The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 15
A kiss and a promise we won't do it again.


Notas iniciais do capítulo

Oi, seus lindos! Tenho boas notícias para vocês: estou na minha última semana de aula, mas já estou passada em todas as matérias, o que significa que não estou mais ocupada. Ou seja, capítulos bem mais frequentes! Então... boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/77831/chapter/15

A kiss and a promise we won't do it again.
Um beijo e uma promessa de que não faremos isso novamente.

Quanto mais tempo Elena encarava o cadáver da desconhecida, mais horrorizada ela ficava. E menos força ela tinha para desviar os olhos.

Ela precisou de alguns segundos para perceber o buraco no peito da garota. Ele era grande, redondo e do lado esquerdo. O estômago de Elena embrulhou quando ela entendeu o que acontecera. Alguém arrancara o seu coração.

Parecendo acordar do transe, Elena pôde sentir o clima pesado no quarto. Olhou para o lado, para Stefan, e viu as veias saltando, escuras, sob os olhos dele. Esticou a mão até a dele, que se afastou sem encará-la.

- Chame o Damon. – Stefan disse frio, o rosto virado.

- Mas, Stefan, se... – Elena começou confusa, novamente tentando pegar na mão dele.

- Elena. Chame o Damon. – ele repetiu encarando-a agora, um olhar no rosto dele com o qual ela não estava acostumada.

Elena afastou-se, compreensiva, e saiu do quarto rapidamente, descendo as escadas o mais discretamente que pôde, tentando não parecer muito alarmada. Ficou alguns minutos circulando pela casa, sem sinal do mais velho dos Salvatore. Quando o achou, Damon estava de pé contra a parede, quase sendo engolido por uma garota. Que não era Caroline.

Ela se aproximou batendo os pés e segurou a garota pelo ombro, empurrando-a para o lado. Ela olhou confusa e irritada para Elena, que a ignorou, o dedo enfiado no peito de Damon.

- Nós precisamos conversar.

- Eu achei que já havia lhe falado para me deixar em paz, Elena. – ele respondeu com um sorrisinho cínico.

- Nós precisamos conversar. – ela respondeu com firmeza, encarando-o séria. Alguma coisa no olhar dela o convenceu. – E não se faça de desentendido. – ela completou com uma expressão de nojo ao se virar e fazer um sinal para ele a seguir.

Os dois cruzaram a casa até a escada, enquanto, internamente, Elena se perguntava, com desgosto, como ele conseguia ser tão cara de pau a ponto de arrancar o coração de uma garota e depois fingir que nada acontecera. Quando Elena abriu a porta do quarto, encontrou Stefan parado de costas para eles, os cabelos voando ao vento da janela aberta, na qual ele estava apoiado. Damon passou por Elena e se aproximou do corpo, examinando-o por alguns segundos. Stefan virou-se para eles, o rosto ainda tomado pelo desejo de sangue, as presas mal escondidas.

- Você pode ir, irmãozinho. Eu cuido dessa bagunça. – Damon respondeu depois de um tempo.

- Claro que cuida. Afinal, é sua bagunça. – Elena respondeu com a voz controlada, mas acusadora. Damon encarou-a brevemente e depois deu uma risada debochada.

- Olhe só para isso, Elena. Não é do meu feitio. – ele apontou para o corpo da garota, balançando a cabeça e observando todo aquele sangue espalhado com um olhar de pena. – Tanto desperdício...

- Você... – Elena bufou indignada. – Você me dá nojo, Damon.

Ela pegou Stefan pela mão e o puxou para fora do quarto. Só pararam quando estavam no fim do corredor e o rosto dele voltara ao normal.

- Certo. Você vai ficar aqui em cima e eu vou procurar o responsável. – Stefan falou com firmeza, as feições preocupadas.

- Sério, Stefan? – Elena encarou-o incrédula. – Não perca seu tempo. Ambos sabemos que foi Damon.

- Não foi Damon. – Stefan disse convicto, balançando a cabeça.

- Nós sabemos que Damon faz essas coisas simplesmente por estar com vontade! E quem mais seria? – ela insistiu, teimosa do jeito que era.

- Esse não é o estilo dele. Ele bebe sangue das garotas, aproveita-se delas, com isso eu concordo. Mas ele não mata alguém assim, sem motivo nenhum. E o corpo não tinha nem marcas de presas, Elena!

Elena olhou-o por alguns segundos e depois balançou a cabeça, encostando-se na parede e cobrindo o rosto com as mãos.

