Doce Promessa escrita por Nah


Capítulo 10
Dez


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo enorme pra vocêss
Boa leitura ♥



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Joseph soltou a chaleira bruscamente sobre o fogão, sentindo a ardência na palma da mão provocada pelo calor do cabo da peça.

— Merda!

Aquele era um péssimo dia e ele mal havia começado, pensou, enquanto esfregava a mão contra a calça e seguia para a sala de jantar do sobrado, desistindo por completo de tomar um chá. Primeiramente, Joseph não conseguira dormir na noite anterior. Depois que deixou Joana na porta do casarão, uma despedida estranha que mal passou de uma troca de olhares entre os dois, ele trancou-se no sobrado e até tentara trabalhar, mesmo que sua cabeça estivesse a quilômetros de distância – mais precisamente, ruas abaixo. Queria tirar a imagem de Joana da mente, o gosto dela de sua boca e se possível a risada dela impregnando seus ouvidos. Joseph não se lembrava da última vez que inquietou-se por uma mulher e pensar nisso o deixou ainda mais furioso. Longas e extenuantes horas da madrugada e havia papéis sobre o sofá, mesa e até sobre os aparadores. Então Joseph finalmente percebeu que não havia um erro sequer em seu projeto e sua raiva atingiu o limite.

Decidiu que era hora de deitar-se, mas não podia se dar ao luxo de dizer que conseguira dormir de fato. Em algum momento quando o sol ameaçava infiltrar-se através dos vidros da janela, Joseph se permitiu apenas fechar os olhos e deixar que um dos motivos de seu tormento invadisse sua cabeça. E por falar em cabeça, onde ela fora parar, afinal? Se permitir envolver-se com a filha de Manoel de Castro estava em sua lista de proibições. Mas mesmo assim lá estava ele, encarando aquela boca esperta e a torrente de protestos que saiam por ela. Joana parecia furiosa, até mesmo revoltada e assustadoramente linda.

Joseph bufou, quase inconscientemente.

Jogou-se contra o sofá e então praticamente saltara em pé novamente quando alguém bateu à porta. Com um ou dois xingamentos na ponta da língua e pronto para desfazer-se de quem fosse, ele a abriu.

Pedro estava encolhido do outro lado, parecendo muito com o garoto que ele conhecera quando chegara naquela cidade. O mesmo olhar de desolação.

— Podemos conversar?

Joseph relutou por alguns segundos. Ele não estava com humor para conversas e com certeza Pedro era outro motivo de seu desgosto. Ainda estava furioso com a imprudência do dia anterior. Após observar a rua a sua frente e as poucas pessoas que passavam ali naquela manhã de domingo, Joseph acabou dando passagem para Pedro.

O garoto parou logo que entrou, encontrando a confusão de folhas de papel que estava o lugar.

— O que aconteceu aqui?

— Estive ocupado.

Pedro arriscou um sorriso irônico.

— Você sempre está.

Ele até tinha algumas piadinhas a fazer sobre aquilo, mas acabou mordendo a língua e decidindo que aquilo poderia esperar até que os dois estivessem bem. Porque ele queria muito, muito que ficassem bem. Joseph era o mais o perto que Pedro tivera de um amigo e em alguns momentos percebeu que talvez fosse além disso. Joseph era quase como uma inspiração. Pedro queria ser alguém como ele quando crescesse. Alguém forte, independente e completamente comprometido com seu trabalho – Pedro ainda não sabia qual seria, mas bem... Pensar nisso o relembrou do porquê estava ali.

Olhou para Joseph mais uma vez, que estava sentado no acolchoado do sofá, os braços cruzados contra o peito ausente do casaco preto de sempre.

— E-eu queria... Eu queria pedir desculpas... Joseph.

Joseph deixou a surpresa muito bem escondida atrás de sua expressão impassível.

— Desculpas pelo que, exatamente?

— Por ontem. Pelo que fiz e pelas coisas que eu disse.

Sem aguentar mais o rebuliço de ansiedade que estava sentindo, Pedro soltou o ar e puxou uma cadeira para sentar-se de frente para Joseph. E então continuou a falar, no ritmo afobado que era quase uma característica do garoto esguio.

— Eu não sei o que me deu. A-acho que fiquei deslumbrado com as coisas que me contou. E com a beleza daquela mulher. – Pedro soltou uma risadinha nervosa. – Fiquei pensando como minha vida parecia en-enfadonha perto da sua. Que talvez nunca terei oportunidade de viver aventuras como você. Quis que ela me notasse. E-eu não sei... Só espero que me perdoe.

Joseph continuava o encarando. Pedro quase podia ver a fumacinha saindo da cabeça de Joseph, mas o silêncio o deixava ainda mais ansioso e ele se pegou incapaz de ficar calado.

