Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 16
Cápitulo XV


Notas iniciais do capítulo

Leitores ATENÇÃO!
Queria pedir desculpas em meu nome pra todo mundo que vem acompanhando a história, eu há dois meses atrás fiz uma grande mudança, uma mudança de país (To morando agora na França) e não estava conseguindo dar conta de tudo e acabou que nossa história ficou atrasada. Tava tudo exclusivamente nas costas da Myu e não é justo, fora que algumas partes (Normalmente os trechos da Tatiana) quem escreve mais sou eu, a Myu sabe fazer mas sempre precisa da minha ajuda pra embasar os personagens do universo delas! De brinde essa semana vamos ter duas postagens (YEY!) espero que vocês gostem de tudo!
Beijos, Madame Chanel.



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Arles ficou sabendo da partida de Sammyrah através dos olhos de Brida. Revoltado, aproveitou-se do controle mental que ainda mantinha sobre a serva para ordenar que ela pulasse de um penhasco:

—Ela não tem mais serventia nenhuma. Não quero aquela vagabunda se sentindo importante só porque a outra partiu… 

Mais uma vez, o ataque arquitetado por Píton não deu resultado. O plano de trazer Mu de Áries de volta ao Santuário também não e, de quebra, o Mestre do Mal descobriu que Seiya e os outros ainda estavam vivos e que a Ilha da Rainha da Morte não foi destruída:

—Tempos ruins pedem medidas desesperadas - Arles pensava no banho - Eu subestimei os cavaleiros de bronze e, agora, eu não tenho outra escolha a não ser essa.

O Grande Mestre ordenou a um soldado que chamasse Milo de Escorpião. O Cavaleiro já tinha se mostrado eficiente com a missão da Ilha de Andrômeda, mesmo que contando com breve ajuda de Afrodite. Além do mais, era do tipo que aceitava a missão sem questionar sua natureza. O candidato perfeito para acabar com os Cavaleiros de Bronze e recuperar a Armadura de Sagitário. Menos de uma hora depois, o escorpiano se apresentou ao mestre, em sua armadura completa:

—Aqui estou, excelência - o grego falou, ajoelhando em sinal de reverência - Milo de Escorpião a seu dispor.

—Muito obrigado por vir, Milo - o patriarca falou, sem se levantar do trono - Você deve saber que, lá no Oriente, alguns Cavaleiros de Bronze realizaram uma espécie de torneio, que mais parecia um circo de quinta categoria.

—Sim, fiquei sabendo disso, mas creio que não seja algo que merece nossa atenção… Ouso até dizer que não passou de uma mera brincadeira de criança.

—Eu também achava isso no início… Mas aí eles entraram em conflito com alguns Cavaleiros Negros e seu novo líder, Ikki de Fênix por uma suposta Armadura de Ouro. Enviei Dócrates, mas ele acabou derrotado… E, agora, a infâmia passou de todos os limites, pois eles alegam que uma certa garota jovem é Athena. Percebe, Milo? Eles estão tentando acabar com a honra e a credibilidade do Santuário. Com isso, não posso mais ignorá-los!

—Eles devem estar completamente malucos! - o Cavaleiro de Escorpião ousou falar com leve ar de sarcasmo - Como podem pensar em derrubar o Santuário?

—Pois bem… Mediante as constantes ameaças de terrorismo, resolvi enviar alguns Cavaleiros de Prata atrás deles, com ordem de execução, entretanto… Todos os Cavaleiros enviados foram derrotados por esses cinco cavaleiros de bronze!

—Apenas cinco Cavaleiros de Bronze eliminaram os Cavaleiros de Prata, Mestre? - Milo perguntou surpreso.

—Sim, Milo. Infelizmente, não é uma piada de mal gosto. Todos os Cavaleiros de Prata enviados foram derrotados… Bem, todos não. Marin de Águia nos traiu e se uniu a eles e Shina de Ofiúco segue ao nosso lado, porém anda agindo sem ordens minhas ou de Píton.

Milo ainda o encarava incrédulo, até que resolveu questionar:

—Grande Mestre… Eu não creio que o senhor me chamou aqui para enfrentar esses Cavaleirinhos de Bronze. Desculpe lhe contestar, mas acho que isso não é tarefa para um Cavaleiro de Ouro. Me nego a lutar contra eles.

