Uma canção de Sakura e Tomoyo: beijos e despedidas escrita por Braunjakga


Capítulo 24
Extra: O mundo que restou




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I

 

Barcelona, Catalunha

Outubro de 2002

 

Nas ruas à noite, voltando da escola, Tomoyo olhava para um estádio de futebol. Marcela perguntou:

— Até que você se recuperou rápido, né?

— Mais ou menos. Mesmo andando sem o gesso, sinto dor, meu braço não vai ficar bom até o fim do ano…

— Pelo menos você aprendeu a escrever com a mão esquerda… 

Tomoyo ficou calada, olhando de novo para o estádio. Depois continuou:

— Já que eu estou melhor, qualquer dia desses eu venho aí! Esses caras parecem que são bons, né? Ouvi falar que eles vão trazer o Ronaldinho do PSG!  

— Culé, é? Tou vendo que você não tem jeito! Nunca esses suíços vão se igualar com os pericos! – Marcela se sentiu contrariada.

— Não mesmo! Só por não ficar no meio da tabela todo o campeonato tá bom demais! – Tomoyo sorria enquanto Marcela ficava indignada. A menina resolveu mudar de assunto e ficou olhando para uma prova na sua mão:

— Você até que aprendeu catalão rápido, não é? Tirou 100! Mais que eu!

— Japonês era uma das minhas matérias preferidas, não seria diferente com catalão! – Tomoyo sorriu, olhando para a lua se levantando no céu. – Será que ela tá vendo também?

— Claro que não! Lá já é uma da manhã! Ela tá dormindo agora!

— Você sempre lendo minha mente, Marcela!

— E você nem se assustou quando eu usei meus poderes!

— Eu acho que já me acostumei com magia, acho que ela não vai deixar minha vida tão cedo… – disse Tomoyo, melancólica.

— Já que se acostumou, Você acha que eles voltam? 

— Para de ler minha mente! – Tomoyo irritou-se – Para responder sua pergunta, acho sim, acho que voltam sim… Mas agora, isso não é assunto mais meu…   

— Você quem pensa, não existem coincidências, só inevitáveis, não é mesmo?

As duas pararam na frente da estação de metro de Les Corts, e Tomoyo hesitava em dar uma resposta. 

— Quem sabe… 

— Quem sabe, né? – Marcela olhou para o relógio e tomou um susto. – Nossa! Tenho que me encontrar com o meu namorado na Diagonal! Tchauzinho, suíça! 

— Tchauzinho, papagaia!  

As duas se despediram, zombando uma da outra, e cada uma foi pro seu lado.

 

II

 

Tomoeda, Japão

Mesma hora

 

Na cozinha, a luz da lua brilhava sobre os olhos de Sakura. A cardcaptor se segurava na pia, tentando levantar a cabeça.

Sakura tomou um gole de água, quase se engasgando. Ela abriu a torneira tremendo e engoliu outro gole, quase empapando o pijama mais do que ele já estava. Vomitou tudo assim que viu que não ia consegir tomar mais.

Kero estava ao lado, preocupado:

— Sakura… Você não pode ficar assim… 

— Como é que eu não vou ficar preocupada, Kero! Eu tive uma droga de um sonho, uma droga de sonho com um dragão de diamante! 

— Para pra pensar direito! Foi só um sonho! 

— Um sonho tão real assim? A droga do dragão jogou uma bola de energia em mim! Eu quase morri, se não fosse por um cara numa armadura vermelha! Uma armadura vermelha como sangue, Kero! Você entende?

— Entendo sim… – disse o Guardião, sério.

— Ele tava com uma espada enorme ainda por cima! Sabe qual é a pior parte? Ele era igualzinho ao Shoran! A única diferença era que o olho dele era azul, sabe? 

— Pirralho, né? Deve ter colocado lente de contato… 

— Para de brincar, Kero! 

— Sakura, calma! Para pra pensar bem antes de dizer besteira, ok! Isso é só um pesadelo, tá? Tá mais delicada que menininha apaixonada! Você nunca foi assim!

— Eu sempre fui uma menina apaixonada! Eu só tô mais sensível! 

— Pode ser, mas você sempre foi uma menina alegre e otimista com a vida! 

Sakura agachou-se chorando aos pés da pia. 

— Pegar as cartas Clow sempre foi uma diversão pra mim, até o dia que o pai da Naoko morreu porque aqueles caras tavam querendo pegar elas! Caras de armadura vermelha! Tem como ficar alegre com isso? Com esse peso todo nas costas? Sabendo que você pode morrer, eu posso morrer a qualquer hora! 

Sakura abraçou os joelhos e continuou a chorar.

— Eu só queria viver em paz, Kero-chan! 

Kero ficou em sua forma verdadeira.

— Eu vou te dar essa paz, Sakura! Sou seu guardião, não sou? O Yue também! Não vou deixar que nada aconteça! Para de besteira e volta pra cama! 

Sakura abraçou o leão gigantesco e ele ficou lambendo o rosto e a cara dela. A cardcaptor levantou-se, enxugou as lágrimas e voltou a olhar para a lua.

— Será que ela tá vendo também? Será que ela também tá preocupada?

Kero não entendeu no começo, mas depois a ficha caiu.

— Tá todo mundo preocupado… Seja aqui ou na Espanha… 

O leão dourado ficou empurrando a mestra escada a cima, pensativo.

“Eu posso estar tentando ser otimista, mas, quanto mais a Sakura envelhece, além de ela ficar cada vez mais sensível e chorona, mais os poderes dela vão ficando fortes… A Sakura sempre foi boa em premonições, esse sonho não foi um sonho normal não, foi um sonho lúcido, foi uma previsão do futuro! Seja lá o que for esse dragão ou o pirralho de armadura vermelha, não vou deixar que façam mal pra Sakura!”, pensou o guardião.

 

FIM 


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