- E o que acontece quando sentirem a falta dela? – ela sussurrou por trás das mãos.

- Se Damon fizer o seu trabalho direito, vai ser dada com desaparecida. – Stefan respondeu com desgosto.

- Se não foi Damon, o que eu duvido, - ela acrescentou revirando os olhos. – quem mais poderia ser, Stefan? Não faz sentido. – ele lançou-lhe um olhar sombrio. – Você não acredita seriamente que há outro vampiro em Mystic Falls, certo?

- Não sei, Elena. Um humano comum arrancaria o coração de outro assim? - ela fez uma expressão de nojo.

- E um vampiro se controlaria com todo aquele sangue?

Os dois se olharam e suspiraram. Stefan a abraçou rapidamente, beijando-lhe o topo da cabeça.

- Eu vou te levar pra casa. – ela confirmou com a cabeça e segurou na mão dele, sempre o seu porto seguro.

Do outro lado daquelas paredes, na ponta oposta do corredor, Damon tirara o corpo da garota da cama, colocando-o sobre os ombros, junto com os lençóis manchados. Deu uma olhada ao redor, não encontrando mais nada sujo de sangue, e então saiu cautelosamente pela janela.

Alguém atacara e arrancara fora o coração de uma garota no meio de uma festa de aniversário. Ou eles estavam lidando com um humano maníaco, ou outra força sobrenatural estava rondando Mystic Falls. A primeira opção soava mais como diversão para ele.

Damon correu entre as árvores até as margens da cidade, chegando a uma fazenda abandonada próxima a um córrego. Ele largou o corpo e caminhou até um pequeno galpão, caindo aos pedaços, à procura de alguma coisa útil. Não demorou a achar uma pá enferrujada que faria o serviço.

Enquanto cavava, por mais que ele forçasse sua mente a lembrar de alguma pessoa que vira e que poderia ser suspeita, seus pensamentos não o obedeciam. Por mais que ele tentasse afastá-la, lá estava a imagem de Elena. Viva e intensa, assim como a garota. “Você me dá nojo, Damon.

Terminando o buraco, ele atirou a pá na terra com mais força do que pretendia. “Não era isso que você demonstrava, lindinha.” Ele pensou com sarcasmo enquanto depositava o corpo da garota no fundo do buraco, junto com a roupa de cama manchada, e voltava a jogar terra por cima.

Quando tapou tudo, colocou algumas folhas e galhos por cima, de forma que o local parecia intocado até para os seus olhos aguçados de vampiro. E ela que se acostumasse novamente apenas a seu irmãozinho sem graça. Ele queria ver se ela conseguiria.

Então ajeitou a jaqueta de couro e caminhou lentamente para longe dali. Foda-se, estava na hora da janta.

- As autoridades intensificaram as buscas na cidade nesse quarto dia, e hoje à tarde mais pessoas serão interrogadas. A família implora pela ajuda de todos os cidadãos de Mystic Falls. Caso você tenha alguma informação sobre o paradeiro de Audrey Lynn, por favor, ligue para...

Elena trocou o canal da televisão, atirando o controle na mesa em seguida.

- Você a conhecia? – perguntou Jenna enquanto descansava os talheres para observar a sobrinha.

Ela só balançou a cabeça, negando, e ocupou a boca com uma garfada de arroz.

- Eu conhecia. – interrompeu Jeremy, tirando o controle remoto de Elena e voltando para o canal do noticiário, que agora mostrava a foto da garota loira. – Eu vi Audrey na festa, e ela parecia bem feliz. – ele deu de ombros de leve, prestando atenção no bife que cortava.

- Ela era tão bonita... – Jenna murmurou com pesar, suspirando.

Assim que todos terminaram de almoçar, Elena subiu os degraus correndo antes que a tia pedisse ajuda para limpar a cozinha. Ela bateu a porta do quarto ao passar e pegou o celular em cima da cama, atirando-se nela.

- Stefan... – ela começou em voz baixa assim que ele atendeu, antes mesmo que ele falasse alguma coisa. – Você tem certeza que não é melhor que eles encontrem o corpo da Audrey? Eu quero dizer... Assim a família dela vai ficar na esperança de que ela volte... Quando ela não vai voltar. – a voz de Elena falhou no final.

- Nós já conversamos sobre isso. O jeito em que ela foi assassinada, Elena... Como eles vão se sentir sabendo que alguém arrancou fora o coração dela? – ela suspirou, sabendo que Stefan tinha razão. Mas ela estava ficando louca vendo cartazes, reportagens, manchetes... Vendo a foto de Audrey pela cidade inteira.

