Pov. Hinata.

Kami-sama muito obrigada, obrigada por me trazer direto para ele, depois de tantos anos sofrendo e esperando vê-lo outra vez, e agora estou aqui junto dele, que não desgruda suas mãos de mim. Nós dois temos enormes sorrisos no rosto, Naruto conta para o pessoal tudo que aconteceu naquele dia, e quando me olha, seus olhos azuis brilham intensamente, ele relata tudo; desde quando eu cai no chão ao ser empurrada por um garoto maior e ele me socorreu, até quando nós sentamos em um banco para comer um ramen de porco fumegante, conta sobre nossas brincadeiras e que não queria ir embora com a mãe.

— Gente, vocês tinham que ver, a Hina era uma gracinha quando pequena, tinha esse cabelinho curto, era uma fofura. — ele conta animado pegando em meus cabelos e eu fico parecendo um tomate maduro.

— Então vocês se viram nesse dia e depois nunca mais? — Temari pergunta empolgada.

Todos eles sentaram de frente para nós e nos encaram admirados pela história, atentos a cada detalhe.

— Sim, quando chegamos em casa, minha mãe recebeu uma ligação, era a proposta para trabalhar na ala de obstetrícia do hospital universitário de Denver, meus pais contrataram uma empresa para fazer a mudança e nós partimos do Japão no outro dia, apenas com algumas malas. — ele conta e o pessoal arregala os olhos.

— Então nem pode encontrar Hinata para avisar? — Ino questiona com os olhos marejando.

— Não, não tive tempo, minha mãe me arrastou para o aeroporto. — ele conta triste.

— E o que você fez Hinata? — Sasuke pergunta, até os meninos estão curiosos.

— Eu esperei, sempre que podia ia ao parquinho, fui ao endereço que Naruto-kun havia me dado, mas não tinha mais nenhuma pista. — falo sentindo meu rosto queimar.

A intensidade com que ele me olha me faz ficar muito constrangida, eu chego a cogitar a possibilidade de Naruto nutrir os mesmos sentimentos por mim, meu coração acelera e minhas mãos suam descontroladas. Depois de contarmos tudo e explicarmos a história do inicio ao fim, quando terminamos, voltamos todos a jogar e brincar, mas Naruto não sai do meu lado em momento algum, ele de tempos em tempos me lança alguns olhares e sorrisos, parece ter medo que eu vá desaparecer a qualquer momento. Nós conversamos sobre tudo, rimos muito e contamos piadas, eu pela primeira vez na vida tomei cerveja e gostei muito, deixei Nabi provar só um pouquinho, afinal ela tem só treze anos e já é bem metida a adulta, imagina se deixo que tome de verdade? Continuamos com os jogos e noto a tensão entre minha irmã e Konohamaru aumentar. O que será que houve para ela ficar assim? Não vi o rapaz fazer nada que pudesse a deixar assim, ela simplesmente se exaspera e irrita quando ele fala ou faz alguma coisa, ri sarcasticamente quando uma jogada sua não dá certo. Mas o que há com Hanabi? Ela não é hostil assim, em dado momento tenho que fazer um sinal discretamente para que ela pare de implicar com ele. Quando os salgadinhos acabam, os garotos se levantam e se prontificam a preparar o jantar, só imagino a bagunça que farão, ou o que vão preparar; me sinto tentada a ir ajudar, mas as meninas me prendem na sala. Pela primeira vez na vida tenho amigas, sempre estive tão ocupada, correndo de um lado a outro, buscando tratamentos para a leucemia cronica do meu pai; foram dois anos buscando um tratamento que fizesse alguma diferença ou que nos desse mais tempo junto dele, mas nada fez efeito e nosso pai foi definhando pouco a pouco, até não ter mais forças para viver e enfim deixar esse mundo. Por mais doloroso que tenha sido, foi um alivio não vê-lo sofrendo mais, saber que ele finalmente descansou.

Vejo as garotas animadas e pelo pouco que sei delas, estão pensando em aprontar algo, acho também que as cervejas já estão fazendo efeito, nós rimos de tudo e falamos coisas sem sentido algum, mas nem por isso deixo de tomar, eu nunca me diverti tanto na minha vida; as vejo se alinhar a minha frente, falando sem parar, isso não vai dar boa coisa, seus olhos espertos brilham e elas se preparam para atacar, a primeira a se prontificar é Sakura.