—EU ESTOU ORDENANDO.

—Perdoe-me mais uma vez, não irei lutar contra eles. Eu tenho um orgulho e um nome a zelar como Cavaleiro de Ouro do Exército de Athena - respirou - A Ilha de Andrômeda foi um caso isolado. Albiore, além de não responder seus chamados, era um dos mais poderosos cavaleiros de Prata, tanto que precisei da ajuda de Afrodite para eliminá-lo, mas um Cavaleiro de Ouro executar Cavaleiros de Bronze, senhor, é o mesmo que pedir a um leão que esmague uma formiga!

—BASTA! Se não nos livrarmos deles agora, tenha certeza que se fortalecerão e nos arrependeremos de nossa compaixão. 

—Por que teme tanto esses Cavaleiros insignificantes, excelência? Eles não são nada…

—Porque creio que a Armadura de Ouro de Sagitário, desaparecida há cerca de dez anos está em posse deles.

Os olhos azuis de Milo se arregalaram diante da declaração de Arles. Um dos grandes mistérios dos últimos anos era onde esta armadura estava. Alguns acreditavam que Aiolia havia enterrado-a junto com o corpo do irmão em algum limite do Santuário, porém o jovem Leão estava sob custódia de Máscara da Morte naquela fatídica noite, em que Aiolos atentou contra a vida do bebê Athena:

—Isso não… Como que essa armadura foi parar no Japão?

—A história publicada nos jornais foi que Mitsumasa Kido, um riquíssimo empresário japonês, recebeu essa armadura de um jovem Cavaleiro a beira da morte. Eu cheguei a recuperar parte dela, porém ela tornou a ser roubada - ele finalmente ficou de pé e abriu uma cortina, exibindo oito das doze urnas douradas - Oito, dos Doze Cavaleiros de Ouro que ainda vivem no Santuário juraram fidelidade a Athena. Gêmeos desapareceu há alguns anos, mas sua armadura permaneceu aqui… A Armadura de Sagitário tornou a desaparecer e existem dois cavaleiros que não retornam e nem dão um parecer sempre que lhes convoco… Eu suspeito, inclusive, que eles ajudaram na traição de Aiolos anos atrás.

—E quem são esses?

—Como pode ver, Mu de Áries e Dohko de Libra, o mestre Ancião, cujo às urnas não estão aqui… O Ancião eu até relevo, pois ele é um sobrevivente da Guerra Santa anterior e possui uma missão sagrada, da qual nem eu tenho conhecimento, mas Mu de Áries recusa todos os meus chamados e, dias atrás, enviei um Cavaleiro de Prata para lhe buscar em Jamiel. Ele não só negou o chamado, como solicitou a Seiya de Pegasus que eliminasse Aracne de Tarântula, o cavaleiro que enviei - Milo apenas encarava o Mestre, que caminhava enquanto falava - Ou seja, se aqueles dois se unirem a eles, somando o poder da Armadura de Sagitário, que pode escolher um novo Cavaleiro considerando que aquele cinco foram capazes de derrotar valiosos guerreiros, seriam 3 Cavaleiros de Ouro renegados. Teríamos que nos preparar para um enorme derramamento de sangue. 

Isso é verdade— Milo pensava - Mesmo que derrotássemos os Cavaleiros de Bronze, quando os de Ouro lutassem entre si não sobraria pedra sobre pedra.

—Preste bem atenção, Milo de Escorpião: você tem o dever de liquidar aqueles cinco cavaleiros de bronze e também essa tal Saori Kido que ousa macular o nome de Athena.

—É uma tarefa simples e vergonhosa, para um Cavaleiro de Ouro, mas eu a executarei com p-...

—ESPERE! - As pesadas portas de madeira foram abertas de uma só vez. Ainda pode-se ver um soldado tentando impedir, mas foi em vão. Aiolia entrou de uma vez, sem pedir licença, apenas com o uniforme de treino e não se deu ao trabalho de ajoelhar em reverência, pois jurou jamais se curvar diante daqueles que mataram seu irmão sem um julgamento - Eu cuidarei disso, Senhor Arles.

