Getaway Car escrita por AnaLu


Capítulo 6
Capítulo 6 – Nunca vá ao boliche com os Cullens


Notas iniciais do capítulo

Heeey!

Mais um capítulo fresquinho e bem divertido, espero que gostem!

Boa leitura!



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Capítulo 6 – Nunca vá ao boliche com os Cullens

— Oh, Deus! Não, não, não e não! – exclamei frustrada enquanto observava meu computador travar pela quarta vez naquela manhã, e não eram nem 10h ainda!

— De novo, Bella? – Jasper perguntou escorado na porta de sua sala. Eu apenas assenti derrotada, enquanto me largava na cadeira. Já me convencendo a escrever a próxima coluna a mão mesmo. – Esses computadores antigos são foda mesmo... requerem bastante paciência. Sinto muito. – Que ótimo apoio, chefe, obrigada! Pensei ironicamente, e então, nesse momento, para nossa surpresa, Leah levantou e começou a caminhar em minha direção.

— Deixa, eu dou um jeito. – Ela disse de uma forma quase simpática e eu sorri já pronta para lhe agradecer quando... PAH! Ela bateu forte na tela antiga do computador assustando a todos ali. Instantaneamente a tela voltou a funcionar. – De nada. – Ela disse seca e voltou a sua mesa.

Eu ainda estava meio paralisada e boquiaberta com a situação, mas fui despertada pela risada do Jasper e logo eu estava rindo também. Essa garota era doida, mas até que eu estava começando a gostar dela.

Voltei ao meu trabalho, dessa vez sem novas travadas, apesar de agora sentir que estava preparada para lidar com elas. Estava finalizando a coluna sobre a entrevista com a Rosalie e ficando bem feliz com o resultado. Olhei para o relógio no canto da tela e constatei que estava no horário.

Céus, ele é bem pontual. Pensei comigo mesma ao observar Edward Cullen atravessando a praça principal com seu cachorro. Não que eu estivesse superconcentrada nisso nesses últimos dias, mas eu sou uma mulher observadora, e desde que Jasper comentou não pude deixar de confirmar essas recorrentes passeadas matinais e como elas sempre ocorriam no mesmo horário. Não que eu estivesse superconcentrada nisso, claro.

Ao chegar na calçada da gazeta percebi seu olhar em mim, e em seguida ele sorriu sem graça por ter sido pego em flagrante. Sorri de volta com esse gesto bobo e acenei para ele, que retribuiu e continuou andando. Como você é idiota, Isabella. Pensei comigo mesma e em seguida ouvi uma risada atrás de mim, eu nem precisava olhar para saber quem era, então foquei na tela a minha frente já voltando a digitar.

— Sem comentários, Jasper, sem comentários. – É claro que isso só o fez rir mais.

Depois dessa manhã mais agitada o dia transcorreu bem, saí para almoçar com Jasper, ajudei Seth a revisar alguns textos e remodelei quase todo o meu próprio porque não estava mais tão satisfeita com ele. E cada dia eu gostava mais dessa minha rotina.

Mas quem disse alguma vez que vida em cidade do interior era tranquila nunca esteve em Forks, ou melhor, nunca conheceu Alice Cullen. Já estávamos quase no fim do expediente, quando a caçula Cullen entra abruptamente na Gazeta.

— Eu preciso da ajuda de vocês dois! – Ela disse apontando para mim e Jasper. -  Será que podemos falar em particular?

— Claro, claro – Jasper respondeu preocupado – Vamos para meu escritório.

Por que será que eu sentia que esse era mais uma daquelas situações que a Alice adora me enfiar? Mas eu apenas dei de ombros e segui o (futuro) casal até o escritório do meu chefe.

— Bom, olá – Ela disse sorridente após o Jasper fechar a porta. – Primeiramente, vocês por acaso estão livres essa noite? – Há! Sabia, pensei comigo mesma.

— Sim, mas o que houve Alice? – Jasper perguntou com o semblante sério e eu apenas concordei com a cabeça, já esperando a história mirabolante dela.

