The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 17
How good can a bad boy be?


Notas iniciais do capítulo

Uiuiui, esse capítulo é importante! Sem mais mistérios, aí vai! :)



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How good can a bad boy be?
O quão bom pode ser um garoto mau?

Ela sentiu uma leve ondulação no seu colchão, e então mãos geladas envolveram sua cintura e um corpo foi pressionado contra suas costas. Abrindo os olhos calmamente, ainda envolta pelo sono, ela virou a cabeça. Sorriu ao vê-lo, logo suspirando e voltando a fechar os olhos.

- Seu turno? – ela perguntou com a voz embargada, e ele confirmou com um sussurro.

- Mandei Stefan para casa.

- Fez bem, ele tem que descansar.

- Você também. – ele falou enquanto beijava a nuca dela, causando-lhe um arrepio. Ela confirmou com a cabeça, suspirando novamente.

Não demorou mais de meio minuto para voltar a adormecer, segura nos braços de Damon Salvatore.

Na manhã seguinte, esticou-se e deu um tapa no seu despertador quando ele começou a tocar. Espreguiçou-se enquanto bocejava, e então virou-se para o lado, esfregando os olhos. Sorriu ao perceber que Damon continuava ali.

Ele estava deitado de barriga para cima, e tinha a testa franzida, a cabeça apoiada em uma das mãos abertas e a outra mão caída para fora da cama.

Elena levantou-se e entrou no banheiro, fechando a porta o mais silenciosamente que conseguiu. Ligou a água e entrou debaixo dela, sentindo todo seu corpo arrepiar com a temperatura baixa. Quando estava tirando o shampoo dos cabelos, a porta foi aberta.

- Damon! – ela o repreendeu em voz baixa.

- Bom dia para você também, Elena. – ele disse com um sorrisinho de canto, esfregando os olhos e bocejando um pouco. - E eu adoto a dieta do Stefan se eu conseguir ver alguma coisa que eu já não tenha visto, de qualquer forma. – ele abriu um sorriso malicioso que foi imitado por Elena, que fez força para disfarçar.

Ele apoiou-se na parede oposta e ficou observando-a, ainda com aquele sorriso. Ela sentiu-se ligeiramente envergonhada e olhou para o outro lado.

- Acho que eu vou aí te fazer companhia... – Damon disse depois de um tempo.

- Sem chance, Damon. – ela retrucou enquanto tirava o sabonete do corpo e esticava a mão para desligar a água. – Eu tenho prova de história no primeiro tempo. Não posso me atrasar. – ela enrolou-se na toalha e secou-se brevemente, abrindo o box de vidro e saindo do chuveiro.

- Então me deixe, pelo menos, tomar o café da manhã. - Elena olhou-o com um sorrisinho descrente e balançou a cabeça, sussurrando mais para si mesma do que para ele.

- Cafajeste. – ela prendeu a toalha ao redor do corpo e se aproximou dele, esticando o pulso.

Ele sorriu de canto, segurando–a pela cintura e pressionando-a contra ele. Damon roçou a boca no pulso dela, dando-lhe alguns beijos, seguindo a veia. Então Elena sentiu uma pequena fisgada enquanto ele sugava o seu sangue. Ela sorriu mesmo que ele não pudesse ver. Ela sentia-se bem. Ele poderia alimentar-se em qualquer lugar, com qualquer uma, mas a procurava. Elena sentia-se, de certa forma, necessária.

Claro que aquilo poderia ser interpretado como ser usada por ele. Mas ela simplesmente sabia que não se limitava a isso. Ele não perderia todo aquele tempo cuidando dela, por exemplo, se ela não significasse nada.

Depois que ele lhe deu um pouco de sangue para cicatrizar a ferida, ela foi para o quarto vestir-se para o colégio. Elena abriu o armário, pegando suas roupas e largando a toalha no chão. Ele atirou-se na cama e ficou observando-a.

