Lonely Hearts Club escrita por Alexia Evangeline Reiss


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Alô galera de caubói, mano, fazia tantos anos que eu não escrevia uma oneshot tão longa que me deu felicidade. Seguinte, aviso de gatilho para homofobia, se você tem problemas com isso, por favor, não leia!

Recomendo ler ouvindo a música no qual a fic foi baseada, Lonely Hearts Club, de Marina and The Diamonds



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Havia algumas certezas que permeavam a mente de Bakugo Katsuki naquela noite, a principal delas é que ele deveria de fato ser nomeado rei. No entanto, diferente da megalomania que lhe atingia da infância a pré adolescência, no alto dos seus 18 anos e último ano de U.A., Bakugo afirmava em sua mente que deveria ser nomeado rei de fato, mas rei em fazer merda.

Por qual motivo discutira com Midoriya hoje? Ele sabia que chegou um ponto que não havia mais motivos para implicar com o garoto mais novo, mas a relação dos dois sempre foi assim não é mesmo?

Não, não é.

E talvez por isto o gosto amargo em sua boca era pior do que nunca no dia de hoje.

Era o último a estar acordado, ao menos, na sala comunal do dormitório do 3-A, e por esta razão acreditava estar sozinho. Algum programa bosta passava na tv, ele não sabia mais qual, deixara de prestar atenção enquanto ainda tinha companhia na sala.  No entanto risadas ao fundo num programa de tv ecoam no escuro sozinhos, e cansado de ficar ali apesar da insônia que lhe acometia, decidiu ir para a  cama se sentindo mal. O fato era que ele tinha certeza que independente da relação de merda que ele e Izuku tinha, nada justificava o que Katsuki disse mais cedo, dando lhe a certeza que o motivo por não ter visto o garoto pelo resto do dia era justamente por ser ele a razão do Deku estar triste.

A escuridão de seu quarto parecia lhe engolir. Se era por ser tão tarde da noite, ou pela dor que sentia em seu peito Bakugo já não tinha tanta certeza. Se jogou na cama sem olhar nada. Não era do seu feitio ficar acordado até aquela hora, porém em que momento seus remédios deixaram de fazer efeito?

Era até ridículo, acusara Midoriya de ser uma aberração nojenta, no treino daquela manhã, sendo que ele próprio além de ser uma, ainda necessitava ir naquele maldito psiquiatra. A quantos anos sua mãe lhe obrigava mesmo? E por que nunca se revoltou contra? Ah sim, por ser uma aberração como ela mesmo lhe dizia.

‒Merda! ‒ ele exclamou, virando-se para a parede e a socando. Talvez fosse hora dele aceitar de que era esse seu destino. Nunca deixaria de ser aquela aberração. Estava oficialmente filiado ao clube dos corações solitários, afinal, aberrações não deveriam ficar juntas não é mesmo?

De Janeiro a Dezembro, Bakugo na realidade já se encontrava na lista vip.

 

ooOoo

 

Era uma tarde ensolarada pós escola, e Bakugo estava obstinado a terminar aquele cartão. Agora que aprendeu a escrever, iria entregar para seu amigo, que ele sabia que também já estava lendo. A professora disse que os dois eram ótimos alunos e estavam progredindo muito bem!

Desenhava pequenos corações com giz de cera, estava deitado no tapete da sala, e seu objetivo era que fosse o cartão mais lindo do mundo, pois queria animar seu amigo. Tinham descoberto naquele dia que Midoriya Izuku era uma criança que nunca teria uma quirk. Isso não era justo, como o outro garoto seria herói junto com ele, se apenas Katsuki tinha desenvolvido a quirk?

A resposta então foi óbvia, seria então Katsuki o herói do Deku, e nada no mundo o impediria disso.

Começou a escrever no cartão, agora pronto, onde haviam corações, o nome do Katsuki e do Izuku dentro de um deles, além de um desenho dos dois  de mãos dadas no jardim. Agora só faltava escrever que Katsuki seria o herói dele, e que não tinha problema não ter quirk, eles ficariam juntos para sempre. Ao menos era o que o pequeno Bakugo desejava.

‒ O que você está fazendo querido? ‒ Mitsuki diz ao entrar na sala e vendo o filho tão obstinado, ao  ler o que ele escreveu, deu um tapa em seu rosto, fazendo Bakugo sentar, seus olhos marejaram e não entendia o que estava acontecendo.

‒ Mas que porra de merda vocês está fazendo? Eu não te criei para ser uma aberração.

‒ Mas mãe? Era um presente... ‒ o pequeno diz já começando a chorar. A mulher além de amassar o cartão que ele tivera tanto trabalho para fazer o rasgou em diversos pedaços antes de jogar no lixo, enquanto xingava a pequena criança. Mas o que ele estava fazendo de errado?

