Platônico escrita por Isabela Bernardino


Capítulo 1
Platônico - Capítulo único




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Ah, eu não queria estar escrevendo isso, não mesmo, mas sinto que preciso desabafar com alguém, e quando se está rodeado de pessoas que não compreendem o sentimento, o papel se torna teu melhor amigo. E o que eu posso fazer em relação a isso?

A verdade é que eu não aguento mais segurar dentro de mim este maldito sentimento que nunca deveria ter surgido, ele não deveria estar aqui, mas está, me matando aos poucos, me torturando com as pequenas coisas que ele sabe que me machuca. Ele sabe muito bem onde vai sangrar mais, e vai se esforçar muito para me fazer ter uma hemorragia. E ele só está aqui por sua causa.

Eu não sei bem se quero que isso chegue até você, se é que você sabe quem eu sou, muito provavelmente não, e está tudo bem, mas a questão é: como você reagiria? Você ia achar fofo? Ia achar engraçado? Ficaria com pena de mim porque não corresponde os meus sentimentos? Acredite em mim, o último é o que mais me assusta. Eu estou cansada das pessoas me olharem com pena porque tenho sentimentos por uma pessoa que nem sabe da minha existência. É fácil? Não é, mas também não precisa ficar esfregando na minha cara com aquelas carinhas de pena, será que não sabem que isso torna tudo mais difícil?

Eu tentei parar de alimentar este sentimento, mas o fato de você existir dificulta tudo. Cada movimento que você faz, cada coisa que você diz, cada sorriso que você dá… Tudo isso faz o meu coração saltar, cada pequena coisa que você faz me deixa ainda mais apaixonada por você, e eu tenho medo de onde isso pode chegar, tenho medo de amar você.

Algumas pessoas já me disseram para largar o medo e te contar, como se fosse algo simples. Há algum tempo atrás, eu seria uma dessas pessoas, mas hoje, vendo a minha situação, eu vejo que há casos e acasos, e que cada pessoa leva o sentimento da maneira que pode, a minha maneira é fingir que ele não existe e tento afastá-lo, mesmo que ele insista e esteja ali, todos os dias me perturbando, me fazendo lembrar de você quando eu deveria estar dormindo, ou até mesmo nos meus sonhos.

Eu me recuso a dizer que amo você porque amor é uma palavra muito forte, e eu não sei o que é amar, talvez, se você me corresponder, eu descubra, mas talvez não, talvez o melhor é você continuar a não saber que eu existo para que nenhum de nós dois perdemos tempo, mas talvez o melhor seja nós dois admitirmos — se você, por algum milagre, me corresponder — e deixarmos o tempo decidir por nós.

Eu confesso que cansei de guardar tudo isso só para mim, é muita coisa. Confesso que às vezes tudo o que eu queria esta te contar tudo só para poder tirar esse peso de mim, mas acho que já ficou claro o suficiente que eu tenho medo. Eu me odeio por ter medo, mas odeio ainda mais o fato de não poder controlar os meus sentimentos.

Se você está lendo isso, é porque eu provavelmente tomei coragem, ou alguém te entregou, as chances de ser a segunda opção são bem maiores do que a primeira, mas, de qualquer maneira, eu te peço: rasgue esse papel, finja que nunca aconteceu, assim como eu tenho tentado fazer todo esse tempo.


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