Ainda com aqueles pensamentos na cabeça, Elena olhou-o pelo canto do olho.

- Stefan nunca lhe perguntou por que você faz turnos com ele para cuidar de mim?

- Perguntou. – Damon respondeu simplesmente, dando de ombros. Ela virou-se para ele com a testa franzida enquanto vestia a calça.

- E...? – ela indagou ao ver que ele não iria dizer mais nada.

- Eu disse que éramos amigos. Não deixa de ser verdade. – ele tornou a dar de ombros e ela sorriu um pouco.

- Nenhuma novidade sobre o tal do vampiro? – ela perguntou depois de algum tempo. Ele negou com a cabeça. – Não houve mais nenhum ataque, também.

- Mas não pense que isso pode significar que ele foi embora, Elena. Ele está aqui por um motivo, e não vai ir enquanto não o concluir. – Damon disse sombrio e ela concordou em silêncio, mordendo o canto do lábio inferior. – Ou até que nós o matemos. – ele completou com um sorriso que chegou a arrepiar Elena, mas não de uma forma boa.

Ela terminou de se vestir e entrou no banheiro para secar os cabelos rapidamente. Depois escovou os dentes e voltou para o quarto para pegar sua mochila. Jogou-a sobre o ombro e foi até a porta.

- Estou indo. Não bagunce meu quarto, por favor. – ela deu uma risadinha e colocou a mão na maçaneta.

Antes que Elena pudesse girá-la, ela sentiu o corpo de Damon praticamente materializar-se na sua frente, pressionando-a contra a porta. Ele olhou-a com uma expressão repreensiva.

- Vai embora sem sequer me dar tchau direito? – ele balançou a cabeça ainda com aquela expressão e então grudou a boca na dela.

Elena tentou convencer-se de que tinha que ir rápido, mas era como se seu corpo não obedecesse a seu cérebro. Sua língua imediatamente foi de encontro à dele, enquanto a mochila escorregava pelo seu braço e ia parar no chão, e então ela envolveu o pescoço de Damon com ambos os braços. Ele mordeu o lábio inferior dela, causando-lhe uma fisgada de dor que pareceu espalhar um choque elétrico por todo seu corpo.

Só vários minutos depois, com a boca vermelha e a respiração acelerada, ela conseguiu afastar-se dele. Damon encarou-a agora com um de seus sorrisos típicos e ela balançou a cabeça, revirando os olhos e sorrindo ao mesmo tempo. Pegou sua mochila no chão e saiu do quarto, deixando-o lá dentro.

Atrasada, ela pegou apenas uma maçã sobre a mesa enquanto dava bom dia para sua tia, e então correu para o carro. Jeremy até já fora para a escola.

Ela chegou lá poucos minutos antes do sinal, e encontrou Stefan na porta da sala de história. Ele sorriu um pouco ao vê-la, mas aquela expressão ainda estava lá.

Elena entendia que ele a amava, e por isso ficava tão preocupado com sua segurança. Mas Stefan não conseguia relaxar por um segundo sequer, por mais que tentasse fingir na presença dela. Aqueles olhos preocupados, sérios, estavam sempre lá.

Ela lembrou-se das palavras de Damon, sobre como seu irmão estava sempre buscando um motivo para se martirizar. Damon.

Ele era o único motivo pelo qual Elena ainda não ficara louca com toda aquela situação. Havia um vampiro em Mystic Falls, e, por algum motivo sombrio, ele parecia estar atrás dela. Desde então, os irmãos Salvatore revezavam-se para vigiá-la e garantir sua segurança. Damon, de alguma forma, conseguia distraí-la quando estavam juntos. Ela sentia-se como se estivesse num lugar à parte, e esquecia-se de todo o resto. Esse “resto” andava incluindo Stefan desde que a culpa fora embora.

Elena beijou-o de leve bem no momento em que o sinal tocou, e os dois entraram de mãos dadas na sala.

