocou o cinto. Ajeitou o lençol na lateral do rosto dele, o aconchegando.

Fechou a porta devagar e pegou a mala, a colocando no banco de passageiro. Sentou no lugar do motorista e soltou o ar, aliviado. Verificou o sobrinho, que tinha puxado ao pai no quesito sono imperturbável e franziu o senho sentindo falta de algo, observando-o.

— Tanto faz. - resmungou não se lembrando e ligou o carro.

Primeiro iria para casa, ligaria para Itachi até ele desistir dessa ideia louca e quando ele chegasse acabaria com a raça dele.

—&-

A música no rádio soava pela cozinha. A mulher balançava o quadril mexendo a frigideira, jogando os camarões para cima e pegando-os novamente. Jogou mais alguns ingredientes lá e sorriu sentindo o cheiro delicioso.

Finalmente estava como deveria. Girou pelas bancadas e trouxe o prato, despejando a comida pronta. Desligou o fogão e parou por alguns segundos, analisando.

Os camarões estavam bem cortados e dourados, o vegetais estavam no ponto. Balançou a cabeça de forma afirmativa, satisfeita. Colocou duas colheres do patê de queijo.

— Merece uma foto. - tirou o celular do bolso do avental e fotografou o prato, divertida.

— Sakura?!

Ela arregalou as íris verdes ao reconhecer a voz feminina, olhou ao redor e resolveu se abaixar atrás da bancada.

A porta da cozinha foi aberta e ouviu um suspiro.

— Não adianta se esconder, eu sei que está aqui.

Sakura passou o dedão pelo lábio, nervosa e lentamente se levantou, mostrando-se pouco a pouco. Sorriu largo para a mulher loira a encarando séria.

— O que está fazendo aqui?

— Cozinhando? - deu risada.

— Qual a parte do estaremos fechados nesse domingo você não entendeu?

— Na verdade, eu entendi tudo. Por isso estou aqui, estou treinando o prato de camarão, o novo petisco. - gesticulou apontando.

— Dá o fora. - Tsunade disse.

— O que? Você não pode fazer isso comigo Tsu...

— Tsu? Eu acordei cedo hoje por que sabia que você estaria aqui Sakura! Quem diabos gosta tanto de trabalhar?!

— Você deveria estar feliz por ter uma Chef tão responsável e dedicada como eu!

— DÁ O FORA!

Sakura arfou, desistindo. Puxou a bandana que segurava os cabelos e desamarrou o avental, jogando-o no balcão.

— Vamos terminar nosso relacionamento aqui, estamos brigando demais ultimamente.

— Eu fui casada anos atrás e não lembro de ter casado de novo.

— Como não? E o que nós somos? - exclamou.

— Uma assassina e um cadáver em breve se você não sair dessa cozinha agora.

— Já estou indo. - Sakura ergueu as mãos, risonha. Pegou o prato e levou até ela - Aqui, aproveite, até amanhã patroa. - disse passando por ela.

— Vamos negociar suas férias.

— Nuncaaa! - cantarolou pegando a bolsa no cabide e acenou indo na direção do salão do restaurante.

— No dia que ela faltar o trabalho talvez eu morra. - Tsunade murmurou e encarou o prato em mãos - Por que diabos ela cozinha tão bem?! E que diacho de rádio é essa?!

Sakura abriu as portas de madeira e respirou fundo, sentindo os raios de sol no rosto. Os cabelos medianos balançaram com a brisa, lisos.

— Pena que ela me descobriu tão cedo hoje. - fez um bico tirando os óculos de sol da bolsa - Amanhã faço a lagosta no conhaque. - colocou-o no rosto.

Encarou o letreiro do restaurante Senju's e mostrou a língua antes de sair pela calçada, bem humorada. Depois de algum tempo andando, ela entrou na loja de conveniência da esquina, não tão longe.

— Bom dia Sai! - cumprimentou o homem no caixa, que lia uma revista.

— Já está aqui de novo? - ele reclamou.

— Eu gosto daqui. - respondeu andando pelos corredores, pegou um salgadinho e uma bebida no freezer, foi até ele.

— Sério, metade da minha grana mensal é só você. - ele se ajeitou na cadeira e fez uma careta para as poucas coisas - Nem vale a pena abrir o caixa pra isso, te dou de presente.

— Eh? Ter o próprio negócio deve ser ótimo. - Sakura deu piscadela para ele ao colocar o óculos no topo da cabeça e pegou o lanche, se sentando em uma das mesas de plástico que tinham lá dentro.

— Até hoje me pergunto como você é uma Chef, mas sempre acaba comendo aqui. - ele estreitou os olhos escuros, voltando a ler a revista.

— Cozinhar pra mim mesma, é meio, hun, chato? Sei lá. - comentou o encarando. Sai era alguém que via quase todos os dias, normalmente nas horas que não estava no restaurante, por isso acabaram se tornando amigos de certa forma. Ele tinha os cabelos pretos e olhos castanhos escuros, enquanto que a pele extremamente pálida e esbranquiçada. Um típico japonês.

— Na verdade não estou reclamando, espero que venha cada vez mais. - ele sorriu ladino e a olhou rapidamente, a fazendo rir.

— Seu pai ainda está te fazendo passar o dia aqui?

— Por sorte ainda não me duplicaram, se não ele me faria passar o dia em duas das lojas.

— Só queria que Tsunade me deixasse passar o dia também. - reclamou.

— Somos opostos demais.

— Hun-rum.

O celular de Sakura tocou, ela o tirou do bolso da calça jeans e mordeu outra batatinha vendo 'loirinho' na tela. Atendeu.

— Fala.

"- Tão carinhosa, bom dia, também te amo."

— Você só me liga quando quer algo, o que é?

"- Ash, como pode me conhecer tão bem? Somos realmente amigos hein."

— Idiota. - Sakura balançou a cabeça. Naruto era um melhor amigo que deveria ser jogado fora.

"- Certo, vou direto ao ponto Saku. Lembra quando cuidou do Boruto? Quando ele tinha tipo, uns nove meses?"

— Sei, não faz tanto tempo.

"- Sim, inclusive, logo ele vai fazer um ano, está convidada viu."

— Ownt, estarei ai.

"- Então, lembrei que você fez um ótimo trabalho e que até hoje ele te adora. Um amigo meu está cuidando do sobrinho e tá em desespero, coitado. Você pode ajudar?"

— Quando?

"- Hoje mesmo, o mais rápido que puder ir. É só até ele arranjar uma babá mesmo, e nem se preocupa, ele não é esquisitão."

Sakura mordeu o lábio inferior, pensativa. Não tinha nada para fazer pelo resto do dia.

— Tudo bem, posso ajudar, mas você vai ficar me devendo uma.

"- Eu já imaginava. Muito obrigado Saku, te amo muito. Hinata está dizendo que também te ama muito e que quer vê-la."

— Ela está com o neném? Logo vou visitá-la com as meninas, também amo muito ela.

"- E eeeuuuu?"

— Deveria ir ajudá-la, me mande o endereço por mensagem.

"- Ok, já estou acostumado com o seu desprezo. Beijo Saku."

Desligou a chamada e riu anasalado, terminando o salgadinho.


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Notas finais do capítulo

iai?



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