The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 19
Epílogo – Elena’s POV.


Notas iniciais do capítulo

Estão aí os capítulos finais de The Death of Me. Na verdade, é um epílogo dividido em duas partes, porque eu achei interessante concluir a história com a visão de cada um dos personagens principais. A primeira parte é contada pela Elena e a segunda por Damon. Sugiro que eles sejam lidos em sequência, sem pausas. Boa leitura!



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Epílogo – Elena’s POV.

Transformação.

Ato ou efeito de transformar ou de se transformar. Mudança de uma forma ou figura em outra; metamorfose. Modificação de sentimentos ou atitudes. Alteração.

Minha língua tocava uma coisa estranha dentro de minha boca, enquanto os braços de Damon envolviam meu corpo de forma protetora. Uma coisa que não deveria estar ali. Massageei a ponta afiada do meu canino, que me causou certa ardência na língua. Modificação.

Ergui os olhos dos lençóis escuros e olhei para a janela. Não pude ver nada lá de fora, pois a cortina estava fechada, mas conseguia enxergar, com uma precisão extraordinária, cada pequeno detalhe do tecido escuro. Fechei os olhos. Mudança.

Deixei minha audição aguçar-se. Como se fosse preciso. De uma forma desconcertante, podia ouvir os sons da noite como se não houvesse paredes ao meu redor. Um grilo ao longe, algum roedor mexendo nas folhas secas, um pássaro batendo as asas. Transformação.

Eu sabia pela respiração de Damon que ele estava acordado, apesar de ele estar com os olhos fechados. Ele compreendia, e eu ficava agradecida. Minha mente trabalhava rápida demais, confusa demais para que eu conseguisse manter uma conversa. Os braços dele impediam que eu me desmanchasse em pedaços, e isso já era o suficiente para mim.

Uma vampira.

Eu estava ali, na casa dele, na cama dele, porque não podia voltar para a minha. Não podia entrar na minha própria casa. Foi essa informação que me deixou atordoada e me fez perceber como as coisas iriam mudar daquela noite em diante. Aquele era só o meu problema mais fácil de ser resolvido; logo Jenna ou Jeremy me convidariam a entrar.

A cortina estava cuidadosamente fechada, já que a noite lentamente se transformava em dia. Eu não podia ficar exposta ao sol, não até conseguir um anel como o dos Salvatore.

Meu peito tinha uma pequena marca circular que logo iria sumir, devido à minha nova e incrível capacidade de me curar. A verbena presente dentro do meu colar, que me impedia de ser hipnotizada, fizera uma pequena queimadura na minha pele. Agora ele jazia no criado-mudo, como uma lembrança dos meus dias de humana.

Meus dias de humana.

Tornei a fechar os olhos, suspirando com força. Muitas coisas haviam acontecido nas últimas 24 horas.

Damon brigara comigo por ciúmes, me atacara, me dera seu sangue, se declarara para mim. Nicholas me seqüestrara e me matara. Eu me lembrava de ter sentido muita dor, mas então eu acordara como se tivesse tirado apenas um breve cochilo. Ele jazia no chão, sem sua cabeça, e meu pescoço ardia.

Stefan entendera tudo rapidamente e deixara a clareira, Damon me levara para caçar, eu quase matara um homem. E então eu completara minha transformação.

Stefan. Aquela lembrança me causou uma dor no fundo do peito que se espalhou lentamente pelo meu corpo, até alcançar os dedos dos pés. Ele deveria ter descoberto de outra forma. Eu queria tanto me explicar. Nunca foi culpa dele, tampouco de Damon. Foi tudo minha culpa. Minhas escolhas.

Fiz força para abandonar aqueles pensamentos. O calor dos braços de Damon me causou uma espécie de sentimento anestesiante, que afastou aquelas coisas ruins. Levantei os olhos brevemente e vi que suas feridas estavam quase curadas. O peito nu, que antes mostrava alguns hematomas, agora estava liso e bonito como sempre. Com exceção de alguns detalhes mínimos, antes invisíveis aos meus olhos humanos.

Meus olhos humanos.