— Hinata, eu queria te contar uma coisa. — ela diz toda sem jeito, chegando mais perto de mim e falando baixo — Eu queria que soubesse que eu considero Naruto um irmão, não tenho o tipo de sentimento por ele, que aparento ter...— ela vai falando nervosa e lhe sorrio gentil.

— Eu sei Sakura-chan, Naruto-kun me contou tudo. — digo para tranquilizá-la e a vejo relaxar.

— Ah que bom, não queria passar a impressão errada para você, quero muito ser sua amiga. Já pensou como vai ser legal quando o Sasuke deixar de ser tapado e você e Naruto pararem de enrolar e se assumirem? Nós podemos sair de casais.  — ela diz suspirando.

— Não sei do que está falando Sakura-chan. — rebato envergonhada.

— Não precisa fingir para a gente Hina, sabemos que é apaixonada por ele, qualquer um pode ver. — Ino fala normalmente e fico mais nervosa ainda — E sabemos também que ele está caidinho por você, agora é questão de tempo até estarem juntos como um casal.

— Como pode ter tanta certeza disso? Naruto-kun só está sendo gentil comigo. — contesto.

— Hina, acredita em mim, em todos esses anos que conhecemos o Naruto, ele nunca agiu assim com nenhuma garota, e olha que existem várias atrás dele. — Tenten conta como se fosse o maior segredo do mundo — Ele sempre nos tratou super bem e era protetor conosco, mas sempre foi um carinho de irmão mais velho entende? E com as meninas que dão em cima dele, bom o Naruto dispensa sem dó nem piedade, nós até pensamos que ele fosse gay uma época, nada contra, mas era a única explicação. Mas ai você chegou e tudo muda, você anda na moto dele e ninguém nunca pode fazer isso, ele fica o tempo todo grudado em você, e agora que sabemos da história de vocês, bom fica claro como água, Naruto te esperou todo esse tempo, nunca quis se relacionar com ninguém aqui, por que como a Nabi disse, ele já te pertence!

Quando Tenten fala essas coisas, meu coração bate descontrolado, se agitando com o fio de esperança que lhe é estendido. Será que é possível que teremos mais do que a amizade que prometemos há anos atrás?

—Tá, tá, tá bom, agora quero saber outra coisa muito importante! — Temari fala chamando a atenção de todas — Tem uma coisa me incomodando a semana toda, queria tirar essa dúvida. Hinata, seus seios são de verdade?

— Claro que sim Temari, que pergunta! — digo envergonhada, sentindo meu rosto arder, pondo os braços de forma protetora a frente do corpo.

— Mesmo? Você nunca fez um implante? Nada? — Tenten entra na conversa, também curiosa.

— Não, nunca! — afirmo me apertando mais.

— Mas como pode? Eles são tão grandes e redondos, você não tem dor nas costas não? — Ino pergunta pensativa.

— Como se os seus não fossem grandes, né Ino? — digo rindo pelo nariz.

— Ah, mas não tanto assim. — ela rebate e ri também — Será que a gente podia tocar? Queria ver se são macios também.

— Nani?! — digo espantada com a proposta.

— Ah vai Hinatinha, deixa a gente tocar, a gente deixa você tocar os nossos. — Sakura fala animada, tomando mais um bom gole de cerveja.

— Mas isso é tão estranho. — digo nervosa.

— Não é não nee-san, somos todas garotas, somos iguais e só estamos curiosas. Vai nee-san, deixa a gente matar a curiosidade desses peitões?! — ela pede unindo as mãos, como em uma oração.

Olho para elas indecisa, mas para falar a verdade também sou curiosa sobre como deve ser para outras garotas, e afinal de contas, somos todas amigas; não há de haver nenhum problema, muito envergonhada e não acreditando que vou fazer isso, concordo minimamente e elas gritam e fazem festa. Então uma a uma elas me tocam, e balançam e medem meus seios; sinto cócegas neles e começo a rir igual louca, mas elas parecem impressionadas demais para notar qualquer outra coisa.

