(Sussurradas no som do silencio)

Gabriel vê o carro do pai chegando no estacionamento do pub onde havia pedido um copo de água e o vê entrar o procurando ele acena do balcão e o pai sorri caminhando em sua direção  e ele respira fundo.

— Aconteceu alguma coisa com a sua mãe? – pergunta Gustavo se sentando ao lado do filho e Gabriel nega.

— Não aconteceu nada com a mamãe não – diz Gabriel e Gustavo respira aliviado e encara o filho sério.

— Eu não aguento mais trabalhar de auxiliar naquele trailer do parque inclinado – diz Gabriel irritado.

— Não acredito Gabriel, com que cara que eu vou chegar pro meu colega dizendo que você não aguenta mais trabalhar no trailer então quero que converta essa penalidade dele por cárcere privado.

— Eu quero trabalhar pra não ir pra cadeia pai, mas não nesse trailer cheio de gente chata – diz Gabriel.

— Alguma coisa você aprontou pra querer sair daquele lugar lindo -- diz Gustavo lembrando do local.

— Tudo que eu faço ela reclama pai se eu mudo alguma coisa de lugar ela me xinga – diz Gabriel irritado.

— Então faça exatamente o que ela pediu porque se ela falar alguma coisa pra supervisora dela você complica pro seu lado e pro meu, Gabriel é só seguir as regras e pronto acabou, fim da história.

— Muito obrigado pai, o senhor me ajudou e muito – diz Gabriel colocando uma nota de dois reais embaixo da água que havia bebido mais da metade e sai rapidamente dali deixando o pai sozinho e irritado.

Gabriel chega na casa batendo a porta do conversível com força assim como a porta da sala assustando a mãe que lia uma revista de moda na sala de estar quando o filho passou num rompante por ela.

— O que aconteceu meu filho? – pergunta ela quando Gabriel atravessa o corredor e entra no quarto jogando a mochila de qualquer jeito no canto e arrancando os tênis aos chutes e os jogando longe.

— Pedi pro papai me transferir de prestação de serviço e ele me disse que não podia fazer isso.

— Esse seu trabalho é uma pena no local que seus amigos danificaram, você precisa cumprir ela direitinho e sem reclamar quando alguma coisa não dá certo meu filho – disse mamãe e eu a encarei boquiaberto.

— Você também mãe?! – grita Gabriel irritado.

— Todo mundo resolveu me tirar do sério hoje, que saco.

— Não tiro a razão do seu pai e muito menos da outra pessoa que te deixou assim, regras são regras Gabriel Anthony Decklan e são feitas para serem cumpridas a risca entendeu rapazinho – disse ela.

Respiro fundo e vou direto para minha suíte e bato a porta com uma força exagerada, mas não a quebrei.

Gabriel, Ramona e Cameron saem da sala de aula e correm pra cantina, na verdade correm atrás de Gabe.

— Espera cara – grita Cameron segurando o braço de Ramona que quase tropeçava no degrau com a bota tratorada.

— É que estou com fome gente – diz Gabriel fazendo o pedido na cantina e Cameron e Ramona os deles.

— Desse jeito parece que não tem comida na sua casa – disse Ramona ao ver o x – tudo que Gabriel pedira.

— Tem comida sim, mas sai de casa muito tarde e não posso me atrasar pra chegar no trailer se não a Manuella me esgana por mais um dia de atraso – diz Gabriel comendo um enorme pedaço do lanche.

— Manda esse sua “chefe” pra onde o sol não bate Gabriel, oh menina chata viu – diz Ramona a Gabriel.

— Não posso – diz Gabriel de boca cheia e Cameron ri – Primeiro é falta de educação e segundo eu me lasco se ela dedurar eu pra supervisora dela e ela me detona pro juiz e o juiz me manda pro xilindró.

Gabriel devora o lanche o mais rápido que consegue sendo observado por Ramona e Cameron que estranham o comportamento do amigo, mal sabiam eles que era apenas o começo da mudança radical.