The Princess of Scotland escrita por Samy Meireles, Samara Meireles


Capítulo 16
Lord Perceu




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Annabeth aceitou a mão de Francis por que sabia que era ele que o destino queria. Ele seria seu marido, ela seria Rainha da França e seus filhos herdariam o país. Percy deve até conhecer seu descendente, provavelmente o atual rei, na época dele. 

Ela seguiu com Francis, quando eles passaram direto pelo salão, seguindo para um lugar que ela não conhecia. 

—Não vamos jantar com todos essa noite. - Francis informou, notando a confusão da noiva

—E onde vamos jantar? 

—Quando a família real não quer realizar suas refeições com os súditos, vamos para uma sala de jantar privativa. Apenas membros da realeza podem estar presentes, e quando digo membros da realeza, quero dizer o rei e sua família, dificilmente parentes ou outras pessoas, só quando convidados é claro. 

—Eu sou convidada então? 

Francis a parou na porta do lugar.

—Você será a dona de tudo isso. 

Ela sorriu, não de forma falsa, mas com um sentimento de gratidão. 

—Só nós dois?

—Oui. E mais, pedi que preparassem stovies… - ele fez uma careta engraçada - É assim que se pronuncia? 

—Não é, mas você ficou bem fofo com esse sotaque francês. - ela riu

Francis abriu a porta e indicou para que ela fosse primeiro. 

A sala não era tão diferente do que Annabeth já conhecesse. O luxo e poder não eram tão extravagantes ali, existiam claro, mas não de forma exibicionista. Uma mesa de madeira em um tom avermelhado estava posicionada com apenas duas cadeiras lado a lado, apesar de poder comportar mais. 

—Eu pedi que fizessem, mas não faço a minima ideia do que seja. - ele riu - 

—É carne e batadas, nada muito esquisito. - ela respondeu,Francis soltou um suspiro de alívio 

Ele puxou a cadeira para ela, que sorriu e se sentou. Francis bateu palmas rápidas  e sentou-se. O tempo de Francis se sentar foi o de um servo aparecer com uma jarra de um bom vinho francês e taças refinadas.     Enquanto o servo colocava o vinho na taça para os dois, outro servo apareceu com dois pratos nas mãos, colocou-os para o casal. 

—Um brinde a nossa união. - Francis ergueu a taça para ela

—A nossa união. - ela brincou

Annabeth deu a primeira garfada, sentindo o sabor familiar de casa. 

—Deve parabenizar seu chef. - ela comentou antes de dar mais uma garfada - O gosto não é igual, mas é similar.

—Fico feliz que tenha gostado. - Francis sorriu 

O jantar se seguiu em silêncio, Annabeth não queria falar, estava pensando em Percy, todos os seus pensamentos estavam em Percy. 

Depois da sobremesa, Francis ofereceu para que fossem até o jardim, ela recusou, dizendo estar cansada demais para realizar mais alguma coisa que não fosse colocar suas vestes de dormir e deitar-se. Ele a acompanhou até o quarto, despediu-se com dando-lhe um beijo, a qual Annabeth não recusou, porém não foi tão receptiva. Logo que ele se foi, Clara e Silvie vieram ajudar-lhe a se preparar para dormir.

—Você e o Delfim estão bem próximos, isso é bom. - Silvie comentou - Já vejo a França prosperando sobre seu comando. 

Annabeth sorriu. 

—Compartilhamos ideias parecidas. - ela confirmou 

—Vocês terão filhos lindo! - a empolgação de Silvie era clara

Annabeth refletiu. Seus filhos com Francis seriam realmente bonitos, quase certamente loiros e com olhos ou como os dela ou como os dele. Eles não só seriam bonitos, mas chamariam a atenção. 

Diante de um futuro tão promissor, por que Annabeth não conseguia parar de imaginar uma criança morena? 

—Boa noite, princesa. - Silvie desejou, tirando Annabeth de seus pensamentos

—Boa noite, meninas. 