Apesar da hora avançada, a madrugada estava clara. A lua cheia brilhava no céu, iluminando Mystic Falls. Na casa dos Salvatore, Elena e Stefan, que haviam jantado e depois assistido a um filme, agora estavam um pouco ocupados.

Tanto a blusa de Elena quanto a camiseta de Stefan jaziam no chão, e os lábios dele deslizavam pela pele dela, arrancando-lhe um gemido quase inaudível ao alcançarem a altura do umbigo. Os dedos dela seguravam nos cabelos dele com força, e ela tinha os olhos ligeiramente cerrados.

Foi naquele instante que uma voz pegou ambos de surpresa, vinda da entrada da sala.

- Arranjem um quarto, por favor. – Damon cruzou a sala até o bar, enchendo um copo com uísque. Ele bebeu um gole, dando um sorrisinho irônico.

Stefan tentou esconder o corpo de Elena com o seu, enquanto ela erguia a cabeça e encarava Damon. Ele deixou os olhos nos dela por menos de um segundo, mas ela viu uma coisa diferente neles. Pareciam não combinar com aquele sorriso.

Então ele deu meia volta e subiu as escadas sem dizer mais nada. Stefan revirou os olhos e depois voltou-se para Elena novamente, como se nada tivesse acontecido.

Dentro dela, porém, alguma coisa remexia-se de forma incômoda. Ela tentou ignorar e concentrar-se em Stefan. Entretanto, mesmo se esforçando, foi difícil entrar no clima mais uma vez.

Elena bateu na porta, e ela não demorou a ser aberta por Damon. Ele apoiou-se na superfície de madeira e olhou-a. Eles não haviam se falado desde aquela noite em que Damon chegara em casa enquanto ela e Stefan estavam juntos. Ele sequer aparecera no quarto dela nos últimos dias, como sempre fazia quando deveria ficar de olho nela.

- Hey. – ele disse simplesmente, com aquela antiga frieza que já era uma estranha para Elena.

- Hey... – ela respondeu um tanto insegura. – Stefan está? Ele não atende o celular. – Damon confirmou com a cabeça e deu espaço para ela passar. Ela deu alguns passos, e, quando se virou, pronta para perguntá-lo o que estava acontecendo, ele não estava mais ali, e sim atravessando a porta que levava à cozinha.

Ela franziu a testa, estranhando, mas foi atrás de Stefan. Encontrou-o no quarto, dormindo com um livro aberto sobre o peito. Elena abriu um pequeno sorriso e aproximou-se da cama, sentando na beirada.

- Elena... – ele sussurrou com a voz embargada, abrindo os olhos apenas um pouco.

- Shhhh... Pode dormir, Stefan. – ela inclinou-se para beijá-lo na testa.

- Por que você não está em casa? – ele perguntou enquanto sentava-se, ainda atordoado do sono.

- Liguei pra você e você não atendeu. – ela subiu na cama, sentando-se ao lado dele.

- Damon está na sua casa? – Stefan perguntou após beijá-la de leve.

- Não, ele estava lá embaixo. Ele que abriu a porta pra mim... – Stefan olhou no relógio e depois soltou uma exclamação.

- Droga, estava no meu horário de estar vigiando a sua casa. Sinto muito, Elena. – ele segurou o rosto dela e alisou sua bochecha, a expressão preocupada presente novamente.

- Nada aconteceu comigo, Stefan, relaxa. – ela sussurrou com a boca bem próxima da dele, juntando-as em seguida e beijando-o com calma.

Quando eles se afastaram, Elena franziu a testa para ele.

- O que Damon tem, a propósito?

- Damon? – ele revirou os olhos e depois balançou a cabeça. – Ele é o Damon, é melhor nunca tentar entender.

Elena sorriu um pouco, de forma meio forçada, e então ela olhou-o hesitante. Respirou fundo antes de trazer à tona um assunto no qual ela tinha pensado nos últimos dias, em todo aquele tempo que tivera sozinha na ausência do outro irmão.