— Bom.... eu estava conversando com o Emmet essa manhã – ela começou a contar – E ele me disse todo feliz que ia chamar Rosalie para ir ao boliche hoje a noite, e eu, como a boa irmã mais nova que sou, comecei a encher o saco dele.

— Oh, Alice.... – suspirei já imaginando a cena.

— Enfim, eu posso ter começado a cantarolar “Emmet tem um encontro, Emmet está namorando” ... – Nessa hora Jasper já se juntava a minha indignação com uma sobrancelha levantada. – Eu achei que ele ia ficar irritado, mas na real ele meio que se apavorou. – Ela agora tinha um sorriso amarelo no rosto. - Fim da história, ele a chamou para ir ao Boliche, mas não só com ele, mas sim com ele, eu e Edward.

Ela terminou de contar com uma expressão agoniada e eu não pude deixar de rir da situação da menina. E Jasper, ao meu lado, franzia as sobrancelhas confuso com aonde tudo aquilo nos iria levar.

— Ok, Alice, você atrapalhou o primeiro encontro do seu irmão e agora Rosalie tem um encontro com todos os Cullens – Provoquei – Mas onde que nós entramos nessa?

— Aí é que está, venho aqui chamar vocês para irem junto e deixar esse rolê menos estranho para todo mundo. – Ela disse sorrindo – Agora seremos apenas um grupo de amigos saindo juntos e não um Emmet assustado arrastando seus irmãos para seu encontro. E ai, topam?

— Eu adoraria, Alice – disse Jasper – Apesar de ser um desastre no Boliche.

— Eu faço esse sacrifício... – dei de ombros divertida.

— Yay! – Ela disse animada – Bom, então assim que vocês terminarem podem ir para lá nos encontrar, o Boliche é a umas duas quadras daqui apenas.

Nós concordamos e marcamos de a encontrar lá daqui a uma meia hora, que seria o horário que a Gazeta seria fechada. Enquanto eu e Alice saíamos da sala deixando Jasper para traz finalizando o layout do dia seguinte, não pude deixar de provocá-la novamente, afinal eu já estava ganhando intimidade com a baixinha.

— Nossa que coisa essa história, né?  - Sussurrei ao seu lado. – Tão bem elaborada... eu diria até... muito bem elaborada – Levantei uma sobrancelha para ela, cheia de insinuações.

— Ah, vai se f*der, Isabella! – Ela disse e em seguida saiu rebolando em direção a porta.

Voltei para minha mesa rindo e já finalizando o que eu precisava antes de sair. Uau, boliche, há quanto tempo eu não ia num desses, parei para pensar. E, realmente, acho que eu devia ter uns 12 ou 13 anos a última vez; minha mãe odiou cada segundo daquilo e talvez esse fato foi o que me fez ficar o máximo de tempo possível ali. Céus, como você era terrível, Isabella. Pensei comigo lembrando da cena de uma forma divertida e quase...nostálgica. Mas logo afastei esses pensamentos, pois é claro que ele estava neles, afinal, ele estava em todas as minhas lembranças.

— Bella? – Ouvi Jasper me chamar me tirando do transe que eu estava. – Hey, está pronta?

— Er, oi, o quê? – Perguntei confusa contestando que todos já haviam ido embora da Gazeta. – Claro, claro. Só vou desligar o computador – Sorri sem graça.

— Tudo bem, vou ir trancando as salas então. – Ele disse e se afastou, mas continuou falando. – Que loucura essa história da Alice, hein? Eu sou terrível no Boliche, mas bem que você mesmo disse que eu preciso sair mais...

Ok, essa era nova, Jasper tagarelando sem ser contando uma história...ele deve estar nervoso, meu deus, é tão difícil não querer me meter nessa história.

— É... você precisa mesmo – comentei divertida enquanto levantava da mesa e tirava minha bolsa da cadeira. – Vamos?

***

— Isso, Rosalie, tente soltar mais esse braço quando for jogar. – Emmet dizia de forma calma e concentrada para uma Rosalie que, coitada, estava perdida no jogo. Olhei para o lado e Alice se contorcia toda agoniada.

