Família Uchiha Uzumaki - MenmaNG escrita por Teleya Inshinda


Capítulo 3
Apaixonado




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— Posso levar um? — Menma perguntou pela terceira vez sacudindo uma caixa de biscoitos, com os braços erguidos o mais alto que podia para chamar a atenção de Sasuke. — Papai? 

 — O quê? — Pegou o produto e sem prestar muita atenção colocou no carrinho.

A testa franzida traduzia bem os pensamentos do garoto irritado pela desatenção do pai. Não se lembrava dele tão disperso antes e, embora fosse bom vê-lo sorrir constantemente, a sensação de que lhe escondia algo o estava incomodando.

Uma gôndola repleta de salgadinhos, porém, mudou seu humor. O sorriso cheio de travessura enfeitou o rosto redondinho, crescendo a cada passo que dava em direção às guloseimas. — Três, quatro... sete pacotes foi o que conseguiu agarrar e levar ao carrinho de compras, onde depositou a mercadoria sem dizer nada. Olhou e aguardou alguma reação do homem, mas novamente foi ignorado.

Sasuke bem que gostaria de se concentrar na tarefa doméstica que realizava, mas naquele momento travava uma batalha contra arrepios que lhe subiam a barriga a cada pensamento dos beijos que trocou na noite anterior. Essas sensações eram novas e assustadoras para ele, mesmo que ansiasse por mais.

Tocou levemente os próprios lábios lembrando das mãos em seus cabelos, dos narizes que roçavam levemente a cada movimento dos rostos. Quase podia ver a cena se desenrolando em sua mente, de longe a melhor noite da sua vida desde o nascimento do Menma...

— Menma!? — Chamou e procurou ao redor, a preocupação estampada no rosto. — O que você... 

Respirou aliviado ao encontra-lo pouco a frente conversando com um menino de aparência bastante familiar, embora não soubesse identificar. Deveria ter quase a mesma idade que Menma.  

Se aproximou calmamente das crianças, buscando ouvir o que tanto conversavam animadas, impressionado com a facilidade do filho em fazer amizade em tão pouco tempo­­ — É parte Uzumaki, afinal, pensou consciente de que a simpatia não foi herdada de si.

— Se você é ninja, porque nunca te vi na academia? — Indagava desconfiado o menino de cabelos acinzentados. 

— Treino desde pequeno com o meu papai, — Sasuke não conseguiu conter um pequeno sorriso ao ouvir a fala de Menma — mas eu vou pra academia depois. 

— Hum... Legal. — O garoto que era ligeiramente mais alto do que o Uchiha emparelhou ombro com ombro e tirou a medida com a mão. — Acho que vamos ser da mesma sala. Não vou te dar moleza, nanico. 

Com a boca retorcida em um bico descontente, Menma analisou cuidadosamente o garoto que o provocava. Não podia negar que era mais baixo, porém a diferença de tamanho não parecia uma desvantagem, pois sabia que era bom e confiava nos ensinamentos que recebia do pai. 

— Você não me parece grande coisa. — Desenhou sacudindo os ombros. 

— Ah é? Sabe quem é o meu pai? É o Hokage! — O orgulho era marcante em sua voz. 

Dois pares de sobrancelha se ergueram por um instante, baixando em seguida. As expressões iguais e sincronizadas atestavam o parentesco dos dois Uchihas irritados.

— Você não é meu irmão! — Exclamou convicto, o Uchiha mais novo. — Ele é? — Procurou explicação na face do pai. 

— Eu realmente espero que não. — Uma voz familiar e bastante debochada soou as costas dos três.  

Não precisou de nada mais para entender de onde vinha a sensação de já ter visto o garoto, —— deveria tê-lo reconhecido pela forma dos cabelos, mas os olhos lilases o confundiram um pouco, trazendo a lembrança de outra pessoa de seu passado. — Voltou-se para trás para cumprimentar o antigo professor.  

— Kakashi sensei, é bom revê-lo.

— Minha nossa... — Tinha ouvido rumores acerca do retorno dele com uma criança, entretanto ao observar Menma mais de perto um frio percorreu a espinha. Lançou um olhar acusador para o homem a sua frente. — Então você também se tornou pai...

— Sim, esse é o Menma — puxou de leve o menino para apresenta-lo. — E o seu, como se chama?

— Usagi Hatake... — Abaixou para pegar a criança que lhe pedia colo. —  Acho que você é foi a primeira pessoa a não me perguntar se estou casado ao conhecer meu coelhinho.  

— Não sou uma pessoa que crê em milagres. — Sacudiu os ombros com desdém. 

— Meu pai tem o tio Iruka — mostrou a língua, mas teve a boca coberta pelo pai. Sasuke não soube definir se a censura foi por conta da malcriação ou pelo comentário que não tinha compreendido de qualquer maneira. 

— Temos que ir. Foi bom revê-lo, Sasuke. — Típico dele, apenas saiu andando sem esperar resposta. 

Com a cabeça apoiada no ombro do pai, Usagi observava Menma, o olhar dos dois não desviando até que o menino sumisse por trás de uma das estantes do mercado. 

***

Olhava da compra sobre a mesa para Menma, de Menma para a compra sobre a mesa sem saber o que dizer, enquanto o menino encarava o chão em silêncio. Apenas tinha percebido a quantidade de bobagens que levava no carrinho na hora de pagar, então o cansaço acabou vencendo a vontade de mandar o filho devolver tudo aos devidos lugares.