Logo eles desligaram, e ela ficou atirada na sua cama, encarando o teto. Estava exausta. As imagens do cadáver da garota invadiam suas noites e a impediam de dormir. De certa forma irracional, ela sentia-se culpada pela morte dela.

Elena foi acordada do transe ao ouvir sua tia a chamando. Ela abriu a porta e parou no topo da escada.

- Eu vou ir ao supermercado, e Jeremy vai dar uma volta com uns amigos. Feche bem a casa, OK? – Elena confirmou e desceu as escadas, ligando a televisão e tentando se distrair com alguma coisa.

Um tempo depois ela ouviu a campainha tocando e, estranhando, já que não esperava visitas, levantou-se do sofá e foi até lá. Quando abriu a porta, não havia ninguém parado ali. Apenas uma caixa repousava no chão, não muito grande, com alguns selos do correio. Ela abaixou-se e viu seu nome escrito no papel pardo que a embrulhava. Fechou a porta e colocou a caixa sobre a mesa de jantar, rasgando o embrulho e abrindo-a. Dentro havia várias folhas de jornal amassadas, que ela começou a desdobrar até...

Um grito agudo, aterrorizado, escapou dos lábios de Elena, ao mesmo tempo em que suas mãos atiraram o conteúdo da caixa longe. Ele bateu na parede oposta e deslizou até o chão, deixando uma trilha por onde passou.

Com as mãos tremendo, Elena pegou o celular no bolso e discou o último número chamado.

- Stefan, e-eu... – ela gaguejou enquanto tentando segurar com firmeza o celular contra o ouvido.

- Elena? O que foi? – o tom de Stefan soou alarmado do outro lado da ligação.

- Venha ag-gora... Eu recebi o-o... – Elena respirou fundo, a voz falhando, sem conseguir completar a frase.

Do outro lado do cômodo jazia o coração de Audrey Lynn.

5 minutos depois, Stefan e Damon estavam parados na sala de Elena. O mais novo envolvia o corpo dela com os braços, que ainda tremia, balançado por soluços seguidos que ela abafava contra a camiseta dele.

Damon estava parado em frente à mesa, examinando a caixa. Não havia nada escrito nela além do nome de Elena. O coração ainda estava atirado no lado oposto da sala.

- Então está óbvio: quem quer que seja que tenha feito isso, sabe que fomos nós que achamos o corpo. O que significa que estava por perto naquela noite. – Damon ia falando com a voz controlada, mexendo nos jornais, tentando encontrar qualquer coisa que os ajudasse a identificar o remetente.

- E queria que nós soubéssemos disso. – completou Stefan, a expressão extremamente fechada, enquanto as mãos alisavam os cabelos de Elena, tentando acalmá-la.

- Mas por quê? – ela perguntou entre soluços, levantando o rosto e olhando de um para o outro com a visão turva. – Que espécie de monstro me enviaria isso?

Damon deu de ombros de leve, uma expressão de quem não estava impressionado.

- Ele queria mandar uma mensagem. Sabe que você viu, sabe onde você mora. “Cuidado”. – Damon falava com certa indiferença, enquanto largava todos os papéis inúteis dentro da caixa e atravessava a sala para recolher o coração. Em seguida ele o jogou dentro da caixa também.

Quando se virou para os outros dois, encontrou o olhar de Stefan por sobre a cabeça de Elena. Era confuso, preocupado, protetor. Damon desviou os próprios olhos, ocupando-se em limpar a bagunça, temeroso de que pudessem estar transmitindo a mesma coisa.

Damon desceu as escadas, com a jaqueta de couro pendurada sobre um dos ombros, e deu de cara com o irmão atirado no sofá, um copo de uísque entre os dedos. Franzindo o cenho e estranhando a situação, parou ao pé da escada e observou Stefan.

- Esse não saber de nada me deixa louco. – ele falou sem levantar os olhos para o irmão, encarando o uísque.

- Você está preocupado com Elena. – aquilo não foi uma pergunta.

- Você sabe que ela pode estar em perigo. – Stefan disse com a voz dura, a expressão fechada. Ele levou o copo aos lábios e tomou mais da metade da bebida em um gole só.

- Se for um vampiro, ela está segura em casa. – Damon forçava a voz a parecer indiferente. Stefan olhou-o pensativo antes de tornar a falar.