Clara e Silvie fizeram uma reverência e saíram. A loira deitou-se, apagou a única vela acessa ao seu lado. A completa escuridão que dominou o quarto fez o cansaço de Annabeth ir embora, sua mente parecia a mil. 

Ela sentia algo forte por Percy e quando ele disse todas aquelas palavras bonitas para ela, seu coração bateu tão forte que ela jurava que sairia pela boca. Ela estava apaixonada, agora admitia. 

Se sentia isso? Por que ela simplesmente não  disse que sentia? Ou por que quando ele tentou de novo, ela não correu até ele?

A resposta era simples. Seu futuro estava com Francis, sua vida era com Francis, foi assim que a deusa decidiu. 

Durante toda sua vida Annabeth seguiu com um plano, era exclusiva da deusa, era sua sacerdotisa. Dedicou seus dias a seguir o plano que tinham designado para ela, acreditando ser o certo. E assim foi com Francis, ela sabia, sentia, que Francis era seu futuro, Francis era o que a deusa queria. Ela sabia que não seguisse os planos predestinados, os Luchd fariam todo o possível para faze-los voltar ao seu caminho.

Todo o possível.

A loira suspirou, seria a primeira vez em anos que decidia agir sozinha, sem consultar ninguém. Sabia dos perigos que enfrentaria mediante a sua decisão de não seguir o plano, mas pra falar a verdade, ela não estava com medo. Por Percy, valia a pena.

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No dia seguinte, Annabeth procurou Percy em seu pouco tempo livre, queria lhe contar que estava disposta e deixar seu destino, para ter o livre arbítrio de ficar com ele. As consequências, ela não sabia, o que os Luchd  fariam para resolver, ela também não sabia, e tinha medo, mas independente do que fosse, juntos, ela e Percy, conseguiriam. Entre provas de vestido e de degustação sobre a comida  servida, Annabeth procurava Percy ela mesma. 

O dia passou tão rápido quanto ela queria, e nada de Percy. Nem no jantar, onde ela esperava ve-lo, foi possível, Francis a convidou para estarem na sala de jantar privativa da família real, dessa vez com toda a família real. Ela, obviamente, não pode recusar. 

—Gostaria de me acompanhar na leitura essa noite? - Francis perguntou

—Me sinto cansada. - ela disse 

—Por favor. - ele implorou

—Annabeth passou o dia provando vestidos e realizando afazeres do casamento, não insista. - Catarina o repreendeu, Francis assentiu

Annabeth agradeceu com os olhos Catarina. A loira pretendia procurar Percy na calada da noite. Dito isso, Francis lhe acompanhou até seu quarto, lhe deu beijo de boa noite, incrivelmente bem recebido por Annabeth, e partiu para a leitura.  Annabeth resolveu que deveria se banhar e esperar um pouco, até que Percy já tivesse ido para os seus aposentos. 

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Percy estava perfeitamente arrumado naquela noite. Tinha passado o dia provando vestuários oferecidos por Francis, que visavam a nova posição que Percy em breve adotaria com seu casamento com Luísa.  

Ele tinha aceitado. Iria se casar, por poder, por glória. Ele se imaginava casando com Rachel um dia, por amor, Luísa não era esse caso. Talvez fosse seu destino afinal, certamente Annabeth pensava assim. O destino está traçado para tudo e todos. Eles deveriam seguir, obrigatoriamente. Percy estava aceitando o seu, não era tão ruim afinal. 

Ele caminhou até os aposentos de Francis, bateu de leve, ouviu um entre alto. 

—Delfim. - ele fez uma reverencia

Francis o olhou de cima a baixo, feliz e surpreso com o resultado. 

—O que roupas novas não fazem a um homem? - ele riu - Está pronto? Tenho certeza que apreciará Luísa, ou não, enfim, se não gostar dela arranje amantes. - Francis passou a mão pelos cabelos, arrumando-os - Esse casamento não é por amor, é por poder. - continuou

—Você considera amantes um refúgio, então? - Percy buscou palavras delicadas

Francis refletiu. 

