Colegas de apartamento escrita por calivillas


Capítulo 1
Um verdadeiro milagre




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— Como assim, não vai renovar meu contrato, senhor Moraes?! Eu preciso muito desse apartamento! Onde vou morar?! — Já bem atrasada, eu andava apressada, em direção a minha sala de aula, enquanto falava pelo telefone com o proprietário do apartamento que alugo, há mais de um ano, desde que me mudei para mais perto da faculdade, onde estudo.

— Desculpe, Paula, mas minha filha vai casar e precisa desse apartamento para morar, por isso, vamos fazer uma reforma.

— E onde eu vou morar? — Estava desesperada, parecia um pesadelo. Aquele lugar não era perfeito, era minúsculo, precisaria de uma boa reforma, mas bem localizado, em uma vizinhança tranquila, o aluguel em conta, um verdadeiro prêmio.

— Lamento muito, Paula, mas só posso lhe dar até o fim do mês.

— Até o fim do mês?! Como conseguir outro lugar tão depressa?

— Tenho certeza, que você vai conseguir um outro bom lugar, logo, logo — Ele tentava parecer simpático, mas isso só me deixava ainda mais irritada, sei que não há mais solução, estava perdida.

Desligamos quando estou entrando no prédio, onde estudo, solto um longo suspiro desanimada, já prevendo toda a andança, os pardieiros que terei que visitar, antes de encontrar um lugar descente para morar, o pior, em pouco tempo. Começaria hoje mesmo, à tarde, logo após as aulas.

Cheguei atrasada à aula, entrei com cuidado, para não ser notada, sentando ao lado da minha amiga Juliana, que me encarou, franzindo a testa em interrogação.

— O que houve? — ela questionou, em voz baixa.

— Acabei de perder o meu apartamento — respondi, no mesmo tom.

— Ah, que chato! E o que você vai fazer?

— O que você acha? Procurar por outro — respondi, irritada.

Paramos de falar quando o garoto ao meu lado me olhou de cara feia, não havia nada a fazer agora, era melhor prestar atenção na minha aula.

Dias depois, com muitas tardes perdidas, visitando apartamentos ruins, distantes ou caros demais, sentia-me muito desanimada, o tempo corria rápido contra mim, estava ficando sem opção e cada vez mais desesperada. Enquanto isso, encaixotava as minhas coisas, imaginando que acabaria morando em uma pensão ou em uma república, por um tempo, não era a melhor solução, mas não via outra saída.

Então, um milagre aconteceu, quando cheguei na sala de aula, com a minha cara de zumbi, com profundas olheiras sob meus olhos, por sair todo dia à caça de um apartamento e ficar as noites em claro, sem conseguir dormir, preocupada, com o meu tempo se esgotando.

— Paula, você não vai acreditar, achei um lugar perfeito, pertinho do seu apartamento! — Juliana me falou, toda animada, assim que entrei na sala

— Não posso acreditar! Você deve estar de brincadeira! — Segurei a respiração, esperando ela terminar de contar, me sentando ao seu lado.

— Sabe, meu namorado tem um amigo, que conhece uma garota que divide um apartamento excelente e que vai morar com o namorado, assim a vaga dela vai desocupar. Você não quer dar uma olhada?

— É claro que eu quero! Nem acredito, tem sido um martírio, andar para por aí, procurando um lugar para morar, sem achar nada e preciso me mudar até a semana que vem.

— Eu tenho o telefone da garota, combine com ela, quem sabe, podemos ir até lá, ainda hoje, mais tarde.

Assim que tive um tempinho, liguei para a garota chamada Carol, combinamos nos encontrar mais tarde no famigerado apartamento, estava entusiasmada, cheia de esperança que meus problemas houvessem terminados.

Mal pude acreditar ao chegar naquela rua tranquila e arborizada, naquele prédio antigo e simpático, a apenas alguns metros da minha faculdade, tanto que poderia ir a pé.

— Isso é bom demais para ser verdade, Ju. Morar em um lugar assim? Deve ter algo errado — falei, desconfiada.

— Não seja tão pessimista, Paula.

