Getaway Car escrita por AnaLu


Capítulo 1
Capítulo 1 - Fuga


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Esse é um primeiro capítulo de apresentação, com essa fic estou tentando construir uma narrativa um pouco mais madura do que a minha outra, e também mais romântica e um pouco misteriosa.
To postando um pouco antes do que pretendia, pois sinto que preciso de um incentivo a mais para continuar, espero que goste e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779342/chapter/1

Eu tateava impacientemente meus dedos naquele balcão do aeroporto. Queria ser atendida rápido, sair dali rápido, para que assim não desce tempo de eu pensar demais no que eu estava fazendo e me arrependesse.

Claro que você tem esse medo, afinal, você está fugindo. Pensei comigo mesma, e logo afastei essa ideia. Não era bem uma fuga...eu iria viajar de qualquer forma, só mudei o destino na última hora...sem falar para ninguém. Ok, talvez eu estivesse mesmo fugindo.

Olhei para minha pequena bagagem ao meu lado, a qual foi preparada para uma ocasião totalmente diferente. Espero que não me deixe na mão. Suspirei. Mas isso realmente importa? Estou entrando em meu momento de libertação, de impulsividade, quem sabe agora finalmente escrevo o romance que planejo há anos. Isso! Esse é o meu momento! Não tem por que me arrepender ou me culpar, eu sei disso. Acho.

Meu celular vibrou novamente no meu bolso. Mais uma ligação que eu não atenderia. Eu não podia, pelo menos não agora. Peguei o aparelho no bolso e sem nem desbloquear a tela, num impulso, o desliguei e arranquei seu chip fora. Se é para fazer isso, vamos fazer direito. E em seguida o arremessei na pequena lixeira que havia no canto daquela também pequena sala de aeroporto. Eu arranjo outro na estrada. Dei de ombros.

— Muito bem, senhorita...- uma voz me despertou de meus devaneios. Finalmente. A atendente sorridente e excessivamente maquiada esperava que eu completasse sua fala.

— Daywer. – sorri. – Mas pode me chamar de Isabella apenas.

Sim, eu havia mudado meu sobrenome... não foi bem uma mentira, esse era o nome de minha mãe, eu só optei por omitir o Swan, seria melhor evitar chamar a atenção. Por enquanto pelo menos, eu preciso respirar um pouco, aquela cidade, aquela vida...tudo estava me sufocando demais.

— Tudo bem, Isabella, – a atendente sorriu simpática enquanto me entregava o papel que segurava – Esses são os modelos de carros que temos disponíveis de acordo com o seu orçamento. Tem certeza que não prefere alugar? Temos modelos mais recentes e em um preço bem em conta também...

— Não precisa, obrigada – neguei gentilmente – Sei que não é comum pessoas, principalmente na minha idade, interessarem-se em comprar carros antigos em locadoras de aeroporto, mas eu meio que estou embarcando em uma Road trip e dessa forma fico mais confortável. – o que não deixava de ser verdade... estava considerando seriamente sair daqui de Seatle e seguir para o norte rumo a Vancover.

A atendente assentiu e eu passei a observar os modelos no papel. Realmente, todos eram um tanto velhos, o que era bem arriscado... mas tinha seu charme, uma vibe meio Bonnie e Claude, ou Will McCandless em Na Natureza Selvagem; exceto pelo fato que eu não era uma foragida procurada pela policia nem planejava seguir até o Alasca...eu acho.

Logo que bati os olhos em uma das imagens eu sabia que seria ela... uma picape Chevy C10 1963 cor de laranja. Nada a ver comigo e ao mesmo tempo minha cara. Sorri animada e indiquei minha escolha para a atendente. Assinei os documentos, efetuei o pagamento e então recebi a chave.

Antes de sair rumo à garagem eu olhei para a lixeira onde havia jogado meu chip. É, agora não tem mais volta. Abri um grande sorriso e segui o funcionário que me levaria até Bonnie. Sim, eu já a nomeei e nem preciso dizer de onde tirei inspiração.

***

— Oh Deus! Tão mais fácil nos filmes! – exclamei levemente irritada enquanto amassava meu mapa de qualquer jeito e o jogava dentro da picape. Encostei-me no capô do carro respirando fundo.

Eu já estava na estrada há umas três horas e totalmente perdida, ok, nem tão perdida, mas ainda assim sem um rumo certo. Acho que tinha romantizado demais as coisas na minha cabeça... e seguir um mapa de papel parecia algo bem mais fácil e um tanto estiloso do que realmente estava sendo.

