Amizade Amaldiçoada escrita por Lana chan


Capítulo 3
Capítulo 2 – Novas amizades improváveis...?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Olá novos leitores! Olá antigos leitores! Olá leitores fantasmas!
Como prometido, aí está o capítulo, saindo no sábado ;)
Ah, gostaria da opinião de vocês. Vocês preferem capítulos curtos (1500 palavras) ou capítulos mais longos (mais de 2500)? Seria muito bom saber para me adaptar ao que vocês gostam ♥
Espero que todos tenham uma ótima leitura ♥



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  A hora da aula passava se arrastando. Normalmente as manhãs passava mais rápido. Era somente o intervalo agora. Soltei um pequeno suspiro. O que eu poderia fazer para passar o tempo? Peguei um dos meus cadernos e abri em uma página aleatória, rabiscando na folha. Eu percebia as pessoas me olhando, algumas cochichando, e eu ouvia algumas coisas. “Ela parece esquisita, não falou nada desde que chegou.” “Deveria tentar falar com ela.”

  “-Não falo com ninguém pelo bem de vocês.” –Penso parando de rabiscar o caderno e olhando a janela, que ficava a uma mesa de distancia na minha. “-Queria sentar ali, pelo menos teria onde me escorar...”

  Estava tão perdida olhando para fora, que nem percebi quando o garoto oriental chegou perto de mim. Só o percebi quando me chamou.

  -Ei. –Falou passando a mão na frente do meu rosto. –Falei com você.

  -Ãhn? Desculpe. O que precisa? –Tentei ser o mais direta possível, não queria ele se ferindo mais uma vez.

  -Ah, você parece sozinha. Quer conversar sobre alguma coisa?

  -Não obrigada. –Falei virando meu rosto para a janela novamente. “-Saia daqui, para seu bem...”

  -Hum... Mas você parece a fim de conversar. Não precisa se isolar, a escola é legal. Quer que eu te mostre alguns lugares? –Falava enquanto oferecia a mão para mim.

  Olhei para a mão estendida. Era a primeira vez que alguém falava assim comigo. Apenas balancei a cabeça, afastando isso. Eu não poderia ficar perto dele. Ele podia se ferir novamente, morrer novamente.

  Eu não disse nada a ele. Somente levantei e caminhei para fora da sala. Talvez fosse melhor eu passar o restante do intervalo no banheiro, assim ninguém falaria comigo. Assim que estava na porta, escuto alguém falar com ele:

  -O que você fez?

  -Eu não faço ideia...

  Caminhei pelo corredor até chegar no banheiro feminino. Entrei e fui até uma das pias. Já que eu estava ali, seria uma boa eu lavar o rosto, certo? Talvez afastasse meus pensamentos um pouco. Escutei algumas meninas entrando no banheiro. Fiquei no mesmo lugar, parada.

  Elas me viram e pararam de conversar, como que se incomodassem com minha presença. “-Normal...” fui para um canto do banheiro que tinha uns bancos e sentei ali, esperando que a hora passasse. As garotas ficaram por ali, conversando, parece que esqueceram de mim.

  Depois de um tempo, escutei o sinal, anunciando o final do intervalo. As garotas saíram apressadas do banheiro, e eu fui logo atrás. Percebi que uma delas ia em direção ao andar inferior, abanando para as amigas enquanto chegava perto. Então o vi. Um pequeno gato branco. Fiquei olhando para ele e, assim que o mesmo deu um leve miado, escutei um barulho de algo caindo no chão.

  “-Não...” –Não queria pensar que isso aconteceu. Fui até perto da escada, onde a pouco havia uma garota.

  Ela estava espalhada no último degrau, com o pé torcido. As amigas gritaram, chamando o nome, que eu não ouvi. Alguém não morreria ao cair de um lance pequeno, certo?

  Errado.

  Ao menos quando eu estava por perto. A enfermeira da escola chegou correndo, e o pulso da mesma havia se quebrado, deixando uma marca de sangue no chão. De novo. Mais uma pessoa para a lista. Tentei segurar o desespero em mim, e comecei a voltar para minha sala, com a cabeça baixa, enquanto os professores mandavam todos fazerem o mesmo. Sabia que tinha alguém me olhando, mas não sabia quem, e preferia não saber.

