Uma chance para o amor! escrita por Nane yagami, Alluka Senji


Capítulo 2
Estranha convivência – Parte um!




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Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco, Já eram horas de dormir de novo!

Mario Quintana

Estranha convivência – Parte um!

Shaka acordou com o sol forte, brilhante e quente, invadindo pela janela de vidro.

Não se lembrava de muita coisa do dia anterior, apenas que chorou sem motivo aparente até dormir no chão amadeirado, próximo a janela. As caixas espalhadas pelo quarto trouxeram lhe uma cruel realidade, não estava mais na índia. Não conhecia ninguém e já entrou em crise com pelo menos um de seus irmãos.

A tristeza voltou a atacar-lhe. Queria poder conversar com seu pai, mas sua única fonte de comunicação naquele momento seria o telefone. E onde estava o telefone? Descarregado... Jogado dentro da mochila, junto com o carregador. Procurou uma tomada e o deixou carregar. Precisava escovar os dentes. Onde estava a pasta e a escova? Dentro de uma nécessaire dentro da mochila. Tinha duas portas dentro do quarto. Foi até a porta que julgou ser o banheiro, já que a outra era grande demais para um cômodo pequeno. Depois veria do que se tratava a outra. Depois que escovou os dentes, pegou um elástico e prendeu o cabelo num rabo de cavalo alto. Não trocaria de roupa, pelo menos não naquele momento. E também só tomaria banho depois que organizasse um pouco as coisas dentro daquele cômodo. Mas antes procuraria algo para comer. Mas não queria descer. Não se sentia à vontade de ir falar com os seus novos irmãos. Será que ainda tinha alguma barra de cereal dentro da mochila?

Algumas batidas na porta fizeram-no despertar.

— Pode entrar. – Falou arrastado.

A porta abriu e por ela entrou um desconfiado Milo. O loiro exalava cheiro de sabonete, provavelmente de um recente banho. Estava com uma roupa diferente também. Muito organizado, parecia um executivo prestes a ir para o trabalho.

— Bom dia. – Shaka disse. Constrangido por ainda estar em desordem.

— Bom dia. Como foi a noite? – Milo perguntou, mas sabia que tinha sido horrível.

O grego, apesar da pose adulta, era bem sensível aos sentimentos alheios. Shaka estava longe de tudo o que ele conhecia: lar, família, amigos. Acompanhado de gente estranha que não compreendia nada do ele falava, em uma casa estranha, em um país estranho. Era natural que tivesse assustado.

— Acho que boa. – O loiro deu de ombros.

Milo olhou ao redor, não tinha colchão ali. Ele dormiu no chão?! Presumiu com a mesma convicção de que Shaka tinha chorado também.

— Não se preocupe. Você vai se acostumar conosco. – Milo tentou animá-lo.

Shaka deu um meio sorriso, forçado, tentando transmitir que estava bem. Não era como se ele precisasse da piedade daquele homem.

Milo não queria forçar nada, mas tinha algumas instruções para passar aos irmãos e pediu que Shaka – que agora fazia parte da família. – que o acompanhasse. Shaka concordou e desceu junto com Milo. No andar de baixo Shaka encontrou uma belíssima mesa repleta de guloseimas matinal, preparada com todo o carinho de uma entrega muito bem paga. Encontraram, também, Shun, o rapaz da noite anterior parecia mais calmo. Entretanto exibia um olha vago... Distante... O mesmo tipo de olhar perdido que o loiro indiano.

O que era estranho para os irmãos. Porque Shaka era uma exceção para tudo o que eles sabiam sobre a índia. Cujo país era conhecido pelos monastérios e o hinduísmo. Assim como a abnegação de bens materiais, elevação do espirito e da assiduidade de feitura de boas ações.