- Stefan... Eu andei pensando... – ele sorriu para ela, encorajando-a. – Com toda essa situação em Mystic Falls, com essa ameaça que está sobre nós... Você sabe que é mais importante que nunca que você esteja forte...

- Eu ando caçando sim, Elena. Não deixei mais de me alimentar, você pode ficar tranquila. – ele interrompeu-a e falou com calma, acariciando-lhe os cabelos. Ela balançou a cabeça de leve.

- Claro, isso é ótimo... Mas eu estava pensando em algo um pouco mais forte do que sangue de coelhos, se é que você me entende. – ela afastou os cabelos do pescoço, deixando-o à mostra. Stefan encarou a pele clara de Elena por alguns segundos e depois balançou a cabeça com veemência.

- Não, Elena. Isso não é necessário. Nós somos dois contra um. Se ele aparecer, nós vamos acabar com ele.

- E quem garante que é apenas um? Nós não temos como saber disso, Stefan, e você precisa estar forte, eu não quero que nada aconteça a você! – ele continuou balançando a cabeça.

- Não sei da onde você tirou essa idéia, Elena, mas isso não vai acontecer. E eu vou ficar bem, nós todos vamos ficar bem, eu garanto isso a você. – ele segurou-a pela nuca e manteve o rosto dos dois muito próximos. Stefan abaixou o tom de voz. – Entendeu?

Elena apenas confirmou de leve com a cabeça, retribuindo o beijo que ele começou logo depois. Por dentro, porém, Elena não estava convencida.

Ela estava atirada na cama, o livro e o caderno de biologia sobre o colo. Stefan há pouco fora embora de sua casa, então já era o turno de Damon.

Mais uma vez ela esperou. Vinte minutos, meia hora, duas horas... Nada. Nenhum sinal da presença dele. Se Damon realmente estava por ali, ele não queria ser visto. Não queria vê-la.

Elena fechou os materiais com força. Não estava conseguindo concentrar-se, de qualquer forma. Algo não estava certo. Há alguns dias ela acordava com ele ao seu lado pela manhã, e agora ele sequer aparecia para cumprimentá-la, nem quando Elena estava sozinha em casa como naquele momento.

Ela levantou-se da cama e foi até a janela. Escancarou-a, sentindo o ar quente da tarde entrando no seu quarto, e colocou a cabeça para fora. Então falou em alto e bom tom, sem se importar com a possibilidade de ser ouvida.

- Eu sei que você está aí. E eu não sei que merda aconteceu com você, mas pare de agir como uma criança. Se você tem algo para resolver comigo, resolva na minha cara.

E ela esperou novamente, contando mentalmente. Depois de cerca de dois minutos, ela irritou-se e bateu a janela com força, fazendo o vidro vibrar na esquadria.

Que ele fosse para o inferno.

Na manhã seguinte, a irritação passara e o que restara fora aquele sentimento que lhe dava a sensação de ter algo preso na garganta. Uma parte dela xingava-a por ter deixado-se envolver com ele. Era óbvio que algo assim aconteceria. Quando ele estivesse cansado dela, ele simplesmente arranjaria outra distração.

Mas outra parte estava triste. Ele se importava com ela, Elena sabia disso, e ela se importava com ele mais do que gostaria.

Ela ficou um bom tempo deitada, recusando-se a arrumar-se. Quando o relógio a mostrou que estava atrasada, ela pegou o celular e digitou uma mensagem para Stefan, avisando-o que não iria ao colégio, mas que ele poderia ficar por lá, pois Damon cuidaria dela.

Só então se levantou e trocou de roupa. Iria falar com Damon. Não importava o que ele falasse, ela aguentaria, seria forte. Lidaria com as consequencias de suas decisões. Mas, internamente, o que ela mais desejava era acertar-se com ele.

Entrou no carro e dirigiu até os Salvatore. Bateu na porta com veemência até que ele apareceu para abri-la.