— Nossa Hina, como são pesados. — Ino fala os levantando nas mãos.

— Caraca, o Naruto é muito sortudo. — Temari fala admirada — São tão gostosinhos de pegar.

— Nem fala, eu fiquei até deprimida agora. — Sakura diz, tomando mais cerveja.

— D-d-do que está falando Temari? — pergunto muito assustada com o que ela disse.

— Vai dizer que não sabe o que os caras gostam de fazer? E francamente, é muito bom. — ela fala e eu nego com a cabeça, para o espanto de todas.

— Hinata, meu amor, você vai amar. — Temari responde sorrindo maliciosa — Eu te garanto!

— Como você sabe essas coisas? — Ino pergunta curiosa.

— Vamos dizer que o preguiçoso, não é tão preguiçoso quanto parece. — ela responde e dá uma piscadinha, e eu fico sem entender nada.

— Não me diga que vocês já...? — Sakura questiona e Temari concorda — Mas então por que não estão juntos?

— Por que aquele idiota tem medo do Gaara e do Kankuro. — ela responde bufando de raiva — por isso estou dando um gelo nele, ou ele se decide, ou eu o passo para trás!

— Isso ai Temari, faça ele rastejar aos seus pés! E agora vamos ver quem tem mais peitões! — Ino fala e toda gritam e concordam, fazendo festa.

Elas são muito malucas, e nós passamos os próximos minutos nos medindo e brincando umas com as outras, as garotas acham graça eu sentir cócegas em um lugar tão inusitado; achei que seria muito constrangedor, mas não é nada disso, somos amigas curiosas e pela primeira vez eu tenho outras garotas, com quem posso dividir minhas dúvidas e anseios, compartilhar experiências, já que no inicio da minha adolescência eu não tive minha mãe comigo para orientar, e tive que ser adulta e responsável muito cedo. Tudo que sei do meu corpo, e da vida em si, eu li em livros e nunca vivi nenhuma experiência real, é tudo tão novo. Estamos rindo muito, as garotas decidiram tirar fotos da nossa brincadeira, então cá estou eu muito vermelha e Sakura ajoelhada a minha frente com as duas mãos nos meus seios, rindo junto comigo, as outras ao redor fazendo caretas e fingindo que vão tocar também e Hanabi tirando a Self, até que ouvimos o barulho de vidro se quebrando e todas olhamos para a porta, e congelamos no lugar.

— Puta que pariu! — Sasuke fala parado, estático, a mão levantada como se ainda segurasse a garrafa de cerveja.

— O que foi verme, o que você quebrou aí? Por que tá demorando? — ouço a voz de Naruto vindo da cozinha e um arrepio toma conta de mim quando ele para na porta e vê a cena, Sakura ainda segura firmemente meus seios — Cacete!

Nós ficamos paradas, sem saber o que fazer, estávamos tão entretidas na brincadeira, que nos esquecemos dos garotos na cozinha. Shikamaru vinha da cozinha bebendo sua cerveja, mas quando chega na porta, cospe tudo e nos olha espantado, os olhos quase saltando das orbitas.

— O que vocês estão fazendo?! — Ele grita e logo os outros se juntam aos três para ver o que está acontecendo, mas Naruto não os deixa passar, os únicos que conseguem são Neji e Sai, que ficam paralisados na porta.

— A gente... ah... a gente... — Tenten tenta explicar, mas está muito assustada.

— A gente queria ver como eram os peitos da Hinata. — Ino responde sem nenhuma vergonha na cara.

— S-Sa-Sakura-chan tira as mãos daí. — digo nervosa, querendo muito enfiar minha cara num buraco e nunca mais sair.

— O que? Hã? Ah tá, tinha esquecido. — ela responde, o rosto ficando muito vermelho, e baixa as mãos.

Que vergonha, Kami-sama, todos os meninos estão olhando muito surpresos para nós.

— Ah não foi só isso não. — Hanabi abre a boca e sorri diabolicamente — Elas estavam se medindo, vendo quem tinha mais peitos, mas é lógico que a minha nee-san ganhou. Se deu bem, heim cunhado?! Não sei o que quer dizer, mas a Temari disse que você era muito sortudo!