Shaka não possuía a aparência mais comum dos habitantes de seu país. Seus cabelos longos e loiros despertou a curiosidade dos irmãos presentes à mesa naquele momento. Era a primeira vez que os irmãos tomavam conhecimento da existência de um indiano loiro, que frequentava monastério, mas não tinha a cabeça raspada nem a pele queimada pelo sol. Shaka também não tinha olhos pedintes e curvados. Ao invés disso, promovia a inveja com suas madeixas da cor do sol, além de fios lisos e finos. Pele de alabastro e olhos predominantes em um tom de azuis. Mas não qualquer azul... Era o azul dos oceanos índigos que predominava a tez de rosto fino, nariz empinado e aparência de porcelana.

Dava ganas em Shun.

— Shun. – Milo o chamou. – Onde está Ikki?

Shun levantou o olhar em direção ao irmão. Os olhos verdes estavam com profundas olheiras, iguais aos de Shaka.

“O menino também tinha chorado.” Reconheceu o indiano. Mas decidiu não se meter, de todo modo, não era problema seu.

— Desce já. – Respondeu e tornou a abaixar a cabeça. Não queria que seu mais novo “irmão” o visse naquele estado choroso.

Milo sentou na ponta da mesa e Shaka sentou, na distancia de duas cadeiras, afastado de Shun.

— Eu não mordo. – Escutou o mais jovem resmungar baixo, quase inaudível, em japonês.

— Estou bem aqui. – Disse, somente.

Shun ergueu o olhar, surpreso. Não imaginava que o “loiro sonso” tivesse entendido. Seu pai tinha mencionado que o filho do homem com quem casara falava inglês, apenas, além da própria língua mãe. Então vê-lo responder o seu comentário em japonês, foi realmente uma surpresa. Milo também ficou surpreso, e aliviado por não ter dito o que realmente pensava sobre aquela criança pálida, de personalidade taciturna e sem vontade.

— Desculpe por ontem. – Shun se viu obrigado a pedir.

— Sem problemas. – Devolveu Shaka. Servindo-se de alguns dos biscoitos e suco que estavam em cima da mesa.

Shun e Milo imitaram o gesto. O loiro mais velho ainda perguntou quantos idiomas Shaka conseguia falar além do próprio.

— Inglês e Japonês.  E agora estou tentando aprender o grego. – Respondeu trivial.

— Vai precisar de um dicionário. – Milo disse alto. – Adicione um a sua lista de compras escolares. – Orientou.

Compras escolares? Shaka ainda nem sabia se conseguiria se habituar naquele novo ambiente.

— Aconselho que compre livros. Ajuda muito. – Disse Shun. Vago. Não queria criar laços.

Shaka apenas balançou a cabeça e continuou a comer. Não imploraria afeição daquela criança inocente ou de qualquer outro naquela casa.

— Onde está o Ikki? – Milo perguntou novamente. Olhando em direção à porta que dava acesso ao cômodo onde estavam.

O leonino era outro que estava zangado por sair da zona de conforto. Teve que abandonar “os cavaleiros negros”, a banda bizarra que ele tinha na garagem de casa, a namoradinha ciumenta – e patricinha – e os poucos amigos que comandava. Que por sinal era os mesmo integrantes da banda de baderneiros.

Ikki não era o adolescente mais sociável que existia em Detroit, mas, sem sombra de duvidas, era o mais encrenqueiro. Milo tinha até perdido as contas de quantas vezes fora intimado a comparecer na escola para prestar esclarecimento.

O jeito rebelde do moreno incomodava – aos professores, aos outros alunos e a outro monte de gente. – e Milo meio que entendia porque o pai resolveu mudar de Aires. Não entendia o lance do casamento, mas concordava que talvez Ikki conseguisse se ajustar em um novo ambiente. O que, claro, não era o pensamento de Ikki.

— Vou chamá-lo. – Ofereceu-se o caçula, mas antes que ele se levantasse, o rapaz de estranhas madeixas azuis, o mesmo que Shaka vira no dia anterior, acomodou-se a mesa. Serviu-se de café preto, pão besuntado de manteiga e recheado com queijo e peito de peru.

Shaka prendeu a respiração por alguns instantes. Sabia que algum momento teria algum tipo de convivência com aquele garoto, mas não imaginou que ele seria um dos “outros”. Foi realmente surpreendente vê-lo ali.