  Cheguei na sala, de cabeça baixa, e fui até minha mesa. Sentei e coloquei meus braços em cima da mesa, encostando minha cabeça por cima. Pequenas lágrimas escorriam. “-Duas... no mesmo dia...” pensei, decepcionada comigo mesmo. Em um período tão curto, já havia feito duas vítimas, mesmo que uma delas tenha sobrevivido. Senti um olhar preocupado em minhas costas, mas não dei bola.

  Assim que o professor chegou, limpei meus olhos ainda escondidos e olhei para frente. Precisava assistir a aula, de qualquer forma. Não queria uma advertência. Fiquei olhando o professor passar a matéria no quadro, anotando algumas coisas. Não estava afim de copiar tudo. Depois de um tempo, senti alguma coisa em meu ombro. Era um pequeno papel dobrado. Estranhei e o abri, notando uma pequena frase escrita nela: “está tudo bem?”

  Levantei uma das sobrancelhas, procurando discretamente quem havia mandado isso. Vi que o garoto, Izay se não me engano, com uma expressão preocupada. “-Será que ele quem mandou isso?” pensei, olhando novamente para o papel em minhas mãos. Melhor eu não responder. Melhor não envolver ninguém nisso. Apenas fiz um sim discreto e forçado, torcendo que ele tivesse visto e me deixasse quieta.

  O restante da aula passou tranquila. As pessoas ainda cochichavam sobre a menina que caiu da escada, mas eu tentava não dar importância. O professor mal havia falado sobre o dever de casa, e o sinal para o almoço tocou. Coloquei meu material na mochila, e me levantei. Eu não precisaria ficar depois do almoço, era o horário de clubes e tudo mais. Mas eu iria ficar, não porque tinha um clube, apenas para enrolar para ir para casa, então iria ficar na sala mesmo, estudando ou fazendo alguma outra coisa.

  Sai da sala um pouco antes que os outros. Eles ficaram conversando entre si. Caminhei pelo corredor pensando o que compraria para almoçar, já que não queria ficar no refeitório. Estava pensando nisso e, quando cheguei perto da escada, escuto alguém falando:

  -Ei, novata! Espera! –Olhei para trás, o garoto Izay estava novamente atrás de mim. –Você caminha rápido hem.

  Fiquei encarando ele, perguntando, somente pela expressão, o que ele queria.

  -Caramba, você evita muito as pessoas. Isso não é bom.

  -Você não sabe de nada. –A essa hora, os alunos começaram a sair de suas salas. Precisava sair dali rápido, não queria mais ninguém caindo da escada. Voltei a caminhar.

  -Está indo para o refeitório?

  Não respondi.

  -Hum... talvez vá sair para comprar algo?

  Não respondi novamente.

  -Você tem algum clube que vai entrar? Afinal, você saiu sem sua mochila.

  Depois de descer completamente as escadas, vou para um corredor que parecia vazio.

  -Sério, responde alguma coisa. Ninguém consegue ficar tanto tempo ignorando alguém. O que você tem?

  Parei de andar. Escutei que ele parou de andar também.

  -Apenas... –Falei me virando em sua direção. –Apenas me deixe sozinha... É para sua segurança, tudo bem? –Me sentei em um dos bancos daquele corredor.

  -Segurança? Eu estou bem. Sou desastrado e tudo mais, mas...

  -Não, não tem a ver com ser desastrado. –Falei negando com a cabeça. –Todos perto de mim morrem. Não quero ninguém morrendo nesse colégio. Não quero ser transferida novamente, então apenas fique longe. –Pedi, de cabeça baixa, admirando uma formiga que passava por ali.

  -Nah. –Escuto uma voz diferente dessa vez.

  -Atom? –O outro garoto falou, parecendo surpreso. –O que faz aqui?

  -Percebi seu interesse nela, e acabei seguindo. E realmente parece interessante, só isso. -Falou dando de ombros.

  -Ela está muito sozinha na sala, só achei que seria bom ter um amigo.

  -E qual o seu nome? –Falou o outro, mais alto, para mim.

  -Lana... –Falei baixo. Não queria prolongar aquilo de mais.

  -Hum, acho que você já deve saber nossos nomes, mas mesmo assim, eu sou o Atom. –Falou o garoto mais alto, apontando para si e depois aponto para o outro, mais baixo. –Ele é o Izay.

  -Hum... –Falei, ainda olhando para o chão. –Agora já podem ir, certo? Por favor, não quero vocês em perigo.