— Fiquei surpreso e fe-feliz ao ver que você foi a minha procura. Você se importa comigo, nem que seja um pouco. Porque, afinal de contas... – Pedro se balançou para frente e para trás na cadeira, achando que não faria mal arriscar. – Somos amigos, não é?

Com os dedos percorrendo a barba curta, Joseph ergueu as sobrancelhas, enquanto contemplava o garoto a sua frente. Então, Pedro percebeu um sorriso lutando para aparecer, sendo seguido pela voz de Joseph.

— É... Acho que sim. Eu não teria ido tão longe. Pensei em pessoas que apenas se suportam, mas, sim, talvez amigos sirva.

Pedro soltou uma risada diante do tom de Joseph. Ele não falava sério e o garoto levantou-se, lhe transferindo um soco levemente contra o ombro e então se acomodando ao seu lado.

— Espero que a partir de agora você tenha mais cuidado nas decisões que vai tomar. – Joseph advertiu, sério novamente. – Você tinha razão. Não é uma criança. Por isso mesmo precisa ter a responsabilidade de pensar no modo como vai agir. Não confunda independência com isso.

Pedro assentiu. – Não se preocupe. Meu pai já cuidou disso.

Levantando-se e pegando Joseph totalmente desprevenido, Pedro ergueu a camisa para fora das calças, exibindo profundas contusões nas costas.

A expressão sisuda de Joseph se transformou em pura fúria e Pedro apenas voltou a sentar-se, um movimento de ombros resignado.

— Já perdi a paciência com esse homem. – a voz de Joseph saiu entredentes e ele já estava de pé novamente.

— Não, Joseph. De-deixa isso pra lá. Estou acostumado.

Joseph o olhou, como se aquele conjunto de palavras nem ao menos fizesse sentido, porque para ele realmente não fazia.

— Como pode se acostumar com isso? E como pode permitir que ele faça isso com você?

— Não posso enfrentar meus pais, Joseph. Fui criado para isso. Não sei como é a educação no lugar de onde veio, mas é assim que as coisas funcionam por aqui.

Joseph soltou uma risada sem nenhum ânimo, caminhando de um lado para o outro enquanto tentava não sair correndo. A porta estava muito perto e levaria apenas um segundo para arrancar um pouco de sangue do nariz daquele homem com o próprio punho.

— Acredite, não tive uma educação tão diferente assim. Sei exatamente do que está falando.

Pedro logo viu o lampejo de indignação e amargura no olhar de Joseph. Talvez ele devesse ter ignorado, mas as palavras já estavam saindo da sua boca.

— O que você fez, então?

— Cometi erros. – o olhar de Joseph voltou-se para a madeira do chão e de repente Edward Fretcher estava em seu campo de visão, a bengala sendo lançada contra a boca do filho. – Bem, para meu pai foram erros, mas para mim foram novas perspectivas de vida. Você quer um chá?

Joseph não viu a expressão de repulsa de Pedro, pois já estava a caminho da cozinha torcendo para a água ainda estar quente.

— Não, não gosto de chá.

Afastando fios de cabelo da testa, Joseph tentou respirar fundo. Precisava mudar de assunto. Estava perdendo as rédeas de si mesmo.

O homem impassível estava de volta quando Pedro entrou na cozinha com a mesma necessidade de mudar o tema da conversa, de repente sabendo exatamente como fazer isso.

— Então... A senhorita Joana, não é?

Certo, talvez não tão impassível assim.

— Por favor, não comece.

— O que?

Pedro tentara se fazer de inocente, mas estava segurando um riso enquanto observava Joseph jogar folhas de ervas dentro da chaleira.

— Não esperava ver a senhorita Joana naquela noite. Por que ela estava lá?

— Porque não consegue ficar longe de problemas.

O tom revoltado de Joseph só serviu para aumentar a graça para Pedro, que não conteve a risada.

— O que foi agora?

— Nada. – Pedro tentou parecer inocente mais uma vez. – Só fiquei pensando que ela deve se preocupar mesmo comigo. Mas aí pensei mais um pouco e acho que talvez eu não seja o único com quem ela se preocupe.

Joseph lançou um olhar ameaçador.

— O que você quer dizer com isso?

Mas Pedro apenas sorriu, do jeito espertalhão de sempre, e Joseph revirou os olhos, voltando a atenção para seu chá.

— Você vai casar com a senhorita Joana, Joseph?

Com um estrondo, a chaleira foi colocada de volta sobre o fogão. Dessa vez, propositalmente.

— É claro que não vou casar com ela.

— Bem, é uma pena. A senhorita Joana é muito bonita.

Joseph já sabia daquilo. Olhar para ela de perto não ajudava em nada com isso. Senti-la só piorava tudo.

— Podemos encerrar essa conversa?

E como uma tempestade, Joseph passou por Pedro, deixando a cozinha.

— Você é muito sem graça. Aposto que a senhorita Joana não vai se casar com você também por isso.

