Richard abre lentamente seus olhos e se depara com o mesmo cenário de jardim florido da Cyberlife mas dessa vez um pouco diferente por conta do céu estar laranja e o sol se pondo ao longe representando um lindo fim de tarde, Amanda estava parada um pouco mais á frente dele de costas para seu campo de visão, por um instante o mesmo já havia se esquecido de que por vez ou outra Amanda o convocava para um encontro instantâneo

— Você não acha lindo o pôr do sol, Richard? – A mesma já havia notado sua presença mas fitava o horizonte segurando sua sombrinha de costume – Ele deixa o céu mais bonito, com cores mais vivas, até um lugar destruído fica lindo com esta iluminação digna de um filme

— Desculpe eu não entendo, você me chamou para olhar o pôr do sol?

— Também mas não só isso – Ela fechou a sombrinha, virou-se na direção do androide e apoiou o objeto no chão, a luminosidade do sol não facilitava para ver seu rosto – Queria saber se você assim como os divergentes podem captar algo mais do que detalhes, talvez simular "sentimentos"

— Eu não estou entendendo onde está querendo chegar – Cruzando os braços

— Então deixe-me ser mais objetiva – Ela andou em direção a Richard e ergueu um pouco sua cabeça para encará-lo nos olhos – Ao longo de suas investigações com o detetive Reed foi detectado algumas coisas estranhas acontecendo com seu software em alguns poucos segundos, foi por isso que lhe chamei aqui, nunca aconteceu isso antes enquanto você estava na Cyberlife

— Bem, eu não sei o que houve mas eu não tenho percebido tais acontecimentos em meu sistema

— Você tem certeza disso, RK900? Não está mentindo para mim, ou está?
Richard por poucos segundos ficou calado encarando o olhar desconfiado da outra direcionado para si, ele podia dizer a verdade mas não sabia se era a melhor escolha a se fazer, algo lhe dizia que Amanda não era uma pessoa que deveria contar por completo já que, aparentemente, ela lhe escondia informações que ele ansiava por saber

— Negativo, faço avaliações frequentes em meu sistema e banco de dados, provavelmente a essa altura eu teria percebido algo errado

— Tudo bem, eu irei lhe dar um voto de confiança – Mesmo não acreditando muito no outro ela deu as costas – Enfim, temos outros assuntos a tratar, vejo que resolveu ontem o seu primeiro caso e acabou encontrando com o líder dos divergentes junto a outra, estou contente com o seu progresso – (Relacionamento: Amanda ⌂ - Neutro)

— Muito obrigado, Amanda, antes de conhecê-lo eu pensava que ele poderia ser algum tipo de androide evoluído ou sofisticado mas aparentemente ele é como qualquer outro modelo

— É por isso que são divergentes, Richard, não sabíamos que androides como eles poderiam nos prejudicar sendo como qualquer outro já fabricado, enfim... Você teve sua conversa com eles, o que descobriu?

— Bem, Markus parece ser um androide gentil e bem convencido de que tem vida, já a North aparentou não gostar tanto de mim tanto quanto não gostei dela, ela me pareceu um tanto desconfiada de tudo e todos

— Interessante, não podia pensar que eles poderiam simular tanto assim emoções humanas, tem mais alguma coisa que queira me contar?

— Há alguns dias atrás eu havia checado nos arquivos quando todos já haviam ido para a casa, não há registros tão relevantes assim de divergentes já que a maioria deles desapareceram ou já foram resolvidos, como um caso curioso de uma AX400 que foi acusada de sequestrar uma criança mas nunca mais encontraram seu paradeiro

— Chega a ser irônico o quanto a policia que deveria saber de todos os casos não tem informações relevantes sobre o que mais nos importa – Ela virou-se novamente e andou em direção a sua grade com flores enquanto o androide a seguia – E você conseguiu arrancar alguma informação do Markus?

— Negativo, não tive tempo suficiente para ter alguma conversa com ele e nem em sondá-lo mas só consegui ouvir pouco sobre a conversa dele com a excelentíssima senhora presidente ter progredido e estarem entrando em algum acordo

— Isso é um péssimo sinal – (Relacionamento: Amanda ↓ - Neutro) – Não podemos ficar perdendo tanto tempo enquanto eles agem, Richard, precisamos acelerar o processo de sua missão já que a polícia não pode colaborar muito conosco

— E qual seria o próximo passo? – Pergunta expressando curiosidade
A mulher virou-se novamente de encontro para o outro e com uma rosa na mão sorriu de forma pouco malvada

— Capturar um divergente e sondá-lo, é claro!

(...)

