— Idol escolar? – Moe pergunta confusa.

— Sim! – Julia responde.

— Heh... – Moe encara a amiga com um sorriso zombador.

— Não me olha assim! – a ruiva se estressa. — Até você não confia em mim?

Após dizer que queria se tornar uma idol escolar para seu tio, Julia foi forçada a escutar apenas risadas e falsos votos de confiança de Ryu.

— É só que você tem todo esse jeito de valentona e delinquente, é claro ninguém ia acreditar que logo você quer ser uma idol. – Moe diz ainda rindo.

— Delinquente? – Julia se lembra que era assim que o diretor de sua última escola a chamava. — Entendo... Idols tem que serem fofas, né?

— Ah, Julia desculpa... – Moe é cortada por Julia que rapidamente a agarrou pelos ombros.

— Me ensine!

— Hã?

— Me ensine a ser fofa! – Julia falou alto e todas as garotas da sala começaram a encarrar. — Se idols tem que serem fofas, eu posso aprender a ficar fofa também!

— Ah... – Moe logo trocou a expressão de confusão para uma de seriedade. — Então você se compromete a passar por um treinamento rigoroso para se tornar uma idol?

— Sim! – Julia imitou a posição de sentido dos militares.

— Julia Akutagawa, você quer se tornar uma idol escolar?! – Moe se levanta e se põe numa posição de superioridade.

— Eu quero! – Julia presta continência.

— Então eu serei sua mestra! – Moe responde prestando continência.

As duas se encararam com firmeza no olhar. Ambas estavam sérias sobre o assunto. Julia precisava disso para ter seu recomeço e Moe sabia muito sobre idols, então quem seria melhor para ensinar a ela sobre isso?

— Sua primeira lição é... – Moe é interrompida quando as duas recebem um golpe de prancheta na cabeça. — Ai!

— Qual o seu problema....? – quando elas encaram o culpado, a professora já estava na sala e era a responsável pela batida. — Ah, desculpe!

— O que estavam pensando pra ficarem gritando no meio da sala? – disse a professora.

— Ah, é que... – Moe fica sem jeito.

— Clube! – Julia responde. — Nós queremos formar um clube e acabamos nos animando.

— Clube? – ela encara as duas com um olhar severo. — Deixem pra conversar sobre isso na hora do almoço. Sentem-se logo, vou começar a aula.

— Sim! – as duas rapidamente voltam ao seus lugares e soltam uma rápida risada.

...

Durante o horário de almoço, Julia e Moe foram para a biblioteca da escola para usar os computadores de lá. Diversas pesquisas sobre idols foram feitas, desde músicas, shows e até roupas. Desse modo, havia mais de trintas abas abertas no navegador.

— Para começarmos seu treino, você precisa saber mais sobre as idols. – disse Moe. — Terá de estudar tudo isso quando chegar em casa.

— Tudo isso?

— Achou que seria fácil? – Moe põe a mão sobre o ombro da amiga. — Saiba você que as idols tem que lidar com muita coisa! Ainda mais se quiser ser uma idol escolar! Você vai ter que lidar com fãs enlouquecidas, provas, dietas, exercícios, aulas de dança e canto e principalmente, terá que aprender a como andar disfarçada na rua.

— Isso é fácil, eu coloco uma máscara e óculos escuros.

— Não estamos num anime! - Moe implica. — Furtividade é uma das habilidades básicas das idols!

— Desde quando isso virou RPG?

— Calada. – Moe se irrita.

— Aliás, como você sabe de tanta coisa sobre idols? – Julia questiona.

— Eu? É que... – ela faz uma expressão triste e rapidamente troca para uma expressão de aborrecimento. — Eu só tinha muito tempo livre no fundamental.

— Eh... Otaku.

— Não me chama assim! – Moe reclama, enquanto Julia se acabava de dar risada. — E eu aqui querendo te ajudar.

— Desculpa. – Julia tenta cessar a risada. — Você pode mandar isso pelo celular? Eu ainda não tenho um computador onde estou ficando.

— Sério? – Moe estranha. — Então me passa seu número.

 — Ok.

As duas então trocam o contato e Julia fica contente por ter pego o número de sua mais nova amiga, porém ela se lembra das garotas da gangue que estavam com ela no dia que ela embarcou no avião para o Japão.

...

— Tem mesmo que ir? – perguntou a garota de cabelos castanhos.

— Sim... – Julia respondeu com tristeza na voz.

Naquele dia, Julia saiu cedo da casa de sua vizinha e foi de taxi sozinha para o aeroporto, mas suas amigas da gangue foram atrás dela ao descobrirem que ela ia embora sem falar nada.

— Foi escolha sua? – disse a garota loira.

— Não, fui forçada. – Julia responde. — Vocês devem viver bem a partir daqui, não se metam em confusão.

— Olha quem fala. – disse a terceira garota com uma risada abafada. — Se cuida, qualquer coisa é só ligar.

— Sim... Vou indo agora. – Julia se vira, mas acaba escutando o choro das amigas e volta correndo para abraçá-las. — Laurie, Claire, Rose, eu juro que vou voltar!