 

ooOoo

 

O dia amanhecera, e mesmo não tendo dormido muito, Bakugo acordou sentindo lágrimas escorrendo pelo rosto. Que merda de lembrança ele tinha que sonhar e justamente depois da merda que fizera ao destratar o Deku? Porra, não era para ter sido nada assim. No entanto, ao menos agora lembrava porque começou a ir num psiquiatra. após entrar na U.A. sua mãe lhe liberou de ir naquele médico maldito, e como Katsuki detestava aquele cara. Mas foi conversando com a Recovery Girl, após muito do que aconteceu desde que as aulas começaram no primeiro ano, que ele aceitou voltar a um psiquiatra, mas desta vez, um recomendado pela própria senhora baixinha, e definitivamente sem sua mãe saber. Deuses, Katsuki se mataria, mas jamais deixaria aquela velha bruxa saber o que ele fazia de sua vida agora.

No entanto, ele precisava discordar dos médicos atuais, (Recovery o obrigava a ir num psicólogo junto também, ou ele não poderia continuar com a sua licença de herói provisória). Bakugo era sim uma aberração, e nisso sua mãe estava certa.

Esfregou o rosto nas costas de suas mãos, levantou, e seguiu aos banheiros para se arrumar para aula. Mais uma vez dormiu pouco, e isso era algo que ele detestava.

Mas desgraça pouca é sempre bobagem, então porquê se surpreenderia de dar de cara com o motivo de seu amargor logo pela manhã?

‒ Bom dia Kacchan! ‒ Midoriya lhe diz ao sair do banheiro. Já estava pronto para aula. Katsuki não o respondeu, apenas deu de ombros, desviando o olhar, rosnando para o jovem a sua frente para então entrar no banheiro.

Como Deku poderia falar com ele tão normalmente depois de ele ter o feito chorar no dia anterior? Era mesmo um deku. Será que ele queria ser um membro daquele clube? O clube dos corações solitários. Deku era de fato um idiota, como alguém com tantas qualidades  poderia querer estar com alguém como ele?

 

ooOoo

 

O que Bakugo não sabia é que Midoriya tinha sim um porquê de sempre ser gentil com o mais velho.

Veja bem, Izuku não fazia ideia de como, mas de alguma forma Kacchan descobriu que o jovem sardento estava apaixonado por um menino.

A primeira vez que se apaixonara por um garoto Izuku lembrava ter uns 4 anos, mas infelizmente não era correspondido. O que realmente era um pé no saco é que como sua primeira paixonite de infância convivia consigo todos os dias, desde que ele se entendia por gente, até os dias de hoje, lhe era um tanto difícil superar e seguir em frente.

A mãe de Izuku por diversas vezes consolou o jovem por ter tido o coração quebrado pelo garoto explosivo.

O que sempre deixou Inko com uma pulga atrás da orelha é como uma criança tão pequena quanto Katsuki poderia ter um gênio tão ruim? A resposta veio quando Midoriya tinha uns 10 anos e a sra Midoriya entrou bufando dentro de casa após um dia ajudando na igreja perto de sua casa. Inko estava furiosa. Mais que furiosa, a vontade da jovem senhora era de ter aderido a selvageria, mas ao invés disso, largou tudo o que fazia e foi embora para nunca mais voltar àquela igreja.

O motivo? Bakugo Mitsuki.

Estavam arrumando o pequeno salão da igreja para as festividades da festa junina que logo chegaria, apesar da comunidade católica ser pequena em seu bairro, Inko se sentia bem indo lá ouvir o que o Padre tinha a dizer, ao menos até aquele dia, enquanto as pessoas arrumavam a igreja, ouviu-se um boato de que um casal de homens havia deixado de participar da comunidade por se assumirem gays. Inko não compreendeu até ouvir a sra Bakugo dizendo que eles deveriam era se matar, mas graças a “Deus” eles ao menos não estariam ali contaminando o local. E que tal mal deveria sempre ser cortado pela raiz, e foi o que ela fez quando viu que seu filho estava de muitas gracinhas com os filhos dos Midoriyas…

Inko considerou e muito dar um tapa na cara daquela louca, onde já se viu?  Que Deus era este que a outra seguia? Definitivamente não era o mesmo que ela, porém, ouvir a aprovação de pessoas que ela considerava como boas lhe cortou o coração. No entanto, a luz da compreensão chegou, e Inko finalmente entendeu o que talvez deveria estar acontecendo com o pequeno loirinho que a tantos anos não via.

Chegou em casa e abraçou o filho que estava assistindo algum filme de herói na tv enquanto comia doces. Izuku na hora não entendeu, mas abraçando a mãe se permitiu ouvir o que tanto a havia deixado tão abalada.