- E se não for? Um vampiro mataria um humano sem sequer beber o seu sangue? Porque você viu que não havia nenhuma marca no corpo. – Damon concordou com a cabeça, uma expressão de tédio. – E ainda se for um vampiro, ela está segura dentro de casa. E quando estiver na escola? Quando estiver em qualquer outro lugar?

Damon encarou, por alguns segundos, a expressão um tanto desesperada do irmão, e depois vestiu a jaqueta de couro e se aproximou sem pressa, ficando de pé em frente ao sofá.

- Tem alguma coisa estranha em Mystic Falls, isso já está na cara. Agora, pare de ficar reclamando como um garoto mimado, faça alguma coisa e não encha meu saco. – ele deu um sorrisinho irônico para Stefan e então tirou o copo da mão dele, virando o resto do uísque e o devolvendo em seguida.

Stefan ficou encarando o copo vazio enquanto ouvia a porta bater.

Na manhã seguinte, na escola, da forma mais discreta possível, Stefan tentou arrancar informações de pessoas que conheciam Audrey. O máximo que conseguiu foi que ela recém terminara um namoro, e, por mais que o pedisse para deixá-la em paz, o ex ficava seguindo-a pela cidade.

Elena passara a aula inteira quieta, pálida, sentindo seu estômago embrulhar a cada cartaz com a foto de Audrey ou a cada menção ao nome dela.

Quando o sinal tocou, indicando o final das aulas, Stefan despediu-se de Elena, enchendo-a de recomendações para que chegasse segura em casa. Assim que ela saiu do estacionamento, ele entrou no próprio carro e dirigiu para uma área mais afastada de Mystic Falls, onde ele não costumava ir. Parou o carro em frente a um bar com a aparência de sujo e desceu. Conforme haviam lhe dito, o tal ex-namorado de Audrey trabalhava ali.

Entrou no estabelecimento escuro, dando passagem a um homem barrigudo, com os cabelos bagunçados e uma garrafa embaixo do braço. Stefan aproximou-se do balcão, parando em frente a um homem que limpava alguns copos com um pano imundo, e cuja barba grisalha chegava quase até a barriga.

- Estou procurando por Gordon Brett.

- Ah, camarada... – o homem balançou a cabeça, com uma expressão de pesar, largando os copos e o pano sobre o balcão. – Você deve saber sobre a garota que desapareceu. Era a garota do Gordon. Ele não vem trabalhar desde então, coitado. – ele deu um suspiro exagerado e voltou a esfregar os copos. – Mas no que eu posso te ajudar?

- Você sabe me dizer onde mais posso encontrá-lo? – Stefan tentou fazer com que seu tom soasse leve, disfarçando o seu interesse.

O homem, porém, enrolou a barba num dedo, com uma expressão cada vez mais desconfiada. Ele largou o pano sobre o balcão e olhou discretamente ao redor, como se escondesse alguma coisa.

- Você é da polícia?

Stefan encarou-o brevemente e não controlou uma risada.

- Não, não sou da polícia. Só preciso resolver uns assuntos com Gordon, nada demais.

O homem, parecendo mais aliviado, encarou Stefan por uns segundos, estudando-o, e então pegou um pedaço de papel e uma caneta.

- Você pode encontrá-lo nesse endereço. Não é muito longe daqui. Só não garanto que Gordon esteja em condições de atender, pelo menos por enquanto... – ele ia dizendo enquanto escrevia. Depois entregou o papel a Stefan e indicou as bebidas com um gesto da cabeça. – Posso lhe servir alguma coisa?

O sol se punha lentamente, lançando Mystic Falls nas sombras. Misturado a elas e encostado a um tronco, com os braços cruzados, Damon observava a casa atentamente. Ele podia ouvir panelas batendo na cozinha, uma televisão ligada na sala e o barulho de um chuveiro no andar de cima.

Onde, diabos, estava Stefan? Ele que deveria estar fazendo aquilo. Vigiando a casa de Elena, protegendo-a de o que quer que fosse que estivesse rondando a cidade. Não ele, Damon. Ele deveria estar em algum bar, enchendo a cara e procurando uma garota louca para tirar a roupa para ele. Não ali, cuidando dela, pensando nela, imaginando... Ele balançou a cabeça.

Aquele som da água estava deixando-o maluco. Se ele fechasse os olhos, poderia visualizar as gotas escorrendo pelo corpo de Elena, bem lentamente, percorrendo regiões nas quais ele adoraria pôr as mãos novamente.