—Hm… Sim, você também ainda é um cavaleiro de Ouro, apesar de ter sido brutalmente surrado por uma mera aprendiz dias atrás - observou divertido por trás da máscara o leonino comprimir o punho com raiva, enquanto Milo apenas sorriu de lado - O que faria se eu dissesse que prefiro Milo ao invés de você para essa missão?

—Eu o liquidaria aqui mesmo para provar meu valor e minha força física e cósmica, não psíquica como aquela bruxa que agora é Amazona de Perseu - respondeu, encarando firmemente os olhos vermelhos da máscara de Arles.

Milo chegou a protestar, mas foi interrompido pelo patriarca:

—Muito bem, então a ordem agora é sua, Aiolia. Parta imediatamente para o Japão e acabe com aqueles traidores.

—Mas, sua excelência eu…

—BASTA, MILO! - vociferou o Mestre do Mal - Deixe tudo com Aiolia.

Ambos observaram o leonino sair em seu passo duro e apressado, mas tendo o cuidado de fechar as portas antes de sair. O escorpiano, ainda revoltado, voltou a posição de reverência:

—Mestre, por favor, me responda: por que escolheu Aiolia? O senhor mesmo viu que ele foi completamente humilhado por uma garota que ainda não era Amazona dias atrás. Ele é despreparado e tende a subestimar seus adversário… Além disso, é irmão mais novo do traidor Aiolos. Pode até ter jurado fidelidade a Athena, mas o sangue nunca nega suas raízes. Quem pode nos garantir que ele também não nos traíra?

—O fato dele ser irmão do traidor é justamente o motivo pelo qual preferi ele e não você. 

—O quê?

—Aiolia tem sofrido com o estigma de ser o irmão de um traidor durante todos esses anos. Tudo que ele busca é uma forma de limpar o nome de seu irmão. Se a Armadura de Sagitário estiver realmente em posse dos Cavaleiros de Bronze, ele não medirá esforços para recuperá-la.

—Agora eu compreendo melhor, Grande Mestre.

—É isso mesmo - virou de costas e murmurou - E, se ele perder a vida no processo, matamos dois coelhos com uma só cajadada...

—O quê?

—Nada importante… Quer dizer, existe a possibilidade de você está certo sobre uma possível traição do Leão… Acho melhor mandar alguém para vigiá-lo. Pode se retirar, Escorpião.

Arles deixou o salão, assim como Milo, que descia as doze casas ainda pensativo:

—Como sempre, é impossível decifrar o que o Mestre Arles está pensando. Eu soube que cada vez mais desconfiam dele… Que se voltam contra ele e tentam fugir. Fora que, já encontraram o corpo de vários servos nos arredores do Santuário. Ninguém jamais viu seu rosto por baixo daquela máscara… Ele é realmente um homem misterioso.

—Aonde vai assim tão concentrado, Mestre Milo?

Ele não virou o rosto, porém reconheceu a voz que o tirou do transe: Kammy de Cervo, prima de seu melhor amigo. Estava tão imerso em pensamentos que sequer reparou que estava em Aquário:

—Me desculpe, senhorita - virou e a flagrou em uma túnica lilás, cabelos soltos, descalça e, como sempre, com um livro nas mãos - estava distraído.

—Eu não lhe julgo… Também fico assim quando leio - tinha um tom sorridente na voz - Mas, o que faz aqui? Apenas rotina ou recebeu uma missão de cima?

—Até tinha recebido, mas… o Grande Mestre preferiu mandar o Aiolia.

—Ah, então foi por isso que a Fera Domada passou por aqui dando chilique — indagou cruzando os braços e soltando um leve riso - Deve ser uma missão bem ridícula mesmo, considerando que ele apanhou da Sammyrah.

—Eu diria que é ridícula mesmo, já que é para eliminar os Cavaleiros de Bronze do Japão.

—Isso é sério, Milo? - a pergunta partiu de Camus, que surgiu na área comum usando moletom e camiseta - Depois de acabar com quase todo o arsenal prateado, o Grande Mestre resolveu mandar um Cavaleiro de Ouro? Por acaso isso é alguma das suas piadas?

—Não, Geladeira… Eu estou falando super sério dessa vez. 