— Alice... não. – Edward, que estava sentado do outro lado dela sussurrou enquanto segurava seu braço. – Deixe-os.

— Mas isso não é justo! – Ela respondeu com um bico no rosto e eu não pude deixar de rir, sendo acompanhada por seu irmão.

A questão é, quando chegamos no Boliche decidimos deixar a coisa mais interessante e nos dividimos em equipes: Os Cullens x Os outros. Os outros, no caso, somos eu, Jasper e Rosalie. O problema é que depois de determinado tempo, com os Cullens beeem na frente, Emmet decidiu começar a ajudar a Rosalie, o que está meio que virando o jogo e deixando a Alice, e todo o seu interior competitivo, puta.

— Oh meus Deus! – ouvimos Rosalie exclamar – Eu consegui, nem acredito!

Olhamos para a tela que marcava “Strike” e dava a pontuação que meu time precisava para passar os Cullens. Olho para o lado e Alice diz um “eu vou matar vocês” sem voz, só com os lábios.

— Obrigada pelas dicas, Emm! – Rosalie disse virando para o Cullen mais velho e o abraçando em seguida. A felicidade na cara do garoto era mais que nítida.

— Oh, é tão brega que chega a ser bonitinho, não acha Alice? – Edward disse tentando aliviar o humor da irmã.

— Er... não muito. – Ela disse com a cara fechada, mas dava para ver um sorriso querendo sair em seus lábios, mas ela levantou em um ímpeto antes que isso acontecesse. – Minha vez!

Eu olhei para o Edward e apenas dei de ombros, e em seguida compartilhamos uma risada diante aquela cena bizarra.

— Há! Strike! – Alice rodopiou comemorando sua pontuação. Ela realmente era muito boa, assim como seus irmãos. – Na sua cara! – Disse apontando para o Emmet e fazendo uma dancinha estranha.

— Alice, nós somos da mesma equipe! – Emmet disse revirando os olhos e em seguida rindo junto de Rosalie. O que, obviamente, irritou sua irmã.

A partir desse momento, decidi tentar “ajudar” a Alice e comecei a me sabotar de propósito. Assim, não que eu fosse muito boa, mas eu comecei a errar mais ainda de propósito. Em outras palavras, eu comecei a imitar o jeito que o Jasper jogava, que era terrível. E deu certo, pois começou a equilibrar o jogo de novo.

Mas, então, o Edward percebeu o que eu estava fazendo e começou a fazer também. Porque, claro, ele queria irritar sua irmã. Só sei que depois daí o jogo virou uma grande bagunça, ninguém mais jogava sério, Rosalie e Emmet flertavam descaradamente, Alice ficou vermelha e começou a jogar na vez dos outros e o Jasper, bom, ele meio que desistiu, pediu um chopp e sentou em uma das cadeiras apenas observando tudo de forma divertida.

Um tempo depois a tela do jogo indicou que havia acabado nossa partida com vitória para a equipe dos Cullens, mas na verdade foi para a Alice, que era a única que realmente estava fazendo um esforço ali para isso. Eu me diverti horrores com toda aquela situação, e logo já estava me dando aquela angustiazinha de “não quero que essa noite acabe”.

— Er, bom gente, foi muito bom hoje, eu me diverti bastante. – Rose começou a dizer sorrindo enquanto se levantava de seu banco. – Mas eu tenho que estar bem cedo na escola amanhã... então acho que já vou indo.

— Deixa que eu te levo! – Emmet disse se levantando rápido, eu diria até rápido demais. – Quer dizer, se você quiser claro – Completou sorrindo e exibindo covinhas em sua bochecha.

— Eu adoraria. – Ela respondeu já vermelha.

— Oh céus, vão crianças, vão! – Alice disse divertida e em seguida se aproximou de Rosalie para se despedir. – Rosalie, obrigada por ter vindo e desculpa se minha empolgação foi meio agressiva em alguns momentos – Ela disse sincera – E, mais importante, obrigada por fazer acontecer cenas como essa em que meu irmão age que nem um bobão me dando ótimas piadas para encher o saco dele depois.