Shun sorriu debochado com a atitude fria do irmão. Enquanto Milo sentia uma veia saltar no alto da testa com a atitude do moreno. Ikki já estava naquela abstinência de comunicação há quase quatro dias – tempo em que tinha chegado ali. – e não demonstrava sinais que mudaria de comportamento tão cedo.

Já que ninguém fez menção de falar, Milo fez questão de apresentá-los.

Milo Patros, além de filho mais velho, era também um homem de negócios. Trabalhava como arquiteto. Tinha o próprio escritório em Detroit, mas devido o casamento teve que retornar para a Grécia onde teria que montar uma filial antes de realmente se estabilizar. Aparentemente tem um monte de burocracias e protocolos que precisam ser cumpridos antes da mudança ser efetivada completamente.  Milo é um homem de estatura alta, tem vinte e oito anos e é uma pessoa segura das próprias atitudes e ações.

O que Shaka ainda iria descobrir era que, dependendo da ocasião, Milo anuía de uma natureza violenta. Não de modo ruim, pois sempre preservava o próprio controle, mas por ser uma pessoa muito intensa também era uma pessoa muito protetora e não permitiria que ninguém machucasse aqueles próximos de si. Milo também não media ações por ter uma personalidade apaixonada. Não era homem de meias palavras e sempre mostrava suas emoções. Mas quando necessário se escondia atrás de uma máscara de imutabilidade e calma absoluta.

Ikki e Shun Amamiya tinham sobrenomes diferentes de Milo porque os três tinham pais diferentes. Depois que se divorciou do pai de Milo, a mãe dele casou-se novamente e teve Shun e Ikki. Mas os adolescentes tiveram que morar com o irmão mais velho e o pai desde porque os próprios pais morreram em um acidente de carro. Inicialmente, Ikki e Shun foram levados para um orfanato, mas depois o pai de Milo conseguiu a guarda dos irmãos Amamiya. Os irmãos eram estudantes, assim como Shaka. E para facilitar a vida do loiro responsável, os três adolescentes estudariam na mesma escola. Shun iniciaria o ensino médio, enquanto Ikki e Shaka se preparariam para a faculdade em seu ultimo ano escolar.

Shun suspirou frustrado.

Assim como Shaka, Ikki nada disse. Mas ignorou completamente o “novato” e os outros dois. Apenas tomou café como se houvesse somente ele na mesa.

Quatro estranhos... Era isso que eram. Deduziu o indiano. Quatro estranhos, presos em uma casa. Quatro estranhos que teriam que aprender a conviver uns com os outros.

— Hoje vem um pessoal para montar os moveis. Então poderemos dormir em camas fofinhas. Quem sabe assim essa tensão se dissipe a partir de amanhã. – Disse Milo tentando dissipar a nuvem de acaso que se formou. – Amanhã também vem à decoradora e vou aproveitar para fazer as matriculas de vocês.

— Podemos visitar a escola? – Shaka perguntou.

Inquieto, se via. Nunca almejou estudar em outro país, mas estava ali. Prestes a terminar seu ensino médio bem no meio do mediterrâneo. E a faculdade? Como faria? Que curso escolheria? Será que as acomodações e instalações gregas eram parecidas com as indianas? Eram melhores? Quanto ele ainda teria que se acostumar?

— Quem é o idiota que quer visitar a escola antes do inicio das aulas? – Retrucou o moreno de cabelos azuis, chamando a atenção do virginiano loiro. Momentaneamente.

— Ikki... – Milo iniciou uma reprimenda. Mas Shun resolveu tirar seu foco.

— Quando papai vem? – Shun perguntou.

— Daqui a quinze dias. – Milo respondeu.

— Eu não aceito. – Ikki disse. Os olhos frios voltados completamente para Shaka, como se o indiano fosse o total culpado. – Não aceito esse casamento. E não pretendo aceitar um estranho como irmão.

— Ikki... – Milo interviu. Mas o moreno liberou um “tsc” raivoso. Shaka levava comida à boca encarando Ikki com uma calmaria imutável. O que irritou ainda mais o japonês.