—Reis sempre tiveram amantes, é quase uma tradição. Pretendo fugir dela. - ele sorriu malicioso - Mas se eu sentir atração por alguma mulher, claramente quero ela nos meus aposentos. 

Percy sentiu a raiva crescer dentro dele, Annabeth não merecia ser traída, não merecia um casamento assim. Ele engoliu em seco e sorriu para Francis, que pronto, indicou para que eles fossem. 

O caminho para biblioteca foi silencioso, perto do local, alguns nobres conversavam do lado de fora. 

—Ali está minha prima. - Franci indicou com a cabeça 

Percy a olhou, conversa com alguma mulher da corte. Com os cabelos louros lisos até cotovelo, soltos , os olhos castanhos claro, um tanto alta, talvez até maior que Percy, uma pele branca demais, busto farto, cintura mediada, quadril mediano. Não era feia, muito pelo contrário, era notável. 

Francis indicou para que Percy o seguisse. 

—Luisa, cousine. — Francis chamou

Luísa, que estava de costa para, com a mulher a sua frente, se virou. 

François, quel était? - ela perguntou 

—Quero te apresentar um amigo. 

Percy, que estava atrás do delfim, deu um passo a frente. ficando agora ao seu lado.. 

—Este é o Lord Perceu Jackson. 

Percy se curvou. 

—Lord Perceu, essa é minha prima, Luísa de Valois. 

Luísa se curvou. 

—Essa… - Luísa indicou com a mão - É minha amiga, Elôdi Girard, baronesa de  Rey. - a mulher fez uma reverência para eles. 

—Baronesa, talvez gostaria de me acompanhar? Minha noiva estava se sentindo indisposta. - Francis perguntou - Apenas se seu marido não se importar, é claro. - ele acrescentou, um sorriso brincalhão se expandindo em seu rosto

—Não sou casada, Vossa Alteza. - ela lhe ergueu a mão e Francis a pegou,dando uma leve beijo na parte superior, ele assentiu para Percy e Luísa e junto com a baronesa seguiu 

—Suponho que não tenhamos sido apresentados por nada. - Luísa soltou, um olhar meticuloso sobre Percy 

Ele soltou um riso envergonhado.
—Não. 

—Então me diga, Lord Perceu, qual o interesse dessa apresentação? - os olhos azuis o encaram sérios, esperavam uma resposta

— Interesses políticos. - ele respondeu, dando de ombros

Luísa sorriu, entendia bem o que aquilo significava. 

—Casamento. - ela disse, um sorriso se abrindo no canto dos lábios

Percy engoliu em seco. “Garota esperta” pensou. 

—É. - ele concordou

—Sou seu bilhete dourado para a corte, suponho? 

—De certa forma sim. 

—Você é um Lord, o que significa que é filho de um nobre, mas não o primogênito. - ela observou -  Com minha posição, você ganharia um título. 

—Você é bem esperta. - ele disse, um sorriso galante

—O que não me deixa inquieta, Lord Perceu, é que meu primo não ousaria dar minha mão em casamento para alguém com uma posição mais baixa que a minha se não fosse… - ela refletiu - Por algo muito importante. 

Percy arqueou uma sobrancelha, claramente impressionado. Sua atenção se voltou para o murmurinho que se formava atrás dele, Annabeth passava pelos nobres rapidamente, e o falatório devia-se provavelmente ao Delfim ter vindo sozinho e agora sua noiva ter chegado. O povo costumava falar de tudo. Principalmente pelo fato de Francis ter entrado com uma mulher solteira.  

—Ou por alguém. - ela acrescentou rapidamente ao notar o olhar de Percy para Annabeth que parou uns dois metros longe deles 

Francis, que tinha entrado com a baronesa de Rey,  saiu da biblioteca e a recepcionou claramente surpreso. 

—Eu pensei que estivesse cansada. - ele lhe falou 

Annabeth alternou os olhos entre Percy e quem provavelmente era Luísa. 