- Você deveria estar na escola. – ele disse simplesmente.

- E você não deveria estar agindo como um idiota. – ela retrucou. Ele ergueu uma sobrancelha e observou enquanto ela passava por ele e entrava na casa.

- Do que você está falando? – ele perguntou com frieza enquanto fechava a porta e virava-se para ela.

- Escute a si mesmo falando comigo e então repense sua pergunta. – ela falou com um sorriso cínico, as mãos na cintura.

- Não vejo nada de diferente. – ele disse da mesma forma que antes, passando por ela e indo pra sala.

- Damon! – ela exclamou e foi atrás dele, ficando cada vez mais furiosa.

- Elena, você não quer me ver irritado, certo? – ele olhou pra ela com um sorrisinho forçado enquanto sentava-se no sofá.

Elena parou-se na frente dele, de pé, e ficou olhando-o com o nariz empinado.

- De um dia para o outro você simplesmente não me procura, é frio quando fala comigo, e me trata como qualquer outra garota da qual você fica se alimentando! Eu não aceito esse tipo de coisa, Damon.

- O que você quer que eu faça? – ele perguntou com aquela voz controlada que só estava tirando era o controle de Elena. – Que eu lhe mande flores e bilhetinhos? Isso é coisa do Stefan. – Damon abriu um sorriso debochado.

- Eu só quero que você não seja estúpido comigo e não aja como se eu fosse qualquer uma. – ela respondeu com um tom gélido.

- E se eu for? E se eu agir? – ele disse desafiador. O pouco controle que ainda restava nela foi embora, e Elena explodiu.

- Você quer saber de uma coisa, Damon? Que seja! Faça o que você quiser! – ela soltou as palavras com raiva, em voz alta, e fez menção de se afastar. Porém, respirou fundo, parou e virou-se para ele mais uma vez. Quando falou novamente, sua voz estava baixa, mas firme e fria como gelo. – Não se admira que Katherine tenha escolhido Stefan também.

Elena não poderia ter dito alguma outra coisa tão capaz de ferir Damon Salvatore.

Ela deu meia volta, sentindo-se vitoriosa, borbulhando de raiva por dentro. Mas antes de dar sequer dois passos, ela estava presa entre a parede e o corpo de Damon.

Quando ela o olhou, pronta para mandar que ele a soltasse, ela viu um brilho diferente nos olhos dele. Era uma mistura de mágoa, rancor, e muita, muita fúria. Ela ficou automaticamente assustada, enquanto Damon a pressionava na parede de uma forma que a machucava.

- Você quer saber por que eu fiquei agindo de forma estranha, Elena? Quer? – ele gritou a última palavra e ela gaguejou assustada.

- Damon... Me s-solta.

- Eu lhe fiz uma pergunta, Elena! Você quer saber? – ele continuava a gritar para ela, apertando-a na parede, assustando-a. Naquele momento, ela não o reconhecia.

- Q-quero... – ela gaguejou novamente.

- Foi porque eu fiquei com ciúmes! – Damon gritou aproximando ainda mais o rosto do dela, os olhos ainda brilhando com aquela mistura de emoções. – Eu vi você com Stefan, e você parecia estar gostando tanto, e você parecia desejá-lo tanto. E eu queria ser o único que você deseja, Elena! Eu queria ser o único que a satisfaz... Eu simplesmente queria ser o único! – ele deu um soco na parede atrás dela, pegando-a desprevenida e fazendo-a quase pular de susto. Elena ficou sem reação diante da declaração dele. Parecia não fazer sentido aquelas palavras saírem da boca de Damon Salvatore. – Mas é claro. Ele é o irmão certinho, o irmão bom... É claro que você vai escolher ele, assim como Katherine escolheu. – agora ele falava mais baixo, mas a voz soava perigosa. Um sorrisinho brotou no canto da boca dele, não chegando aos seus olhos, e, naquele instante, Elena viu o predador dentro dele.

