Segredos do Passado escrita por benihime


Capítulo 8
Nossa Família


Notas iniciais do capítulo

Eis aqui o último capitulo meus caros leitores. Com grandes momentos e um desfecho para o Tsuzuki e o Hisoka.



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Com duas semanas, completamente inconsciente, e Hisoka recuperado do dano de ter se ligado aos sentimentos dele, Tsuzuki seria trazido de volta a este plano! Gushoushin garantiriam as barreiras, Watari faria com que Tatsumi e Hisoka entrassem na consciência dele, Tatsumi garantiria que Hisoka não usasse sua empatia ou fosse repelido e Hisoka iria trazer o amigo de volta.

Prontos, executaram o feitiço. Ali, nas profundezas escuras, de um coração onde sequer uma luz alcançava e os sons faltavam, Hisoka encontrou Tsuzuki deitado e chorando – considerando-se tudo que passou, Hisoka não esperava que estivesse melhor.

— Tsuzuki. – ele tentava chamar o amigo, sem sucesso. Ele nada assimilava e sua dor estava afetando um pouco Hisoka, mesmo com toda ajuda de Tatsumi.

Hisoka avançou ainda mais que pode, alcançando Tsuzuki e o acolhendo em seu colo. Tsuzuki pareceu parar por um momento, analisando a figura do menino, que tanto lhe acalmava. Ou ao menos deveria. Hisoka o fazia sentir-se humano, algo que não era – novamente voltando a chorar.

— Aquela história do livro sobre você não importa! – Hisoka o assustou – Você sempre teve carinho, respeito, amor e consideração por tudo e todos a sua volta. Cometeu seus erros também, o que não poderia ser mais humano! Você é humano Tsuzuki! Eu garanto! Nunca conheci alguém como você, que fosse assim. – ele terminou secando as lágrimas persistentes – Por favor, volte comigo. – Hisoka suplicou a última frase.

— Você viu meu passado... – o shinigami estremecia com olhos aterrorizados.

— Vi! – ele sequer hesitou em confirmar – Queria que você confiasse em mim e voltasse, queria te entender e conhecer de verdade! Mas você nunca deixaria eu me aproximar... – Tsuzuki viu uma lágrima escapar – Então, já que você está inconsciente, eu usei minha empatia para descobrir tudo por mim mesmo.

— Hisoka, isso faz mal ao seu corpo e sua saúde! – Tsuzuki finalmente conseguiu erguer um pouquinho a voz.

— Por você, minha família, eu posso aguentar. E eu contei ao Tatsumi-san, ao Watari-san e ao Gushoushin a verdade. – ele se curvou abraçando-o – Você mostrou gentileza por mim, cuidou de mim e, mesmo sendo um idiota, emotivo, intrometido e que me trata como criança, você nunca me abandonou. Eu te falei que não quero mais ficar sozinho, então você não pode me deixar sozinho.

Tsuzuki podia sentir o coração dele acelerar e o corpo tremer, acabando por corresponder o abraço dele.

— Você não confia em mim ou nos outros, por isso tive que fazer isso. Estamos todos te esperando. O Tatsumi-san está preocupado, o Watari-san, Gushoushin, o chefe Konoe e até mesmo o Conde não conseguem se acalmar de preocupação. – o mencionar do Conde fez os olhos de Tsuzuki escurecerem – Nós também não concordamos com o Conde ter te escondido sua origem, mas concluímos que ele teve um motivo muito maior que ordens superiores: ele não queria te ver assim. Inclusive, quando voltamos, ele perguntava de você todo dia e nos pediu para tomar conta de você.

Novamente os olhos ametistas se enchiam de água e Hisoka tinha que consola-lo.

— Tsuzuki, me promete que você vai voltar! – Hisoka não podia manter o feitiço muito mais tempo.

— Eu prometo, Hisoka. – finalmente ele sorriu, tocando o rosto do rapaz.