  -Ah, que isso. Um de nós morrer é difícil. Então fique tranquila. A propósito, fiquei sabendo que tem curry hoje no refeitório. Estamos mais perto que muitos alunos, que tal irmos pra lá, antes que a fila fique muito grande?

  -Opa, parece uma boa ideia! Vamos! Estou com fome, também.

  -Podem ir, divirtam-se. –Falei, agradecendo que eles sairiam de perto.

  -Ah, vamos junto! –Falava Izay chegando perto.

  -Não! É perigoso. Alguém pode morrer. Não quero isso. –falei apertando um pouco a beirada da minha saia do uniforme.

  Percebi um olhar sobre mim e, quando ia olhar quem era, percebi Atom chegando na minha frente, me olhando um pouco sério.

  -Você vai sim! Precisa se alimentar! –Quando eu ia protestar alguma coisa, senti que estava ficando um pouco longe do banco que estava sentada. –E tem curry! Não podemos perder isso!

  Quando me dei conta, Atom havia me tirado do banco, me colocando em um dos seus ombros enquanto começava a caminhar. Percebi Izay atrás rindo um pouco.

  -E-Espera! Me solta! –Falei me debatendo nas costas dele.

  -Nah. “Tô” com fome. Te colocar no chão desperdiçaria muito tempo, até te convencer a ir junto.

  -É sério! Eu não quero ir! Não quero ver nada daquilo de novo! Me solta! –Dava alguns soquinhos nele.

  -Hum, boa massagem, estava precisando mesmo.

  Soltei um pequeno suspiro. Parecia que não ia adiantar tentar me soltar. Assim que chegasse no refeitório, sairia de perto, simples assim. Acabei desistindo, olhando para Izay, que nos seguia dando alguns risos. Percebi que aos poucos Atom diminuía seus passos, até que parou completamente. Olhei para trás e percebi que tínhamos chego no refeitório. Éramos, de alguma forma, um dos primeiros da fila. Suspirei aliviada, finalmente seria colocada no chão. Mas...

  Passou um tempo, e nada dele me soltar. Dei um pequeno soco nas costas dele e falei:

  -Ok, já chegamos, pode me soltar agora.

  -Hum... não.

  -O quê?! Seu objetivo era me trazer aqui, me solta!

  -Se eu te soltar você vai sair daqui. Vou te levar até chegar nossa vez de pegar a comida. Assim você não vai ter outra saída, se não comer.

  -Eu não vou fugir! Apenas me largue! –falei me debatendo novamente.

  -Melhor parar, se não quer chamar atenção, mais do que já está. As pessoas estão olhando.

  -É claro! Você está me carregando as forças! –Quando falei isso, vi uma garota se aproximar. Arregalei os olhos. –Não! Não precisa vir! Estou bem!

  -Que mudança repentina... –Falou Atom baixo o suficiente só para que eu escutasse.

  Vi a menina se afastar assustada. “-Ótimo, uma a menos, eu acho...”, pensei

  -Só não quero mais gente morrendo... –Falei suspirando. –Eu juro, não vou fugir. Até porque vocês viriam atrás. Apenas me largue...

  -Ok, me pareceu convincente agora. –Falou me colocando no chão. –Sério. Não é bom se isolar. Você não deve ter culpa de estar no lugar errado, na hora errada. Esta se culpando a toa. –Falava Atom, franzindo a testa.

  -Quem dera fosse a toa...

  -Na verdade... –Escutei Izay falando. –Não achei que é a toa. Ela realmente parece ter alguma coisa... diferente.

  -Hum... –Atom falou colocando a mão no queixo, me analisando. –E o que é? –Falou, olhando para mim.

  -Não precisam saber. –Falei e olhei para eles, que estavam com uma expressão “Qual é, fala logo.” –Pode ser outro dia, em outro lugar? Tem muita gente aqui...

  -Tudo bem. –Falou Atom, dando de ombros. –Está quase na nossa vez.

  -Que bom. Ela vai confiar na gente! –Falou Izay, dando um sorriso.

  -Na verdade... É  só porque vocês já se envolveram por tempo de mais comigo para que eu ainda tente salvá-los.

  -Preocupada? –Atom falou, pegando seu prato. Nem notei que já estávamos ali.

  -Claro... Você não sabe o que já passei... e o que passo. –Peguei um prato, o que continha menos comida. –Ao menos escolha um lugar mais distante. Quanto menos gente por perto, melhor...

  -Hum, ali, perto da porta. Só tem lugar para quatro.