E então, antes que ela pudesse ver qualquer outra coisa, ele grudou a boca na dela de forma violenta. Damon enroscava e esfregava a língua na dela sem nenhuma delicadeza, enquanto ela ainda tentava digerir o que ouvira. Elena pôde sentir toda a força dele ao ser pressionada contra a parede, seu corpo todo apertado contra o dele, dolorido. No segundo seguinte, ela ouviu o som de tecido rasgando-se, e demorou um pouco para perceber que se tratava de sua blusa.

Damon deslizou os lábios pela pele dela até alcançar o pescoço, e então cravou os dentes ali. Não foi como das outras vezes. Doeu mais, bem mais, e fez Elena choramingar. Ela tentou lutar contra os braços dele, que a envolviam como correntes de aço. Ela sentiu-o afundar ainda mais as presas na carne dela, e a dor espalhava-se rapidamente pelo resto do corpo. Parecia que sua pele estava sendo estraçalhada.

- Damon, por favor... – ela pediu rouca, a voz embargada pelo choro que se formava. Por um milésimo de segundo, Elena respirou aliviada ao sentir as presas dele afastando-se de sua pele. Porém, elas voltaram a cravar-se nela, agora parecendo atingir uma veia. Elena gritou de dor. – Por favor, por favor... – ela continuou choramingando e debatendo-se entre os braços dele.

Quando as lágrimas que caíam de forma torrencial dos olhos dela atingiram a pele de Damon, foi como se ele tivesse levado um choque. Ele afastou-se dela, que arregalou os olhos e começou correr. Era inútil, pois ele a alcançaria em menos de um segundo se quisesse.

A dor que sentia, misturada com as lágrimas que embaçavam sua visão, fizeram com que ela não visse por onde ia e tropeçasse no tapete da sala, quando estava quase na porta. Ela caiu sentada no chão e encolheu-se, abraçando os joelhos, quando Damon a olhou. O corpo de Elena balançava-se com seus soluços.

Ela soltou uma exclamação de susto quando algum objeto chocou-se com a parede, jogado rápido demais por Damon para que ela pudesse perceber o que era. Ela abaixou o rosto para proteger-se dos pedacinhos que voavam pela sala.

- Merda! – ele gritou enquanto um livro era arremessado também, perdendo várias páginas. – Porra! Caralho! – a cada palavrão um novo objeto era atirado na parede, incluindo uma de suas tão adoradas garrafas de uísque.

Então se fez silêncio. Elena continuava olhando para baixo, os olhos tomados pelas lágrimas. Quando percebeu, Damon estava ajoelhado na frente dela, e ela automaticamente recuou mais um pouco. O rosto dele, porém, estava diferente. Seus olhos estavam arregalados, mais claros que o normal, e o rosto estava contorcido de desespero.

- Elena, me desculpa. – ele aproximou-se mais e ela desviou o olhar, com medo. – Sinto muito, Elena... Muito. Tanto... – a voz dele estava baixa, fraca. Ele tocou o queixo dela, querendo que Elena o olhasse, e ela começou a tremer de leve.

Então ele levou o pulso até a boca e fez duas feridas nele, estendendo-o para Elena em seguida. Ela negou com a cabeça, tentando se afastar ainda mais dele.

- Você precisa... Seu pescoço está sangrando muito, Elena. – de fato, ela sentia o sangue escorrendo por entre os dedos da mão que ela usava para pressionar a ferida. Mas ela não iria ceder.

Ou era isso que ela pensava. Quando Damon a olhou com os olhos brilhando pelas lágrimas, Elena foi pega de surpresa. E então ela acreditou no arrependimento dele.

Tomou o braço dele e encostou a boca nos dois furinhos dos quais o sangue escorria. Por um longo período de tempo ela ficou ali, sugando o sangue de Damon, sem que ele fizesse nenhuma objeção. Ela afastou-se apenas quando sentiu a dor no seu pescoço já bem amenizada.

