E se...

by Aleksia Kyle

As vezes a vontade de chorar é tão intensa que todo o meu corpo treme em desespero. Em alguns momentos não consigo segurar o choro e me desfaço em lágrimas e soluços.

Não adianta dizer que tudo vai ficar bem no fim; que a vida vai se organizar por ela só e que minhas lágrimas só serviram para perder tempo, pois não sinto isso. A dor é bem mais forte do que tudo o que digam e façam. Eu sei, lá dentro do meu âmago eu sei que nada será como antes; que meus sentimentos serão minhas únicas companhias por um longo tempo e não importa o que digam... não será amanhã que estarei gargalhando de alegria e amando outra pessoa tão intensamente assim.

Demorei muitos anos para compreender o que eu sentia por ele e quando o dia finalmente chegou... foi tarde demais...

Eu sabia que durante todo aquele tempo eu o estava perdendo, minha teimosia e meu orgulho ferido eram maiores do que qualquer sentimento que nutro por ele e isso me fez chegar aqui... observando-o a poucos passos de mim e totalmente entregue a outra.

Eu sei que a culpa de minha infelicidade é somente minha, mas o “e se” eu tivesse falado, o “e se” eu tivesse me declarado não para de rodear minha mente e lá no fundo consigo escutar a voz de todas as minhas amigas que dizendo em uníssono “fala com ele”; “deixa de ser medrosa e se declara”; “vocês nunca colocaram um ponto final na história de vocês, está mais do que na hora de fazer isso!”; “é ilógico não fazer nada por medo de se machucar”; “orgulho pode ser bom em alguns momentos, em outros é melhor ser direto e tá mais do que na hora de você ser direta com ele”; “não sei de onde veio essa tua insegurança, qual o problema de ir logo falar com ele?”

Elas nunca entenderam a minha autopreservação, e hoje estão aqui, tentando me tirar de cena para justamente não me machucar, mas não importa. Nada do que elas façam vai mudar o que vejo e o que estou sentindo. Ele é uma parte importante de quem me tornei, mas deixei escapar entre meus dedos de forma até mesmo humilhante... sem um ponto final numa história que não começou ontem ou antes de ontem, mas há mais tempo do que nós dois pudemos calcular enquanto estávamos juntos.

Sei que irei lamentar por nunca ter finalizado nossa história, que os “e se’s” vão pairar em minha mente por muito tempo, mas vendo-o agora percebo que não era para ser, que somos inconstantes demais para convivermos em harmonia por um longo período de tempo. Vejo que o que tivemos foi, exatamente, o que deveria ter sido e nada mais importa nem mesmo o transbordar de “e se’s” que terei pela frente.