— Eu vou guardar isso e você só vai comer o que eu der, entendeu? 

Os cabelos revoltos se moveram levemente com o aceno de cabeça desanimado que a criança deu. 

— Não ouvi, Menma! — Exigiu firme.

— Sim, papai. — A voz carregada de culpa saiu baixinha, quase um sussurro. 

— Vou deitar um pouco. Você quer vir comigo? 

— Não. Prefiro brincar com os bonecos que meu pai me deu. — Se referia a uma coleção de brinquedos de ação que ganhou de Naruto na semana em que se conheceram. 

Sasuke organizou as guloseimas no armário mais alto, hesitando no ultimo pacotinho de batatas. Menma quase não lhe dava trabalho como sabia que as crianças dessa idade costumavam fazer, talvez pudesse abandonar a pose de pai responsável só dessa vez. — Caminhou até a sala onde ele brincava no chão e soltou a embalagem sobre seu colo.

— Obrigado, papai! — O sorriso que alegrava todos os seus dias surgiu mais uma vez, enquanto o menino enchia uma das mãos com os salgadinhos.

Passou algum tempo afagando os cabelos negros sem pressa, observando com orgulho o filho que tinha gerado com Naruto, depois seguiu para o quarto como disse que faria.

***

Já de pijama, se jogou na cama finalmente rendido as lembranças do tempo que passou com seu amado — não era difícil evoca-las já que nas poucas horas em que esteve deitado ali, Naruto impregnou tudo com seu cheiro — e necessitado, afundava o rosto no travesseiro aspirando tudo que podia daquele perfume gostoso.

Por muitos anos imaginou como seria estar com ele, mesmo nos tempos em que vagava cego pelo desejo de vingança havia noites em que se pegava desejando um destino diferente, um em que pudesse viver os sentimentos que vinha desesperadamente buscando suprimir.

— Naruto... — Chamava entre suspiros, gostando do som da própria voz apaixonada.

Rolou pro lado escondendo o rosto entre as mãos ao reviver o momento em que rompeu o beijo assustado por um toque gelado em uma de suas canelas, percebendo em seguida que era apenas Naruto tentando esquentar seus pés. — Os dois caíram na risada ao se darem conta de que já haviam feito algo parecido na infância, quando por conta de uma bola de chakra condensado, tiveram de passar alguns dias presos um ao outro.

As horas passavam sem que se desse conta. Explorava todas as possibilidades, alternando entre memórias e imaginações, criando situações hipotéticas e planos. Queria saber se aquilo se repetiria essa noite ou até se poderiam ir um passo além. Tudo tão incerto quanto prazeroso.

Mesmo quando alguma previsão pessimista assolava seus pensamentos, agarrava-se a certeza de que nada poderia roubar o que já viveram, que se encontrasse a indiferença nos olhos azuis, sempre poderia lembrar do calor dos lábios nos seus.

Somente quando as luzes dos postes na rua se acenderam e a claridade trouxe o Uchiha de volta à realidade. Os olhos procuraram preguiçosamente pelo relógio ao lado da cabeceira constatando que já era tarde, tinha que preparar algo para Menma jantar.

***

No andar de baixo ouviu a voz do filho e parou escondido em um canto para saber se mais uma vez o menino conversava sozinho, um hábito ruim que acreditava ser reflexo da vida solitária que levavam e que pretendia cortar.

— Então como é que se faz um bebê?

— O quê?! — A voz assustada era a de Naruto, disso Sasuke não tinha dúvidas. Pensava se deveria intervir, mas preferiu deixar que ele se virasse, seria um bom treino para sua vida como pai. — Bom... Eu não sei bem como funciona, mas acho que o Orochimaru mistura tudo em um vidro ou coisa assim...

Bateu na própria testa arrependido pela escolha de deixar aquele idiota explicar algo tão importante para o filho deles.

— Isso o papai já me contou. Quero saber dos outros bebês, dos que tem mãe e nascem da barriga.

— Ah! Isso é bem mais fácil! — Endireitou a postura confiante e começou. — Primeiro as duas pessoas precisam se gostar, então elas vão e...

— Que tal jantarmos fora?

Entrou na sala e sentou ao lado do namorado, por um momento esquecendo que optaram em serem discretos perto do menino e o cumprimentando com um selinho rápido para o qual Menma torceu o nariz.

— Vão fazer igual a tia Karin e o tio Suigetsu?

— O Naruto, quero dizer... Se-seu pai e eu, nós estamos...

Naruto riu ao ver Sasuke todo envergonhado, mas se compadeceu da situação ficando em silêncio para não piorar as coisas.

— Então o meu pai não vai mais embora? Vamos morar os três aqui pra sempre?

— Não é bem isso, Menma! — Sasuke não sabia o que dizer. Seria bem mais fácil ter aquela conversa sem Naruto por perto.

— Não é? — Naruto olhou curioso e um pouco decepcionado para o outro.

— Que tal falarmos disso depois do jantar... O Ichiraku vai fechar logo.

Os Uzumakis se apressaram em buscar as sandálias e correram cumplices para a porta de entrada esperando que o outro os acompanhasse. Sasuke estava a salvo por algumas horas, mas sabia que não poderia fugir por muito tempo.


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