Casamento?

Que casamento? Como aquela palavra fora parar ali? Joana estava deitava imóvel no centro de sua cama, com Dalton roncando baixinho aos seus pés. Ela aguçou os ouvidos um pouco mais. “Doente” fora o que ouvira agora.

Joana simplesmente não estava com vontade de levantar-se do conforto de sua cama e encarar aquele dia. Ou encarar a si mesma no espelho e ver o rosto enrubescer, como na noite anterior, assim que chegara em casa. Suas tentativas de dormir até mais tarde foram falhas, como esperado. Todo o estardalhaço de sempre começara, ao som de conversas, passos contra a madeira e retumbar de panelas. Então Francisca tentara abrir a porta do seu quarto, a encontrando trancada. Enquanto agradecia por não precisar mais dividir o quarto com as irmãs e poder apreciar um pouco de paz – “que paz?”, pensou quando mais um alto barulho pode ser ouvido –, as coisas pioraram.

Sua mãe fizera o maior alarde e agora ela, Isabel, Matilda e até mesmo Prazeres com Alice estavam plantadas do outro lado da porta, discutindo no corredor.

— Joana, abra essa porta já! – Francisca bateu mais uma vez. – Não acredito que esteja dormindo. Esse barulho deve ter a acordado e se não acordou, posso fazer ainda mais.

Encarando o teto, Joana não conteve um sorriso. Com sua mãe conseguia ser adorável mesmo irritada?

— Aposto que ela está doente. – foi a vez de Matilda falar. – Joana é inquieta demais para permanecer na cama por tanto tempo. Assim como você, Isabel.

— Ei! Não sou inquieta. – Isabel resmungou. – Se ela está doente, aposto que é por beijar o hipopótamo a todo momento.

Joana encarou a porta por um segundo e revirou os olhos, caindo novamente contra os travesseiros.

Beijar, beijar, beijar...

Porque aquela palavra estava ali? Se ela ao menos pudesse esquecer... Mas não podia, a lembrança vívida da noite anterior queimando em sua pele como se estivesse acontecendo naquele exato momento. Ele a beijara. E pensar assim fazia parecer que fora uma simples vez. Mas não fora uma, nem mesmo duas, e sim três vezes. Três.

Tentando grunhir silenciosamente, Joana revirou-se na cama e agora encarava a vela apagada na cômoda de duas gavetas, o exemplar de Diccionario do Doceiro esquecido aos pés da vela.

Ela nem mesmo gostava dele. Aquele tipo de atração física tinha que ter alguma relação com algo emocional, não tinha? Agora Joana batia leve e silenciosamente contra a própria testa.

Burra, burra, burra...

Ela não sabia de nada mesmo. Assim como não sabia que corresponderia a Joseph daquela forma. Não sabia que desejaria que não acabasse nunca, tanto quanto o desejava. O que aconteceria agora? Ela disse a si mesma que não importava, que pessoas se beijavam as escondidas mesmo. Então ele a beijou mais uma vez. O que raios aquilo poderia significar?

Lembrou-se das palavras de Joseph e percebeu que talvez ele estivesse certo. Precisavam se manter longe um do outro. Agora ela tinha uma responsabilidade ainda maior com a biscoutaria, mas não voltaria atrás nisso por causa dele, nem de ninguém. Iria se manter longe daquele homem. Sim, a distância. Isso resolveria tudo, antes que ela desintegrasse com mais um toque dele.

Ela não sabia de nada mesmo...

Então a batida de Manoel contra a porta mais pareceu um trovão, assim como a força da voz dele que fizera Joana jurar ter visto a parede tremer.

— Abra a porta agora, Joana!

Com um suspiro resignado – e até mesmo cansado, Joana jogou um cobertor por cima do camisão de dormir e arrastou-se até a porta, tentando sorrir.

— Bom dia, família.

Manoel bufou, entrando no quarto de uma só vez. Todos os outros acompanharam, com exceção de Prazeres e Alice que permaneceram no corredor, indecisas entre assistir ou sair dali de fininho.

— Como ela é engraçada! – Manoel estava consumido pela raiva, andando desordenadamente pelo pouco espaço do quarto. – Onde você estava com a cabeça?

— Isso mesmo! O que deu em você, Joana? – Francisca acompanhou, não tão comedida pela raiva, o semblante preocupado muito mais evidente.

— Quando eu acho que você não é capaz de me surpreender mais... Perambulando por bares no meio da noite. Mal pude acreditar no que ouvi.

— Exatamente. E trancando-se no quarto. Eu fiquei... Espera, o que?