Naruto arregala os olhos e começa a tossir histericamente, agora sim eu morro de vergonha. Neji lança um olhar mortal para Naruto, que está com o rosto tão vermelho quanto o meu, e Hanabi gargalha travessa.

— Cala a boca Hanabi! Você nem sabe o que está dizendo.— digo me levantando e ficando muito tonta, as meninas me apoiam para não cair.

— Vai devagar Hina, você bebeu demais. — Temari fala me auxiliando — E vocês parem de nos olhar com essas caras de tontos, até parece que nunca fizeram competição para ver quem tem o maior piupiu!

Quando ela fala isso eu tenho vontade de sair correndo, fugir para as montanhas; uma coisa é fazer coisas de meninas, ficar desinibida com minhas amigas, outra bem diferente é os rapazes nos verem fazendo isso, é tão embaraçoso.

— É isso aí! — Sakura grita se levantando, ela está muito bêbada e logo me abraça — Eu adorei por as mãos nos peitos da Hina! É como dirigir uma Ferrari super possante.

— Cara, que problemático! — Shikamaru fala pondo as mãos nos bolsos.

Não acredito que ela disse isso! Kami-sama me ajuda! As meninas caem na gargalhada, Temari até deixa de me apoiar para poder rir melhor. Vejo Naruto e Sasuke se entreolhando, e ficando super vermelhos, mas o que será que eles estão pensando? Me sinto muito tonta, parece que vou cair a qualquer momento, quando acho que vou dar de cara no chão, dois braços muito fortes me seguram; me sinto quente, como nunca antes, é uma sensação tão diferente, não sei dizer o que é. Olho para ele, que me devolve um olhar gentil e carinhoso, não parece estar zangado comigo, ou me achando uma idiota sem noção; pelo contrário, ele tem um lindo sorriso maroto nos lábios.

— Quantas cervejas você tomou, Hina? — me pergunta suavemente.

— Ah, só aquelas ali, oh. — respondo apontando debilmente para minhas cinco garrafas enfileiradas.

— Caralho Hina, isso vai te dar uma dor de cabeça amanhã. — ele nem parece notar o tanto de palavrões que está falando hoje, mas eu não me importo, acho engraçado quando ele fala assim.

— Eu sei, mas estavam tão boas que eu só fui tomando, vai ser o primeiro porre da minha vida. — digo rindo baixinho e Naruto me acompanha.

Vejo Neji conversando alguma coisa baixinho com Tenten, Shikamaru olha pra Temari com a maior cara de tacho, e Sasuke não fica atrás, encara Sakura como se ela fosse um aliem, enquanto que Sai encara Ino um tanto admirado.

— Bom, agora a gente já sabe o que as garotas fazem sozinhas. — Naruto brinca para descontrair e todos riem.

— Mas elas vão ter que achar outra cobaia da próxima vez. — rio nervosa.

Depois de toda aquela confusão, e de passar mais vergonha em uma noite do que em dezessete anos de vida, Naruto me leva apoiada em seus braços para a cozinha, onde sou atingida por um maravilhoso cheiro de comida, meu estômago ronca, denunciando o quanto estou faminta, meu rosto arde de vergonha, mas ele parece não se importar. Os outros logo se juntam a nós, conversam como se nada tivesse acontecido, apenas eu ainda fico um pouco nervosa quando noto Nabi me olhando maliciosamente; Naruto se prontifica a servir meu prato, o que nos rende mais alguns olhares de todos, tento não dar atenção a isso e me concentro na comida. Eles fizeram um ótimo trabalho na cozinha, fizeram peixe frito, salada verde e arroz, nos surpreenderam. Quando o jantar termina, sinto meu corpo todo ficar pesado, e uma moleza gostosa se apodera de mim, todos se levantam da mesa e se prontificam a limpar a cozinha, e quando vou fazer o mesmo, Naruto não deixa; ele me leva até a sala e me faz sentar no sofá, disse que tenho que ficar quietinha. Não demora muito e sinto meus olhos pesando, decido me escorar no sofá um pouco e esperar os outros, fecho os olhos e me deixo levar.

