Vida Ideal escrita por Shinoda Yuuka
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
— O que você faria se te dissessem que hoje é seu último dia de vida?
A pergunta feita pela jovem mulher pegou quem a ouvia de surpresa. Ela olhava seu namorado com um olhar sério, enquanto tocava seus cabelos tão longos.
— Não faço ideia — respondeu ele, sincero. Apertou a mulher em seus braços e lhe beijou a têmpora. — Talvez se você me desse, não sei, uma semana a mais de vida...
— Ok, Neji. Uma semana. — Tenten levantou a voz após suspirar. Soltou do abraço do namorado e o encarou seus olhos tão claros. — O que você faria em sua última semana de vida?
O jovem suspirou, apoiando sua face numa das mãos. Encarou o rosto sério de Tenten e sorriu, achando aquilo adorável de alguma forma. Ela tinha um problema em falar sobre a morte, e ele vivia tentando entender o motivo disso. Desde o dia em que se conheceram, uma coisa que Tenten deixou bem claro era que detestava falar sobre esse assunto, por diversas razões que ela não revelava quais eram.
— Por quê esse assunto do nada, Tenten? — perguntou ele, levando o assunto a sério dessa vez.
— Todos nós vamos desaparecer um dia — começou a garota, com um tom melancólico inesperado. — Eu não gosto de pensar nisso, mas... de repente, achei que deveria falar com você sobre isso.
Tenten nunca disse a Neji, mas desde que o conheceu, sentiu algo completamente estranho. O coração apertou, ficou toda arrepiada e sentiu uma vontade enorme de chorar. Sua pele e olhos claros, os cabelos longos e castanhos, a voz rouca... Tudo, absolutamente tudo nele era familiar. Não sabia como era possível, se sequer o conhecia. Porém, a garota passou a pensar muito nele, e acabou se apaixonando. Foi estranho, pois não parecia algo novo. Quando o beijou pela primeira vez, não foi excitante ou empolgante. Foi só... certo. Quando conversavam, quando se declaravam, quando se amavam; era como se já fizessem isso há muitos anos, e que isso iria apenas acontecer, uma hora ou outra.
Naquele momento, estavam na casa de Neji, abraçados em sua cama. Estava um frio terrível naquela noite, e estavam bem agasalhados, além de ter o calor do corpo um do outro para se aquecerem. Estava bem tarde, quase madrugada, e Tenten não conseguia dormir. Sentia arrepios a todo instante, e sempre olhava para o peito de Neji, para checar se ele estava respirando.
Isso era muito estranho.
— Eu responder essa pergunta é importante para você? — perguntou Neji, acordando Tenten de seus devaneios. Ela apenas fez que sim com a cabeça, e ele sorriu. — Eu apenas faria minha vida valer a pena.
— Como assim? — Tenten sentiu as mãos tremerem, e não era pelo frio.
— No primeiro dia, eu e você faríamos amor. Eu faria de tudo para que você se sentisse bem, e ao mesmo tempo, faria com que você carregasse um filho meu. Acho que é a coisa mais importante, sabe? Deixar parte de mim aqui, com você.
Tenten olhou para as mãos trêmulas e sentiu o coração apertar. Quis chorar, mas iria parecer idiota na frente do namorado. Não queria demonstrar estar arrependida de ter perguntado aquilo.
— No segundo dia, viajaríamos pelos lugares mais bonitos que poderíamos ir. Veríamos flores, montanhas, templos e competições de arco e flecha que você gosta. No terceiro, visitaríamos todos os nossos amigos e familiares. No quarto, eu te pediria em casamento. No quinto, seria o nosso casamento. No sexto... provavelmente eu iria chorar apavorado, porque a ficha iria cair.
Neji abraçou a mulher, que chorava discretamente. Beijou sua bochecha, e segurou suas mãos.
— No sétimo, eu ficaria ao seu lado, e adormeceria tranquilamente. Sabe por quê? — Ele olhou nos olhos chorosos dela e sorriu, tentando passar conforto. — Porque eu não teria nenhum arrependimento. Porque eu saberia que fiz tudo por quem eu mais amava. Por que eu fui um pássaro livre.
Tenten sentiu o peito aquecer com aquelas palavras. Lembrava-se de Neji falar sobre viver livre, sem amarras e fazendo o que queria. A vida pertencia apenas à ele, e a mais ninguém. Ele não era um pássaro engaiolado, impedido de voar.
— Acho que eu te conheci antes — disse Tenten de repente, sentindo o coração mais leve.
— O que quer dizer? — Neji se mostrou confuso. Apesar do cérebro não ter processado a informação devidamente, seu coração parecia concordar com o que a garota dissera.
— Eu sinto que nós não estamos juntos por coincidência. É como...
— Destino? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— Talvez... eu não sei! — exclamou Tenten, sentindo as lágrimas voltarem. — Eu tenho medo de você ir para longe outra vez...
“Outra vez?” pensou Neji, que apesar de achar estranho, achava também imensamente familiar. Pensou um pouco mais, lembrando-se das crenças de sua família. Seria possível que...
— Você acredita que nós... nos encontramos em outra vida?
Tenten arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras, sentindo mais um arrepio. Parecia que aquela era a reposta para todas as suas sensações estranhas que envolviam Neji. Mas aquilo parecia loucura! Como seria possível? Nunca foi de acreditar nessas coisas, mas era o que fazia mais sentido no momento. Seu medo de perder Neji, seus sonhos com ele, a dor que sentia ao vê-lo dormindo, principalmente ao olhar sua testa...
— Sim — respondeu ela, abraçando-o com força. — Eu sou estranha, não é?
— Você não é estranha, Tenten. — Sorriu novamente e ergueu seu rosto, selando seus lábios rapidamente. — Eu acho que você tem razão. Algumas coisas que eu sinto quando estou com você só fizeram sentido agora que falamos sobre isso.
Neji e Tenten passaram a madrugada falando sobre o sentimento de familiaridade que pairava sobre eles, além de algumas estranhas sensações. Os corações ficaram leves com aquela conversa, e então, quando o sol nasceu, o sono finalmente pairou sobre eles. Se beijaram antes de se aconchegar na cama, abraçados, prontos para dormirem. Por alguma razão, estavam aliviados.
— Tenten? — chamou Neji, já de olhos fechados. — Não importa quantas vidas nós tivemos antes desta, eu posso te assegurar uma coisa.
Tenten abriu os olhos e viu Neji, que voltou a sorrir. A luz do sol batia em seu rosto, deixando-o ainda mais bonito. Seu coração bateu forte no peito, e ela temeu não conseguir segurar as lágrimas ao ouvir algo que sempre estaria marcado em seu coração dali em diante:
— Essa é a nossa vida ideal.
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Obrigada por ler e até a próxima!