Eu não iria à aula na manhã seguinte. Não fazia sequer ideia de quando poderia voltar à escola. Certamente não seria fácil ficar num ambiente com tanto sangue pulsando. Estava receosa de ficar perto de qualquer pessoa, principalmente de Jenna e Jeremy. A culpa que eu estava sentindo por ter ferido aquele homem já era enorme... Eu nunca me perdoaria se machucasse qualquer um deles.

Transformação.

Eu não estava preparada para tudo isso.

Quando o dia estava prestes a tomar o lugar da madrugada, eu finalmente adormeci, exausta tanto fisicamente quanto mentalmente. Não era de se esperar, já que minha mente estava trabalhando freneticamente, mas eu tive um sono tranquilo.

Durante os primeiros segundos após despertar, foi como se tudo tivesse sido um pesadelo confuso do qual eu finalmente acordara. Quem dera.

Abri os olhos, mas não precisava ter feito isso para saber que Damon não estava ali. Poderia afirmar isso apenas pelo olfato. Desde a noite anterior, eu percebera que ele tinha um cheiro característico que podia fazer com que eu o reconhecesse de longe. Não conseguia relacionar aquele cheiro a nada que eu já tivesse sentido. Era único.

Levantei-me da cama com uma graciosidade que eu nunca tivera. Ainda usava o mesmo pijama de quando Nicholas aparecera no meu quarto. Mesmo a fraca claridade que vinha por de trás das cortinas escuras incomodava meus olhos. Por isso que a casa dos Salvatore era sempre tão sombria.

Enquanto saía do quarto podia ouvir Damon lá embaixo, barulhos vindos da rua e a voz de... Bonnie? Congelei por um instante, com medo de ficar perto dela. Prestei atenção na conversa, tentando manter a calma.

- Deixe seus julgamentos de lado por um tempo, bruxa. Elena é sua melhor amiga. – Damon dizia com veemência e com um pouco de irritação.

- Elena... Vampira? – ela perguntou rouca, ligeiramente gaguejante. Damon bufou claramente impaciente.

- Sim, você ouviu muito bem. Se não fosse assim, ela estaria morta agora. É isso que você prefere? – Bonnie hesitou, mas com certeza não era devido ao tom firme de Damon.

Eu desci o resto dos degraus bem devagar, atravessando a sala silenciosamente e permanecendo nas sombras, meus olhos ardendo com a claridade que vinha da porta aberta. Eu sabia que Damon ouvira minha aproximação. Ele deu um passo para o lado e deixou Bonnie visível. A dela boca abriu-se ligeiramente ao me ver, numa mistura de sentimentos.

Alguns segundos tensos se passaram, enquanto ela me encarava fixamente. Eu tenho certeza de que ela tinha uma luta interna naquele momento: nossa amizade contra todas suas convicções sobre vampiros. E então meus olhos encheram-se de lágrimas quando ela atravessou a entrada da casa e se jogou nos meus braços. Eu sabia que não era fácil para ela também.

Meu rosto foi pressionado contra os cabelos dela, e então eu fiquei em estado de alerta. Eu senti minhas presas aparentes, minhas veias sob os olhos escurecendo-se. Encarei Damon por cima do ombro de Bonnie, e ele fez menção de se aproximar de nós. Cobri minha boca com as mãos e me afastei lentamente dela, que respirou fundo, mantendo a calma enquanto encarava a nova Elena.

Contei até 10, e quando terminei percebi que tudo voltara ao normal. Olhei para Damon pelo canto dos olhos, e notei que ele tinha um sorriso orgulhoso. Esbocei um também, voltando a encarar Bonnie.

- Então... Você vai nos ajudar? - ele perguntou interrompendo o momento, parecendo bem sério.

Olhei para ele sem entender o que ele queria. Bonnie, porém, virou-se e confirmou com convicção.

- Elena é minha melhor amiga. Não importa o que ela seja.

- Boa escolha, bruxinha. – ele disse com um de seus sorrisos típicos, e Bonnie revirou os olhos.

Damon ergueu a mão e deixou cair de dentro dela o meu colar, pendurado no seu dedo indicador. Eu olhei confusa para ele, que continuou sorrindo de canto.

- Você quer poder andar no sol, não quer?