Gavin estava sentado na sala de espera do hospital enquanto estava com seu celular em mãos conectado ao fone de ouvido enquanto escutava a mesma musica que podia jurar que a hora passava mais rápido com ela, no aplicativo de mensagens ele continuava indeciso se deveria ou não apertar o botão de enviar já que não tinha certeza se aquela mensagem seria vista já que nunca obteve respostas de nenhuma das outras que enviou há muito tempo atrás
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[Rascunho]
Para: Meio merda irmão
Olha aqui, imbecil, você podia largar um pouco este pedestal que acha que está vivendo e lembrar que o seu pai ainda está vivo
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— Senhor Reed? – Gavin olha para o homem alto de jaleco branco que parou á sua frente – O senhor já pode ir visitá-lo, por favor tome os mesmos cuidados de sempre

O detetive apertou o botão de enviar e pôs seu telefone no bolso de sua calça jeans, levantou-se e andou no corredor a procura do mesmo quarto de sempre, assim que encontrou a porta adentrou sem enrolação e encontrou um senhor deitado na cama já fitando a porta a sua espera

— Filho, que surpresa boa você aqui – O homem abriu um pequeno sorriso ao vê-lo

— Olá, Kevin – Aproximou-se da cama do outro com as mãos em sua jaqueta

— Já falei que não precisa me chamar desse jeito, Gavin, até parece que não sou seu pai me chamando pelo nome

— Desculpa, é força do hábito – Sorriu sentando na cadeira ao lado da cama – E então, como tem passado? está se dando bem nesse hospital?

— Se sentir dor nas costas por ficar nessa posição quase todo o momento, vestir estes trapos que eles chamam de roupa e comer essa comida sem sal significa se dar bem eu estou ótimo, obrigado – Gavin revirou os olhos e sorriu de canto – Eu tenho fome de comida gordurosa e um bom whisky com gelo, quando você vai vir me trazer isso?

— Você sabe muito bem o que aconteceu quando eu te trouxe um whisky escondido, melhor evitar que aquilo aconteça de novo

— Escuta aqui, Gavin, eu sou seu pai e eu que mando aqui, não venha querer investigar o que eu devo ou não comer porque esses médicos já fazem isso o suficiente, haha – Riu em tom brincalhão

— O senhor nunca perde o jeito, hein pai

— E você sempre mantém essa postura de durão... Mas se bem que eu tenho notado que você parece mais alegre, como está indo o trabalho?

— Se quer mesmo saber está um verdadeiro pé no saco, ainda mais depois do idiota do Jeffrey me colocar com um parceiro de investigação

— Parceiro, é? – O idoso ergueu uma de suas sobrancelhas enquanto sorria de forma pouco maliciosa – E quem é esse?

— É um androide, acredita? ele me pôs pra trabalhar com um androide como se eu não fosse capaz de resolver as investigações eu mesmo

— Talvez eu esteja ficando maluco por causa da idade mas algo me diz que você deve ter interesse nesse tal parceiro – Gavin direcionou seu olhar a ele tentando deixar sua expressão brava mas não estava funcionando como esperava já que veio misturada de uma expressão envergonhada

— Puta que pariu não começa com isso, Kevin

— E por que não? eu falei alguma mentira?

— Tem razão, essa idade já ta te deixando louco mesmo – Levantando-se da cadeira e indo fitar a vista da janela enquanto cruza os braços

— Gavin eu te conheço muito bem pra saber quando você está mentindo e claramente você está, sempre que você vem aqui você está de cara fechada e quase nunca ri das minhas brincadeiras, já hoje está mais aberto e o seu rosto está com uma cara bem melhor que antes

— Claro que não, o meu rosto está igual sempre

— Gavin... não seja mimado...

O detetive agora virou-se em direção ao homem ainda de braços cruzados e sua cara mostrava um sorriso tentando ser disfarçado

— Bem vamos supor que TALVEZ você tenha um pouco de razão, qual seria o problema nisso?

— O problema seria se você não me apresentasse ele, porque pra deixar o meu filho um pouco mais contente não é qualquer um que consegue fazer – Gavin apenas balançou a cabeça de forma negativa enquanto segurava o riso – Filho você sabe muito bem que eu sempre vou amar você não importa como, claro que você teve problemas com o seu irmão por conta disto mas isso já é passado, vamos fazer o seguinte: Sem pressão, quando tudo estiver mais certo e você se sentir mais confiante venha me apresentar quem é ele, estamos entendidos?

— Pai eu não tenho certeza ainda, e ainda mais gostar de um idiota enlatado parece um pouco fora do comum, não acha?

— Isso só você mesmo pode me dizer, eu não convivo com ele já você sim, deixe de ser tão casca grossa e dê um pouco mais ouvidos ao que você sente, você sempre toma tudo pra si e não deixa nada do que sente á mostra

— Eu só aprendi a não confiar facilmente em ninguém

— Você pode não precisar de alguém mas você merece alguém do seu lado, sempre lembre-se disso

Ambos ouvem pequenas batidas na porta e ela se abrindo logo em seguida, uma enfermeira entra

— Com licença, lamento informar mas o tempo de visita já acabou por hoje, o senhor Reed precisa descansar agora

Gavin apenas assentiu com a cabeça e pôs suas mãos nos bolsos enquanto de dirigia a saída, já na porta o seu pai lhe chama a atenção

— E não esqueça, eu quero conhecê-lo antes

(...)