Damon ofereceu a mão para Elena, para ajudá-la a se levantar. Ela segurou-se nele e ficou de pé, apoiando-se para andar até o sofá. Os dois sentaram-se lado a lado, com uma pequena distância. No entanto, ele não soltou a mão dela.

- Como você está se sentindo? – ele perguntou num sussurro. Ela olhou-o sem resposta. Não estava sentindo mais dor, era verdade, mas não saberia dizer como estava se sentindo no geral. Confusa, triste, brava? Nada parecia se encaixar naquela situação. Vendo que ela não iria responder, ele suspirou e apertou mais a mão de Elena. – Eu sinto tanto... tanto. – ele afastou-se um pouco e cobriu o rosto com as próprias mãos. Só depois de alguns minutos foi que ele tornou a olhá-la. – Eu não sei o que você está fazendo comigo, Elena. Eu acreditava que algumas coisas dentro de mim tivessem morrido lá em 1864. Então Katherine volta, e por um momento eu acho que essas coisas voltaram a viver. Mas não. Você as trouxe de volta à vida. – ela ficou encarando-o, parecendo incapaz de processar as palavras. Alguma coisa na expressão dele fez o coração de Elena apertar-se. Ele parecia tão... perdido. E então Damon completou, deixando-a tão atordoada que até parecia ter acertado-a com uma bofetada. – Eu te amo, Elena.

- O que?! – ela soltou antes que pudesse sequer pensar direito, simplesmente incrédula. Ela não podia ter ouvido bem.

- Eu te amo, Elena. Você ouviu? Eu te amo. – Damon repetiu, voltando a pegá-la pela mão. Foi aí que os olhos dela encheram-se de lágrimas novamente, mas bem diferentes das anteriores. – Elena? – ele perguntou confuso agora, chegando mais perto dela e envolvendo-a com os braços. Ela esticou uma mão para limpar as lágrimas e encontrou os olhos dele ansiosos.

- Damon... – ela apenas balançou a cabeça, um sorriso se formando no canto da boca dela. Elena passou os braços pelo corpo dele e o trouxe para ainda mais perto, até que conseguisse grudar a boca na dele. O beijo foi calmo, sem pressa alguma. Teve toda a delicadeza do mundo, enquanto os lábios dos dois moviam-se em sincronia e suas línguas se roçavam num ritmo que só eles pareciam conhecer.

Os dedos de Damon alisaram o rosto de Elena, enquanto ela acariciava a nuca dele. Ela sentia o seu coração batendo acelerado, descontrolado, prestes a sair voando de sua boca, contrastando com a calma do beijo. Ela abraçou-se mais nele.

Nenhum dos dois queria romper o beijo. Ele durou mais do que normalmente durava, e ambos perderam-se um no outro por longos minutos. Ele foi tão diferente que parecia ter sido o primeiro.

Quando eles se afastaram, Damon roçou a boca pela bochecha de Elena, como numa carícia, e deslizou-a até o pescoço dela. A garota tremeu de leve, de forma involuntária, e ele fez menção de afastar-se, mas ela segurou a cabeça de Damon. Ele, então, deu um beijo bem leve sobre a marca que deixara na pele dela, que agora já estava bastante cicatrizada.

- Eu sinto muito. – ele voltou a sussurrar contra o pescoço dela, a voz parecendo suplicar.

- Eu estou bem. – ela sussurrou de volta, os dedos enrolados nos cabelos negros dele.

O resto da manhã passou de forma tranquila. Damon não deixou Elena levantar do sofá, trazendo-a comida, bebida, ou o que quer que ela quisesse. Ele beijava-a o tempo todo, e não só nos lábios, mas também no rosto todo, no pescoço, nos ombros, nas palmas das mãos. Ele parecia desesperado para recompensá-la pelo que havia feito.