—Estava. - ela sorriu - Mas decidi acompanhar meu noivo nessa leitura. 

Francis sorriu e lhe ofereceu a mão. 

—Eu estava indo até meu quarto, mas já que chegou, será bom que fiquemos. - ele explicou 

—Se quiser. - ela aceitou sua mão 

—Venha, deixe que eu te apresente a princesa Luísa de Valois, minha prima. 

Eles caminharam até Percy e Luísa.

—Luísa, prima, deixe-me te apresentar, agora formalmente, não apenas de vista. - ele riu, Luísa assentiu - Essa é a Princesa Annabeth de Chase, da Escócia, minha noiva.

Luísa fez uma reverência. 

—É um prazer, princesa Annabeth. 

—O prazer é todo meu. - ela sorriu - Lord Perceu. 

A tom formal incomodou Percy. 

O som de uma voz pedindo atenção fez com que eles olhassem para dentro. 

—A leitura já vai começar. - Francis informou - Talvez vocês queiram pular essa leitura para se conhecerem melhor? - ele sugeriu para a prima e Percy 

—Se Lord Perceu optar por tal escolha. - Luísa o olhou, um sorriso presunçoso

Percy engoliu em seco, olhou para Annabeth, que desviou os olhos rapidamente, ofereceu a mão a Luísa.

—Acho uma ideia adorável. 

—Com sua licença. - Luísa aceitou a mão de Percy e os dois fizeram uma reverência antes de seguirem juntos pelos corredores. 

—Eles se deram muito bem. Acho que o casamento poderá ser anunciado muito em breve. - Francis comentou sem sentir o impacto das palavras na noiva

Annabeth tinho ido atrás dele e agora ele partiu com Luísa. Que surpresa do destino. Algo nela dizia que isso não era por acaso, alguém deve ter agido no meio tempo em que ela levou para decidir ir contra tudo para ficar com ele. Ela conhecia sua própria laia. Tudo estava perdido, Percy já havia aceitado o seu destino. 

—Vamos entrar? - a pergunta de Francis a despertou de seus pensamentos. 

—Claro, meu noivo. 

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—Conte-me mais sobre você. - Percy disse, tentando puxar assunto com aquela que futuramente, com quase toda certeza, seria sua esposa

—Não tem nada muito  incrível  para contar. Nasci aqui, vivi aqui quase sempre. Com exceção de quando fui completar meus estudos na Suécia. 

—Suécia? Um tanto distante. - Percy indicou com a mão o banco 

Luísa tinha sugerido para que fossem até uma sacada aberta do palácio. Percy ainda não conhecia o local e gostou da ideia. Eles se sentaram nas cadeiras postas ali, com uma pequena mesa ao lado.  

—Quase cinco dias, mas confesso que é um país lindo. Cheio de belezas exóticas. 

—E o que fez por lá? Algum pretendente notável? - ele riu 

—Eu tive uma proposta de casamento de Solveig Almstedt, 5º Conde de Kristianstad. Mas meu tio não gostou dele, disse que o título era baixo demais e que meu pai não teria aprovado. - Percy sentiu certa tristeza na voz dela 

—Seu pai morreu a muito tempo?

—Ele morreu da praga que assolava a França alguns anos atrás. 

—Tem meus sentimentos. 

—Obrigado. 

Um longo período de silêncio se passou, não haviam palavras para serem ditas. Percy resolveu que queria levar isso adiante.

—Princesa Luísa, Francis me ofereceu um casamento arranjado para subir ao poder, qualquer homem na minha posição aceitaria sem pestanejar. 

—Eu sou uma peça no jogo deles. - ela o cortou - Todos nós somos. Qualquer um que tenha sangue azul é uma peça no jogo dos mais velhos. Não podemos mudar, apenas aceitar. Eu aceito. 

Percy engoliu em seco. Ela praticamente lhe disse que aceitava seu casamento com ele e que era forçada a isso. Percy logo tratou de se concertar. 