Francisca se interrompeu, olhando para Manoel com horror ao se dar conta do que o marido falara. Mas o homem mantinha seu olhar raivoso para Joana, as mãos apoiadas nos quadris. Joana agora permanecia sentada, olhando toda aquela situação e nem mesmo sabia o que dizer. O que ela poderia falar?! Havia realmente feito e não adiantava voltar atrás. O ataque de fúria que Manoel estava dando era realmente impressionante, ela pensou, tentando não dizer algo que pudesse piorar aquilo.

— O que vou fazer com você, Joana? Devo tranca-la nesse quarto? Eu juro que se você estivesse com a reputação arruinada agora eu permitiria isso.

— Papai! – Joana não conteve o protesto, o olhando com pavor.

— Manoel, se acalme, por favor. Vamos resolver isso de outra maneira.

— Não vou me acalmar, Francisca. Estou cansado das imprudências da sua filha. – Manoel voltou a olhar para Joana. – O que você estava fazendo naquele bar?

— Resolvendo problemas.

Joana viu o pai arregalar os olhos e ele estava tão vermelho que ela começou a se preocupar.

— Problemas? Problemas? Que tipo de problemas você pode ter?

— Não eram meus problemas exatamente, mas eu quis ajudar.

Manoel revirou os olhos, voltando a marchar pelo quarto.

— Com quem você estava?

— Com a Aurélia. – o que não era mentira, ela pensou. O que seu pai faria se soubesse que Joseph estava lá também? Será que o demitiria? Ela prendeu o lábio entre os dentes.

Manoel ergueu uma sobrancelha branca.

— Só a Aurélia? Tem certeza disso? Pois não foi o que eu ouvi.

Agora ela estava pálida de verdade.

— O que o senhor ouviu?

— Tinha um homem. Quem era?

— Um homem? – as três mulheres ao lado falaram ao mesmo tempo, em entonações bem diferentes. Francisca parecia preocupada, Matilda estava boquiaberta e Isabel interessada até demais.

— Tinha muitos homens lá.

— Ah, agora ela vai me caçoar!

Sentindo a cabeça ameaçar latejar, Joana suspirou, apertando o cobertor ainda mais contra si.

— Olha, pai, eu sinto muito, está bem? Sei que o irritei, mas agora está feito. E está tudo bem, não aconteceu nada.

Enquanto Joana falava, a voz despreocupada de Isabel se arrastou até ela.

— Nem com essa gritaria o hipopótamo acorda.

Joana a olhou feio, a mão instintivamente pousando sobre um sonolento Dalton.

— Pare de chama-lo assim, Isabel! Eu ouvi você repetindo isso no corredor.

Foi a vez de Isabel arregalar os olhos.

— Estão vendo só?! Ela estava fingindo que estava dormindo. Que coisa feia, Joana! Sua própria mãe.

Então o estardalhaço recomeçou. Francisca jogara as mãos para cima, perguntando-se o que fizera para merecer aquilo. Manoel continuava caminhando de um lado para o outro, em um sermão infinito. Matilda já havia desistido e acomodara-se na penteadeira de Joana, assistindo atentamente a bagunça que o quarto se transformara. Isabel e Joana se encaravam, repreendendo-se com o olhar, até Joana voltar sua atenção para os pais e resmungar, dessa vez nem um pouco silenciosa, jogando-se contra a cama.

Um perfeito começo de domingo...

*

No fim das contas, tudo acabou bem. Razoável, pelo menos. Manoel conduziu seu sermão por uma longa hora e então permanecera com a expressão zangada pelo resto dia, que Joana só conseguiu amolecer quando entregara para ele uma fornada quentinha de biscoitos de canela no final do dia, os preferidos dele e que ela mesma fizera.

— Ainda estou com raiva. – ele dissera, a boca cheia e migalhas caindo na barba branca. Joana apenas sorriu, deixando um beijo na bochecha do pai.

Francisca nunca estava com raiva realmente. A preocupação lhe obrigara a pedir explicações para Joana a cada hora, que prontamente desviava do assunto alegando que estava tudo bem. No fim, era o que mais importava para Francisca. Já com Matilda e Isabel, bem... Joana custou um pouco mais a faze-las esquecerem o assunto. Tivera que contar o que aconteceu com Pedro, deixando, sabiamente, Joseph fora da história. Ela sabia muito bem o que o nome dele ali causaria.

Agora era o fim de uma segunda-feira brilhante e Joana se sentia ótima. Era seu primeiro dia como de fato uma funcionária da biscoutaria e ela percebeu, com animação, que nada mudara tanto assim. Ela quase quis rir quando percebeu que já fazia o trabalho de ficar de olho em tudo mesmo sem perceber, e que agora ela apenas tinha acesso a documentos e longas listas de pedidos, tanto de clientes quanto de mercadorias.

Ninguém pareceu surpreso quando Manoel a apresentou a todos como a mais nova parte da equipe. Manoel usara exatamente essa palavra e Joana percebeu que seu pai realmente tinha orgulho de cada um que trabalhava naquele lugar. Aurélia foi a que ficara mais entusiasmada. As duas estavam curiosamente mais íntimas e gastaram algumas horas opinando sobre as receitas ou provando ingredientes.