Não sei quanto tempo se passou, só sei que me sinto ser balançada, é como estar flutuando em um rio, eu vou para um lado e depois para o outro; tento abrir os olhos, mas estou muito cansada para isso, só me deixo levar por aquele balançar gostoso, escuto vozes, mas não entendo o que dizem.

— Fica quieta Nabi, vai acordar ela. — ouço a voz de Naruto bem pertinho e isso me desperta.

Fico bem quietinha para averiguar a situação, sinto seus braços envolvendo meu corpo e me dou conta que ele está me carregando, Naruto está me carregando no colo, como se eu fosse um bebê; meu coração acelera, acho que é bem provável que o ouçam agora, tento ficar o mais imóvel possível, para não me dedurar. Ouço uma porta se abrindo e logo sou depositada com delicadeza em uma cama.

— Você veste o pijama nela? — ouço Naruto perguntar baixinho.

— Não! — quase grito quando Hanabi fala isso — Não consigo sozinha, a nee-san é muito pesada.

Hanabi sua pestinha, eu vou esganar você, é melhor correr muito, porquê quando eu estiver em condições, vou te dar umas boas palmadas.

— Qual é Hanabi! Isso não se faz, como é que eu vou vestir a Hina? — ouço Naruto falar desconfortável.

— Faz me rir cunhado, é bem simples, você segura ela de olhos fechados e eu visto. — ela explica, a voz carregada de maldade.

Ouço os passos leves dela pelo quarto, e uma mala sendo aberta, logo sinto as mãos grandes de Naruto segurando meu quadril e minhas costas; sinto Nabi retirar o vestido que eu usava e meu sutiã também, e logo suas mãozinhas deslizam a parte de cima do que reconheço ser o meu baby doll lilás. Ah Hanabi, eu vou te matar! Rezo a Kami que o quarto esteja escuro o bastante para esconder o vermelhão do meu rosto, a sinto deslizar por minhas pernas a parte de baixo do conjunto e parar.

— Certo, agora levante o bumbum dela. — ela ordena e eu quase me entrego.

— Nani?! Eu não vou ficar apalpando sua irmã enquanto ela dorme Hanabi! — Naruto repreende sério e muito nervoso.

— Então quer dizer que, se ela estivesse acordada você ia? — ela retruca matreira — Anda logo cunhado, não faz mal algum, é rápido e ela nem vai saber! Agora pega a busanfa da nee-san e ergue!

Hanabi quase grita, e eu juro por tudo que é mais sagrado, ela vai me pagar por isso. Sinto as mãos de Naruto, muito trêmulas, encostando no meu bumbum e logo me segurando ali; tenho certeza que se meu coração não me entregou ainda, meu corpo acabou de fazer. Ele me ergue com muita facilidade, nem pareço pesar cinquenta quilos, Hanabi ergue a bermudinha do baby doll e Naruto me deita novamente.

— Pronto, nem doeu e a nee-san está vestida. — ela debocha

Ouço um engasgar fraco, e uma respiração muito pesada no quarto, num instante a atmosfera muda, é como se eu estivesse ligada no duzentos e vinte.

— Eu... ham... eu acho que vou dormir também, boa noite Hanabi. — ouço Naruto falar com a voz rouca e quando acho que ele saiu do quarto, sinto seus lábios na minha testa — Boa noite meu anjo!

Escuto seus passos saindo do quarto, e a porta sendo fechada, volto a respirar mais tranquila. Abro os olhos e me sento na cama, pronta para dar uma bronca em Hanabi, a encontro na porta, já pronta para sair.

— Depois você me agradece nee-san. — ela ri e sai debochando do quarto.

Ela sabia que eu estava acordada? Essa pestinha sem vergonha! Deito novamente com o coração aos pulos, depois do que aconteceu, leva cerca de mais quarenta minutos para eu voltar a dormir, mas quando o faço, sonho com mãos grandes, braços fortes e um par de olhos muito azuis me encarando com uma emoção desconhecida por mim, é quente, muito quente.

