Filha da Tormenta. escrita por Khaleesi


Capítulo 3
O Rei do Norte.




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Ser um homem honrado foi um dos maiores ensinamentos que pôde ter recebido do senhor seu pai, o falecido Eddard Stark. E como um bom filho, sempre tentou levar esse ensinamento ao máximo dentro de si, e perpetuá-lo a cada atitude. Atitudes que ele acreditava que deveriam ser as certas.

Foi em honra que ele pensou enquanto sentia cada lâmina entrando e saindo de seu corpo. Foi o que pensou quando sentiu a neve fria quando seu corpo atingiu o chão e seu sangue foi se esvaindo de seu corpo. Foi o que pensou quando seus olhos se fecharam. 

E quando se abriram, já não era mais só em honra que ele pensava. Mas sim, na frase que outrora escutou e que ficou marcada nos seus pensamentos: "Mate o garoto, Jon Snow, e deixe o homem nascer", podia escutar perfeitamente Meistre Aemon lhe dizer essas palavras, tão claramente naquele dia quanto no dia em que escutou-as pela primeira vez. 

Foi nisso que pensou quando acordou, e sentenciou os homens que o traíram à morte. E o que pensou quando entregou o cargo de Lord Comandante da Patrulha da noite a um dos seus poucos amigos fiéis. Ele não pertencia mais aquilo, sua vigília havia terminado. 

E quando estava prestes a sair dali, e a viu, um sentimento novo o preencheu. A saudade bateu forte em seu peito, e ele correu para abraçá-la. Ela chorou em seus braços enquanto o abraçava apertado e depois de oferecer a ela algo quente para beber e comer, ela contou tudo a ele.

Sobre o Norte, Winterfell, o Sul, Theon. O Bastardo Bolton, seu marido. Seu cruel marido. E então começaram a planejar sobre tudo, como atacar, quando, quantos homens ele tinha e quantos homens o outro homem tinha. Não era muito o que possuíam, mas tinha que servir. 

Mas Sansa agora estava estranha, vivia calada, ou quando falava só dizia que era isso que ele queria, que íamos perder, que tínhamos poucos homens. Que eu não o conhecia, mas já que ela o conhecia tão bem, porquê não dizia o que deveríamos fazer então? Porquê se colocava apenas a resmungar que íamos perder e não me dava uma solução. Aqueles homens eram poucos, sim, mas era o que tínhamos ali e agora. E que íamos atacar desse mesmo jeito.

Às poucas casas que ainda eram fiéis ao seu finado pai se dispuseram a lutar com eles para recuperar sua casa e vingar aquele homem perverso e tudo o que tinha feito com sua irmã. 

E assim, foram à luta. E fora tudo tão rápido, Rickon estava morto. Muitos homens estavam mortos. Não conseguia se equilibrar direito pois o chão estava repleto de corpos, de amigos e inimigos. E mais inimigos se aproximavam, e ele lutava tão desesperadamente que nem sentia seus braços mais. Até que ele caiu.

E sentiu os pés o pisoteando, o ar lhe faltando. O desespero batendo. E de repente estava de volta lá em cima, mas estavam cercados. Conseguia ver Sor Davos, Tormund, e outros selvagens e alguns Mormonts. Mas eram muitos. Estavam completamente sem saída, de um lado soldados Bolton com lanças, do outro, uma montanha de corpos e Karstarks enfurecidos. 

Até que uma trombeta soou e pôde-se ver os cavaleiros do Vale chegando e ele voltou a luta ao perceber que era do seu lado que eles lutavam. 

E quando finalmente conseguiu invadir Winterfell e lutar com o maldito Ramsey Bolton, quase o matou com as próprias mãos. E teria o feito, mas o deixaria para sua meia-irmã.

Foi com isso que sonhou aquela noite, com todos esses acontecimentos recentes em sua vida. Tudo aquilo parecia irreal. Ainda não acreditava que estava de volta em casa, mas agora aquele lugar já não parecia mais tão lar assim. E havia outras coisas para se preocupar agora. Um inimigo ainda mais poderoso que Ramsey Bolton. Parecia que nunca teria sossego tão cedo.