E, bem, ainda tinha ele.

Joseph não esboçara nenhuma reação quando Manoel o informou. Joana não poderia esperar que ele ficasse surpreso, afinal ela mesma tinha lhe contado. Mas não havia nenhuma expressão no rosto dele quando a única coisa que fez foi um pequeno movimento com a cabeça na direção dela e então desaparecera dentro do escritório com Manoel, onde ficaram por longas horas a fio. O coração dela batia tão forte nesse momento que jurou quase poder ouvir. Havia uma tensão tão sólida que por um momento tudo que conseguiram fazer fora olhar um para o outro. Mas ao olhar em volta e perceber que tudo estava como sempre, Joana se deu conta de aquilo estava apenas entre dois. Distância, ela repetiu para si mesma.

— Senhorita Joana, pode entregar esse pedido ao senhor Pereira? Estão precisando de mim nos fundos.

A voz de Ramos soou ao lado de Joana. Apoiada no grande balcão, ela desviou o olhar do enorme livro de registros, fazendo anotações sobre todos os pedidos que ela havia se certificado de que estavam certos.

— É claro.

Joana alcançou a bandeja com um sorriso. Ela realmente amava entregar os pedidos aos clientes. Amava ver as expressões contentes quando os pedidos chegavam na mesma rapidez de sempre, que a DeCastro presava. E então amava a expressão de satisfação que acompanhava a primeira mordida. Era aquilo que fazia tudo valer a pena, que transformava tudo ainda mais especial. A ideia de que eles eram responsáveis por proporcionar apenas boas sensações. “Tive tantas conversas agradáveis na biscoutaria” ou “não sabia o quanto queria um biscoito até prova-lo”. Era pra isso que a biscoutaria estava ali.

Mas, assim que avistou o senhor Pereira numa mesa bem ao centro, o sorriso de Joana caiu por terra. Ao lado dele, Alfredo tinha o mesmo sorriso de sempre – sorriso que agora começava a irrita-la. Em uma conversa baixa, os dois homens não notaram quando Joana se aproximou.

— Boa tarde, senhor Pereira. – Ela fez uma mesura com a cabeça antes de olhar para o outro. – Alfredo.

— Minha querida Joana.

Alfredo realmente tivera a audácia de segurar a mão de Joana em um demorado beijo e ela ficou constrangida no mesmo segundo. Com um puxão discreto, ela voltou a mão para o lugar que estava antes, segurando a bandeja ainda mais firme. Elias Pereira parecia achar graça, a olhando de cima a baixo. Ele era um homem alto, nos mesmos anos que Alfredo, um negociante de açúcar que nunca fora nada além de educado. Mas, de repente, Joana apenas conseguia acha-lo muito mal-encarado.

— Ouvi que seu pai contratara a senhorita.

— Sim. – Joana se limitou a responde-lo.

— Bom, ele é um homem corajoso.

Joana estreitou os olhos. Não enfrente os clientes, não enfrente os clientes...

— O que o senhor quer dizer com isso? – as palavras já haviam escapado.

— Ah, nada. Só... Vocês mulheres possuem utilidades interessantes. Mas colocar a filha nos próprios negócios? Não acho que seja uma delas.

O que? Joana o encarou ainda mais, se possível, achando ter escutado errado.

O senhor está mesmo insinuando que não consigo dar conta desse trabalho?

Elias soltou uma risada diante do tom desafiador dela, como se Joana contasse uma piada – ou achasse que ela própria era uma.

— Eu não disse isso. O que acha, Alfredo? Concordou com isso?

Alfredo apenas movimentou os ombros com desdém, o sorriso não sumindo nem por um segundo enquanto observava o tom vermelho que o rosto de Joana estava assumindo. Elias não sabia mesmo com quem estava mexendo, mas Alfredo não se importava tanto assim. Os dois nem mesmo eram amigos e o único motivo pelo qual ele não estava fervendo de raiva da decisão não comunicada de Manoel era porque ter Joana por perto lhe era muito conveniente.

— Apenas fiquei intrigado. Pegue um pouco mais de açúcar para mim. – Elias olhou diretamente para a bandeja esquecida nas mãos de Joana, como se perguntasse “o que está esperando para me servir?”.

Joana mal podia acreditar que estava ouvindo aquelas coisas de um cliente. Ela jamais discutia com um cliente. Mas, ah, nem em sonhos ela ficaria calada. O sarcasmo quase nunca era um bom artifício de batalha, mas ela estava tomada pela raiva. Então Joana soltou ruidosamente a bandeja na pequena mesa, fazendo o café espirrar nos dois homens que a olharam incrédulos.