—Quero tornar isso o mais agradável possível. Digo… - ele alternou o dedo entre eles - Nós dois. Não sou muito a favor de casamentos arranjados, a maioria arranja amantes. - ele se lembrou de sua própria história- Não quero que nosso casamento seja como esses da qual tanto estamos familiarizados. Quero que tenhamos uma boa comunicação, um bom relacionamento. 

Luísa o analisou. 

—Tendo em vista que não tenho muita possibilidade de opinião, acho que você é um homem honrado, Lord Perceu. 

—Percy, me chame apenas de Percy. - ele sorriu, Luísa sorriu também

Era o início de um relacionamento promissor, de carinho, respeito e cordialidade. 

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—Lord Percy, posso lhe falar? - Annabeth chamou, antes que ele acompanhasse Luísa para os seus aposentos. 

Percy olhou para Lúisa.

—Madame Luísa, excusez- moi. 

—Benne Nuit, lord Percy. 

—Benne nuit, Luísa. 

Percy beijou sua mão e fez uma reverência  breve em sinal de respeito. Annabeth indicou a direção com os olhos. Eles andaram lado a lado pelo corredor longo, deixando o resto da corte para trás.

—O delfim? - Percy perguntou

—Conversando com alguém importante, provavelmente. Disse que estava cansada demais, e deixe-o. 

—Hum. O que queria falar?

—Não sei se já pensou no seu futuro, mas eu sim.

—Perdão? - ele a olhou sem parar de andar 

—Então. Acho que deve partir. Temo pelo seu futuro.

—Teme? - ele soltou uma risada debochada

—Não zombe de mim Percy. - ela parou de caminhar e lhe encarou

—Désolee. Continue. 

—Deve procurar a princesa  Batbayar, filha de Jahangir do império Mongol. Dizer a ela para repassar, até o seu tempo, que você deve ser acolhido, receber um novo nome e oportunidades, contar sua história. Ela deve repassar para a próxima guardiã, ou próximas, até o seu tempo. Acredito  que seja uma menina de nome Elaheh, filha de Alamgir, neto de Jahangir. 

—Quer que eu viaje até o ocidente, dê o recado para essa tal de Bat.. Bat… 

—Batbayar.

—Isso. E então volte para o meu tempo? Em um povo estranho e diferente do meu?

—A França é estranha e mesmo assim você não exitou em conhecer suas belezas. 

Percy riu. 

— Ainda não conheci completamente. - provocou

—Vá, seu futuro está garantido lá se disser que eu o mandei. 

—Talvez eu queria ficar. 

—Que motivos teria? - ela manteve-se plena, mas por dentro almejava que a resposta fosse ela.

—Um casamento. 

Annabeth não queria deixar sua frustração transparecer em seu rosto. 

—Com Luísa. - ela completou 

—Exato. 

—Se essa for sua escolha, eu não posso lhe impedir. 

Percy arqueou levemente a sobrancelha, sabendo em seu íntimo que ela teria sim como lhe impedir. 

—Bom, se quiser voltar ao seu tempo, já sabe o que fazer. 

—Sim, agradeço a preocupação. - Ele se curvou

Um nobre passou por eles, assentiu para ambos e continuou seu caminho.

—É melhor ir se deitar, Annabeth. 

—Sim, já está tarde. - ela concordou 

—Me ofereceria para acompanha-la, mas não é prudente. 

—Não vejo problema…

—Acho melhor não. - Percy a cortou

Annabeth sorriu. 

—É claro. Benne nuit, Percy.

—Benne nuit, Annabeth.

*********************************

 

Annabeth não queria levantar, não naquela manhã. 

Ela tinha decidido ir contra seu destino por Percy, mas ele já estava em volto no seu próprio. 

—Acorde, lady. - Silvie abriu as cortinas, a loira colocou o cobertor na cara

—Não quero levantar.

—Mas precisa. O café da manhã será em breve. o Delfim mandou avisar que hoje ceiarão com a corte. 

Annabeth bufou. 