Não tenho dúvidas de que meu rosto iluminou-se naquele momento.

Bonnie pegou o colar e colocou-o na mesa de jantar enquanto Damon fechava a porta. Eu agradeci internamente enquanto me sentava numa cadeira. Ele parou logo atrás de mim e apoiou a mão em um dos meus ombros.

Ela tirou o grimório pesado de dentro da bolsa e depois passou os dedos pelas páginas rapidamente. Não demorou a achar o que procurava, e então ergueu a mão sobre o colar, fechando os olhos. Fiquei observando enquanto Bonnie sussurrava algumas palavras que não faziam o mínimo sentido para mim. Depois de alguns segundos ela tornou a abrir os olhos e me entregou o colar.

- Só isso? – perguntou Damon com a sobrancelha erguida, um tanto desconfiado. Bonnie revirou os olhos para ele, que não prestou atenção. Ele tirou o colar da minha mão enquanto largava o seu pesado anel na mesa. – Eu vou testar primeiro.

Eu segurei o pulso dele, impedindo-o de se afastar. Era estranho ser quase tão forte quanto ele agora. Damon abriu a boca para falar e eu o olhei teimosa. Por fim ele balançou a cabeça e colocou o colar agora livre de verbena ao redor do meu pescoço, afastando meus cabelos para conseguir fechá-lo. Por cima do ombro dele, eu pude ver a expressão de Bonnie. Ela não conhecia aquele lado do mais velho dos Salvatore.

Ela me olhou e mexeu os lábios, sem pronunciar a palavra. “Stefan?

Eu apenas fechei os olhos, ignorando a pergunta. Só não pude ignorar o meu estômago que se remexeu de forma incômoda.

Levantei lentamente e fui até a janela, abrindo a cortina com força. O sol que brilhava lá fora aqueceu todo o meu rosto, avermelhando minhas pálpebras fechadas. Respirei fundo por algum tempo e então me virei novamente para Bonnie.

- Obrigada... – ela sorriu um pouco e fez um gesto com a cabeça, indicando para deixar para lá.

- É você. – ela disse simplesmente, antes de recolher o grimório e ir até a porta. – Qualquer coisa que precisar, Elena, você já sabe. – eu confirmei com a cabeça e ela então saiu da casa dos Salvatore, não sem antes fazer um sinal com as mãos, indicando que eu ligasse para ela.

Damon levou-me até minha casa, entrando primeiro e controlando a mente de Jenna para que ela me convidasse a entrar. Também para que não me desse um sermão por ter desaparecido e para que ligasse para a Xerife Forbes e avisasse que eu já estava segura em casa. Foi bem legal da parte dele, pois eu não estava a fim de resolver aquilo sozinha.

Ele me deixou com a promessa de que voltaria mais tarde e então eu subi as escadas até meu quarto. Tirei o meu pijama depois de todo aquele tempo e fui para baixo da água fria do chuveiro. Já podia andar no sol e entrar na minha própria casa. Era algum avanço.

Me distraí observando o teto do banheiro e só então percebendo como ele estava velho. Não demorei no banho, mas fiquei um bom tempo parada em frente ao espelho. Podia notar detalhes em meu rosto que eu nunca percebera antes. Concentrei-me apenas um pouco e então fiz com que minhas presas aparecessem e minhas veias escurecessem. Era a primeira vez que eu via meu reflexo assim, como vampira. Foi um tanto chocante.

Tentei manter em mente que pelo menos estava viva, ou quase isso, e fui me vestir. Damon manteve sua palavra, e apareceu mais tarde na minha janela. Depois de me beijar brevemente, ele sussurrou contra meus lábios.

- Presumo que esteja com fome... – eu confirmei lentamente com a cabeça.

Mais cedo, sentada à mesa com Jenna e Jeremy, eu tentara respirar o mínimo possível para que conseguisse me controlar. Cada segundo ao lado deles era tenso, e provavelmente seria assim por algum tempo.

- Vai ficar tudo bem... – ele voltou a sussurrar, provavelmente notando alguma coisa no meu rosto. – Desde que você se mantenha bem alimentada, você não vai fazer mal a quem não quer. – aquelas últimas palavras ecoaram na minha mente. Eu não queria fazer mal a ninguém.