— Ah, sinto muito, que falta de modos a minha. Espero que não tenha queimado muito os senhores. Sabem como as mulheres são... Perigosas e inúteis. – o que queimava de fato era o olhar furioso dela para os dois, pensou enquanto espiava as xícaras. – Mas veja, sobrou um pouco. Aproveitem o café, não vou mais perturbar com minha presença desnecessária. E senhor Pereira, espero que nenhuma mulher se intrometa nos seus negócios, porque com certeza o azar nisso vai ser todo dela.

Tentando limpar o casado com um lenço, Alfredo percebeu que a raiva de Joana estava direcionada para ele também e algo estalou dentro de si, o fazendo levantar-se de supetão.

— Joana! Espere!

Mas Joana já havia desaparecido pelo corredor, carregando o livro consigo. Ela apertava tão forte o objeto que apenas notou os nós dos dedos brancos quando chegara ao escritório vazio de seu pai. Soltando o ar, ela sentou-se em uma das cadeiras.

Que desastre! Por que ela não conseguia se conter? Devia apenas ter deixado o café e desaparecido. Mas como poderia, quando tudo que queria era afundar a mão nos rostos convencidos daqueles dois? E o dia perfeitamente calmo que tivera agora estava estragado e Joana com o pior dos humores.

Apenas quando o escritório começava a escurecer e os sons do outro lado cessaram, Joana levantou-se. Mas se ela esperava encontrar o ritmo calmo dos funcionários fechando a fábrica ansiosos para encontrar seus afazeres pessoais, tudo que recebeu fora silêncio e a escuridão do corredor.  Resignada, tentou caminhar para a entrada da biscoutaria, mas deteve-se ao ouvir o som de algo indo ao chão. Joana percebeu que uma luz vinha da cozinha e ela congelou no lugar. É claro que era ele. Quem mais poderia ser?

Distância.

Então Joana deu mais alguns passos em direção a saída e parou novamente. Ela precisava voltar para casa, mas o que Joseph estava fazendo naquela cozinha? E se estivesse sabotando as produções? Ela tinha que saber. E antes mesmo que pudesse encontrar mais algum argumento contra si mesma, Joana já estava dentro do lugar. E para sua surpresa, encontrou um Joseph furioso desmontando completamente a máquina posta em um canto. Utilizando de uma força que Joana achou surpreendente e desnecessária para a tarefa, ele retirava pedaços e mais pedaços, os deixando cair no chão.

— O que está acontecendo aqui?

Joana nem mesmo conseguiu esconder o tom de espanto em sua voz. Apenas virando-se para olha-la por um momento, Joseph continuou o que estava fazendo.

— Estou começando a achar que você está ficando aqui até tarde apenas para me ver.

Joana arregalou os olhos.

— O que? Eu... Mas... É claro que não!

A espiando, Joseph estudou o tom dourado do vestido contrastando com o cabelo escuro, mas não disse nada.

— O que você está fazendo? Por favor, não tente me animar dizendo que está indo embora.

Joseph a fulminou com o olhar, ganhando um pequeno sorriso de Joana, o fazendo ter medo de ter visto algum carinho naquilo. Automaticamente, suas mãos começaram a esquentar.

— Não estou com cabeça para suas provocações, Joana.

Tentando não sorrir ainda mais, Joana puxou uma das cadeiras e sentou-se, os braços cruzados enquanto observava o homem de costas para ela. Quando o olhar dela o atingiu na nuca, Joana não conseguiu impedir a imagem de uma mão entrelaçada nos cabelos ali que se formara em sua mente.

— Bem, parece que não sou a única furiosa aqui.

Joseph bufou.

— Você está furiosa? Realmente estranho. Você é sempre tão calma.

— Para alguém que não está com cabeça para provocações, você está bem afiado.

Deixando uma peça de madeira no chão, ele finalmente sustentou o olhar dela.

— Não consigo evitar.

Antes que qualquer um dos dois pudesse impedir, a lembrança do beijo começou a crepitar entre eles, a intensidade do olhar que ele transferia para ela deixando Joana com a respiração alterada. Ela analisou os olhos dele, agora tão escuros que nem mesmo pareciam azuis, tentando decifrar o que aquele homem estava sentindo. Mais uma vez, não encontrou nada além de cansaço e inquietação.

— O que está acontecendo, Joseph?

Ele suspirou, deixando as barreiras que tentava construir vacilarem um pouco.

— Sabotaram a máquina.

Joana não disse nada por um momento, genuinamente surpresa.

— Colocaram cascalhos dentro de várias válvulas. Arrebentou uma correia.

— Quem teria feito isso?

— Não sei.

O modo como Joseph falara aquilo deixou claro que ele tinha algumas suspeitas. Ela não sabia como se sentia em relação àquilo e cogitou perguntar quem ele achava que faria aquilo, mas então notou o olhar desconfiado que Joseph estava dirigindo para ela e sua raiva quase esquecida voltou.

