As vezes no silencio da noite eu me pegava imaginando como seria uma vida ao lado do Lance, aquilo era estranho até mesmo para mim. Éramos rivais desde que eu conseguia me lembrar, porém não conseguia tirar o sorriso dele da minha cabeça. Os dentes perfeitamente alinhados, tão brancos que chegava a segar sempre que ele sorriu.

Não estava nos meus planos me apaixonar por Lance Mcclain. Mas seu sorriso jogou um feitiço em mim, o engraçado nisso tudo é que de nós dois sou eu o feiticeiro, porem foi eu que cai no feitiço dele.

Lance era o garoto descolado, e eu era o nerd rejeitado. Lance era surfista, e eu odiava água. Lance era amigável, e eu afastava todos de mim.

Nos conhecemos no jardim de infância e não fomos um com a cara do outro desde o começo. Talvez por ele ser de leão e eu de escorpião. Ou simplesmente por sermos como água e óleo não nos misturarmos. Por obra do destino ou por alguma força maior que não consigo compreender sempre estudamos juntos, por anos, fundamental I, fundamental II, e por fim o tão esperado ensino médio.

Todos os anos tal como uma maldição eu era obrigado a conviver no mesmo ambiente com ele. Perdi as contas de quantas vezes entramos na porrada ou quantas vezes ficamos de castigo depois da aula.

Mas foi só aos dezesseis que algo realmente estranho aconteceu, descobri a minha linhagem mágica. Por mais difícil que foi acreditar naquela época, minha mãe desaparecida era uma poderosa bruxa e eu e minha irmã herdamos os poderes dela. No começo eu não soube lidar muito bem com isso, surtei, fugi de casa e tentei lutar contra. Não conseguia acreditar que era um mestiço.

Mas a magia era real. E tive que aceitar.

E por causa de um simples desejo, acabei de castigo mais uma vez ao lado dele, e talvez foi naquela linda tarde de inverno que eu me apaixonei, talvez foi por causas dos livros ou o fato que pela primeira vez em anos tivemos uma conversa maior do que cinco frases. E meu deus, ver ele sorrindo foi a melhor coisa que já me aconteceu na minha vida.

Foi como sentir as borboletas voando no meu estomago, foi como cair de um penhasco. Adrenalina pura correndo nas veias, me sentia frio, as pernas bambas e as mãos tremulas. Percebi que cometera um erro ao sentir o rosto arder.

E num piscar de olhos Lance estava correndo porta a fora ignorando os xingamentos da bibliotecária. Enquanto eu tentava entender o que tinha ocorrido, eu o tinha beijado?

Este simples pensamento avia me tirado um sorrido bobo da cara, e me colocado num verdadeiro inferno. Ele me odeia.