Crowley estava no facebook, de todas as criações que ele estivera envolvido aquela era uma das que lhe deixava mais orgulhoso. Esporadicamente ele era chamado para o inferno para receber prêmios com relação ao website e o seu envolvimento com este.

Naquele dia ele viu em um perfil aleatório um sujeito de Cambridge que postava diariamente motivos pelo qual ele se sentia grato por estar vivo. Crowley já tinha visto posts como aquele, tinha até lido artigos recomendando a atividade em questão dizendo que era bom para a saúde de humanos.

“Anjo ?” ele disse falando com Aziraphale que enquanto Crowley estava com o laptop no sofá, estava sentado na poltrona com um livro em seu colo.

“Sim ?” Aziraphale disse sem tirar os olhos da página.

“Me diga os motivos pelos quais você se sente grato por estar vivo”

Aziraphale olhou.

“Que tipo de pergunta é essa ?”

“Apenas uma motivada por curiosidade. Vamos me responda, eu ainda estou curioso”

“Certo. Meus livros”

“Mais alguma coisa ?”

“O mundo não ter acabado é claro. Música eu acho, comida, palavras-cruzadas...você”

“Então é aí que eu estou, abaixo de palavras-cruzadas ?”

“Eu estava apenas listando conforme eu pensava, se fosse por ordem de preferência sua posição seria bem mais alta”

“Bom”

“Segundo lugar”

“Depois de livros ?”

“Sim”

“Você é um péssimo anjo prezando mais coisas materiais do que alguém que você conhece há seis mil anos”

“Eu sei, e você é um demônio bem bonzinho que tem o seu lugar fixo em coisas pelo qual eu me sinto grato. O segundo lugar”

“Alguma chance de eu subir para a primeira posição ?”

“Quem sabe, me dê mais seis mil anos na sua companhia e talvez você suba na classificação”

“Eu posso esperar esse tempo, o que são mais alguns milênios”

Crowley voltou a mexer no laptop, tentando parecer legal e indiferente, mas Aziraphale podia ver que ele havia ficado um pouco magoado pela conversa. Talvez Aziraphale fosse mesmo um péssimo anjo porque ao invés de sentir culpa ele achou o negócio todo adorável de se ver.

“Eu me sinto grato por isso” Aziraphale disse recomeçando a conversa.

“Você está se referindo ao que exatamente nesse caso ?”

“O tempo que nós passamos juntos e o tempo que nós ainda vamos passar. Mas eu suponho que isso já esteja incluso quando eu mencionei o mundo não ter acabado e você”

“Sim provavelmente...eu me sinto grato por isso também”

“Eu sei que você se sente meu caro” Aziraphale decidiu colocar seu livro de lado pelo resto da noite e foi beijar seu demônio antes que ele ficasse mais carente.

Ambos estavam muito gratos por estarem vivos para experienciar aquele momento.