O restante do café foi no mais absoluto silencio até o pessoal da montadora chegar e iniciar uma verdadeira guerra de sonoridades com brocas, martelos e outras ferramentas. A fim de montar tudo o que era moveis naquela casa.

Dois dias depois a decoradora veio para dá os retoques finais dentro da casa.

—ooo0ooo—

Os dias iam passando, mas a promessa de melhoria na convivência dos irmãos se tornava algo cada vez mais distante.

Ikki tinha ficado irredutível. Não fazia mais refeições junto dos irmãos e sempre estava predisposto a fazer alguma maldade com o indiano. Shun preferira a companhia dos livros, globos mundiais e projetos velhos do pai. Passava a maior parte do tempo enfiado na biblioteca, saindo apenas para fazer refeições ou dormir. Milo trabalhava bastante nos próprios projetos, em uma sala no andar debaixo, montada especialmente para ele. Shaka passou os dois últimos dias dentro do quarto.  Estava deslocado e a atitude fria dos irmãos não ajudava.

Mas aqueles irmãos não sabiam, Shaka não precisava da presença, da atenção ou mesmo da afeição deles. Sempre fora sozinho na índia. Na enfermidade ou na saúde só conseguia contar com ele mesmo. Até mesmo na escola, os outros eram quem falavam. Shaka apenas ouvia. Não discordava ou concordava. Não se culpava pelos enganos, afinal não era obrigado a suprir a idealização de ninguém. Também não era elegante destoa o processo psíquico de alguém que engrandecia o objeto de amor (no caso ele) até a perfeição.

Ele poderia conviver com aquilo... Ele era perfeito!

Entretanto, concordava com o pensamento de justiça para consigo mesmo. Precisava achar um jeito de tirar da cabeça do tolo Neandertal que o acusava injustamente de algo sobre um acontecimento no qual ele também fora pego de surpresa. Mas não queria criticar, era seu pai no fim das contas.

O loiro pensava nisso quando escutou o som de um espirro ser abafado, na entrada de seu quarto. Shaka estava meditando. Abriu os olhos e acabou encontrando com os azuis inquisidores, repletos de indagações.

— Perdão. Eu bati, mas como não houve resposta... – Milo iniciou, intimidado pelos olhos repletos de serenidade e algo mais que o escorpiano não soube identificar.

O grego observou todo o ambiente do quarto.

O espaço não estava mais bagunçado com uma quantidade exorbitante de caixas. Tinha cortinas, em um tom de verde muito bonito, nas janelas. Tinha tapetes espalhados, fofos, felpudos e vermelhos. Na colcha da cama tinha o desenho de uma Mandala azul. Quadros de flores de lótus e Mandalas espalhados nas paredes. Um balcão com vários enfeites de elefantes, tigres e um homem gordo com longas orelhas e uma pintinha na testa, as pernas cruzadas e as mãos juntas em uma posição estranha na altura do abdome, imitando a posição de Shaka naquele momento. Ou seria ao contrario?

— Então, você resolveu invadir? – Concluiu Shaka, neutro de demonstrações. Mas profundamente irritado, detestava quando interrompiam sua meditação.

— Não é bem assim. – O loiro mais velho disse vacilante. O cheiro doce e místico que chegava a suas narinas lhe proporcionava outra onda de espirros. – Pode me explicar o que é isso?

Milo apontou para o circulo formado de velas e incensos onde Shaka estava.

— Estou meditando. – Falou sereno. – É um circulo de meditação.

Hum.— Milo fez de conta que estava entendo. – Ok. Só tome cuidado para não por fogo na casa.

Shaka revirou os olhos. Era muito pedir por paciência?

— Só isso? – Perguntou com uma paciência fingida.

Milo não gostou daquele jeito desaforado. Mas achou melhor ficar calado sobre o tema.

— Bom... Você disse que queria visitar a escola. E como estou indo fazer a matricula de vocês... Pensei...

— Vou vestir algo descente! – O loiro mais novo disse, cortando o mais velho sem cerimonias.