Carol abriu a porta com um sorriso simpático e nos convidou para entrar. Lá dentro, olhei em volta, reparado em tudo, sem nenhum constrangimento, e gostei do que vi, a sala ampla, bem iluminada e arejada, apesar da decoração meio bagunçada e frugal, com móveis antigos e peças improvisadas. Fizemos uma rápida excursão pelo lugar, adorei o quarto que seria meu, era grande e bem ventilado por uma janela, que dava para as copas das árvores, podia até ouvir os passarinhos, iluminado pelo sol da manhã, tinha uma boa cama e um armário, onde caberia todas asa minhas roupas. O banheiro e a cozinha eram antiquados, mas espaçosos. Já me imaginava morando ali, ajeitando minhas coisas, os meus livros, considerando o meu antigo apartamento minúsculo.  

— Já tirei minhas coisas, levei para a casa do meu namorado, mas queria arranjar alguém legal para ficar aqui, antes do fim do mês, sabe por causa do aluguel.

— E qual é a pegadinha? — Sou direta. Carol e Juliana me fitam, abismada.

— Não estou entendendo — Carol parecia confusa.

— É que bom demais para ser verdade, deve ter algo errado.

Carol deu uma risada verdadeira.

— Não há nada errado, eu gosto de morar aqui, só estou saindo por causa do meu namorado. A pessoa com quem compartilho é bem legal, nunca nos desentendemos, cada um respeita o espaço do outro. E então, você vai ficar ou não?

Respirei fundo, refleti um pouco, olhei em volta, pensei que estava quase sem tempo, que não tinha muita escolha, repensei, não podia perder essa oportunidade.

— Certo, eu fico, não tenho muita escolha, preciso me mudar em alguns dias. O lugar parece ser bem legal.

A tensão no ar se esvaiu, acho que ela gostou da ideia. E eu tinha uma casa, finalmente.

— Legal! Se quiser, pode até mudar nesse fim de semana, pois praticamente todas as minhas coisas já estão no outro apartamento, quase não fico mais por aqui.

— Para mim, está perfeito. Posso trazer meus pertences, não tenho muita coisa.

— Eu e Leo ajudamos você na mudança, Paula — Juliana se prontificou.

Sábado, bem cedo pela manhã, já estava com todas as malas prontas, todos meus objetos dentro de caixas. Leo arrumou uma van para colocar minha pequena mudança.

Estava toda animada com meu novo lar, Carol me disse que tinha comunicado a proprietária e estava tudo bem, que o contrato seria modificado.

E foi ela que abriu a porta da frente, para passarmos carregados, direto para o meu novo quarto, sabia que teria muito trabalho para arrumar tudo aquilo e dar aquele lugar a minha cara.

Lá pelas tantas, na segunda viagem carregada, a porta do outro quarto se abriu, fiquei na expectativa de, enfim, conhecer a minha nova companheira de apartamento, então, lá de dentro, saiu uma garota loira, bem bonita, tipo gostosa, usando um shortinho curto e uma camiseta bem justinha. Meu queixo literalmente caiu, Juliana deu um cutucão em Leo, porque ele não conseguia desviar os olhos da garota, com a ar de babão.

Mas, o que poderia fazer, afinal, iriamos morar juntas.

— Muito prazer. Sou Paula — Eu lhe dou um sorriso simpático, ela me olhou com uma expressão vazia, sem entender nada.

— Oi, sou Lia — ela responde.

— Espero que a gente se dê bem — falei, sustentando o sorriso, disposta a fazer amizade, mas ela franziu a testa, confusa. — Eu sou sua nova colega de apartamento.

— Minha colega de apartamento?

— Sim, acabei de me mudar, a gente ainda não se viu ainda, mas espero muito conhecer você melhor.

Carol surgiu corredor, com um monte de livros nas mãos e estancou.

— Paula! — ela me chamou, eu me voltei na sua direção. — Acho que está havendo um engano.

— Um engano? — Ergui as sobrancelhas, olhando para Carol e para a garota, que dá de ombros.

— O que Carol quer dizer que Lia não é a sua colega de apartamento. Seu colega de apartamento sou eu.

Todos as cabeças se viram em direção daquela voz, e encostado no batente da porta, de um modo relaxado, usando uma calça jeans com o botão aberto, estava um dos caras mais bonitos que eu já vi na minha vida, ele deu um sorriso malicioso, erguendo uma das sobrancelhas.

— Sou Eduardo, mas pode me chamar de Ed.


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