—Vamos à biblioteca. Lá você me conta tudo - o Cavaleiro de Aquário virou para a prima - Cervo… Está autorizada a liberar passagem.

—Tudo bem, Mestre - A loira apenas acenou e voltou a seus pensamentos. Sabia que Sammyrah havia voltado a casa dos pais, com isso, sua mente passou a formular teorias estranhas de que talvez ela estivesse arquitetando todas as manobras de guerra que ali aconteciam, mas logo balançou a cabeça e decidiu esquecer isso. Olhou para o livro que lia e o depositou em uma mesinha - Bem que o Mestre Camus falou... “A Arte da Guerra” não é um bom livro para mim… Não ainda - suspirou - Eles estão na biblioteca, ou seja, estou oficialmente sem nada para fazer.

—Ótimo! Do jeito que eu precisava de você, Kammy de Cervo.

A voz de Píton ecoou pela casa, fazendo-a rolar com os olhos por baixo da máscara, enquanto virava para ele e respondia com seu habitual sarcasmo disfarçado de simpatia:

—Nossa, senhor subcomandante. Que bons ventos o trazem ao décimo primeiro templo?

—Aquilo que você tanto queria - ele estendeu o envelope - Você vai para o Japão.

—Hã?! Mas o Grande Mestre não acabou de mandar o Aiolia para lá? Tá certo que ele não tá com muita moral depois daquela surra, mas… Acho que ele não precisa de suporte.

—Você não tem que achar nada, garota - a pegou pelo braço - Apenas vista sua armadura e vamos.

Antes mesmo que Kammy tomasse qualquer atitude, o ar da casa esfriou e Camus surgiu com a cara mais fechada que o normal:

—Tire suas mãos de minha assecla e comece a se explicar, Píton - ele ergueu a sobrancelha - E, antes que você venha com seu papo de “você me deve obediência, pois sou o subcomandante”, eu sou um Cavaleiro de Ouro e recebo ordens diretas do Grande Mestre.

—E-ela negou a missão que trouxe, senhor Camus - ele respondeu trêmulo, soltando o braço da loira e cruzando-o sob o corpo a fim de reduzir o frio.

—Ainda não estou convencido - intensificou o cosmo - Que missão é essa?

—Ela será enviada ao Japão, S-senhor Camus.

—Eu não neguei nada, Mestre Camus - Kammy vociferou - Eu apenas questionei porque seria enviada ao Japão se o Mestre Arles acabou de mandar  Aiolia de Leão para lá. Eu tô louca por essa missão há tempos! - fechou os punhos - Quero acabar pessoalmente com aqueles que mataram Crystal e Misty.

—O Mestre Arles não confia em Aiolia porque ele é irmão do traidor Aiolos! - o subcomandante cortou - Por isso pediu para chamar os Cavaleiros de Prata remanescentes no Santuário para seguí-lo de perto.

—Eu não estou interado em quais Cavaleiros de Prata ainda estão aqui - Milo perguntou, surgindo da biblioteca com uma maçã nas mãos - Além da Kammy, quem foi convocado?

—É…

—Responda, Milo de Escorpião, Píton - o francês ordenou firme. Já era possível ver alguns flocos de neve se formando no ar.

—Sirius de Cão Maior, Alguetti de Hércules e Dio de Mosca… Eles, além de Kammy, são os únicos prateados por aqui. 

—Hm… Você explicou sobre o que é a missão - os flocos de neve começaram a se tornar cristais de gelo - Mas ainda não me convenceu do porque segurou o braço da minha pri-... Assecla daquela forma.

Os olhos do subcomandante se arregalaram de medo. Ele sentiu o sangue começar a gelar em suas veias: era seu fim. Porém ele não contava com uma ajuda inesperada:

—Camus… Sério, cara: se controla - Milo ousou colocar a mão em seu ombro - Eu concordo que ele foi deselegante com sua assecla, mas, se o matar, vai acabar despertando a ira do Mestre Arles, que já não está com o humor muito bom.

—O senhor Milo tem razão, Mestre Camus - a loira interveio - Ele foi um crápula, mas não vale tomar uma pena por tão pouco. Além do mais, eu realmente quero essa missão.