— Alice – Edward tentou censurá-la e todos riram. – Mas foi um prazer mesmo Rosalie.

Em seguida todos nós nos despedimos do jovem casal não assumido, e foi bom ver que eles estavam levando tudo isso na brincadeira. Acho que no fim essa ideia da Alice foi um sucesso, pois permitiu que todo mundo quebrasse um pouco o gelo e a tensão, principalmente eles que estariam em um primeiro encontro.

Depois que eles saíram, nós quatro que ficamos nos olhamos um pouco confusos pensando e agora? Porque ninguém queria ir embora, mas também não sabíamos muito o que fazer. Até Edward quebrar o silêncio.

— Bom, acho que vou te acompanhar Jasper. – Disse e em seguida pediu um chopp para o garçom.

— Dois, por favor – Completei me sentando perto deles.

—Ah, já que insistem, três, por favor – Alice disse. – Mas, vamos liberar essa pista e ir para uma daquelas mesas ali no fundo.

Seguimos a sugestão da Alice e fomos para uma das mesas que havia ali na lanchonete do boliche. O lugar tinha uma decoração bem clichê que esses lugares costumam ter, e era bem maior do que eu imaginava, dava para ver que era uma fonte de diversão para diferentes gerações o que era bem legal. Eu poderia escrever sobre isso, pensei comigo mesma e sorri.  

Nós quatro logo começamos a conversar e o clima ficou ainda mais agradável do que antes. Só de poder sentir essa despreocupação de sentar-se com os amigos, beber e conversar sem preocupações te rodando, já era maravilhoso. E a conversa fluía bem, Jasper já estava alegrinho da cerveja então estava mais falante, enquanto a Alice já havia perdido a sua adrenalina competitiva, então estava mais “calma” e se entregando mais aos assuntos. E o Edward, bom, ele era um cara muito legal. Droga.

Sei que parece besta toda essa minha resistência em me permitir experienciar coisas, e sentir coisas, mas esse só não é o momento. Eu não vim aqui para criar raízes, pelo menos não esse tipo de raízes, sem falar que se eu tentar e der errado, será desastroso; e se eu tentar e der certo... pode ser ainda pior. Só sei que eu preciso me conhecer, me encontrar, antes de fazer isso. Só não é o momento.

Com esse pensamento em mente eu pedi licença a todos e fui ao banheiro, dar uma lavada no rosto e voltar a me concentrar no que importa. Enquanto espalhava o sabão em minhas mãos e sentia o toque da água gelada fui tomada por uma sensação estranha, e logo novos flashbacks quiseram voltar a minha mente, mas eu os expulsei rapidamente. Também não era o momento disso. Não era o momento de nada que pudesse me desconcentrar dos meus reais objetivos. Que é viver e estar aqui por mim e por mim apenas.

Caminhei de volta a mesa me sentindo mais revigorada, ao me aproximar percebi que Alice e Jasper estavam discutindo empolgadamente algo enquanto Edward anotava algo em um guardanapo. Sentei-me e logo o tal do guardanapo foi estendido para mim.

“Eles estão discutindo sobre a história do terno. Sim, a roupa. Devemos deixá-los a sós?”

Eu li o bilhete discretamente e então passei a prestar atenção na conversa dos dois e, é, realmente, eles estavam falando sobre ternos e uniformes militares. Acho que finalmente encontraram um assunto que empolga os dois e estava até bonitinho de se ver. Meu deus, o cupido está a solta hoje, hein? Pensei divertida e então voltei a olhar o bilhete de Edward, é, ele tinha razão.

— Bom gente, desculpa interromper, mas acho que já vou indo também, esqueci de vir com uma chave da porta da frente da pousada hoje e a Sue costuma dormir cedo. – disse a primeira coisa que me veio a cabeça. – Edward, você se importaria de me indicar o caminho? Como está de noite, não sei se vou reconhecer tão bem as ruas.