Passou-se uma longa hora no trânsito mas Gavin finalmente havia voltado para a delegacia, Richard foi o primeiro a lhe dar bom dia e ele só respondeu com um aceno, neste momento ele se encontra no refeitório tomando um café com sua colega de trabalho Tina

— Estou muito contente de saber que o seu pai está melhor aparentemente, Gavin – Ela dizia com voz amigável enquanto fitava o vapor que se subia de sua xícara de café

— Eu só não sei por quanto tempo ele vai continuar aguentando firme, eu sei que só estamos atrasando o inevitável

— Não diga isso, olha só se ele te pediu pra trazer o whisky e estava mais brincalhão então pode ser que seja um bom sinal

— Já faz muito tempo que deixei de acreditar em milagres, Tina –

Bebendo um pouco de seu café – Eu já sei a situação dele e estou aprendendo a me acostumar com a ideia de que ele também vai acabar de deixando, mas isso seria melhor se o babaca daquele meu irm... Meio irmão também desse as caras pra ver ele de vez em quando

— Ele arca com as contas do hospital, não é? talvez ele use isso motivo pra não ter que encará-lo ali

— Claro, afinal ele sempre foi de fazer isso, mas quem se importa? ele que se foda

— Detetive Reed!

Connor adentrou no local com passos um pouco largo e Gavin revirou os olhos pela sua presença logo neste exato momento

— Da licença mas você tá atrapalhando, dipshit

— Lamento interromper a conversa de vocês mas o capitão Fowler pediu que eu convocasse vocês, temos uma denúncia urgente para resolver

— Deixe-me adivinhar, é algum caso que tenha algum gato preso na árvore? porque é o único jeito de eu me apressar em levantar daqui

— Negativo, parece que uma pessoa acabou de nos informar sobre um local que servia de esconderijo para tráfico de drogas ilícitas e provavelmente o mesmo esconderijo dos traficantes

— Isso parece bem sério – Tina tomou a palavra

— Ele está convocando todos nós para a perícia, incluindo você policial Tina Parker

— Já estou vendo que lá vem... – Sendo interrompida

— Lá vem merda – Gavin se levantou apanhando uma rosquinha da caixa sobre a mesa – Vamos logo acabar com isso

Os três saíram do refeitório e foram encontrar o capitão Fowler que já havia reunido boa parte dos agentes no escritório

(...)

Todos foram até o local com as viaturas disparando o som e abrindo passagem entre o trânsito, chegaram no esconderijo e já começaram a etiquetar o lugar com as faixas amarelas como de costume enquanto outros policiais investigaram cada canto daquele local e encontraram muitas caixas contendo diferentes drogas, várias delas apenas com enormes quantidades de cocaína, acharam também um caderno com apelidos com nome de animais para informar a quantidade que foi encomendada a cada um deles, o que mais chamava a atenção em toda a vizinhança mesmo era a cores em vermelho e azul que batiam na parede da casa e iluminava toda a área em volta o que fazia os vizinhos olharem pelas janelas de suas casas para ver o que estava acontecendo, Hank estava impedindo que Connor pudesse tocar em qualquer coisa e depois lamber como de costume e Richard conversava com Jeffrey tentando sobre uma possível teoria para onde os traficantes poderia ter escapado antes da polícia chegar, enquanto isso Gavin aparentava estar com a mente voltada para outro lugar fora do trabalho, o mesmo mantinha seus olhos no seu celular enquanto lia a mensagem que havia lhe chegado há pouco tempo atrás
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De: Meio merda irmão
Recebida: 26/01/2039 - 19:39
Você sabe muito bem como sou ocupado e não posso ficar sempre indo vê-lo, conversamos sobre isso depois
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— Gavin Reed! – Jeffrey aparece fazendo o detetive o olhar – Eu sei que você detesta ser chamado a atenção mas hoje você está impossível

Gavin apenas bufou em responda, guardando seu celular novamente no bolso

— Eu acho que já tem gente demais nesse caso, que diferença vai fazer a minha presença aqui? está tudo sobre controle, não?

— Aparentemente sim mas você podia estar ajudando o novo androide na investigação

— Ah agora você quer que eu o ajude? foi você mesmo que pôs a porra de um androide pra fazer o meu trabalho e adivinha? estava certo, ele sabe fazer tão bem que já está fazendo isso por mim, o que mais você quer, Jeffrey?

— Já basta! – passando a mão no rosto pra se acalmar – Escuta, eu já percebi que você não está no seu melhor dia então dessa vez vou dar uma trégua, ok? Está tudo sob controle então pode ir pra casa mais cedo, só... Se informe amanhã de tudo o que fizemos, tudo bem?

Gavin não respondeu, apenas andou até sua motocicleta e pôs o capacete, acho que Fowler pode considerar isso um possível "Entendido", logo Gavin deu partida e dirigiu para fora do local, um pouco ao longe Richard notou a partida de seu parceiro mas voltou o seu foco no caso assim que o perdeu de seu campo de visão