O aquariano acalmou o cosmo e observou Píton respirar aliviado:

—Escutou minha assecla. Ela vai a missão… Agora saía de minha casa.

—Mas é q-...

—Saía… Da… Minha… Casa.

O ar tornou a ficar frio e o subcomandante saiu correndo. O francês virou o olhar para a prima:

—Eu sei que você quer vingar o Crystal e o Misty, mas, por favor… Não faça nada imprudente. Toma cuidado

—Pode deixar, senhor Camus.

—Isso… - Milo interrompeu - toma cuidado mesmo... Porque você vai pra missão com três patetas.



Já no Japão, os quatro cavaleiros de prata seguiam de perto os passos de Aiolia. O primeiro Cavaleiro localizado por ele foi Seiya que estava acompanhado de Shina, que estava sem máscara, fato este que foi estranhado por Kammy:

Será que a obsessão dela em eliminá-lo tinha a ver com isso? - a loira pensou, enquanto estava de tocaia em cima de uma árvore com Dio de Mosca.

—Você é sempre séria assim, Loirinha, ou só se acha porque vive entre os dourados? 

—Não lhe devo satisfações, Mosca… E acho melhor ficar quieto, se não quiser entregar nossa localização.

Grrr, ela é nervosinha - Debochou o cavaleiro

A loira apenas revirou os olhos por trás da máscara, gesto que parecia constante em sua vida. Milo tinha razão: aqueles caras eram completos babacas. Dio continuou com seus “gracejos”, enquanto Kammy observava a luta. Seiya estava ferido e de pijama, mas, mesmo se estivesse com sua armadura e em plenas condições físicas, não teria a menor chance. Aiolia estava prestes a dar o golpe final quando Shina entrou na frente dele, recebendo todo o impacto do ataque. O Cavaleiro de Pegasus ainda tentou acertar um soco no Leão, mas sem efeito. Aiolia pegou Shina nos braços e ameaçou partir. Neste momento, Kammy sentiu uma energia poderosa se aproximando, mas decidiu ignorar e reagrupou com os Cavaleiros de Prata:

—Você fica, Loirinha - Alguetti falou, bloqueando-a com a mão - Além de você ser novinha, não queremos problemas com o Senhor Camus he he he…

—Deixa o Aiolia e o Seiya com a gente - Dio falou - Qualquer coisa, você quebra a Shina, que é outra traidora!

A energia ficou ainda mais forte. Kammy sorriu por trás da máscara e tentou falar com a voz mais meiga, e menos sarcástica, que conseguiu fazer:

—Sim… Vocês tem razão. Obrigada pela preocupação, meninos… Agora vão lá cumprir nosso dever. Eu os esperarei aqui atrás, bem quietinha e fora de perigo.

Os três avançaram até onde estava Aiolia e Seiya, enquanto Kammy permaneceu atrás dos arbustos observando tudo:

—O Senhor é bonzinho demais - bradou Sirius, saindo das sombras - Por que não arrancar a cabeça de Seiya e, depois, levar Shina para ser tratada? 

—Ou melhor, por que não liquida os dois? - Alguetti se intrometeu.

—Cavaleiros de Prata… - o Leão falou - Acaso o Mestre Arles os mandou para me vigiar?

—Claro! Você é irmão daquele traidor, o Aiolos, por isso o mestre estava tão preocupado… 

—Bobagem! Voltem e digam a Arles que ele não deve se preocupar. Eu sempre cumpro meu dever.

—Será mesmo? - Sirius continuou - Por que, então, Mestre Aiolia, o senhor não liquidou Seiya e Shina antes de sair daqui? Não está indo contra as ordens dele? Ou tem medo de ser humilhado novamente por alguém abaixo do seu nível? Hahaha

—O que quer dizer?! - Aiolia se enfezou.

—Ah, muito simples - o Cavaleiro de Cão Maior deu de ombros e curvou o corpo levemente em um sinal de descaso - Se acha isso tão difícil, nós cuidamos do Seiya pra você.