— Claro, Bella, posso te acompanhar também se preferir, já estava pensando em ir mesmo – Ele disse se levantando junto comigo.

Em seguida nos despedimos dos dois e eu não pude deixar de dizer um “de nada e aproveita” na orelha da baixinha, que na hora ficou toda vermelha e eu apenas ri.

Saímos do boliche e logo fomos tomados pelo vento gelado das noites de Forks, fechei meu casaco até o pescoço e me virei para Edward, pronta para me despedir.

— Eu estava falando sério – ele disse antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. – Sobre te acompanhar.

— Ah, Edward, não se preocupe, sério. – disse sem graça.

— Eu faço questão. – Ele disse já me indicando o caminho. – Até porque, com quem mais eu poderei fofocar sobre essa noite e meus futuros cunhados?

— É um bom ponto, realmente – disse sorrindo enquanto começávamos a caminhar lado a lado. – Vocês são bem unidos né?

— Somos. – ele sorriu – Você viu minha casa, não é como se tivéssemos muitos vizinhos para brincar além de nós mesmos.

— Realmente, ouvi dizer que ursos não são boas companhias... – rimos juntos e ficamos um pouco em silêncio até eu quebrá-lo com minha curiosidade jornalística. – E você cuida bastante deles também, né?

— É, acho que sim... acho que essa é meio que minha forma de demonstrar que me importo, eu cuido... não é à toa que virei médico. – Ele olhava para frente pensativo enquanto dizia. – Mas hoje... foi muito bom, mesmo. Fazia tempo que a gente não saía assim, só por diversão, nos provocando, bebendo juntos. E ter vocês nessa também, “os outros”- ele fez as aspas com as mãos –, contribuiu muito para isso. Eu realmente espero ter mais momentos assim.

— Eu também gostei bastante. – Concordei sincera. – Para mim também foi algo que eu não sentia há um tempo, e vocês são todos muito legais, me rachei de rir com a bagunça que aquele jogo se tornou.

Rimos juntos relembrando os melhores momentos da noite e então voltamos a cair no silêncio. Silêncio esse que eu já estava começando a me acostumar, era bom, quase... confortável. Mas novamente eu o quebrei, porque eu estava cheia de curiosidade para saber mais dele.

— Posso perguntar algo mais...pessoal? – perguntei baixo, meio sem graça, mas ele logo concordou. – Como foi para você... er, lidar com tudo, ter que segurar tantas pontas nos últimos anos? – minha voz era quase um sussurro e eu me arrependi de ter falado assim que as palavras saíram. – Tudo bem se preferir não falar sobre...

— Não, er, tudo bem... é só que eu nunca falei muito com ninguém sobre isso. – ele disse sério e eu achei que a conversa acabaria por ali, até ele completar – Ah, bom, eu estava terminando a faculdade quando tudo começou e a responsabilidade não veio bater na porta... ela a arrombou. E eu voltei, não tinha nem outra opção a ser considerada na minha cabeça. – Ele dizia e fazia pausas, como se tentasse organizar todos os pensamentos em sua mente antes de expor. – E é complicado isso, eu quero sair, viver a vida, fotografar o mundo, mas ao mesmo tempo é impossível para mim deixá-los.

— E eles esperam isso de você... a responsabilidade, eu digo – Disse sem saber se era uma pergunta ou não.

— Sim... e não é culpa deles, eu realmente sou assim, eu cuido. Eu só queria as vezes não ter o peso da expectativa sobre mim, mesmo antes de tudo o que aconteceu, eu sempre fui o responsável da família, o correto, o organizado...e no momento da crise...isso despenca em cima de você.

— As expectativas são foda... elas mexem com ambos os lados, quem espera e quem é esperado... – disse enquanto processava todo aquele sentimento que ele estava expondo para mim. – Eu também sempre odiei a ideia de decepcionar alguém...e família então, é complicado, é bem complicado mesmo. E no fim você acaba preso dentro de tudo isso, do que esperam de você, de quem você quer ser e de quem você realmente é. Preso e perdido, para falar a verdade. – Minhas palavras saíam antes que eu pudesse processá-las de alguma forma.