Shaka apagou todas as velas e juntou os queimadores com os incensos dentro e colocou tudo em cima do balcão. Só então Milo notou que o mais jovem usava uma espécie de pano vermelho com as extremidades douradas, que deixava boa parte do dorso do indiano a mostra, enrolado no corpo.

— É um sári. – Shaka disse em resposta a pergunta muda de Milo.

— E o que é isso na sua testa? – O grego referiu-se ao ponto vermelho entre as sobrancelhas indianas.

— Isso é um Bindi. O terceiro olhos de Ajna.

— Ah... Legal. – Disse, fazendo força para mostrar interesse. – Vou esperar lá embaixo. Cuidado com os incensos.

Shaka soltou um suspiro frustrado quando o grego saiu. Não esperava compreensão, mas descaso total era horrível.

—ooo0ooo—

A escola ficava no centro de Atenas. Era um prédio de três andares em tom pastel. E uma grande escadaria que tomava toda a parte da frente. O prédio tinha um enorme jardim com uma fonte no centro. Havia varias estatuetas. As salas de aula eram espaçosas e as cadeiras coincidiam em duplas ou trios.

Enquanto Milo fazia a matricula dos adolescentes, Shaka aproveitou para visitar cada parte do prédio. O que Ikki achou um desperdício de energia já que teriam tempo para aquilo depois do inicio das aulas. Shun ficou imparcial, sentou em um das cadeiras da recepção e ficou mexendo no celular.

Depois de meia hora, Shaka já tinha mapeado quase metade da escola.

Naquele dia, o loiro descobriu onde seria seu cantinho favorito: A biblioteca. Shaka ficou maravilhado com a quantidade de prateleiras receadas de livros. Ficou tão embasbacado que deu um enorme pulo para trás quando alguém pulou na sua frente.

— Ora, é você de novo. – Disse ao reconhecer a figura da menina bonita que morava na casa ao lado da sua.

Ela realmente era uma garota muito bonita. Daquela vez estava vestida com uma blusa rosa de botão e calça branca. Um laço cinza e um par de botas com saltos. O que fazia a ficar maior ainda. Era uma vestimenta bem cafona, mas que ficou bem legal nela.

— Olá Shaka? – Afrodite tinha um belíssimo sorriso nos lábios naturalmente rosados

— Er... Olá Afrodite. – O loiro respondeu. Ainda não sabia como agir com uma garota tão bonita.

Afrodite tinha praticamente invadido seu espaço, sem permissão, mas não conseguiu ficar zangado com isso.

— Você vai estudar aqui? – Ela quis saber.

— Sim. Junto com meus irmãos.

Irmãos... Era estranho pensar assim. Que agora ele teria irmãos que o acompanhariam até a escola e no retorno para casa.

Ho. Isso vai ser muito divertido. – Ela disse, rodopiando no mesmo lugar. – Eu também vou estudar aqui. Estudo aqui, na verdade. Meu irmão veio renovar minha matricula. Vai ser muito legal ter você aqui. Vou te apresentar a todos os meus amigos. Você vai gostar deles. Talvez você goste mais do Mu. O Aiolia é um idiota, mas é um bom amigo também e tem também...

Afrodite falava em uma animação grandiosa quando Milo, Ikki e Shun se aproximaram. Juntamente de outro homem muito bonito. Avaliou Shaka. O homem era alguns centímetros mais baixo do que Milo, porém aparentava ter a mesma idade.

— Então era aqui que estava? Afrodite. – Perguntou o homem bonito.

— Albafica. – Afrodite sorriu. Voltou-se para o novo amigo e o apresentou o irmão. – Shaka, este é meu irmão mais velho, Albafica. – Depois se voltou para o irmão. – Al esse é o nosso novo vizinho. Aquele que te falei.

Albafica acenou com a cabeça em concordância. O outro pisciano lembrava muito bem de como o irmão tinha sido pertinente ao falar do novo vizinho. A expressão altiva e seria. Os olhos tão profundos quanto o oceano. Cabelos loiros e tão compridos quanto os seus próprios. Shaka realmente era uma visão. A única coisa que o fazia diferente era o manto vermelho por cima da blusa negra de manga longa.