— Você acha que fui eu.

Joseph colocou as mãos nos bolsos, inabalável.

— Eu não disse isso.

— Mas passou pela sua cabeça.

Tudo bem, Joana vez ou outra se pegara pensando em como aquele negócio poderia dar errado e frequentemente queria que não estivesse acontecendo, mas se sentia completamente ofendida com a desconfiança.

— Não fui eu. Eu não desceria tão baixo assim. – e apontando para o que foi uma bem montada máquina, ela continuou. – Não compactuo com isso, mas não é assim que eu resolvo as coisas.

Joseph permaneceu a observando por alguns segundos. As bochechas dela adquiriram um tom avermelhado que ele culpou a raiva. Ele não conseguia decidir se confiava nela. Joseph não negaria que Joana passara em sua cabeça, mas ela não foi a única. Que provas ele tinha para culpa-la? De nada adiantaria insistir naquele assunto.

— Eu não disse que foi você, Joana. Não sei quem foi, então não irei colocar minha mão no fogo por ninguém.

Joana desviou o olhar. Por que ela queria tanto que Joseph acreditasse nela?

— Sua vez agora. Por que está furiosa?

— Não é nada. Só... pormenores masculinos que me irritam. – Joana desabafou, estranhando o repentino interesse dele.

Joseph ergueu uma sobrancelha.

— Posso imaginar. Você e sua capacidade de se meter em confusões.

— Não me meti em confusão. Só não tenho a habilidade de me manter calada, muito menos quando me humilham. Ou quando tentam, porque a última coisa que aquele homem conseguiu foi fazer eu sentir-me inferior. Furiosa, sim. Algumas pessoas precisam urgente de uma mudança de mente. Ou então estrangular seus pensamentos dentro de si. Eu...

Joana se deteve quando notou que Joseph estava dispondo duas xícaras na mesa a frente dela.

— O que está fazendo?

— Nada. Continue.

Joana o olhou completamente confusa, observando que Joseph continuava andando pela cozinha, a lenha queimando no fogão aquecia duas chaleiras. Mordendo o lábio para conter seu coração que começara a palpitar sem motivo aparente, ela voltou a falar e, mais uma vez para sua surpresa, fora tão franca nas palavras que sua voz parecera cansada.

— Às vezes, e não são poucas, eu queria ser diferente. Sinto que tudo seria mais fácil assim. Menos dores de cabeça. – então ela deu uma risadinha, ao lembra-se do dia anterior. – Meu pai ficou furioso ao descobrir que estive naquele bar. Eu não fiquei surpresa, é claro. Ninguém conseguiria se manter calado. Achei que o casarão iria desmoronar com a gritaria.

Quando constatou que Joseph preenchia uma xícara com chá e outra com café, ela acrescentou mais uma coisa, quase em um sussurro.

— Deixei seu nome fora da história.

Sentando-se ao lado dela, Joseph franziu o cenho.

— Por que?

— Como assim "por que"? Você queria que meu pai soubesse que você estava lá?

— Eu estava lá, Joana. Se Manoel soubesse, eu não iria fugir disso.

— Mas você não acha que isso poderia nos comprometer?

O fiapo de voz de Joana o obrigou a olha-la. Ele encarou os olhos castanhos da mulher a sua frente, a mão repousando sobre sua perna coçando de vontade de toca-la. A conversa com Pedro voltou a sua cabeça, mas ele decidiu ignora-la, soltando um pigarro.

— Acho que você precisa se acalmar, mas acredito que prefira o café. – disse por fim, arrastando uma xícara com líquido escuro na direção dela.

Joana não conteve um sorriso, tocada pelo gesto o mesmo tanto que estava intrigada.

— Talvez a gente precise de uma mudança.

Joseph parou a xícara antes que conseguisse leva-la a boca.

— Que tipo de mudança?

Ainda sorrindo, Joana trocou as posições das xícaras, deixando a dela em frente a Joseph. Ele a olhou desconfiado.

— Eu não exatamente aprecio o café.

— Posso dizer a mesma coisa do chá. Sinta como se estivesse apreciando um pedacinho do Brasil, e eu de Londres.

Erguendo as xícaras e as tocando em um brinde, os dois tomaram um gole de suas bebidas, os olhares jamais se separando. Joseph nem ao menos sabia se estava piscando, envolvido pelo fato de que agora ela parecia extremamente tranquila. Ele se pegou perguntando-se como era estar de fato com Joana, sem todo o conflito que ardia entre eles. Lutando contra si mesmo, ele se viu tentando descobrir.

— Então, como foi seu primeiro dia de trabalho?

Joana soltou um riso fraco, o sabor das ervas embrenhando-se no seu paladar de um modo que ela estava acostumando-se. Sentia-se zonza e quase tinha certeza de que podia culpar o homem a sua frente por isso, olhando para ela com tanta intensidade.