  Fomos até lá e sentamos. Comi um pouco rápido de mais. Queria sair logo daquele lugar. Muitas pessoas. Muitos inocentes. Assim que terminei, levantei rapidamente da mesa e, quando ia me afastar, alguém segura meu braço.

  -Onde vai? –Perguntou Izay, ainda comendo.

  -Largar meu prato, posso? Eu espero vocês ali fora. Mas não me obriguem a ficar aqui.

  Olhei esperançosa para os dois e vi ele soltando meu braço. Agradeci e rapidamente fui largar meu prato e sair do refeitório. Sentei no mesmo lugar que estava sentada antes. Não sei porque, mas algo me dizia que esses dois não iria me deixar em paz... ao menos não tão cedo...

  Olhei para um relógio que havia por perto. Ainda faltava bastante para começar as aulas do turno da tarde. Estava repensando na ideia de ficar na escola. Essa agora não me parecia tão boa. Talvez eu fosse pra casa, me trancasse no quarto e lia alguma coisa.

  Fiquei um tempo assim, meio perdida no pensamento, quando escuto alguns passos no meio lado. Olho de canto de olho para ver quem é, e vejo Atom e Izay se aproximando. Sério, como eles me acharam?!

  -Ah! Ali está ela! –falou Izay andando um pouco mais rápido, chegando perto.

  -Achei que tinha dito que ia esperar a gente.

  -Estou esperando, não estou? Eu poderia muito bem ter ido para casa.

  -Até que está certa... –Falou Atom, sentando do meu lado. Me afastei um pouco. –O que foi? Tem medo de sentar perto das pessoas também?

  -Evito. Melhor distâncias. Vocês deveriam fazer isso também. Manter distância.

  -Não. Amigos são pra isso, ficar perto quando se precisa. –Izay falou sentando no chão, do meu outro lado, afinal, o banco era apenas para dois.

  -Amigos...? –Falei baixinho. Ninguém disse isso antes. E quando disseram... –Vou para casa! –Levantei num pulo, indo em direção a sala de aula, para pegar meu material.

  Assim que peguei meu material, notei que os dois haviam feito a mesma coisa.

  -Vocês não tem o que fazer? Algum clube, sei lá?!

  -Pergunto o mesmo. –Falou Atom, que ia um pouco mais atrás.

  -Hum, sou meio desastrado para clubes. Sempre vou pra casa.

  Tentei ignorar os dois, que apenas seguiam atrás de mim. Saímos pelo portão da escola e começamos a atravessar a rua. A mesma que havia, teoricamente, matado Izay. Tentei não lembrar disso. Continuei meu caminho. E percebi que os dois me seguiam, mas estavam quietos. Foi quando parei de repente. Os dois também.

  -Porque estão me seguindo?! –Perguntei um pouco com raiva. Não precisava de guarda-costas!

  -Não sei. Algo me diz pra não deixar você sozinha muito tempo. –Atom disse dando de ombros. Olhei para Izay.

  -O mesmo.

  -Sério! Não preciso de vocês comi...

  Não consegui terminar a frase, escutei um miado ao longe, e parei de falar. Os dois me olharam confusos. Olhei para o lado, e ele estava do outro lado da rua. Era um amarelo desta vez. E, no momento seguinte, a porta de uma loja no outro lado da rua abre repentinamente, e de lá sai um homem armado, que começa a atirar aleatoriamente, enquanto corria.

  Em um momento um tiro. No outro, um som de impacto. Olhei para o lado, onde estaria meus “amigos”. E vi que Atom estava deitado no chão, com a cabeça virada, e vi onde uma bala havia o atingido.

  Olhei incrédula para Izay. Ele parecia calmo. Até de mais. Não aguentei, senti novamente meus olhos pesados, e gritei:

  -Era por isso que falei para ficarem longe!

  Izay me olhou, e soltou um sorriso. Como se tivesse entendido alguma coisa. Então ele falou calmo:

  -Ele está bem.

  -Não! Ele não está bem! Levou um tiro! Na cabeça! –Eu tentava controlar algumas lágrimas que teimaram em sair. –Eu vou pra casa. Não me siga, não quero ver isso de novo. Por isso me isolo.

  Assim que me viro e começo a andar, escuto um resmungo. Olho para trás. E não consigo acreditar no que estava vendo.

  -Ai... mas que dor de cabeça forte do nada...

  -Ele... –Fiquei olhando assustada. Ele estava vivo? Mas como...