***

Acordo me sentindo muito bem, descansada e revigorada, com uma enorme paz dentro de mim; há muito tempo que não me sentia assim, para falar a verdade, desde os meus seis anos de idade que não tenho uma noite de sono decente, é como se minha vida finalmente entrasse nos eixos. Me espreguiço na cama e logo em seguida levanto, arrumo minha cama e separo uma muda de roupa para tomar um banho; as garotas dormem espalhadas em suas camas, acho que elas vão demorar para acordar hoje, noto Hanabi toda embolada em sua cama e sorrio satisfeita, está na hora da minha vingança. Procuro na minha bolsa o meu amado batom matte vermelho e vou sorrateiramente até ela, tento me conter para não acordá-la, quando termino, saio do quarto rindo muito. Tomo um banho rápido, lavo meus cabelos e os deixo soltos, visto um vestido justo até a cintura e bem soltinho da cintura para baixo, de mangas até o cotovelo, branco e com flores estampadas. Desço as escadas e vou para a cozinha, a cabana está silenciosa, dá até para ouvir os pássaros do lado de fora; pego tudo que vou precisar na geladeira, a muito custo consigo ligar a cafeteira e fazer um café passado, faço várias torradas com manteiga, panquecas com calda de chocolate, ovos fritos, bacon; faço um suco de laranja também e uma garrafa de chocolate quente. Deixo a mesa toda pronta, o café na chapa para manter tudo aquecido, faço uma xícara de chá para mim e saio para fora; sento na rede aconchegante que há no final da varanda, fico me embalando e sentindo o vento fresco da manhã, aprecio esse silencio gostoso, antes que aqueles furacões acordem. Cantarolo minha música favorita, aquela que aquece meu coração sempre que preciso, mas hoje é diferente, hoje estou feliz e por isso canto. Olho para o sol nascendo e seus raios refletindo no lago, é a coisa mais linda que já vi, esse lugar todo é lindo, é magico.

— Não sabia que você acordava cedo. — ouço aquela voz bem pertinho de mim e me assusto e engasgo com o chá — Desculpa, não queria te assustar Hina.

— Não foi nada, não sabia que também acordava cedo. — respondo finalmente levantando o rosto.

Se eu não desmaiei pelo susto, com certeza vou agora, encontro seus lindos olhos azuis me fitando tão brilhantes; baixo meus olhos constrangida pelas lembranças da noite, mas me arrependo de imediato, encontro Naruto sem camisa, o corpo todo suado, usando apenas uma calça de moletom demarcando a cintura. Suspiro alto e sinto todo meu rosto arder e tenho certeza que estou muito vermelha agora. Mas como pode ele ser tão lindo assim?

— Que foi Hina? — ouço a voz rouca de Naruto e o vejo sentar ao meu lado na rede.

— Nada não, então você gosta de correr todos os dias? — pergunto para mudar sua atenção de mim.

— Sim, corro todos os dias, é o que me acalma. E você, por que acorda cedo? — ele volta seus olhos para mim.

— Gosto de ver o nascer do sol. — respondo fitando o lago.

— Por que? Por causa das cores? — ele pergunta e o sinto mexendo em meus cabelos.

— Não, é o sol, o sol me guia. Tem sido assim todos esses anos, ver o sol nascer sempre me deu esperanças. — digo e o olho, vejo surpresa em seus olhos — E você, o que te guia Naruto-kun?

— A lua. — ele responde simplesmente e poe suas mãos no meu rosto.

Meu coração quase sai pela boca, uma eletricidade sem fim toma conta do meu corpo, estou perdida em seus olhos, como um naufrago perdido no oceano.

— Achei vocês! Bom dia. — a voz de Chouji nos desperta para a realidade e nos viramos para olha-lo — Você que fizeram aquele enorme café para todos?

— Café? — Naruto questiona e me olha.

— Eu não tinha nada para fazer quando acordei e não gosto de ficar parada. — explico e encolho os ombros.

— Meu amigo, você vai ficar gordinho igual a mim. — Chouji fala e se vira para entrar na cabana.