Ele iria pôr novamente. Damon abriu um sorrisinho confiante. Ele sabia que iria. Era só questão de tempo até Elena parar de lutar contra a verdade. Até ela se atirar nos braços dele mais uma vez.

Elena fechou a água e enrolou-se na toalha. Caminhou até o espelho embaçado, passando a mão nele para poder enxergar. Ela olhou bem fundo nos próprios olhos antes de suspirar e abrir a porta para o quarto, parando em frente ao armário.

Garotas eram assassinadas e corações eram mandados pelo correio. Ainda assim, eram os problemas tão menores que realmente conseguiam perturbá-la.

Ela amava Stefan e ele a fazia muito feliz. Sobre isso não restavam dúvidas a ela, a ninguém. Mas ela sentia falta dos arrepios, das pernas bambas, dos choques elétricos. Ela sentia falta dos lábios luxuriosos contra os dela, das mãos sem escrúpulos pelo seu corpo, até das presas perfurando sua pele de uma forma sensual. Assim como tudo que ele fazia, diga-se de passagem.

Ela sentia falta dos fogos de artifício, da falta de ar, da espontaneidade, do não pensar nas conseqüências. Sentia falta até dos sustos que vivia levando com as aparições inesperadas.

Elena suspirou e vestiu-se, indo até o banheiro secar os cabelos. Ela iria manter sua decisão. O seu corpo apenas respondia de forma exagerada à presença de Damon. Aquilo iria passar, ou ela iria acostumar-se, e então saberia que fizera a escolha certa.

Ou pelo menos era isso que Elena esperava.

Damon virou-se para olhar um carro que se aproximava da casa. Enquanto ele era estacionado, não conseguiu identificar a quem pertencia. Até que Nicholas Harris abriu a porta, batendo-a ao sair. Damon bufou, observando o outro com uma expressão de desgosto.

Ele não gostava daquele garoto. A forma como ele olhava para Elena... Não fazia sequer questão de disfarçar. Stefan era muito idiota por não fazer nada em relação a ele.

Nicholas tocou a campainha e Damon pôde ouvir Elena descendo os degraus correndo. Quando ela abriu a porta, ele não conseguiu vê-la direito de onde estava, pois um pilar da varanda ficava no caminho, mas escutou-a falando algo sobre um projeto da escola. 

Damon olhou no relógio que usava e concluiu que era melhor ir embora. Stefan apareceria, eventualmente, e ele não queria dar explicações a ninguém. Elena estava bem, por enquanto, então não tinha mais o que ele fazer por ali. Damon deu uma última olhada para a casa e depois desapareceu entre as árvores.

As mãos dela alisavam lentamente as costas dele, sob a camiseta, enquanto ele apoiava-se no sofá, preocupado em não largar todo o peso sobre ela. Elena afastou os lábios para retomar o fôlego, e ele escorregou os próprios para o pescoço dela. Ela sorriu de leve, afundando os dedos nos cabelos dele.

Era sexta-feira à noite, e Stefan e Elena aproveitavam o tempo na casa dele. Nos últimos dias, era o que eles mais faziam: ficar juntos, mais do que o normal. E o que ela não sabia era que ele estava sempre por perto, nem que fosse escondido no jardim da casa dela, protegendo-a.

Stefan fora visitar o tal de Gordon no endereço dado pelo barman. Espiando pela janela, achou um cara com a aparência de uns 20 anos, perdido entre dezenas de garrafas de cerveja. Ele chorava toda vez que a foto de Audrey Lynn aparecia na televisão. Por enquanto ele estava fora da lista de suspeitos do Salvatore, o que o levava novamente à estaca zero. Assim sendo, só lhe restava permanecer cuidando de Elena o tempo inteiro.

Ela segurou o queixo dele com os dedos e o fez levantar a cabeça. Olhou-o brevemente, e então voltou a beijá-lo. Elena pôde sentir que ele sorria contra os lábios dela.

- Isso que vocês chamam de diversão? – uma risada debochada ecoou pela sala.

Elena apertou os dedos na nuca de Stefan, recusando-se a parar o beijo, mas ele afastou-se gentilmente. Ela teve que controlar um resmungo.

- Boa noite, Damon. – Stefan falou forçadamente cordial, virando-se para o irmão. Elena olhou para o lado oposto, irritada consigo mesma.

Só a voz de Damon a arrepiara mais do que todo o tempo que passara ao lado de Stefan.

- Boa noite para você também, Elena. – Damon disse irônico, enquanto ela ouvia o barulho de garrafas.