*** 

Quando toda Wintefell havia sido limpa, os estandartes Starks colocados de volta ao redor do castelo, os feridos tratados e os mortos queimados, foram convocados todos aqueles que lutaram bravamente ao seu lado e as outras casas que recusaram seu chamado. Ele não podia simplesmente deixar por aquilo, devia a eles um agradecimento formal tal qual seu pai faria, e deveria alertá-los também para uma outra ameaça. Uma ameaça maior e mais forte. 

— Povo Livre, Nortenhos, Cavaleiros do Vale... Meu pai sempre me disse que encontramos nossos amigos verdadeiros e os homens leais a nós em uma batalha. Vocês podem não ser amigos uns dos outros, mas com certeza são meus amigos e fieis a mim e a minha família, e eu os agradeço imensamente por lutarem conosco bravamente, e nos ajudar a recuperar o que é nosso. — Jon Snow começaram a falar quando foi interrompido.

— Lord Bolton foi derrotado, e o inverno está chegando. Se tudo o que nos foi dito sobre ele for verdade, será o mais frio e longo inverno que já tivemos em um ano. Vamos esperar as tempestades em nossas casa, junto com nossas famílias.

— A guerra não acabou. — E todos o olharam intrigados. — Eu juro a você, meu amigo, o verdadeiro inimigo não espera a tempestade. Ele traz a tempestade. 

E foi o que bastou para os sussurros começarem, sussurros de homens que dificilmente iriam acreditar em sua palavra. A palavra de um bastardo. Ainda mais a palavra de um bastardo sobre algo tão absurdo quanto mortos vivos e reis da noite. Ele se sentou. De repente sentiu todo o cansaço da batalha percorrer pelo seu corpo e fazendo ele pesar.

— Lorde Manderly, seu filho foi morto no casamento vermelho, estou certa?— Perguntou a jovem Mormont, uma garotinha feroz e ousada, com o mesmo nome de sua falecida tia, uma homenagem. Lyanna.— E você recusou ao chamado para lutar ao lado dos Starks contra o filho do homem que traiu Robb Stark e o assassinou junto com sua esposa grávida, sua mãe e soldados que incluíam homens seus. Lord Glover, você é aliado da casa Stark e mesmo assim recusou ao chamado em um momento de necessidade. E você, Lorde Cerwyn, me corrija se eu estiver errada, mas seu pai foi esfolado vivo por Ramsay Bolton e ainda assim, recusou o chamado. Mas nós, da casa Mormont, nos lembramos. O Norte se lembra! 

Ele sorriu encantado com tamanha ousadia, lembrou-se de Ygritte e de toda sua valentia. 

— O Norte se lembra! E nele não há outro rei que não o Rei do Norte, cujo nome é Stark. E pouco me importa se ele é um bastardo. O sangue de Ned Stark corre em suas veias. Ele é o meu rei, e eu e minha casa serviremos a ele. Desde dia em diante, até o nosso último dia!— Bradou a feroz garota.

O salão todo ficou em silêncio, e Jon estava estático. Não acreditava no que ouvira, ou no que estava acontecendo e por um momento sentiu sua cabeça gira. 

— Você está certa, minha pequena Lady — disse lorde Manderly calmamente, com a voz carregada de culpa.— Tive não só homens que morreram lutando pelo Jovem Lobo, Robb Stark. Como tive um filho, morto cruel e covardemente por uma traição vinda de um Bolton. E Jon Snow o vingou, vingou a atrocidade que aconteceu naquela noite. Ele é o Lobo Brando. O Rei do Norte, e eu juro lealdade a ele. Desde dia em diante, até o último dia de minha vida!

E o homem se ajoelhou, e todos os outros seguiram seus passos, enquanto gritavam: O Rei do Norte!

E de novo, Jon se encontrava com um título que nunca almejou em sua vida. Um título grande demais para um bastardo carregar. Mas que o carregaria, pois precisava mantê-los por perto, pois ainda havia uma única batalha em particular que se aproximava cada vez mais.


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