Os olhos do adolescente não precisaram ser tão críticos. Ambos os irmãos tinham um característica semelhante: A beleza física. O tal Albafica chegava a ser tão bonito quanto a irmã. Tinha lindos cabelos com um belíssimo tom de loiros claros, quase brancos, que passavam um pouco da cintura. Uma franja cobrindo parte da face e dos olhos grandes que possuía. Azuis... Da mesma tonalidade da íris de Afrodite, mas mais metalizados. Frios. Olhos severos e delicados. Como podia?

Albafica também tinha a pele clara, um charmoso sinal no lado esquerdo do rosto, perto do olho, nariz afilado e boca pequena, isso tudo resumido em um rosto divinamente lindo. Tanto que se o homem não tivesse vestindo terno e gravata. Seria facilmente confundido com uma mulher.

— Lindo, não é? – Sussurrou Afrodite, piscando de lado. Shaka corou com a observação. É claro que o outro era bonito, mas... – Não o deixe saber disso. Ele não gosta quando notam sua beleza.

Albafica virou-se para Milo. — Tem certeza de que está tudo bem para você?

— Claro. Pode deixar comigo. – Milo afirmou com um sorriso que Shaka caracterizou como perigoso.

— Afrodite, Milo vai te ajudar com a compra dos livros. – Disse o mais velho dos piscianos.

— Ok. – Vibrou a garota.

— Te vejo mais tarde.

Afrodite se despediu do irmão. Passaria à tarde com Shaka e os irmãos deste.

—ooo0ooo—

O acervo aquárius tinha toda variedade de livros e utensílios escolares. Foi o primeiro lugar que Milo levou os irmãos.

Fazer compras escolares nunca tinha sido o forte de Milo. Em sua época de escola tudo o que ele precisava de era de um caderno, caneta e lápis. Porque no final das contas, ele somente avançaria de serie escolar se tivesse boas notas nas provas. Mas os jovens de hoje em dia faziam uma lista que não tinha fim. Em muita das vezes nem chegava a usar tudo o que compravam.

Ikki era igual à Milo no quesito simplicidade, Shun comprava por ele e pelo irmão, enquanto Shaka se desdobrava para escolher o que realmente precisava. O indiano estava com problemas, pois todos os livros estavam em grego. Ainda bem que Afrodite estava junto, ou não saberia o que realmente comprar.

Enquanto isso, Milo andava entre as prateleiras, procurando por algo que atraísse sua atenção. Um dicionário... Shaka precisaria de um. Milo pegou o dicionário para o indiano. Achou algumas enciclopédias; Aquilo também ajudaria Shaka.

 — Posso ajudar? – Milo ouviu a suas costas.

Um rapaz, trajando o uniforme do acervo, veio lhe “atender”.

O loiro sorriu e mostrou o dicionário para o rapaz.

— Achei o que procurava.

— Certo. Se precisar de algo mais, me chame. – Disse o rapaz.

Milo acenou positivo e o loiro foi atrás de atender outro cliente. O escorpiano procurou por mais alguma coisa, mas não encontrou nada além do livro O Assassinato de Roger Ackroyd (Agatha Christie). Milo tinha lido aquele livro na época da faculdade, juntamente com O silêncio da chuva (Luiz Alfredo Garcia-Roza). O grego não gostava muito de ler, mas resolveu levar aquele livro por relembrar um pouco seu passado e de alguns acontecimentos que nunca deixou ficar esquecidos.

Uma pena serem coisas tão dolorosas! Pensou.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nane: E então, como estamos nos saindo.

Alluka: Gente, amei ver o Milo com medo do Shaka por fogo na casa. Rsrs.

**Bindi é um apetrecho utilizado no centro da testa, próximo às sobrancelhas, na Ásia Meridional. Pode ser uma pequena quantidade de tinta aplicada no local ou uma joia.

Beijinhos a todos!



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