Estava encostada na beira da estrada agora, no estacionamento de uma lanchonete onde comi um dos melhores hambúrgueres da minha vida. Acho que já fazia mais de seis meses que eu não me permitia chegar perto dessas “gorduras calóricas”, mas essa era minha libertação.

— Fodam-se as gorduras acumuladas! O colesterol e a diabetes!! – gritei aos céus inclinando minha cabeça para trás.

— Oh yeah! – algum desconhecido que passava por lá me respondeu.

Voltei a sorrir comigo mesma, respirei fundo e abri a porta do carro, voltando a pegar o mapa e deixando meu celular la dentro “em troca”. Eu havia comprado um novo chip, mas não adiantou muita coisa já que eu não tinha internet.

— Ok, amiguinho, vamos nos entender agora – disse ao mapa enquanto o desamassava no capô de Bonnie. – Eu tenho 25 anos, não sou nenhuma criança que será facilmente assustada com o enorme desconhecido que me cerca nesse momento de solidão e.... ah deixa para lá – interrompi meu próprio monólogo e me concentrei nas inúmeras estradas.

O cara da lanchonete havia me mostrado, com um grande mau humor diga-se de passagem, aonde eu estava mais ou menos, então eu só precisava decidir para onde ir. O que era bem importante já que logo escureceria, olhei no meu relógio constatando que já eram mais de 16h.

Após minha leiga análise do mapa constatei que eu acabei pegando uma entrada a oeste que me desviou um tanto do caminho para Vancouver. Mas isso não era tão ruim, afinal, Road trips têm várias paradas, não é mesmo?

Então me dei conta de quão perto eu estava do oceano, umas duas horas talvez, e decidi que iria até o pacifico, procuraria uma hospedagem e então amanhã decidiria meu rumo. Yess! I´m back in the game!

Entrei de volta no carro, liguei-o e manobrei com certa dificuldade, era meu primeiro contato com uma direção mecânica, meus braços são fraquinhos demais para esse esforço. Voltei para estrada, me certificando e então rezando para ter acertado o lado certo.

Fiquei mais cerca de uma hora e meia dirigindo, foi uma delícia. Sentia o vento fresco do início do verão, apesar de ser mais frio que muitos invernos por aí, e a umidade do Pacífico que estava cada vez mais perto de mim.

Após um tempo a estrada mudou, ficando mais estreita e cercada por altas coníferas. Passei por diferentes placas de pequenas cidades, e me assustei um pouco ao constatar que muitas tinham a mesma quantidade de habitantes que meu bairro.

Até que encontrei uma última placa: La Push. Mas eu pouco dei atenção a ela, pois logo eu me deparei com o mar, seus sons, suas cores e cheiros. Eu estava encantada, aquela praia não era muito grande ou paradisíaca, mas não sei, era tão...natural.

Estacionei o carro e saí encantada, hipnotizada por aquilo. Estava tão acostumada a estar sempre cercada por prédios e pontes e carros que havia me esquecido como era presenciar aquilo. Se é que alguma vez eu já o fiz.

Havia troncos e rochas espalhados pela areia e iluminados pela fraca luz solar dessas áreas temperadas do globo, ambos já desgastados pelas oscilações da maré e o intemperismo físico da água, o que complementava com a beleza simplória daquele lugar. E o Sol já estava se pondo o que deixava todo o ambiente em uma paleta de tons terrosos e alaranjados. Tudo naquele cenário se encaixava perfeitamente.

Comecei a caminhar na areia e, num impulso, descalcei minhas botas, tirei minhas meias e fui de encontro à água. Era isso, esse momento, era o que eu precisava... a liberdade de estar longe de casa e de tudo o que me sufocava.

Minha empolgação aos poucos ia sendo tomada por aquela sensação epifânica de ter me encontrado enquanto me perdia. Tudo era tão cinematográfico... eu poderia escrever um livro sobre isso, sobre essa sensação, esse sentimento. E quando estava bem próxima fechei os olhos e continuei caminhando, eu já sentia o mar bem perto até que

— Aaaaaaaa putaquepariumeudeusdoceu! – exclamei enquanto corria de volta para onde deixei minhas botas – água gelada da porra!

E novamente meu momento romantizado fora estragado pela dura realidade. Sentei num tronco e passei a massagear meus dedos dormentes pela água congelante e então voltei a vestir minhas botas com uma ânsia descomunal.

Estava muito entretida em xingar tudo e todos que mal reparei que alguém se aproximava. Ah claro, óbvio que tinha algum nativo se divertindo com minha desgraça. Respirei fundo e levantei minha cabeça para encarar “minha companhia” e... uau.