  -Sério, o que estou fazendo no chão? –Escutei a voz de Atom confuso, enquanto se levantava.

  -Você... –Apontei para Atom, agora sim ele estava confuso. –Como você? Como você está vivo? Você levou um tiro!

  -Levei? –Ele olhou para o lado, vendo o chumbo da bala no chão. Como saiu sem ir pro hospital? Como ele sobreviveu? –Por isso a dor de cabeça. Nossa, não dá mais pra se andar tranquilamente.

  Eu ainda estava em choque. Eu vi alguém morrer e praticamente “reviver” como se NADA tivesse acontecido. Era isso que falavam sobre a escola ter “dons especiais”? Atom me olhou, e lançou um sorriso.

  -Eu disse. A gente não vai morrer tão fácil. Pode ficar tranquila. –Falou colocando a mão na minha cabeça.

  “-Isso não pode ser real...” –Pensei comigo mesma.

  -Agora acredita que podemos ser amigos? –Perguntou Izay, com um sorriso no rosto.

  Por isso ele estava calmo. Ele sabia que Atom estava bem.

  Ele sabia que iriam ficar vivos.

  E eu sabia que, primeira vez, poderia pensar ter amigos.

  -Vou pensar sobre. Apenas quero... ir pra casa. Estou confusa.

  -A gente te acompanha. –Izay sugeriu.

  -É. E aproveita e me da algum remédio pra dor de cabeça. É sério, está forte...

  -Tudo... tudo bem... –Falei voltando a caminhar.

  De alguma forma, me sentia um pouco... feliz... era a primeira vez que me sentia assim. Por mais que eu tenha visto alguém morrer, o mesmo se levantou como se nada tivesse acontecido. E aconteceu duas vezes no mesmo dia.

  -Talvez possamos conversar. Mas amizade é perigoso... ainda...

  Falei, baixo. Não sei se eles ouviram. Sabia que poderia começar a tentar confiar neles. De certa forma, ambos provaram que não seriam mortos. Ao menos, não pela minha maldição. Ainda assim, melhor tomar cuidado. Para não ter decepções...

  Chegamos na minha casa, na verdade, de meus tutores. Eles chegavam tarde da noite e saiam cedo. Talvez para não encontrarem com sua “pequena monstrinha”, como haviam falado uma vez, quando achavam que eu estava dormindo. Virei para os dois garotos que estava atrás de mim.

  -Obrigada... hãn, por virem até aqui. E... –olhei para Atom- Desculpe.

  -Ué, pelo que?

  -Pelo tiro.

  -Nah. Nem foi você.

  -Mas minha maldição...

  -Ah, pare com isso. Já dissemos que não ligamos, certo? –Falou Izay, agora. –A propósito, qual o seu número? –Falou me mostrando um celular.

  -Eu... –Fiquei um pouco tímida –eu não tenho celular, desculpe. Eu evito qualquer contato com qualquer pessoa.

  -Ah... que pena...

  -Tente arranjar um. –Falou Atom. –É bom para emergências. Se precisar de alguma coisa, pode ligar.

  -Vou... vou tentar... Ãhn... Ah! O remédio! Vou ali pegar e já volto.

—Ah. Agradeço. -Atom falou encostando-se no muro que cercava a casa.

Entrei rapidamente, jogando minha mochila em cima do sofá e fui até a caixinha de remédios, que ficava na cozinha. Peguei um para dor de cabeça e um copo com água. Será que ele realmente ainda estaria esperando? Abri a porta e vi os dois parados conversando. Acho que isso é um bom sinal, certo? Eles não sairam de perto na primeira oportunidade.

—Aqui. -Falei chegando perto de Atom e esticando o copo e o remédio.

—Obrigado! Isso vai ajudar bastante. -Falou e tomou o remédio e a água em um gigante gole, estendendo o copo novamente.

Peguei o copo e falei, meio que de contra-gosto, já que estava começando a gostar da companhia deles.

—Até amanhã?

  -Até. –os dois falaram juntos.

  Entrei dentro do quintal de casa, olhando os dois se afastarem. Espero que não estejam falando mal de mim... nem que morram realmente... era a primeira vez que eu tinha algo para chamar de amigo...


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso por hoje~
Semana que vem tem mais um capítulo novinho em folha para vocês
Espero de coração que todos estejam gostando. Aceito criticas construtivas e tudo que vocês tem a oferecer ♥

Até a próxima semana!



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