Eu olhei-o por algum tempo e então hesitei antes de falar.

- Eu estava pensando em... caçar algum... animal. – eu falei com a voz fraca, cuidando da reação dele. Damon revirou os olhos assim como eu esperava.

- Posso levar você, Elena, mas garanto que você não vai gostar. – ele falou um pouco frio.

- Eu não quero machucar ninguém, Damon... – sussurrei enquanto alisava a bochecha dele com os meus dedos. Ele me olhou um tanto sombrio, sem sorrir.

- Não dá para fugir de quem você é agora.

Eu abri a boca para retrucar, dizer que Stefan conseguia, mas achei melhor me calar. Mesmo assim, tenho certeza de que Damon sabia o que se passava na minha cabeça.

Ele levantou-se da cama e afastou-se na direção da janela. Apontou para ela e fez um sinal com a cabeça, me chamando. Eu o senti distante de mim naquele momento.

Coloquei os tênis rapidamente e hesitei um pouco antes de pular pela janela. Parecia alto demais, mas eu aterrissei com facilidade e leveza. Ele veio logo atrás de mim, e então me conduziu por entre as árvores. Só falou depois de algum tempo.

- Feche os olhos e concentre-se. Você vai poder ouvi-los.

Fiz o que ele disse e realmente pude ouvir. Prestei atenção em algum animal pequeno que se movia rapidamente um pouco à frente, certamente sentindo o perigo. Sentindo a presença dos predadores. E então me movi como se estivesse acostumada a isso, só seguindo os meus instintos. Alcancei o coelho rapidamente, vendo que ele era branco com algumas manchas escuras. Não demorei a agarrá-lo, cravando minhas presas no seu corpo peludo.

O gosto não era nada parecido com o que eu experimentara naquele homem na noite anterior. Era como comer alface sem nenhum tipo de condimento. Não consegui beber até o fim e larguei o coelho no chão.

Sabia que Damon estava por perto, silencioso, e me virei na direção de seu cheiro, vendo a superioridade iluminando sua face. Revirei os olhos para ele, irritada, e então saí andando na direção do som distante de carros, esperando achar alguma estrada. Ele me seguiu de perto, perguntando com o tom de quem acha graça.

- Aonde você vai? – bufei ao ouvi-lo, mas respondi mesmo assim.

- Até sua casa, roubar seu suprimento de sangue.

- Então você vai beber sangue humano. – Damon falou com uma risada que me irritou ainda mais.

- Sim, mas não direto da fonte. Faz toda a diferença. – resmunguei de volta, logo sentindo a mão dele segurando o meu braço e me parando.

- Você está indo para o lado errado. – ele disse ainda rindo. Arranquei meu braço do aperto dele, mas o segui na direção que ele mostrava.

Os dias foram se passando rapidamente enquanto eu me adaptava às minhas novas necessidades. Sempre que tinha fome ia até a casa dos Salvatore, e até voltei a ir ao colégio. Não foi fácil, obviamente, mas eu estava me esforçando. Posso dizer que estava orgulhosa de mim mesma. Não machucara mais ninguém.

Com tanta coisa acontecendo, eu consegui manter minha cabeça ocupada. Mas quando acordei no sexto dia após minha transformação, foi como se eu simplesmente aceitasse a verdade que estava em frente aos meus olhos e que eu estivera tentando negar.

Saí de casa o mais rápido que pude, deixando meu carro para trás. Mal bati na porta e Damon abriu-a para mim. Ele ficou surpreso ao ver a minha expressão. Sem dizer nada, eu me atirei nos braços dele, as lágrimas brotando de meus olhos de forma torrencial.

Stefan não voltaria mais.

O seu irmão mais velho me apertou contra o próprio corpo, fechando a porta e me levando até o quarto dele. Eu não via nada por trás das lágrimas, e meus soluços ecoavam pela casa silenciosa. Essa era a realidade. Stefan fora embora.

Eu o amava. Eu o amava tanto. Nada disso tinha mudado. Eu precisava de Stefan, eu estava tão confusa com todas aquelas mudanças, eu tinha certeza de que ele poderia me ajudar também. Mas Stefan se fora, e Stefan estava chateado comigo. Eu o traíra com seu próprio irmão, que eu também amava. Eu fizera a história se repetir depois de tanto tempo.

