Arquivos da Frota Estelar 6 - Jean-Luc Picard escrita por Valdir Júnior


Capítulo 4
Confronto




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— Jean-Luc, não podemos nos envolver diretamente nesta questão— disse o almirante Andrews – o assunto deve ser tratado com muito cuidado, sob o risco de colocar por terra um tratado de paz que levou quase dez anos para ser negociado e assinado.

O almirante estava conversando com Picard do seu gabinete no Quartel General da Frota Estelar, através de um canal protegido.

— Por outro lado, não podemos simplesmente entregar Benten Falor para os cardassianos – retrucou o capitão – ele seria morto assim que pusesse os pés na nave deles.

— Capitão, esta é uma situação muito delicada— ponderou o comandante da Frota – Cardassia nega veementemente a existência de prisioneiros bajorianos em seu território.

Jean-Luc não pôde conter um sorriso irônico.

— E agora nós acreditamos cegamente no que diz o governo cardassiano – disse ele – isso é novidade para mim.

— Este não é o ponto— ponderou Andrews – nós recebemos uma reclamação formal deles e o tratado nos impõe neutralidade neste assunto, porque afinal Bajor ainda está negociando sua admissão como membro da Federação Unida dos Planetas.

— E quanto à questão de cardassia haver invadido o nosso território sem qualquer aviso, com uma nave de guerra armada? – perguntou Picard – eles não parecem estar tão preocupados em cumprir o tratado quanto nós estamos.

O almirante Andrews olhou para o capitão Picard com um ar quase divertido.

— Jean-Luc— disse ele – conhecendo você, tenho certeza de que vai saber lidar com este tal gul Markat de maneira satisfatória. Boa sorte.

Picard olhou surpreso para o almirante por alguns momentos.

— Obrigado pela confiança, almirante. - disse ele por fim, sério.

Ainda sorrindo, o almirante fechou o canal de comunicação.

O capitão Picard colocou os cotovelos sobre a sua mesa e apoiou o queixo nas mãos, pensativo. E se lembrou de tudo que havia lido e estudado sobre a história da Terra, quando nações maiores ou mais bem armadas invadiam seus vizinhos, menores e mais vulneráveis, oprimindo-os e explorando-os, simplesmente para atender seus interesses ou apenas para mostrar força e conquistar territórios, muitas vezes sob a complacência ou indiferença dos outros governos. Ele não podia deixar que algo parecido com isso acontecesse novamente, sem que ele fizesse nada para tentar impedir.

“Além disso, eu sempre detestei valentões!”, pensou.   

Tocando seu broche-comunicador, Jean-Luc Picard contatou seu primeiro-oficial.

— Will, por favor venha até meu gabinete – disse – e traga o sr. Falor com você.

  *   *   *

 O capitão da Enterprise já estava sentado na cadeira de comando quando o comandante Data comunicou:

— Capitão, estamos sendo chamados pela nave cardassiana.

— Abra o canal – disse Picard.

O rosto surpreso e irritado do gul Markat surgiu na tela da ponte.

— Picard! Nós detectamos a nave bajoriana deixando a Enterprise em direção a Bajor— vociferou ele – isto é alguma brincadeira?

O capitão olhou calmamente para o oficial cardassiano.

— De maneira nenhuma – respondeu ele – apenas cumpri o que havia prometido a Benten Falor. Como sua nave já estava operacional, ele nos deixou e seguiu viajem.

— Pensei que havia deixado clara a minha exigência de que ele nos fosse entregue— disse Markat – nós não vamos tolerar esta afronta docilmente...

O capitão Picard levantou-se e caminhou, até ficar bem próximo da tela da ponte.

— Sua exigência? – disse ele irritado, interrompendo o cardassiano – Markat, eu tive muita paciência até agora, mas devo lembrá-lo de você não tem qualquer autoridade aqui, dentro do território da Federação e principalmente a bordo de uma nave armada.

— Mas quanto ao tratado...— quis continuar o oficial cardassiano.

— Nosso tratado contempla um compromisso de não agressão e cooperação mútua – respondeu Picard – em momento nenhum autoriza invasões as nossas fronteiras. E ao contrário de você, eu tenho autoridade nesta questão. Como questiono os motivos para vocês estarem aqui, estou ordenando que voltem imediatamente para seu setor do espaço. Se Cardassia tiver alguma reclamação, que a encaminhe através dos canais diplomáticos competentes.