Elena sentia-se num sonho confuso. Damon atacara-a, e depois dissera que a amava? Nada fazia sentido. Mas era realidade. Ele fez questão de repetir aquelas três palavras algumas vezes durante as horas que se passaram. A cada uma delas, Elena parecia acostumar-se e gostar ainda mais da forma com que elas saiam dos lábios dele.

Damon Salvatore tinha um coração. Ela fizera o coração de Damon Salvatore descongelar. Ela não admitiria, mas um pedacinho dela sentia-se orgulhoso. Ela conseguira penetrar a carcaça de predador cafajeste e sem emoções que ele erguia ao seu redor.

Uma pontada de culpa a percorreu quando Damon anunciou que teria que levá-la para casa. Elena não se lembrara de Stefan nenhuma vez desde a chocante declaração.  Era como se, penetrando naquela carcaça, ela e Damon fizessem parte de um mundo que pertencia somente a eles.

Damon a levou até o carro e dirigiu até a casa dela, sempre com uma mão repousada sobre a perna de Elena. Ela passou o caminho inteiro com os olhos grudados nele, perdendo-se naquela beleza injusta que ele tinha. Ela sabia que ele percebera, pois ficara sorrindo de canto, mas nenhum dos dois fez qualquer comentário.

A casa estava vazia, e ele levou Elena no colo, como uma criança, até o andar de cima. Damon colocou-a deitada na cama e deitou-se junto dela, com o rosto muito próximo, podendo sentir a respiração dela.

Ele passou os dedos pelos cabelos dela, alisando, enquanto a encarava. Novamente a expressão culpada tomou conta do rosto dele. Elena constatou que preferia quando ele sorria debochado.

- Você me perdoa? – ele perguntou mais uma vez.

Elena fechou os olhos brevemente, revivendo a imagem de Damon dizendo-a que a amava. Queria conseguir fixar aquele instante no seu cérebro para nunca mais esquecer. Quando ela tornou a abrir os olhos, encontrou os dele encarando-a, ávido por uma resposta.

- Eu te amo, Damon.

Não era aquela a resposta que ele esperava. Era ainda melhor.

Elena encolheu-se, sentindo frio nas pernas. Percebeu que chutara o lençol para os pés da cama e o puxou de volta, isso tudo sem abrir os olhos. Ela tinha certeza de que era madrugada ainda.

Então ela ouviu um movimento no seu quarto, perto da porta. Abriu os olhos, mas estava escuro demais para que ela enxergasse qualquer coisa além de um vulto. Deveria ser Damon... Ele ficara com Elena até ela adormecer. Ela sorriu um pouco, lembrando-se do dia anterior.

- Damon? – ela perguntou num sussurro. Não houve resposta. Ela hesitou. – Stefan?

- Vampiro errado, Elena. – aquela voz gélida soou triunfante pelo seu quarto e arrepiou de medo todos os pelos do corpo dela. Ela sentou-se na cama, agarrando-se ao lençol como a um escudo. – Eu sabia que os idiotas dos Salvatore iriam falhar em algum momento. 

Ele estava ali, depois de todos aqueles dias de espera, de cautela, de medo. Ouvindo aquela voz pessoalmente, Elena lembrou-se de alguém. O pânico que se espalhava pelo seu corpo a impediu de raciocinar e encontrar a resposta que estava ali, na ponta da língua.

- Quem é você? – ela perguntou com a voz fraca, aterrorizada, enquanto parecia querer fundir-se à cabeceira da cama.

A voz deu uma risadinha sem humor algum.

- A sua morte.


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Notas finais do capítulo

Altas declarações por parte de Damon e Elena – que eu espero que vocês tenham gostado de ler tanto quanto eu gostei de escrever – e... um final chocante. “A sua morte.” Palpites, palpites?
A fic está se encaminhando para o que eu tinha imaginado há tanto tempo. Se tudo der certo, mais 3 capítulos e chegamos ao final de The Death of Me! Que dorzinha imaginar isso acontecendo :(
E ah, alguém notou que eu mudei a capa da fic? O que acharam? Beijinhos!



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