E eu chorei. Chorei por longas horas, em que tudo que Damon fez foi me abraçar em silêncio. Não havia mais nada que ele pudesse fazer, de qualquer forma.

O dia já escurecia quando minhas lágrimas pareceram secar. Foi só então que eu levantei a cabeça e encarei Damon. Os olhos dele transmitiam dor, eu só não sabia se era pelo fato de eu estar chorando, ou de estar fazendo isso pelo irmão dele. Eu não deveria estar assim na frente dele, mas Damon era o único que conseguiria me manter inteira.

Logo depois, cansada, adormeci nos braços do mais velho dos Salvatore.

Dizem que o tempo cura tudo, e eu concordo plenamente. O dia após dia, semana após semana, fez com que eu superasse aquela perda dolorida. Isso e o fato de que eu podia desligar meus sentimentos. Foi a coisa mais útil que eu aprendi como vampira.

Depois de meio ano, eu já estava mais do que acostumada à minha nova vida. Aprendera a tirar proveito de tudo aquilo, controlando algumas mentes quando era necessário, por exemplo.

Eu passava a maior parte de meu tempo na casa que agora pertencia apenas a Damon. Quando não estava por lá, ele geralmente estava por perto. Eu sempre soubera que nossos sentimentos são bastante aumentados quando viramos vampiros, mas o que eu sentia por ele multiplicara-se de uma forma inexplicável.

Damon me ajudara naqueles momentos de dificuldade, e agora que tudo passara, nós apenas aproveitávamos os momentos juntos. Ele continuava alimentando-se como sempre, enquanto eu bebia apenas o que ele roubava dos hospitais para mim.

Apesar disso, ele estava totalmente proibido de encostar nas garotas por outros motivos. Ele as levava até sua casa e então eu observava tudo enquanto ele bebia o sangue delas. Não há como explicar como aquilo me deixava louca por ele. Depois de dispensá-las, quando ele me beijava ainda com o gosto de sangue na boca, eu tinha certeza de que pertencia a ele. E eu o desejava tanto. Com a velocidade de ambos, rapidamente nossas roupas estavam espalhadas pela casa. Qualquer canto era apropriado para nós.

Demoramos alguns meses para começarmos a aparecer juntos, e mesmo assim as pessoas comentaram. A nossa desculpa para o sumiço de Stefan era que ele fora estudar na Itália. Claro que os boatos diziam que ele descobrira que eu estava traindo-o e então fora embora. Mesmo que raramente, boatos podem ser verdadeiros. Então eu me tornei a garota dos Salvatore... Apelido sempre pronunciado num tom depreciativo, obviamente.

Eu não me importava nem por um segundo. Eu estava mais feliz do que já estivera em toda a minha vida. Damon não era aceito por Jenna nem por Jeremy, que faziam cara feia quando ele aparecia lá em casa. Eles pareciam acreditar nos boatos, mas eu nem ligava. Bonnie, por sua vez, já tivera alguns exemplos do que existia entre nós dois, e estava feliz por me ver assim também.

Damon me prometera que assim que eu acabasse o colégio não precisaria mais ter de aguentar aqueles olhares em Mystic Falls. Ele me levaria para onde eu quisesse. Eu não sabia o que faria dali em diante... Poderia ir para a faculdade, poderia trabalhar, poderia viajar. Eu não sentia mais sobre meus ombros aquela angústia adolescente sobre o futuro. O meu futuro estendia-se eternamente na minha frente. Eu não tinha motivos para ficar me preocupando com ele. Eu poderia fazer o que quisesse, na hora que bem entendesse.

Eu era agora apenas aquela Elena que Damon despertara em mim tanto tempo atrás. A verdadeira Elena, da qual ele tanto falava. A Elena que era viva demais.

Quando ele entrou no quarto, eu estava me vestindo. Eu trouxera grande parte de minhas roupas para a casa dele, já que praticamente vivia lá. Damon estava segurando um copo cheio de sangue na mão, que obviamente prendeu minha atenção, e me olhou com os olhos cerrados e um sorriso irônico.