Depois de muita insistência de Silvie e Clara, ela se levantou, arrumou-se e as três partiram para o salão. A maioria dos nobres já estavam sentados, aguardando. Assim que ela entrou, Francis se levantou para ir até ela, o rei ordenou que a comida fosse servida. 

—Bom dia. - Francis desejou, estendeu- lhe a mão

—Bom dia. - ela respondeu, pegando sua mão e já caminhando em direção a mesa da familia real - Todos olham para mim. Imagino que eu seja o motivo de ninguém estar comendo ainda. 

—É. - ele soltou uma risadinha - Fiz com que esperassem por você, afinal, você um dia será rainha e eu queria que se lembrassem disso. 

Annabeth olhou para sua antiga mesa, onde Silvie e Clara deixaram-na e sentaram-se. Alex estava lá e… Percy. Acompanhado.De. Luísa. 

Francis puxou a cadeira para ela, que sorriu em retribuição ao gesto. 

— Ansiosa para o casamento? - a pergunta veio de Diana

—Oras, é claro que ela deve estar! - Cláudia respondeu por Annabeth - Vai ser o casamento do ano!

—Me sinto um tanto desprezada pela sua fala irmã. - Isabel comentou divertida - Meu casamento com o Rei Felipe II da Espanha não será tão esplendoroso também?

—Mulheres. - murmurou Charles, um tanto irritado

—Vai entender quando se casar meu filho. - o Rei Henri disse, um sorriso debochado 

—Eu não quero me casar. - Hércules disse

—Um dia você vai, quando estiver  grande. - Margarida respondeu, tomando um gole de vinho

Hércules respondeu com uma careta. 

—Henri o que acha de se celebrar a união de seu irmão? - o rei Henri se dirigiu ao filho

Henri, que estava concentrado em sua comida, o olhou entusiasmado. 

—Não acho que seja prudente, meu marido. Acho que o casamento deve ser… - Catarina começou

—Eu acho uma ótima ideia. - Francis interveio, Henri lhe deu um sorriso de agradecimento. 

Charles, Diana, Margarida, Cláudia, Hércules Francis, Alexandre Henri, Isabel e  Henri juntos pareciam lados opostos de uma guerra. Sempre se criticando. Era a primeira vez que Annabeth os via juntos, legítimos e bastardos na mesma mesa. Na maioria das vezes, os bastardos sentavam-se dispersos e as vezes carregavam um dos legítimos. Claúdia e Diana por exemplo, andavam quase sempre juntas. Charles e Henri tinham uma amizade seleta. Margarida e Alexandre Henri eram mais próximos. Isabel não gostava dos irmãos bastardos e a aceitação deles por seus legítimos irmãos a levou a se isolar de todos. Hércules Francis, ou pequeno Francis, alegrava a todos os irmãos, até Isabel, que não aceitava a presença de seus meios irmãos. E por fim, Francis. Ele era a união de tudo, ele era o mais velho, o mais responsável,  o mais belo, o alicerce que unia os irmãos, ele era o próximo rei da França.

—Onde está Louis? - Annabeth perguntou, só agora notando a falta de um irmão

Charles soltou uma risada sarcástica. 

—Nas asas da cobra da mãe dele. 

—Não fale assim dela! - o Rei repreendeu

Catarina piscou para o filho. 

—Louis Henri gosta de ficar ao lado da mãe, ele é um tanto mais reservado. - o rei respondeu

—Você quis dizer mimado, papai. - Margarida ressaltou sorrindo

O Rei Henri suspirou. 

—Talvez Nicole o tenha mimado um pouco. - ele admitiu - Mas ainda sim ele é um excelente barão e administrador! 

—Ninguém negou as habilidades dele. - Isabel disse - Margarida só comentou que ele é mimado por sua mãe. 

