Aquela noite estava fria demais. Podia sentir meu peito doer. O que era aquele medo constante que sentia crescer dentro de mim?

Deitado na cama fria eu me sentia vazio, perdido em meio as lembranças de um amor perdido. De um coração ferido. Eu podia sentir a dor caminhando por minha pele, sentia as lagrimas se formarem nos meus olhos, e a garganta fechar devido aos soluços maus contidos.

Ele tinha desistido, não seria mais um paladino. Não lutaríamos mais lado a lado. E ficaríamos longe um do outro por um longo tempo, sem saber qual seria a próxima vez que o veria. E isso doía.

Me sentia quebrado, sentia os cacos me cortarem de dentro para fora. Meu peito ardia, meus olhos ardiam, minha garganta ardia pelos gritos sufocados de dor. E então cada musculo do meu corpo era como geladinha, mole e gelada. O que eu faria sem ele? Como seriam as coisas agora?

As dúvidas me corroíam de dentro para fora.

E só mais uma vez queria sentir seu corpo quente junto ao meu, por parecia que aquela coberta não conseguia me esquentar igual ele fazia. Porque a dor não queria ir embora. E pela primeira vez desde que aquela loucura toda tinha começado eu me sentia sozinho, quebrado e abandonado, traído e ferido. Era insano todas as dúvidas que me viam a cabeça, todos os medos e receios.

Eu não conseguiria segurar as pontas sem ele. Como salvar o universo quando ele era o meu universo e tinha partido?

Só descobri que aquele sentimento estranho que vinha apertando meu peito nos últimos meses era amor, quando o perdi.

O perdi antes mesmo de falar que o amo. E agora já não dava mais tempo de falar isso, ele estava indo embora. Estava me abandonando, mas não podia o impedir ou o culpar, o clima aqui no castelo estava estranho desde que descobrimos sua herança genética. Keith era metade galra, e Allura estava pirando com isso.

Mas como impedir Keith de descobrir suas origens? Como o impedir de descobrir quem é? Quando nunca teve ninguém? Eu não poderia o impedir.

Então o deixei partir.  O deixei ir pôr o amar. O deixei ir por querer seu bem. O deixei ir por querer ver seu sorriso. O deixei ir para que pudesse ser feliz.

E quem diria que quando o visse de novo ele estaria tão feliz por ter encontrado sua mãe? Quem diria que ele pareceria mais velho e maduro o que eu conseguia me lembrar? Quem diria que seu sorriso estaria mais lindo do que nunca?

E nada disso teria acontecido de naquele momento eu não o tivesse deixado ir.