- O que você fez com o meu anel?

- Do que você está falando? – eu perguntei com a minha melhor expressão inocente. Ele revirou os olhos, apoiando o copo no criado-mudo e aproximando-se de mim.

- Eu quero meu anel de volta, Elena.

Eu não consegui segurar um sorriso travesso. Antes que ele ficasse a menos de dois metros de mim, eu disparei pela casa, com ele no meu encalço. Claro que me alcançaria logo. Ele ainda era mais forte e mais rápido que eu.

Damon me prensou contra a parede da cozinha ao me alcançar. Quando falou, sua voz era baixa, perigosa.

- Onde está o meu anel?

- Eu não vou devolvê-lo. – eu falei em um tom de desafio, o queixo erguido. Ele abriu um sorriso sarcástico.

- O que você quer com ele?

Um sorriso malicioso espalhou-se lentamente pelos meus lábios. Eu quase poderia tocar a tensão sexual que circulava os nossos corpos grudados.

- Fazer você passar o dia inteiro aqui comigo. – eu murmurei em um tom corrompido, incapaz de desviar meus olhos dos lábios dele a centímetros dos meus.

Um segundo depois eu estava sentada no balcão, e não segurei uma risadinha entre nosso beijo quase desesperado de tanto desejo. Estávamos sem uma mesa na cozinha desde que havíamos quebrado a nossa na semana anterior.

Eu arranquei a camisa dele com um puxão, ouvindo o tecido se rasgando e os botões voando longe. Minhas unhas deslizaram pelo abdômen dele, deixando-lhe arranhões vermelhos. A boca de Damon enchia meu pescoço e peito de chupões enquanto ele se livrava da minha blusa. Logo as marcas curariam, e ele as faria de novo e de novo.

Abri o cinto e o zíper dele em menos de um segundo, abaixando suas calças apenas o necessário. Ajudei-o com os pés a tirar as minhas, soltando alguns gemidos roucos. As mãos dele passeavam firmes pelo meu corpo, deixando um rastro de fogo por onde passavam. Nesses momentos eu era quase humana novamente.

Depois da cozinha nós fomos para a sala, para o quarto, para o banheiro... De fato, ele passou o dia inteiro comigo. Não nos cansávamos nunca.

Só quando já escurecia foi que eu devolvi o anel dele, pois agora não faria mais nenhuma diferença mesmo. Ele saiu de casa e voltou em cinco minutos, trazendo uma garota junto. Eu estava sentada na sala em um silêncio absoluto, os braços cruzados. Mal ele fechou a porta, ela atirou-se nele, segurando-o pela nuca e procurando avidamente a boca dele com a dela. Vadiazinha.

Levantei do sofá e agarrei-a pelo ombro, atirando-a no chão e afastando-a do meu homem. Acho que usei muita força, pois ela caiu desacordada. Olhei para Damon com uma expressão irritada, a mão na cintura.

Ele abriu um de seus típicos sorrisos de canto, já fazendo meu corpo reagir a ele. Era impressionante o poder que ele tinha sobre mim, que só ficara ainda mais forte depois que me tornara uma vampira. De qualquer forma, a culpa não era minha. É só olhar para Damon Salvatore. Como era possível que ele fosse tão gostoso?

- Já falei que você me deixa louco quando está com ciúmes? – ele sussurrou com malícia.

Estávamos agarrados um no outro momentos depois. A comida dele poderia esperar.

Damon era o mesmo de sempre. Convencido, debochado, sexy. Mas também ia se mostrando cada vez mais carinhoso e apaixonado. Ele dava o equilíbrio perfeito entre nossas noites loucas de sexo e nossas noites calmas, em que ficávamos apenas abraçados falando sobre alguma coisa.

Eu já chegara a acreditar que Damon pudesse significar a minha morte. Que ele sugaria a vida para fora de mim. Humana ingênua.

Ele me dera a chance de uma vida totalmente nova. Uma vida entre sangue, sexo, e muito, muito amor. Mas o mais importante: uma vida eterna ao lado dele.

Damon Salvatore fez jus ao seu nome. Ele me salvou.


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