—Nicole acha que é dona de tudo! Ela é uma stupide idiot!— Diana esbravejou, Annabeth reprimiu uma risada

—Não fale assim dela! - o rei voltou a dizer

—Não falem mal da amante de seu pai crianças. - Catarina zombou 

Annabeth só agora notou, que ela tratava muito bem os filhos bastardos de seu marido, era sempre gentil e atenciosa, como uma mãe. 

—Se o pai parasse de estar com uma amante só por que falamos mal dela, então eu não estaria aqui. - Diana zombou

A risada veio de todos, mas o rei Henri apenas lançou um olhar repreensivo para a filha. 

—Diana de Poitiers é um belo exemplo disso. Falamos e falamos mal dessa mulher, com respeito é claro. - Alexandre lançou uma piscadela para o pai - Mas papai continua a visita-la! Sinceramente meu pai! Mamãe é muito mais bonita! Não sei o que você viu naquela senhora!

Annabeth observou Catarina. Ela parecia confortável em conversar sobre o assunto, mas seu rosto escondia certa tristeza. 

—Papai gosta de “panela velha”, como dizem os ingleses? - Charles zombou e recebeu um tapa do pai na nuca

—E bem velha. - ressaltou Isabel

As risadas não foram contidas e até Francis, que comportava-se sério diante das zombarias, permitiu-se soltar um leve sorriso.

—Sorte sua não ter escolhido Louis. -Margarida disse - A ambição dele o precede. 

—Acho que escolhi o melhor irmão, no fim. - Annabeth olhou para Francis, que apertou de leve sua mão

O resto da refeição passou despercebida por Annabeth, que se entretia nos assuntos das irmãs de seu noivo. 

—Annabeth? - chamou Francis, desviando a atenção da loira de Diana para ele

—Sim? 

—Vamos até minha prima?

—Sim… - ela abriu um sorriso falso - Claro. 

Francis lhe ofereceu a mão e ela aceitou, com um aceno os dois da despediram da família real.

Juntos, com as mãos dadas até a altura do meio do ombro, mas não entrelaçadas, eles seguiram até a mesa onde Luísa estava. Luísa e Percy  conversavam baixinho e Alex, acompanhado de Clara e Slivie, comiam em silêncio. Assim que os noivos chegaram perto, Clara e Silvie se levantaram.

—Podem se sentar. - Francis sinalizou com a mão

As duas obedeceram. Percy e Luísa se ajeitaram, mas trocaram um leve sorriso antes de cumprimentarem os noivos. 

—Ao observar, notei que estão se dando bem. - Francis disse - Está tudo bem por você, prima?

—Sim, acredito que eu e Percy nos daremos muito bem. 

“Percy”. Quanta intimidade, pensou Annabeth. 

—Lord Perceu, já que se deram muito bem, o noivado já pode ser anunciado? - Francis perguntou

O olhar de Percy foi para Annabeth, que desviou para Luísa. Percy então olhou para Luísa, que lhe abriu um sorriso encorajador. 

—Sim. Eu e Luísa concordamos.

—Ótimo! - Francis sorriu - Daremos uma festa para comemorar! Querem uma data específica? 

Percy olhou para Luísa, esperando que ela respondesse. 

—Verão. - Luísa respondeu

Francis olhou para Annabeth, feliz. 

—O que acha, Annabeth? É uma ótima escolha, já estaremos casados e até lá você pode estar a par dos preparativos juntamente com Luísa. 

Annabeth abriu seu sorriso mais falso. 

—É uma ótima estação. Eu ficarei feliz em ajudar no casamento.

Percy arqueou uma sobrancelha rapidamente, mas logo neutralizou a expressão. 

—Organizarei todo o necessário pessoalmente. - Francis complementou - Vá até mim depois, pela tarde. Conversaremos sobre o título, dote, essas coisas. 

—Certo. - Percy concordou 

—Francis, eu tenho que rever alguns detalhes do casamento. Se importa se eu for? - Annabeth o olhou com súplica, disposta a sair dali

—Claro que não. - ele beijou sua mão - Vá.  

Clara e Silvie se levantaram para acompanhar Annabeth, que com um aceno para os demais, se despediu. 

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