Arquivos da Frota Estelar 7 - William T. Riker escrita por Valdir Júnior
Os disparos de disruptores explodiam contra as paredes do prédio, arrancado pedaços do reboco. Uma das janelas já havia sido completamente destruída.
Will Riker e Aysha estavam mantendo os atacantes à distância com muito sacrifício. A única vantagem que tinham era estar em uma posição mais elevada, o que proporcionava a eles uma visão mais clara de onde estavam seus inimigos. Mas as armas deles eram muito mais potentes e estavam em maior número.
— Riker – disse Aysha, sem parar de atirar – não vamos aguentar este ritmo por muito tempo. As células de energia das armas já estão se esgotando. Espero que seus amigos cheguem a tempo.
— Eles nunca me deixaram na mão – falou ele calmamente – e não será desta vez que isso vai acontecer. Tenha fé.
Ela não respondeu. Apenas resmungou e continuou disparando.
— Você é um homem morto, humano! – gritou o delegado Kibohr, deitado no chão, já completamente coberto de reboco e fuligem.
— Eu tenho pena de você Kibohr – respondeu Riker, sem se virar – seus empregadores não vão ficar nada satisfeitos quando formos embora. E ouvi dizer que eles não são muito de perdoar e esquecer.
Repentinamente o disruptor de Will parou de atirar. Ele ainda tentou mexer nos ajustes, mas foi inútil.
— Está vazio, comandante – disse Aysha – agora só temos seu mini-phaser e o meu rifle. E a cápsula de energia dele já está no vermelho.
Riker olhou para a bela e valente mulher, que apesar de suas dúvidas continuava atirando. Tinha certeza de que ela nunca desistiria de lutar, mas sabia que a situação estava ficando insustentável. Ele temia que suas decisões estratégicas os houvessem levado para a morte.
Neste momento o broche-comunicador em seu peito apitou suavemente. Ele o tocou, abrindo o canal.
— Enterprise para o comandante Riker— disse a voz do capitão Picard – qual a sua situação, Will?
— Desesperadora, senhor – respondeu ele sorrindo – precisamos de transporte de emergência para dois imediatamente.
— Entendido— foi a resposta – preparem-se.
Will Riker se aproximou rapidamente de Aysha e colocou os braços em volta dos ombros dela. Segundos depois os dois desapareciam num turbilhão de luz.
* * *
“Diário de Bordo, data Estelar 45077.6.”
“Conseguimos resgatar o comandante Riker de uma situação crítica no planeta Valakis. O que era para ser uma missão rotineira transformou-se em uma corrida para fugir do Sindicato de Órion e que colocou a vida do meu primeiro-oficial sob sério risco. Felizmente chegamos a tempo de evitar o pior.
“Junto com ele recebemos a bordo uma mulher corajosa e fascinante chamada Aysha Syndulla, que alega também estar a serviço da Frota Estelar e da Federação, apenas de uma maneira diferente da nossa. Mais uma vez a misteriosa Seção 31 cruza os nossos caminhos. Mas estou feliz por ela ter se encontrado com Will Riker. Este encontro provavelmente salvou a vida dele.”
O comandante Riker havia acabado de levantar-se de uma das macas da enfermaria da Enterprise, depois que a doutora Beverly Crusher localizara e removera o nano-chip da corrente sanguínea do primeiro-oficial, colocando-o em um recipiente hermético.
Estavam presentes, além de Riker e da doutora, o capitão Picard e Aysha.
Beverly entregou o estojo com o nano-chip para a agente da Sessão 31, que o guardou em um dos bolsos do seu macacão.
— Espero que a informação contida aí realmente valha a pena – disse o capitão - porque ela custou a vida de um homem e quase também levou vocês dois para a morte.
Aysha olhou para Picard e suspirou.
— Também espero capitão – disse ela – mas no nosso trabalho aprendemos que devemos apenas obedecer e torcer para estarmos fazendo a coisa certa.
O capitão sorriu, concordando.
— Bem, tenho que voltar para a ponte – disse Picard – bem-vinda a bordo.
— Obrigada capitão – Respondeu Aysha.
Logo que o capitão saiu, Riker aproximou-se dela.
— Você ficará conosco por quanto tempo? – perguntou o comandante.
— Três dias no máximo – respondeu ela – desembarco quando passarmos por Coridan.
— Então faço questão de acompanhá-la à sua cabine - disse ele, fazendo um gesto gracioso em direção à porta.
Quando estavam no corredor, a caminho do alojamento de Aysha, Riker perguntou de repente:
— Posso lhe fazer uma pergunta pessoal?
— Se eu puder responder – ela disse sorrindo.
— É sobre o seu nome, Aysha Syndulla – disse ele – tenho a impressão de que já o ouvi em algum lugar.
Ela deu uma risada divertida.
— Provavelmente foi em algum antigo relatório histórico nos arquivos da Frota Estelar – disse ela – eu tenho o mesmo nome da minha avó, que participou de uma missão junto com o capitão James T. Kirk (1), da primeira U.S.S. Enterprise (2) em Alpha Centauri há quase oitenta anos. Ela também trabalhava para a Sessão 31 e era filha de uma órion e um oficial Centauriano da Frota Estelar. Meu avô também era centauriano e meu pai é humano. Por isso meus genes órion estão quase diluídos.
Ao chegarem à porta da cabine, Will Riker a olhou, fascinado com aquela mulher de olhos verdes.
— Pena que vai ficar tão pouco tempo na nave – disse ele, sorrindo sedutor – eu adoraria conhecer você um pouco melhor.
Ela sorriu também e pegou a mão dele.
— Nós temos três dias para isso – ela respondeu - e podemos começar agora mesmo.
Assim que a porta se abriu, ela o puxou para dentro, já o envolvendo em seus braços.
E pouco antes da porta se fechar às suas costas, o comandante Will Riker sorriu e pensou: “É, a conselheira Deanna Troi realmente tem razão sobre mim”.
Referências do Capítulo:
(1) Conforme contado na fan-fic “O Incidente Delthara”, também de minha autoria.
(2) A nave do Capitão Jonathan Archer é a S.S. Enterprise (NX-01)
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