O homem que se aproximava era alto com alguns músculos discretos espalhados pelo corpo, tinha cabelos ondulados em um tom estranho de louro, pareciam cor de bronze, e usava uma barba rala um pouco mais escura que eles. Os olhos eram de um verde bem próximo da cor do mar e ele carregava um sorriso divertido nos lábios.

— Acho que você não é daqui, né? – ele perguntou sem desviar seus olhos dos meus. Eu sorri amarelo.

— É... como você soube? – respondi divertida e ele deu risada. – Eu deveria ter acreditado quando me falaram que o Pacífico é bem mais gelado...

— Realmente... mas não se preocupe, foi uma cena bem graciosa – ele voltou a brincar e eu senti meu rosto esquentar de vergonha. Abaixei um pouco a cabeça e notei que ele tinha uma câmera profissional nas mãos...oh não.

— Eu me distrai com essa vista... sei que para você pode parecer algo comum, mas uau... é incrível – tentei me justificar meio sem jeito. – Por favor...não me diga que você conseguiu registrar meu momento gracioso... – Completei apontando para sua câmera.

— Acredite, o fato de ser algo comum para mim não a faz deixar de ser incrível...pelo contrário, me encanta ainda mais. – ele respondeu sinceramente enquanto olhava a sua volta, meu Deus como isso era charmoso.. – E desculpa, mas não tenho como te responder... essa câmera é analógica, eu a uso para fazer umas experimentações com as diferentes luzes e lentes... eu estava um tanto distraído quando notei sua presença, não sei dizer se consegui registrar com clareza.

Ele falava de uma forma tão séria e com tanto pesar que parecia que estava lamentando não ter conseguido registrar a famosa fotografia do beijo na Times Square e não minha cena ridícula de agora pouco.

— Er... sinto muito se isso te magoa, mas eu realmente espero que você não tenha conseguido. – respondi com sinceridade e então rimos juntos. E então veio um silêncio desconfortável... estava nítido que ambos queriam continuar a conversa, mas não tinham certeza de como ainda.

Eu estava bastante intrigada por ele, admito. Não quero romantizar demais o momento nem nada, mas eu não sei explicar... tinha algo nele que me atraia, era mais que só físico... será que estou ficando louca?

Fiquei tão perdida em meus devaneios que me sobressaltei quando o ouvi pigarrear.

— Então... férias?

— É... algo do tipo... – sorri meio sem jeito. – Eu meio que me deixei levar e acabei chegando aqui.

— Hmmm uau, isso é bem... espontâneo.

— Acho que sim, é a primeira vez que faço algo assim... o que me lembra, por acaso você sabe se teria alguma hospedagem nessa cidade? – perguntei interessada, já estava praticamente escuro, não seria uma boa voltar à estrada assim, e, sinceramente, eu nem sei se gostaria de continuar nela assim tão cedo.

— Bom...aí você complica – ele respondeu pensativo – La Push é realmente bem pequena e sua maior parte é reserva indígena Quileute... – confesso que não gostei nada de ouvir aquilo, mas para minha felicidade ele completou – Mas se você não se importar em afastar-se um pouco do mar, a 24 quilômetros daqui tem outra cidadezinha, Forks, cuja hospedagem no centro é muito boa, apesar de simples.

— Me parece ótimo! – respondi animada – Obrigada, er,...?

— Edward. – ele completou minha pergunta estendendo a mão.

— Obrigada, Edward. – sorri apertando sua mão. – Eu sou Bella.

Ficamos um tempo um pouco longo demais apertando a mão e nos encarando sorrindo, até que ficou bem estranho então nos soltamos sem graça. Edward então se ofereceu para me explicar as direções até a cidade e hospedagem que ele havia me recomendado.

Eu agradeci satisfeita e então me despedi com outro aperto de mão, dessa vez menos estranho, voltando em direção aonde eu havia estacionado Bonnie. Sentada no banco do motorista, prestes a girar a ignição, voltei a observar a praia a minha frente. A qual estava mais escura agora, e tinha uma silhueta alta, mas levemente inclinada tirando fotos daquilo tudo. E, de uma forma surpreendente, aquela vista parecia estar mais completa do que antes.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
Muitas informações soltas? Esse encontro com gostinho de quero mais? Uma Bella querendo fugir?

Por favor, se puder me deixe um comentário dizendo o que achou, teorias sobre motivos para essa "fuga", críticas, sugestões... fique a vontade! Estou precisando de um retorno para me dar uma impulsionada (ou as vezes me fazer parar de vez haha vai saber né?)

Já tenho uns capítulos prontos, então conforme receber o retorno já vou postando!

Bjos e obrigada a quem chegou ate aqui hehe

AnaLu



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Getaway Car" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.