Muito constrangida pelo seu comentário, eu levanto da rede com a xícara em mãos, sinto Naruto me seguindo, tomo coragem e o olho, o encontro sorrindo para mim; a expressão suave e tranquila, uma astucia nos olhos, um algo a mais de quem acabou de se decidir e parece que nada pode pará-lo agora.

— Talvez Chouji tenha razão, mas ele se esquece que eu corro. — ele fala e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Mas você gosta mais de mim assim, não é Hina?

Ele diz isso como se fosse a coisa mais natural do mundo e ainda me dá uma piscadinha, eu fico sem palavras, mas internamente estou explodindo de felicidade; isso que acabou de acontecer, foi um "xaveco", não foi? Eu não estou vendo coisas, Naruto acabou de piscar para mim. Sentindo as pernas bambas, o acompanho para dentro da cabana, encontramos o pessoal atacando o café da manhã, eles nos cumprimentam e noto as meninas me sorrindo cúmplices; me sento junto a eles na mesa, me sirvo de panquecas e mais chá, nós comemos em silêncio, apreciando a refeição. Quando Naruto desce já de banho tomado, ele senta ao meu lado e se serve também de panquecas, ovos e bacon e café preto, e quando prova a primeira garfada, o vejo fazer uma expressão de pura satisfação e logo em seguida me olha.

— Hina, isso está muito bom, caraca. — ele fala e é seguido por um coro entusiasmado.

Nós voltamos a comer em silêncio, até que ouvimos um grito ameaçador vindo da escada.

— Hinata! — ouço a voz de Hanabi na escada.

— O que você fez irmãzinha? — Neji pergunta e todos me olham.

— Nada. — respondo com a maior cara de inocente.

Quando Neji vai contestar, Hanabi entra na cozinha, o rosto todo pintado e desenhado, as letras K e H escritas na testa com um coração circundando; todos caem na gargalhada, ela me olha e percebo o quanto está irritada, suas mãos chegam a tremer. Sorrio de forma cínica para ela.

— Ah você está rindo nee-san? Acha engraçado? Você quer guerra nee-san? Vai ter guerra! — ela sai pisando duro.

— Hinata o que você fez? — Ino pergunta abismada.

— Eu só me cobrei pelas brincadeiras dela ontem. — falo e noto Naruto me olhando intrigado e meu rosto arde, tenho certeza que ele descobriu que estava acordada.

Todos voltam a tomar o seu café da manhã, nossos amigos estão felizes, eles conversam e brincam uns com os outros. Depois que termino meu café, retiro a louça que sujei e lavo; quando guardo tudo, vou até a sala discretamente, sem que nenhum deles me notem, olho tudo ao redor, cada canto desse lugar é um calmante natural, tudo aqui me faz bem. Me sento no piano e fico muito tentada a tocar, penso por um instante e decido que não tem problema, estão todos entretidos na cozinha, não vão se importar que eu toque um pouco. Decidida, penso na melodia, e toco as primeiras notas.

   "You were the shadow to my light
Did you feel us
Another Start
You fade away
Afraid our aim is out of sight
Wanna see us
Alive

Where are you now?
Where are you now?
Where are you now?
Was it all in my fantasy?
Where are you now?
Were you only imaginary?
Where are you now?

Atlantis
Under the sea
Under the sea
Where are you now?
Another dream
The monsters running wild inside of me

I'm faded
I'm faded
So lost
I'm faded
I'm faded
So lost
I'm faded
These shallow waters never met
What I needed I'm letting go
A deeper dive
Eternal silence of the sea
I'm breathing
Alive

Where are you now?

Where are you now?

Under the bright, but faded lights
You set my heart on fire
Where are you now?
Where are you now?

Where are you now?
Atlantis
Under the sea
Under the sea
Where are you now?
Another dream
The monsters running wild inside of me
I'm faded
I'm faded
So lost
I'm faded
I'm faded
So lost
I'm faded"

Quando termino de cantar, ouço vários suspiros e quando olho para porta, todos os nossos amigos estão parados na porta me olhando, mas o olhar que mais me prende é de Naruto, ele me olha de um jeito tão diferente, é como se visse minha alma, aqueles lindos olhos azuis me passam um misto de sentimentos; passam saudade, carinho, alegria, admiração e eu diria que amor também.