Hisoka acordou na cama do quarto do hospital. Estava um pouco zonzo e com uma enorme dor de cabeça – numa conexão daquelas, mesmo com ajuda, ainda era muito forte para sua empatia. Tatsumi o ajudou a se ajeitar na cama e lhe ofereceu água, explicando, em seguida, que fazia apenas uma hora que haviam suspendido o feitiço.

— Como foi? – Watari tinha que saber detalhes.

— Foi bem. Fiz ele prometer que vai voltar! – Hisoka se animou e logo entristeceu de novo – Mas ele está muito abalado emocionalmente ainda. Não sei quanto tempo vai levar para ele melhorar. – ele encarou a cama perto da janela.

— Os sinais vitais dele melhoraram muito e até se mexeu um pouco. – Watari explicava a todos – Provavelmente ele ainda precise recuperar as forças para acordar. Bem, assim também os ferimentos dele vão terminando de melhorar. – era fato que os ferimentos de Tsuzuki mal davam qualquer trabalho já, graças à ajuda de Ten’itsu e dos outros deuses.

Hisoka também precisava de descanso e ficou no quarto pela noite. O Gushoushin azul os vigiou pela noite, enquanto Tatsumi foi dar as noticias a Konoe e ao Conde, Gushoushin vermelho foi atualizar os registros da biblioteca e Watari foi dar continuidade ao trabalho acumulado.

Dois dias depois, com todos juntos no quarto do hospital, a tão aguardada voz cortou a conversa de todos.

— Vocês estão fazendo muito barulho. – o shinigami sorriu meigo, brincando com eles.

— Tsuzuki! – Hisoka avançou para dar-lhe um abraço e depois soltar – Por que demorou tanto idiota? – era claro para todos que Hisoka foi quem mais sentiu a ausência dele. Sua resposta foi o sorriso dele, acompanhado de desculpas e o som de seu estômago exigindo comida.

Eles saíram e compraram alguns doces, salgados e bebidas. Tatsumi ajeitou Tsuzuki sentado na cama, já que Hisoka ainda não podia tocar nele sem o risco de suas emoções feri-lo. Os companheiros começaram a fazer muita festa e o atualizaram de tudo que aconteceu desde o momento de seu resgate até ali.

Se divertiram até o cansaço vencer Tsuzuki e ele voltar a dormir. Todos foram saindo, exceto por Hisoka – ele era quem tomava conta de Tsuzuki e Tatsumi vinha checa-los e tomar conta dele. Hisoka estava começando a ver o shinigami mais velho como uma espécie de irmão coruja ou um daqueles amigos inseparáveis, que sempre estão atentos a tudo e são super prestativos.

Não que ele tivesse experiência com essas coisas para poder dizer com certeza, mas sentia que deveria ser algo próximo a isso.

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Com a alta de Tsuzuki, Hisoka o levou de volta para seu apartamento. Chagando lá, o shinigami mal o reconheceu. Estava perfeitamente limpo, arrumado e arejado! Ele nem se deu o trabalho de perguntar, pois apenas Hisoka poderia ter feito aquilo. Agradeceu sorrindo e já pedindo por comida.

Hisoka suspirou e ambos foram até a cozinha. Ele pegou uma comida que tinha deixado pronta na geladeira, esquentou e serviu. Tsuzuki atacou e ambos comeram em silêncio – Hisoka pensava em uma outra decisão importante que havia tomado, durante uma de suas conversas com Tatsumi.

— Tsuzuki, precisamos conversar. – Hisoka foi bem direto, tentando ao máximo se concentrar no que ia falar.

— O que foi? – Tsuzuki ficou preocupado – Você está parecendo bastante nervoso.

— Eu pedi que você confiasse em mim, mas eu não confiei em você. – Tsuzuki lhe dava absoluta atenção naquela hora – Eu não te contei meu passado e nem a verdade sobre a noite em que fui amaldiçoado.

— Hisoka, você não precisa me contar nada, se não estiver pronto. – Tsuzuki o silenciou com um dedo nos lábios – Você ainda vai fazer 17 anos e passou por coisas muito difíceis nesse tempo de vida curto que teve. Sei que tem muito que você não deve querer aceitar ou conversar, portanto quero que vá com calma e faça tudo no seu tempo; por mais que eu esteja muito feliz que decidiu confiar em mim. – nunca que Hisoka achou que ouviria palavras tão compreensivas e normais de alguém.

