Eu via a vida se esvaindo de seus olhos, belos olhos castanhos, minhas mãos se afrouxaram em torno de seu pescoço tão perfeitamente delineado, nunca me senti tão bem. Ficaremos juntos, meu amor, ficaremos juntos no Inferno.

[…]

Ali estava ela, sentada conversando com uma amiga de quem nunca me lembro o nome, e pouco importa. Gaby estava ali.

Fui andando lentamente até ela, que sequer se virou para olhar em meu rosto. Ah, minha querida, você não sabe o quanto me encanta. Eu jamais seria digno de tal inocência.

Ignorado novamente, levando comigo uma resposta indiferente como consolo. Eu a amava, e a odiava também. Como eu amava odiá-la.

[…]

Olhava as fotos dela em meu celular, fotos que achei na internet e fotos exclusivas minhas – só minhas – as quais tirei escondido.

Estudava detalhes de seu rosto, milímetro por milímetro, podia fechar os olhos e ver com perfeição seu rosto sempre sorridente.

[…]

Como valeu a pena ter ido à viagem escolar. Agora aqui estou eu, dentro de seu quarto a observando dormir, não há nada mais fascinante nesse mundo.

Gaby se mexeu, será que ela sente minha presença?

[…]

As aulas de sexta-feira finalmente terminaram. Desta vez, demorei mais para sair da sala, esperando a oportunidade de abordá-la. Fiz. A amiga foi na frente, deixando a mim e Gaby sozinhos na sala. Era agora.

— Gaby...

Me aproximava, meu corpo parecia entrar em dormência apenas pela proximidade.

— Você não está parecendo... você. O que tem de errado?

— É culpa sua. É tudo culpa sua. – ela me olhava com medo, como fica linda com essa expressão. Tão vulnerável. – Mas eu te perdoo. Só quero uma coisa.

Me aproximei e sussurrei em seu ouvido: “Eu quero você”.

Ela tentou me empurrar, mas fui mais rápido, envolvi seu pescoço com ambas as mãos e a estrangulei. Gaby me rejeitaria, e eu não viveria em um mundo sem ela, então ficaremos juntos no Inferno, meu amor.