“Ai caramba, preciso parar de ler até tarde depois de ver séries”, pensei. Coloquei um mangá no chão e, quando ia colocar a cabeça no travesseiro, me lembrei de tirar os óculos. Quando encostei a cabeça, senti o travesseiro com algo alto, grande e retangular por baixo, e lembrei que havia colocado mangás lá também. Coloquei eles no chão também e, quando fechei os olhos, alguém acendeu uma luz no corredor. “Merda, quem é que fica acendendo a luz às quatro da manhã?”. Saí da cama e pisei no chão gelado. ”Esse chão está frio demais. Tudo bem que está sete graus lá fora, mas não era para estar tão frio.” Olhei para baixo e vi que estava pisando em um bloco de gelo. Olhei em volta, e não estava mais no meu quarto. Estava em um ringue de patinação no gelo. Ele estava deserto, mas as marcas das lâminas ainda estavam frescas. Vi um garoto baixo com umas roupas meio antigas e um homem alto ao seu lado, resolvi pedir informações.

-- Com licença, onde estou? -- Perguntei.

-- Em um ringue de patinação, é claro. -- O menino respondeu. -- Desculpe, não posso falar no momento, estou investigando um crime à pedido da rainha. Vamos, Sebastian.

-- Sim, meu Lorde. -- Sebastian respondeu

Os dois se afastaram e fiquei lá parado, tremendo de frio. Saí andando, à procura de algum lugar que eu pudesse me esquentar. Entrei no que parecia um galpão vazio, e o frio passou. Ouvi vozes, falando algo que parecia latim, e andei na direção delas. Tinham dois homens altos, em pé, lendo em voz alta alguma coisa para uma menina loira que estava amarrada em uma cadeira, e ela gritava ao ouvir as palavras. Depois, uma fumaça preta saiu da boca dela e ela apagou.

-- Ah, droga, ela não sobreviveu. -- O mais alto falou.

-- Também, Sam, depois de ter caído daquela altura, o que você esperava? -- O outro falou.

-- O que vocês fizeram? Vocês mataram uma menina? -- Perguntei. Não era para eu ter falado nada, estava escondido e tudo mais, mas o que posso dizer, entrei em pânico.

-- Sammy, quem é esse daí? -- O outro perguntou.

-- Não sei não, Dean, será que ele é um demônio? -- Sam perguntou.

Saí correndo antes que eles pudessem fazer algo contra mim. Corri até uma porta qualquer e a abri, esperando aquele ambiente gelado de onde havia vindo, mas me encontrei no andar de cima de um lugar muito grande, e no andar de baixo havia um baile, e uma música calma estava tocando. No andar que eu estava, haviam várias portas, e uma delas estava aberta. Resolvi dar uma olhada. No quarto havia um menino vestido com um uniforme branco e uma menina com um uniforme azul, e os dois estavam sentados em um sofá.

-- Kaname-senpai... -- A menina falou.

-- Yuuki, não, eu não posso te transformar. Seria um castigo para você.

Estranho. Continuei andando, e três pessoas passaram correndo por mim, e uma delas me derrubou, mas nem se preocupou em pedir desculpas.

-- Vamos lá, Chika-kun, Shito-kun, aquela mulher definitivamente tem um anel negro. -- Falou uma menina com cabelos cinzas e óculos, enquanto corria na frente de dois meninos.

Encostei-me na parede, já cansado de tudo isso. Uma mão clara pousou no meu ombro e levei um susto.

-- Porra, quem é agora? -- Perguntei, irritado.

Uma menina branca como neve, com cabelos negros e olhos vermelhos, usando um uniforme preto, vermelho e branco estava ao meu lado.

-- De que forma desejas ver a morte? -- Ela me perguntou.

Empalideci e andei para trás, caindo no chão. Fechei os olhos e, quando os abri de novo, estava caído no chão, no meu quarto. A luz estava acesa e, após apagá-la, tive a impressão da menina estar atrás de mim, mas estava sozinho. Deitei-me na cama, ainda achando que a menina estava no meu quarto, mas quando olhei não havia nada lá, então adormeci. Porém, podia jurar que ainda escutava a música do baile.