Alghetti se aproximou, ainda debochando de Aiolia e o lançou Seiya  para o alto. Antes que ele pudesse cair, Dio o apanhou no ar, aplicando seu golpe Vôo Mortal, porém Sirius também queria sua deixa. Os três o jogaram no chão e fizeram um sinal para que Kammy saísse das sombras, mas ela tornou a sentir aquela energia poderosa… E percebeu que, dessa vez, Aiolia também notou:

Que os deuses permitam que minha intuição esteja certa.

Alghetti lançou Seiya para o alto mais uma vez e os três cavaleiros lançaram seu ataque. De repente, uma luz dourada envolveu o cavaleiro de Pegasus, fazendo-o desaparecer momentaneamente. Em seguida, a armadura de Sagitário surgiu nos céus, se separou e revestiu o corpo de Seiya:

—Acho melhor vocês correrem - Aiolia bradou, ainda incrédulo - Mesmo em três, vocês não têm a menor chance contra um Cavaleiro usando Armadura de Ouro.

Como dito por Aiolia, bastou um golpe para que o discípulo de Marin acabasse com os trio prateado. O Leão o encarou, colocou Shina apoiada em uma árvore e olhou para os arbustos:

—Não sei porque está escondida, mas será que pode sair e cuidar da Shina?

A loira caminhou tranquila para fora de seu esconderijo, encarando o leonino com os olhos prateados da máscara:

—Sim, eu também fui enviada com eles, mas fiquei para trás por ter sido menosprezada - abaixou e apoiou Shina em seu ombro. A amazona ainda respirava, mas o ferimento tinha sido grave - Eu sei que o você não é um traidor. Cumpra seu dever, mas, por favor, deixe o golpe final para mim. Eu quero acabar pessoalmente com esse Pônei Alado. Devo isso ao Misty.

Ele assentiu com a cabeça e virou para Seiya:

—Agora sim… Podemos lutar em pé de igualdade.

A armadura de Sagitário fortaleceu Seiya que, por um instante, conseguiu se igualar ao Cavaleiro de Leão, mas somente por um mero instante, pois logo o discípulo de Marin caiu diante do poder da armadura. A luta teria um fim trágico, se Saori Kido não tivesse aparecido com um imenso cosmo, assustando ao cavaleiro dourado e a Kammy, que permanecia no local ao lado de Shina:

Eu achei que o cosmo que sentia se aproximar era da Armadura de Sagitário— a loira pensou, enquanto observava a jovem de sobrenome japonês, conversando em um grego perfeitamente falado, com o cavaleiro de Leão - mas, parece que  era a garota. É um cosmo poderoso, mas ao mesmo tempo terno e acolhedor. Será que… Não! Os Cavaleiros de Bronze estão com a razão: Saori Kido é a deusa Athena!

A discípula de Misty resolveu ficar de pé e ouvir o que ela dizia:

—Há dez anos, seu irmão, Aiolos de Sagitário, juntamente com uma garota chamada Marie, se arriscou para me salvar de Arles, que tentou me matar com uma adaga de ouro puro - a jovem suspirou - Juntos, eles criaram uma ilusão que me permitiu fugir. Antes de morrer, seu irmão entregou a mim e a armadura de Sagitário a única pessoa, em meio a tantos turistas, que sentiu meu chamado até aquela parte da Acrópole - uma lágrima escorreu por seu olho direito - Mitsumasa Kido me criou como sua neta, inventando uma história sobre minha origem a imprensa. A armadura modificou sua aparência e entrou em estado de hibernação… Mitsumasa, seguindo o que Aiolos falou antes de morrer, criou a Fundação Graad e selecionou 100 jovens com características excepcionais para retornarem após seis anos com suas armaduras… Ele planejou a Guerra Galáctica para tirar o inimigo das sombras, sabia que esse circo irritaria o mal que tomou o Santuário. A única coisa que eu não esperava eram os Cavaleiros Negros.

—E-eu não…

Aiolia balbuciou. Estava petrificado com tanta informação. A deusa olhou para Kammy e seguiu seu relato:

—Todos os enviados de Arles não foram surpresa para mim. Dócrates, Geisty, Crystal, o Cavaleiro de Fogo e, depois, os Cavaleiros de Prata. Todos enviados para matar os Cavaleiros de Bronze… Até que Arles descobriu, não faço ideia de como, a minha real identidade, mandando Jamian de Corvo para me sequestrar. Graças a Seiya e os demais, todos foram vencidos - voltou o olhar para Aiolia - Mas parece que ele chegou ao ápice do desespero, já que enviou você, um Cavaleiro de Ouro.