— Foi isso que te fez sair de Nova York? – ele perguntou curioso.

— Talvez. – respondi sem querer dar grandes detalhes e ficamos um tempo em silencio de novo até eu voltar a falar. – Foi isso que te fez ficar em Forks?

— Talvez. – Ele respondeu e em seguida abriu um semi sorriso que foi compartilhado por mim. Voltamos a caminhar mais um pouco em silêncio, já estávamos na esquina de meu destino.

Chegamos na frente da pousada ainda cultivando aquele silêncio, que deixou de ser confortável para ser íntimo e intenso. Era nítido como um milhão de coisas se passavam na cabeça dos dois, mas nada era verbalizado.

— Posso te perguntar algo? – quebrei o silêncio. Ele novamente concordou e eu torci internamente para que ele não odiasse essa minha bendita curiosidade. – Você passa intencionalmente com o Dog na frente da Gazeta todos os dias?

Ele franze as sobrancelhas e pensa um pouco antes de responder.

— No começo não era...eu demorei para perceber que eu estava insistindo naquele caminho por... – ele olhou fundo em meus olhos – ... algum motivo.

O clima voltou a ficar muito intenso depois disso, e mesmo eu não conseguia pensar em nada para falar agora, na verdade não conseguia pensar em nada e ponto. Quem pergunta quer saber, mas por que eu queria saber daquilo? Que diferença iria fazer? Isabella, Isabella... pense bem no que você está fazendo...

— Hmmmm eu bem que suspeitei – respondi sem graça. – Obrigada pela companhia, boa noite, Edward. – eu disse sorrindo amarelo e em seguida dei uma batidinha no ombro dele antes de entrar, quase correndo, na pousada da Sue, deixando um Edward bem confuso para trás.

Uma batida no ombro, sério isso Isabella? Disse me xingando até a décima geração enquanto subia as escadas. Você é ridícula. E não sabe aproveitar os bons momentos. É, talvez isso fosse verdade. Mas será que eu realmente queria tais momentos?

***

Acordei no dia seguinte acabada, fui para o trabalho quase como um zumbi, nem preciso dizer que fiquei até altas horas processando e pensando tudo o que havia acontecido naquele dia. Era tanta coisa na minha cabeça, tanta coisa me confundindo.

Meu ponto principal ali era defender a todo custo essa experiência como um processo de autoconhecimento, no qual eu deveria ser o foco, sozinha, me conhecer, me entender. Mas se esse era o ponto, por que eu estava reprimindo meus instintos? Eles não são a forma mais pura da minha essência? Expressando coisas que eu nem consegui processar ainda?

Eu passei tanto tempo da minha vida me reprimindo e me encaixando em expectativas e responsabilidades alheias... será então que para realmente me conhecer eu deveria me soltar e confiar em meus instintos?

Olhei para o relógio na tela do computador e constatei que estava quase na hora. Respirei fundo e me levantei, avisando meu chefe que iria sair para tomar um ar. Ao chegar lá fora eu o avistei atravessando a rua e olhando para dentro da Gazeta com um olhar confuso. Eu sorri e fui de encontro a eles.

— Olá, será que eu poderia me juntar a vocês? – pergunto o pegando de surpresa, enquanto seu cachorro cheirava loucamente meus sapatos. Ah, Isabella, você vai se arrepender tanto disso.


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Notas finais do capítulo

E aí gnt, o que acharam? Intenso né?
E esse fim? Será que a Bella vai realmente parar de se reprimir? E todos esses casais se juntando? A Bella fazendo mistério do passado dela? A Alice ficando pistola no boliche?

Comentem, comentem, comentem! Senti falta de muitos de vcs no último capítulo e sou doida para saber o que acharam! Podem ser críticas também, viu? Estamos aqui para isso!

E vocês gostariam se ao fim de cada capítulo eu deixasse um spoilerzinho aqui do próximo? Me avisem que aí eu começo a colocar!

Bjsss e até domingo que vem!

AnaLu



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