Ela apenas virou-se para ele e sorriu com sarcasmo. Ele levou o copo aos lábios, dando um sorrisinho de canto ao mesmo tempo, e então deu meia volta.

- Continuem a diversão, crianças. – ele voltou a rir debochado ao subir as escadas.

Elena bufou e Stefan olhou-a, revirando os olhos. Ele selou os lábios nos dela rapidamente, no exato instante em que o estômago dela roncou.

- Acho que alguém está com fome. – ele disse rindo. Elena confirmou com a cabeça e ele levantou-se, ajudando-a a sair do sofá também. – Tem uma pizza congelada. É só colocar no forno.

Elena abriu um sorriso grande e então abraçou-o pelo pescoço, ficando na ponta dos pés.

- Eu te amo! – ela disse com exagero enquanto seu estômago roncava novamente.

Stefan puxou-a para a cozinha e ligou o forno enquanto tirava a pizza da geladeira e colocava numa fôrma. Eles ficaram sentados na mesa, conversando, enquanto ela não ficava pronta. Depois Stefan observou Elena comer com um sorrisinho, vez ou outra esticando os dedos para tocar os dela sobre a mesa.

Quando ela terminou, ele inclinou-se para beijá-la e sussurrou.

- O que você acha de dormir aqui hoje? Você inventa uma desculpa para Jenna e eu posso passar na sua casa e buscar suas coisas sem que ela veja.

- Eu acho uma ótima ideia. – Elena sorriu com o rosto bem próximo ao dele.

- E eu aproveito e vou caçar um pouco. Faz dias que eu não me alimento.

Elena fez uma expressão de repreensão.

- Você sabe que não pode fazer isso, Stefan. – ele confirmou com a cabeça enquanto ela cerrava os olhos, bem séria.

- Você liga para sua tia, então? E fica aqui me esperando? – agora foi a vez dela confirmar.

Elena tirou o celular do bolso e discou o número de casa. Ela disse para Jenna que dormiria na casa de Caroline e ela não se opôs. Depois de alguns minutos de despedida, em que Stefan fez questão de beijá-la demoradamente, arrancando sorrisos dos lábios de Elena, ele saiu e deixou-a sozinha na cozinha.

Elena lavou a louça e guardou tudo no devido lugar, depois foi até o sofá.

Ela ergueu os olhos para o teto, como se conseguisse ver através dele. Damon estava em algum lugar lá em cima. Suspirando, ela levantou-se e pegou um dos copos do bar, enchendo-o com uísque. Com uma ligeira careta, ela tomou um longo gole, atirando-se no sofá novamente.

Não se passara muito tempo quando ela ouviu passos na escada. Ela não precisou levantar o olhar para saber que era Damon.

- O que você está fazendo aqui? Onde está Stefan? – ele perguntou enquanto cruzava a sala até o bar, voltando a encher seu copo.

- Ele saiu para caçar e buscar minhas coisas para eu dormir aqui. – ela disse brevemente, observando Damon.

- Ele te deixou sozinha? – ele virou-se para ela com uma expressão irritada que a confundiu.

- Sim... E você está em casa, de qualquer forma... – Damon interrompeu-a.

- E se eu não estivesse? Se eu tivesse saído sem que ele notasse? – Damon franziu a testa, controlando-se. – Com tudo que vem acontecendo em Mystic Falls, isso é um tanto irresponsável da parte dele. – ele deu de ombros, indiferente, e levou o copo até a boca.

Elena desviou os olhos e virou o resto do uísque. Só voltou a encarar Damon enquanto ele deu uma risadinha.

- Não tem recebido mais corações?

Sem achar graça, ela repreendeu-o com o olhar. Levantando-se, foi até o bar e pegou a garrafa de uísque.

- Pelo menos agora acredita que eu não tive nada a ver com aquilo? – ele perguntou.

- Você não teria me enviado o coração, provavelmente teria comido-o só para não desperdiçar nenhuma gota de sangue. – ela disse com sarcasmo enquanto enchia seu corpo.

Damon soltou uma risada alta antes de responder, realmente se divertindo.

- Provavelmente. – ele virou o conteúdo do seu copo ao mesmo tempo em que Elena fechava a garrafa e colocava-a de volta no bar. – E ainda sente nojo de mim?

Ela não respondeu, limitando-se a olhá-lo com um sorrisinho forçado. Quando fez menção de virar-se e voltar ao sofá, Elena sentiu dedos apertando seu pulso. Quando Damon puxou-a para perto, não teve nada que ela pudesse fazer para resistir à força dele.

