Cheguei novamente em casa junto com minha tia e quando entramos na sala vemos Luciano voltando da cozinha com um pacote de biscoitos nas mãos e um copo de leite puro na outra indo em direção ao sofá.

— Luciano, posso saber o porquê você está com essa cara e fez a Manu ficar assim? – pergunta tia Anna.

— Ah mãe, não vai me dizer que Manu já contou o que aconteceu aí na entrada? – diz ele me olhando.

— Você disse pra eu não me meter em "coisas que não tem explicação alguma", se vira – falo indo pra cozinha.

— Luciano o que aconteceu hoje lá na escola hein? – pergunta tia Anna para Luciano enquanto abro o armário, mas estou irritada demais por isso resolvo ir para o quarto, não queria ouvir a conversa deles.

— Anda Luciano Klein Middlwere o que ardeu entre você e a Manuella hoje lá na escola? – pergunta mamãe.

— É que a Manu conheceu o Gabriel, ele que estava comigo aquele dia no píer – Luciano diz colocando o copo de leite sob a mesinha de centro assim como a bolacha e se encosta novamente no sofá.

— Que Gabriel? – pergunta Anna sem entender o que realmente aconteceu entre o filho e a afilhada.

— Ele é o menino que foi pra delegacia comigo naquela noite mãe, a gente estuda na mesma sala.

— O que entrou no mar junto com você? – diz mamãe se levantando do sofá, aquilo me irrita.

— Qual é mãe? Ele é um cara muito gente boa, legal e divertido – digo e mamãe anda de um lado pro outro.

— Claro que é gente boa – diz ela com ironia – Por culpa dele você vai responder um processo e o outro garoto ainda está internado no hospital em estado grave e você vai ter amizade com esse tipo de gente?

— Mãe o que acontece no píer foi um acidente ninguém ali teve uma parcela de culpa – diz Luciano em pé.

— Acidente ou não eu não quero saber de você andando com esse garoto – diz mamãe autoritária.

Luciano a encara como se ela tivesse falado o maior absurdo de sua vida. Que no final era mesmo.

— Não quero você andando com esse garoto ou qualquer um do tipo ou grupo dele, estamos entendidos?

No clube me sento num outro quiosque junto com Cameron e Ramona, ainda imerso em pensamentos.

— Que cara é essa Gabriel? – pergunta Cameron, mas o ignoro – Ah não vai me dizer que é por causa da loira?

— O que aconteceu? – pergunta Ramona colocando os braços sob a mesa do quiosque que estamos.

— Não é nada, já passou – digo a eles dois. Ambos se entre olham e Cameron se vira pra mim.

— Eita, olha lá quem tá vindo – diz Ramona, Cameron e eu viramos e o garoto que separou a briga de Ramona e a garota de cabelos castanhos se aproxima de cara fechada, isso não é bom.

Mesmo.

— Ele tá com uma cara... – diz Cameron segurando uma risada alta.

— Acho que veio reclamar da surra que eu dei na amiguinha dele -- diz Ramona com desdém.

— Surra? Você que levou uma surra Ramona – diz Cameron e ela lhe dá um tapa no braço e ele ri.

— Oi, será que eu poderia falar com vocês por alguns minutinhos? – pergunta ele a nós três.

Sério?

— Diga – pergunto mesmo estando com a cabeça lotada com o que a loira havia me dito mais cedo.

— Aconteceu alguma coisa cara? – pergunta Cameron ajeitando a mochila sob a mesa do quiosque.

— A Nayara, a menina que bateu em você – diz ele apontando pra Ramona que o encara – Está pensando que a tirei do meio da "pancadaria" porque sou amiguinho de vocês – diz ele fazendo Ramona e Cameron rirem eu apenas os observo, mas o garoto se irrita fechando a cara ainda mais do que já estava.

— Que eu só fiz isso pra defender você – diz ele apontando novamente para Ramona que o encara de novo.

— Eu nem te conheço tempestade— diz ela fazendo piada com as mechas brancas do cabelo do garoto.

— Se vocês não se importam, gostaria que explicassem pra ela que eu não faço parte disso? Não quero rolo pro meu lado.

Cameron se levanta da mesa e para na frente do garoto, mas ao perceber que ele é mais alto se afasta.

— Se vira, ninguém aqui vai te ajudar a limpar suas barra com mina nenhuma – diz Cameron.

— Silencio aí Cam – digo levantando e me colocando entre eles dois.

— Pode deixar que eu falo com ela.

— Obrigado – diz ele e se afasta de nossa mesa para o outro lado do clube que não está mais interditado.

— Qual é mano? Vai ajudar o Jack Frost ali mesmo é? – pergunta Cameron quando volto a me sentar.

— Não custada nada ajudar ele – digo me inclinando sob a cadeira, Cameron e Ramona me encaram.

— Bela ajuda – diz Ramona se levantando de seu lugar – Vamos pra garagem? Quero ensaiar hoje.

Cameron e eu levantamos e seguimos para a saída do clube Atlântida é hoje o dia vai ser longo. Muito.

— Não tem sentido a senhora me pedir isso mãe – diz Luciano a Anna que ergue uma sobrancelha.

— Sem sentido é você andar com esse menino e a turma dele, já não foi prejudicado o suficiente? – diz ela.

— Agora você e a Manuella querer dar pitaco até nas minhas amizades é? 

— Luciano você já entrou numa fria por causa desse Gabriel – diz mamãe, mas a interrompo.

— Mãe eu sei me cuidar tá? Não é agora que vou simplesmente parar de andar com o pessoal por cisma sua e da chata da Manuella.