— Estaremos no aguardo! – disse Laurie, a loira.

— Mas não demore! – Claire, a de cabelo castanho continua.

— Você sempre será a nossa líder! – Rose completa.

— Obrigada, pessoal! – Julia responde aos prantos.

...

— Laurie, Claire e Rose... – Julia sussurra.

— Disse alguma coisa? – Moe pergunta.

— Ah, não. – ela responde sem jeito.

— Eh... Enfim, você disse para professora sobre um clube, não é?

— Ah, sim. – Julia confirma. — Mas aquilo foi só pra livrar a gente de uma bronca maior.

— E por que não faz um? – disse Moe. — É normal que as idols escolares façam parte de um clube .

— Clube? – Julia pensa. — Eu até poderia fazer um, mas eu iria precisar de cinco pessoas para fazer um.

— E você já tem uma.

— Eh? Você vai virar uma idol também? – Julia se levanta animada.

— Não. – a esperança de Julia foi quebrada. — Mas você vai precisar de uma treinadora e de alguém para fazer os figurinos.

— Eu não preciso de treinos.

— Não? Então vai me dizer que sabe dançar.

— Sei. – disse Julia se sentando novamente. — Saiba você que eu fui campeã na dança de rua duas vezes seguidas.

— Escuta aqui! – Moe aperta as bochechas de Julia. — Eu já disse que idols tem que serem fofas e dança de rua não é nada fofo.

— Mas é legal, então quem se importa. – Julia começa a massagear as bochechas depois de se livrar de Moe.

 — Até que faz sentido o que você disse. – Moe faz uma cara pensativa. — Hoje em dia é tudo mais do mesmo e não podemos arriscar a ter uma falha.

— Não é? Hehe.

— Já que é assim, nós vamos precisar de alguém que consiga escrever uma música que se encaixe bem no seu estilo. – disse Moe. — Conhece alguém?

— Hm... Ah, Erika! – Julia grita.

— Erika?

— Sim! Erika Kurogane, do primeiro ano. – Julia responde com animação. — Ela é uma ótima cantora, talvez ela entenda algo de sobre escrever músicas.

— Sabe qual a turma dela? Talvez ela já tenha voltado do almoço.

— Sei, é a turma C. – disse Julia.

— Então vamos correndo lá, pois nosso horário de almoço está acabando. – Moe desliga o computador e se levanta.

— Com licença... – uma garota loira aparece diante das duas. — Vocês duas estão fazendo muito barulho, vou ter que pedir que conversem mais baixo para não atrapalhar quem está tentando estudar aqui.

— Ah, desculpe. – disse Moe.

— Sim, já estamos de saída... Espere, você não é da nossa classe? – Julia pergunta.

— Ah, sim. - a garota responde. — Eu chamo me Gin Katsuragi.

— Eu sou Julia Akutagawa, foi mal ai pelo incomodo.

— Eu sou Moe Moriko,

— É um prazer conhecê-las, Moriko-san e Akutagawa-san. – ela começa a se afastar. — Ah, e obrigada pela compreensão.

As observam Gin se afastando e então partem para o corredor das salas do primeiro ano. Rapidamente elas chegam na sala da turma C, mas não encontram Erika por lá.

— Ela não está? – pergunta Moe.

— Não. – Julia vai até uma garota que estava na sala. — Ei, você.

— Eh? – a garota de cabelos azuis se assusta ao ver  Julia se aproximando. — Você...

— Você por acaso sabe onde posso encontrar a Erika... quero dizer, a Kurogane-san? – disse Julia.

— Ah! Não, desculpa... – a garota ia tentar falar algo, mas logo é interrompida.

— Entendo, foi mal atrapalhar a conversa. Até! – Julia sai apressada. — Quanto tempo ainda temos?

— Uns dez minutos. – Moe responde.

— Vamos ver se ela está no telhado, foi lá que conheci ela. – Julia sai em disparada na direção das escadas.

— Como você a conheceu a lá? – Moe começa a seguir ela.

— Digamos que eu cabulei as boas-vindas e... – Julia esbarra em alguém e ambas caem no chão. — Ai! Olha por onde anda sua filha de... Erika!

— Senpai? – Erika encara a garota confusa. — Desculpe, eu devia estar prestando mais atenção.

— Não se preocupa, eu tô de boa. – Julia se levanta e oferece a mão para Erika se levantar. — Eu meio que não devia estar correndo também...

— Mas para que essa pressa? – Erika pergunta.

— Ah, é! Então, eu quero formar um clube de idols escolares e preciso de alguém que possa compor uma música pra mim. – Julia explica toda empolgada. — Você parece entender disso, você quer se juntar ao clube?

Os olhos de Julia nunca brilharam tanto quanto naquele momento. Ela estava decidida a se tornar uma idol escolar, uma vez que ela ainda tinha dois anos para se viver no Japão. Erika encarou Julia por uns instantes e com um sorriso sereno ela responde:

— Sinto muito, mas eu não posso. – Erika sai correndo para sua sala.

— Eh? – Julia fica confusa.