- Você tem certeza que é isso que eu causo em você? Só isso? – ele perguntou em um sussurro enquanto tirava o copo cheio da mão dela, colocando-o sobre o bar atrás dele. O rosto de Damon estava a centímetros do dela, de forma que Elena sentia a respiração deles misturando-se. Ela apenas encarou-o, incapacitada de responder, como se alguém tivesse roubado sua voz. – Só isso, Elena? – ele repetiu num tom que arrepiou até o último pêlo de sua nuca.

Não aguentando encarar aqueles olhos tão profundos, com medo de perder-se neles, Elena abaixou o olhar. Péssima ideia. Os lábios dele, observados assim, tão de perto, tornavam-se mais convidativos que o normal, mais ainda por estarem ligeiramente abertos.

Por um instante, Elena poderia dizer que esquecera quem era, onde estava, com quem estava. Sua mente só conseguia concentrar-se na proximidade dos lábios de Damon, só conseguia lembrá-la da saudade que sentia deles. Não se recordou, por um breve instante, do motivo pelo qual permanecia longe daqueles lábios.

E foi o suficiente para que quebrasse a distância, aqueles pequenos centímetros que os separavam, e grudasse a boca na dele. Ele correspondeu automaticamente, os dedos apertando-se na pele de Elena, pressionando o corpo dela contra o dele. Ela, sem nenhuma objeção, atirou os braços ao redor do pescoço de Damon, numa tentativa de manter-se firme enquanto suas pernas bambas mal sustentavam seu peso.

Sem que ela percebesse o movimento, estava sentada no sofá, no colo de Damon, uma perna de cada lado do corpo dele. Uma de suas mãos desceu pelo peito dele, tornando a subir por dentro da camiseta, cravando as unhas na sua pele. Damon deslizou seus dedos pelas coxas de Elena, fazendo arrepios percorrerem seu corpo como correntes elétricas. Bem o que estava lhe fazendo mais falta.

E então, novamente rápido demais para que ela percebesse, o corpo de Damon não estava mais sob o seu. Ele estava de pé, a alguns metros do sofá, e arrumava a roupa rapidamente. Elena não precisou de mais de um segundo para entender, e para ouvir o que os ouvidos aguçados dele anteciparam.

Quando a porta da frente se abriu, Damon estava apoiado no bar, mexendo nas garrafas, e o cabelo de Elena estava alinhado novamente.

Stefan caminhou até a sala, olhou de um para o outro, e depois foi até Elena para beijá-la de leve. Ela sorriu um pouco e pegou a bolsa que ele lhe estendeu.

- Acho que está tudo aqui. – Stefan disse enquanto atirava-se no sofá ao lado dela.

- Como seu responsável, irmãozinho, preciso ser avisado na próxima vez que resolver convidar alguém para dormir aqui em casa. – Damon disse com um sorrisinho de canto, debochado, pegando o copo que tirara antes da mão de Elena e levando-o até a boca.

Stefan olhou com tédio para Damon, forçando um sorrisinho, e depois pegou Elena pela mão, puxando-a para o seu quarto. Quando já estavam na escada, ela virou-se para Damon, que a observava com um sorriso que lhe deixava com um ar de superioridade. Ele apenas moveu os lábios, sem pronunciar as palavras, mas ela não precisou mais do que aquilo para entender o que ele queria dizer.

- Você que começou.

Ela mordeu o próprio lábio com força para não bufar.

Elena virou a cabeça o mais silenciosamente que pôde. O relógio ao lado da cama marcava 2 horas e 44 minutos, e ela não ouvia nenhum som pela casa, com exceção da respiração pesada de Stefan ao seu lado.

Ela não conseguia dormir. Sua mente era invadida pela imagem de Damon, pelas sensações que Damon lhe causava... E pelo fato de que ele tinha razão. Isso a irritava.

Quem dera o primeiro passo fora ela. Elena que o beijara, que se deixara cair na provocação dele. Era isso que ele queria, prová-la que ela não poderia manter a decisão.

Elena virou-se para Stefan, observando-o bem de perto. Fora uma recaída, ela concordava, mas ela manteria a decisão sim. Não importava o que Damon achasse.

Tentando não mexer muito o colchão, Elena saiu do abraço de Stefan e desceu de pijama mesmo até a cozinha. Quando ligou a luz no interruptor, levou um susto ao ver Damon sentado na mesa, com o sempre fiel copo de uísque acompanhando-o.