— Esta é a sua resposta, Picard?— rosnou o cardassiano – e seu não quiser seguir esta ordem?

Surpreendentemente o capitão da Enterprise esboçou um meio sorriso irônico. Ele já esperava esta reação do cardassiano.

— Nesse caso, Makbar, você estará se colocando em uma situação bem difícil – disse Jean-Luc Picard após alguns segundos.

— Capitão, eles ergueram os escudos e carregaram as armas – disse Worf do posto tático.

— Você tem tanta certeza que pode me vencer em batalha, humano? – perguntou Makbar com dureza.

Sem se virar, o capitão da Enterprise ordenou a seu oficial klingon:

— Sr. Worf, alerta vermelho. Programar postos de batalha, levantar escudos e carregar todos os bancos phaser e torpedos fotônicos.

O oficial tático inseriu rapidamente alguns comandos no painel da sua estação.

— Armas preparadas e travadas, capitão – disse ele, quase com prazer – é só dar a ordem.

Momentos depois o alerta de batalha começou a sou na ponte da Enterprise.

Ainda de costas, Picard levantou o dedo indicador da mão direita e em seguida apontou para a nave cardassiana.

— Então vamos dar a eles uma pequena amostra do que eles estão enfrentando, Worf – disse o capitão.

— Sim, capitão – disse o klingon, sorrindo de maneira feroz.

Imediatamente a Enterprise lançou dois torpedos fotônicos, que explodiram bem próximos a proa da nave cardassiana, sacudindo-a com força. Na tela os oficiais da Frota puderam ver vários conduítes explodindo e entrando em curto na ponte do cruzador. Luzes de emergência começaram a piscar.

— Então Makbar, você realmente quer testar do que nós somos capazes? – perguntou Picard sério - lembre-se, porém, de que desta vez você não estará enfrentando um pequeno caça bajoriano.

Um brilho de ódio passou pelos olhos do gul cardassiano. Depois de olhar furioso para Picard por alguns segundos, ele olhou para lado e ordenou a um dos seus oficiais:

— Desabilitar armas e manter escudos de prontidão— ele olhou novamente para Picard – você vai se arrepender de ter feito isso, humano.

— Duvido muito. – disse Picard, irônico - Espero apenas não ter mais o desprazer de encontrá-lo novamente.

Com um grunhido raivoso, o cardassiano fechou o canal.

O grande cruzador de batalha se movimentou, dando meia volta e segundos depois, entrava em dobra.

— Eles estão a caminho de Cardassia, capitão – informou Worf, parecendo decepcionado.

O capitão Picard sentou-se novamente na cadeira de comando.

— Cancelar postos de batalha – ordenou – manter escudos. Data, comunique-se com o capitão Sisco (1), da Deep Space Nine, informando a ele os detalhes deste nosso encontro e solicitando que ele envie a Defient para escoltar o Sr. Falor em segurança até Bajor, para o caso dos cardassianos quererem aprontar alguma gracinha.

— Sim, capitão – respondeu o androide.

Picard olhou para seu imediato, que estava sentado ao seu lado na cadeira auxiliar de comando.

— Esta foi por pouco, Número Um – disse ele sorrindo.

— Sem dúvida, capitão. - disse Riker - Será que Cardassia vai aceitar bem o que aconteceu aqui?

— Não sei, Will. E não vou me preocupar com isto antes da hora – disse o capitão - por enquanto, nós temos uma missão a concluir. Sr. Crusher? – perguntou ao jovem piloto.

— Novo curso traçado e pronto, capitão – respondeu ele.

— Então, acionar! – ordenou o capitão.

E quando as naceles da poderosa nave brilharam mais uma vez, a U.S.S. Enterprise partiu numa explosão de luz.    

 

— FIM -

 

Referência do Capítulo:

(1) O capitão Benjamin Sisco, é o Oficial Comandante da Estação Deep Spece Nine localizada na entrada da fenda espacial bajoriana e que é administrada em conjunto pela Federação e pelo Governo Provisório de Bajor. Ele comanda também a nave de batalha U.S.S. Defiant NCC-75633.

 


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