Embora fosse querido por todos, o clima do último dia de Bruno naquela empresa foi de festa.

Era uma despedida, mas não havia ninguém triste. Pelo contrário, o sentimento mútuo de amizade era tão verdadeiro que, apesar da falta que ele faria, todos estavam felizes pela promoção que ele conseguira para atuar na sede principal da corporação, que ficava em outra cidade.

A única pessoa que não festejava, era João. Seu semblante pensativo perdurara o tempo inteiro.

Bruno e João haviam sido contratados juntos e, talvez por isso, acabaram se aproximando bastante. Chegaram, inclusive, a se declarar um para o outro, mas Bruno acabou com a história antes mesmo que ela começasse: as normas da empresa não permitiam envolvimento amoroso entre funcionários e ele não estava disposto a arriscar o emprego de ambos por isso.

João, na verdade, queria. Mas decidiu respeitar a decisão de Bruno e manterem-se afastados um do outro.

Bruno despediu-se de cada um com um abraço apertado e, por João estar afastado dos demais, acabou sendo o último.

— Não vai me dar os parabéns? — perguntou, abraçando-o. — Por que tá com essa cara?

— Vou sentir sua falta, você sabe — João sussurrou no ouvido de Bruno. — Uma parte de mim queria que fosse mentira…

— Nossa, obrigado. — Bruno o interrompeu.

— Cala a boca e me deixa terminar, não estraga o mento — riu. — Então, outra parte de mim tá radiante, porque isso quer dizer que podemos ficar juntos agora.

— Juntos?

— É, se você quiser. — João puxou-o pela nuca e o beijou com a intensidade de quem não queria crianças no recinto. — Juntos e shallow now.