- O que você está fazendo aqui? – ela sussurrou.

- Acabei de chegar em casa. – ele respondeu, dando de ombros. – E você não está dormindo por quê?

- Insônia. – ela disse brevemente, caminhando até a geladeira e pegando a jarra d’água, enchendo um copo.

Enquanto ela bebeu a água o silêncio esticou-se na cozinha. Damon, porém, não tirava os olhos de Elena, deixando-a ligeiramente desconfortável.

- Olha, Damon... – ela diminuiu o tom de voz e aproximou-se um pouco. – Vamos esquecer o que aconteceu mais cedo. Eu vou fingir que não aconteceu. A minha decisão ainda é a mesma.

Ele encarou-a e depois balançou a cabeça, com um sorriso indecifrável. Ele levantou-se, então, e caminhou até a metade da cozinha, onde ela estava parada.

- Eu já provei que você não consegue viver apenas com ele, Elena.

- Shhh... – ela repreendeu-o, apontando para o andar de cima, onde Stefan estava dormindo. Damon revirou os olhos, assumindo, em seguida, uma expressão fechada, um tanto irritada.

- Quer saber? Continue mentindo o que quanto você quiser. Engane Stefan, tente enganar até a si mesma... Mas a mim, Elena, - ele abaixou o tom de voz, aproximando-se ainda mais dela. Quando ele completou, sua boca estava quase grudada no ouvido de Elena, que ficou parada, sem reação. - ...você não engana.

Um arrepio percorreu todo o corpo dela como resposta ao hálito de Damon na própria orelha, e ela não conseguiu disfarçar, odiando-se por isso.

Ele abriu um sorriso de superioridade, de quem sabe das coisas. E Damon sabia que era apenas uma questão de tempo. Se ele não provara isso a ela naquele dia, teria muitos outros para provar. Ele ergueu o copo para a garota como se fizesse um brinde.

- Boa noite, Elena.

No dia seguinte, Elena estava sentada no sofá ao lado de Jeremy, e olhava em choque para a televisão. Ele chamou Jenna, que veio correndo ver o que estava acontecendo.

Outra garota fora encontrada morta em Mystic Falls. Dentro da própria casa.

Elena já a vira algumas vezes no colégio. Ela era bastante tímida, mas parecia sempre simpática. Seu nome era Jacqueline Petters. 

O repórter do noticiário falava com revolta sobre a forma como a garota fora encontrada: sem nenhuma gota de sangue no corpo, e, o mais horrível, sem o seu coração.

Quando ele começou a entrevistar a Xerife Forbes, pedindo-lhe alguma nova informação sobre o caso, o celular de Elena, que estava sobre a mesa de jantar, começou a tocar, e ela foi correndo atender. Provavelmente era Stefan, que também estava vendo as notícias sobre a morte de Jacqueline.

O número que aparecia na tela, no entanto, não era de ninguém que estivesse salvo nos seus contatos. Ela levou o celular até o ouvido.

- Alô?

- Olá, Elena. – disse uma voz masculina desconhecida do outro lado da chamada. – Pobre Jacqueline, não é? Não faça essa cara. – Elena ouviu uma risadinha gélida que a arrepiou de medo. – Sei que você estava vendo o noticiário, e que agora está parada em frente à mesa de jantar. Eu estou lhe vendo. Eu estou cuidando todos os seus movimentos, querida.

- Q-quem é? – ela gaguejou enquanto uma forte náusea invadia o seu estômago, fazendo-a se segurar na mesa para manter-se de pé.

- Isso não é o mais importante. Fique atenta, Elena, ou você pode ser a próxima.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Se preparem, porque a história agora vai ficando em ritmo mais acelerado e vai se encaminhando pro final. Infelizmente, eu devo dizer. : E eu sei que todo mundo aqui quer o Damon e a Elena juntos, mas acalmem-se, OK? Eu quero que a história faça sentido, porque cansei de ler fics por aí que não são convincentes. Entendam que a Elena ama o Stefan (burra HAUEHAE), e se sente culpada. Mas vai dar tudo certo pra Delena, confiem em mim! E continuem com os reviews, adoro adoro adoro ler todinhos. Eles, assim como as recomendações, me dão vontade de escrever, então fiquem espertos HAHEUAHEU
OBS:. Pra quem me desejou bom show, eu agradeço bem atrasadinho, e digo que foi a coisa mais impressionante que eu já vi na minha vida! Um ex-Beatle é um ex-Beatle, ponto final.
Beijinhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Death Of Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.