Daquele dia em diante Deku teve uma certeza, ao menos ele esperava que desse certo, pois sentia que se ele fosse tão gentil, então talvez Kacchan poderia mudar sua mente  quanto aquele ódio todo que lhe foi ensinado.

Eles não eram aberrações. Deus não os odiava. Disso Izuku tinha certeza.

 

ooOoo

 

É claro que, apesar de tudo o que Midoriya havia sido vacinado em casa contra a homofobia, nem o jovem aprendiz de herói estava preparado para ser gratuitamente atacado pelo garoto explosivo no treino do dia anterior.

Estava conversando com a Ochako no meio de umas das pausas do treino, não era segredo para ninguém da turma deles que os dois namoraram, mas a própria menina terminou com Izuku alegando que não adiantava nada estarem juntos se no fundo o garoto sempre teria uma queda por seu primeiro amor. Apesar de ter deixado Izuku chocado, a garota tinha razão, se passaram anos demais sem que ele desse um fim decente naquela história, mesmo que fosse um fim apenas para si.

Apesar de agora ex-namorados, os dois fortaleceram ainda mais a amizade, ao ponto de agora tentarem se ajudar com suas novas paixões, bem, nova para Ochako, não tão nova assim para Izuku.

No entanto, Midoriya não lembrava exatamente qual foi a palavra exata que Ochako disse que deveria ter denunciado para o Kacchan que Midoriya estaria afim de um garoto. Seria algo como “você deveria se confessar para ele?” o garoto realmente não lembrava, porque ter sido tão humilhado na frente da turma toda nunca lhe doeu tanto. Não que normalmente Deku se importasse com isso, mas sofrer homofobia logo da pessoa que ama é de fato algo para se desestruturar alguém.

Ele só gostaria no fundo que Bakugo soubesse como sempre tirou vantagem de seu coração o fazendo voltar para o escuro, principalmente naqueles momentos quando via que na realidade, o jovem explosivo tomava veneno das próprias palavras. Eram momentos como aqueles que Midoriya lembrava de sua mãe chorando ao chegar em casa e dizendo que de alguma forma o seu velho amigo de infância precisava de ajuda.

O que Izuku não considerou era qual preço deveria pagar para isso. Talvez no fundo ter seu coração solitário seria sua resposta.

Claro que o amor nunca será pra sempre, Deku tinha certeza disso pois  sentimentos são como o clima, sempre transitam. No entanto, aquela pequena constância de sua paixonite também lhe ensinou que por mais que mude o clima, ele sempre retorna. Houveram outras paixões na vida do jovem aprendiz de herói, claro, homens e mulheres que ele teve o prazer de conhecer, alguns outros tantos que ele pode ir além, mas como o clima sempre volta, a paixão por Bakugo também tinha seus momentos. Haveria algum momento que ele deixaria de amá-lo? Possivelmente não. Mas nunca sendo correspondido, chegava um ponto de que Midoriya considerava seriamente de que, de janeiro a dezembro,  continuaria sendo um  coração solitário. Talvez fosse hora de se tornar um membro do clube dos corações solitários não é mesmo?

 

ooOoo

Ao chegar na sala de aula Bakugo se dirigiu diretamente para a sua carteira, ignorando seus amigos, Kirishima e Denki tentaram conversar com ele sobre a reação que teve ao ouvir que Miroriya estar gostando de um garoto. Porra, o outro não namorava a cara de bolacha? Que merda era aquela?

Apesar de sentir uma dor inexplicável em seu peito, havia ficado feliz em ver que o outro estava namorando com uma garota, significava que nisso sua mãe estava errada. Deku não era e nunca foi uma aberração. Agora, gostando de um cara? Então ele e a cara de bolacha terminaram? Mas que merda era aquela? Não era certo. definitivamente não era.

Então por que por um segundo o coração do jovem herói aprendiz bateu mais rápido e brevemente considerou que poderia quem sabe, ter uma chance com o que uma vez foi seu amigo na infância? Mas ele não era amigos agora?

Não, aquilo era uma aberração!

E quase gritando em sua carteira, Bakugo apenas colocou as mãos em sua própria cabeça. Aquilo tudo estava tão errado que ele não sabia nem por onde começar.

E mesmo se não estivesse…

Como alguém tão incrível quanto o Midoriya iria querer ficar com alguém como ele?


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Notas finais do capítulo

A fic surgiu por conta do desafio #DesafioKatsudeku7 e o tema dessa vez foi Songfic. Caso vocês também curtam, fica aqui a divulgação do grupo também, lá é tudo amorzinho, para postar, apenas de uma lida nas regras antes :v

O grupo: https://www.facebook.com/groups/439584116523327/



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