— Não! Eu já decidi que vou te contar! – ele devia confiar também, para merecer a confiança que recebeu – Eu... apenas vou demorar um pouco para conseguir. – ele ficou um pouco envergonhado.

— Ainda são três horas da tarde, nós não trabalhamos amanhã e você tem minha total atenção. – Tsuzuki viu ele ficar envergonhado mais uma vez e chama-lo de idiota.

Cada frase era difícil de ser juntada e falada. Em alguns momentos, Tsuzuki teve que faze-lo parar para acalma-lo no nervoso que sentia – o que não era nenhuma surpresa. O desprezo e abandono da família por ele ser empata, prender uma criança em uma cela, usá-lo como um mero objeto que deveria apenas obedecer e se tornar o novo líder da família e passando por treinamentos pesados.

Mas nada foi pior do que descrever a noite em que viu Muraki pela primeira vez. Ele tremia tanto enquanto falava, suava e se encolhia assustado. Ele tinha apenas 13 anos, gritou por ajuda e foi ignorado, passou três anos precisando de auxilio médico, recebendo com o desprezo de sua família e tendo que lidar com sua fase de medo sozinho. Em adicional a essa noite, Hisoka ainda explicou o que Muraki lhe fez em sua última empreitada.

A conversa custou a tarde de ambos e já anoitecia. Tsuzuki direcionou Hisoka ao banheiro para se refrescar – estava extremamente tenso, suado e com tremedeiras depois de revelar tudo a ele. Hisoka entrou no banho e Tsuzuki tratou de arrumar a louça do almoço e separar-lhe algumas de suas roupas. O menino demorou a sair e tirou vários risos de Tsuzuki quando o fez.

As atuais roupas eram muito grandes para ele e sua expressão emburrada divertiram o shinigami. Tsuzuki o ajudou a encurtar as mangas da camisa e a barra da calça, reparando que as marcas amaldiçoadas não estavam mais lá.

— Hisoka, as marcas sumiram! – ele sorria contente.

— Sim. Depois que os deuses mataram o Muraki e nós voltamos, eu reparei que elas se foram. – ele passava a mão analisando seu corpo sem aquelas lembranças horríveis.

— Vamos comemorar nesse jantar! – ele sorriu novamente, arrastando Hisoka apartamento a fora, na direção de uma doceria que gostava.

Hisoka desistiu e buscou aproveitar. Comer só doces não era o certo, mas valia pela ocasião com Tsuzuki. Comeram e se divertiram bastante, até tarde, quando Tsuzuki ofereceu para Hisoka passar a noite em seu apartamento. Hisoka teve bastante vergonha, mas aceitou.

Tsuzuki não tinha colchão de visitas, mas sua cama era grande o bastante para os dois sem problemas. Hisoka não parava de sentir seu nervosismo aumentar, mas o cansaço falava mais alto. Dormiu e Tsuzuki também – para Hisoka era a primeira vez que lhe permitiam dormir na cama de alguém da ‘família’ e gostou da sensação de conforto que o momento passava.

Estando os dois juntos, no segundo dia de folga, conversavam trivialidades, refletiam sobre o passado, buscavam resoluções para o futuro, combinavam como comemorar o aniversário de Hisoka e decidiram começar a viver no mesmo apartamento – assim nenhum deles jamais estaria sozinho.

Acordando pela manhã, o retorno a rotina foi aceito com prazer. Hisoka obrigava Tsuzuki a sair no horário para o trabalho; chegavam na Enma Cho com ele comendo doces e sendo recebidos pelos colegas; recebiam trabalhos para fazer e continuavam a conhecer mais e mais um sobre o outro.


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Notas finais do capítulo

Terminando mais está história, com a promessa de um futura continuação de especiais (vai demorar para sair, mas vou avisar aqui quando estiver pronta e postada),
Bjs e até mais histórias!



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