— Não foi muito diferente do que comumente faço por aqui.

— Isso não me surpreende. Notei desde o primeiro dia que você é obcecada por esse lugar.

— Não acho que obcecada seja a palavra certa. Apaixonada, talvez.

Joseph arqueou uma sobrancelha enquanto tomava mais um gole do café.

— Obcecada.

Ela revirou os olhos, tentando não sorrir.

— Você está esperando que eu pergunte como vai seu negócio com as máquinas?

Parecendo ponderar o que ela falou, Joseph demorou algum tempo para responder.

— Quer que eu seja sincero ou dê a resposta fácil?

— Sinceridade, por favor.

— Eu estava esperando sim. Você constantemente está tentando tirar informações de mim. Não sei se tenta fazer isso de forma sutil, mas eu noto. Eu noto tudo em você, Joana.

Talvez zonza não seja mais a palavra correta. Sentindo seu rosto pegar fogo e o coração apertar, ela escondeu sua expressão na xícara, com medo que ele notasse o que estava visível nela. Mas se Joseph realmente conseguia nota-la, o que ela estava tentando esconder? Ai, não!

— Já que estamos sendo sinceros, eu não irei negar isso.

— Espero mesmo que sejamos sinceros um com o outro.

— Então já posso começar a dizer que estou de olho no senhor. Sempre. Em cada decisão que tomar aqui.

Joseph acabou sorrindo, pela primeira vez naquele dia.

— Achei que você não me chamaria mais de senhor.

Joana se pegou sorrindo também.

— Por que toda essa aversão a ser chamado assim?

A expressão de Joseph fechou-se no mesmo segundo, deixando Joana alerta.

— Nada, só me sinto estranho.

Depois de um suspiro, ele percebeu que aquela não era uma boa resposta. Não era uma resposta sincera, mas com certeza era a resposta que ele daria a qualquer um.

— Edward Fretcher costuma usar essa palavra no tom especial dele para me depreciar. Me enfurece. Muito. Lembrar dele me enfurece.

Joana o olhou. Então para a mesa e parou o olhar sobre a mão dele, descansando sobre a superfície. Não sabia o que dizer diante daquilo. Deveria dizer que sentia muito ou perguntar o porquê do pai dele fazer isso? Nada parecia adequado. Então notou uma pequena mancha de fuligem na mão próxima a ela, e antes que conseguisse parar seus dedos percorreram a pele de Joseph, afastando a mancha. Quando voltou a olha-lo, alguma coisa mudara naquele rosto.

Nenhum dos dois previu o momento em que lançaram-se um contra o outro, saltando de suas cadeiras ao mesmo tempo. Mas ainda assim, parecia que de alguma forma já esperavam por aquilo, com anseio. E despejaram tudo naquele beijo, as mãos procurando incansavelmente pelo contato perfeito e que fora responsável por manter Joana contra a mesa. Estavam tão perto que pareciam fundir-se entre si, o calor do corpo dele encontrando o dela. As línguas se encontraram, lábios foram mordidos e as respirações ofegantes era tudo que podia ser ouvido ali.

Joseph a envolveu, não apenas com os braços, mas com seu calor, seu desejo, seu desespero. Joana sentia a mão dele percorrer suas costas em uma lenta agonia, subindo até seus cabelos, os puxando com tamanha delicadeza que ela mesma já havia inclinado o corpo em direção a mesa, de bom grado. E quando os lábios dele lhe tocaram o pescoço, ela ofegou.

— O que... O que estamos fazendo?

As palavras dela foram capaz de desperta-lo e Joseph levou quase um minuto inteiro para se recompor, mas nunca a liberando de seu abraço.

— Acho que estou ficando louco. – a voz rouca se arrastou até uma Joana igualmente desconcertada. – Na verdade, tenho certeza que estou louco. Por isso mesmo vou dizer logo o que está na minha cabeça.

Segurando-lhe o rosto e trazendo o olhar dela para o seu, Joseph continuou.

— Não vá embora amanhã. Fique aqui e me espere. Assim como hoje.

Um sorriso preguiçoso se desenrolou nos lábios dela.

— Eu não esperei você ho...

Mas Joseph já havia a silenciado com mais um beijo.

— Você entendeu o que eu quis dizer.

Joseph não sabia mais se conseguiria se conter. Não sabia se ele mesmo queria se conter. Duvidava da sua capacidade de afastar-se do cheiro dela, do toque dela. No momento em que Joana jogou os braços em volta de seu pescoço, os lábios dele lhe tocaram o canto da boca. Então a bochecha, o queixo, arrastando-se lentamente até o pescoço.

— Diga que sim, Joana.

Com um suspiro, ela fechou os olhos.

— Sim. Sim.

Agora, de fato, ela estava perdida.


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