—Se… Se isso for verdade… - Kammy murmurou - Quer dizer que… Crystal e Misty morreram em vão?

—Você tem que provar! - Aiolia bradou

—Hã?

—Eu não acreditarei em nada sem uma prova, garotinha! Se você for a verdadeira deusa, não será afetada pelo meu golpe.

—Fala sério, Aiolia! - Kammy gritou - Foi por causa de uma atitude assim que você apanhou daquela Princesinha sem Teto. Você não tá sentindo o cosmo dela? Deixa de ser cabeça dura, homem!

—Obrigada pela defesa, garota, mas eu aceito isso - Saori falou, se afastando e abrindo os braços - Vai em frente, Aiolia. Me acerte com seu golpe a velocidade da luz.

Qual o problema dessas garotas que têm dinheiro?— Kammy pensou, colocando a mão na testa mascarada, falando em seguida - Não quero nem olhar isso.

—Muito bem… Se quer tanto morrer… CÁPSULA DO PODER

Aiolia ainda estava dividido, mas lançou o golpe com toda sua força. Aquilo certamente destruiria o corpo pequeno de Saori Kido. O brilho do cosmo cessou e, quando Kammy abriu os olhos, veio o espanto: Seiya segurava o golpe de Aiolia com ambas as mãos:

tá maluco mesmo, né cara? Já é a segunda vez que ergue seus punhos para uma mulher na minha frente.

—Como você conseguiu fazer isso? - o Leão falou espantado - Como interceptou um golpe a velocidade da luz?

—Eu não faço ideia… Só sei que eu vi a luz.

Nesse momento, a alma de Aiolos presa a armadura surgiu. Claramente, era por isso que Seiya conseguiu vestir a armadura e interceptar e rebater o golpe de Aiolia:

—Eu perdi, Seiya - o dourado falou, pousando a mão no ombro esquerdo do rapaz - Não para você, mas para a alma de meu irmão que ainda estava na armadura. - depois, virou para a deusa, ajoelhando em forma de reverência - Perdoe-me por erguer os punhos contra ti, Athena.

Do outro lado, Seiya, já sem armadura, se aproximou lentamente de Kammy:

—É… Desculpa… Lembro de você no Santuário, mas não sei seu nome.

—Eu sou Kammy de Cervo - respondeu após um suspiro

—Olha… Eu ouvi você falar com o Aiolia que queria me matar por causa do que eu fiz ao Misty. Sei que isso não o trará de volta, mas… - ele curvou o corpo conforme o costume japonês - por favor, me desculpe! Eu apenas o confrontei por ele ser um assassino enviado pelo Santuário.

—Eu já entendi isso, Pegasus… Não há necessidade de você se desculpar. Como disse, isso não o trará de volta - deu de ombros - No fundo, eu sabia que tinha algo errado com Arles, mas sabe como é, né? A gente não comenta por medo de morrer…

—Ah, antes que eu me esqueça… - estendeu a máscara de Shina - Coloca isso nela antes de voltarem… E, por favor, quando ela acordar, diga que eu que não sou digno do seu amor.

No fim, Aiolia pegou Shina nos braços e partiu acompanhado de Kammy. 

 

***

 

No navio, o leonino ousou se aproximar da Amazona, que havia improvisado algumas bandagens no ferimento de Shina:

—Kammy… Não é?

—Surpreende-me que saiba meu nome - respondeu séria - O que deseja?

—Eu queria saber porque, no momento em que quase ataquei Saori Kido, você disse que eu tenho o hábito de menosprezar meus adversários.

—Porque é verdade! - respondeu de uma vez, ficando de pé e o encarando - Por mais que você seja um Cavaleiro de Ouro, o que significa que você tem “experiência de combate” - fez aspas com as mãos - você é impulsivo e explosivo. Não importa a patente, Aiolia: nós temos que estar preparados para o combate e as surpresas que podem ocorrer nele… - deu de ombros e virou de costas - Seiya foi capaz de vestir a Armadura de Sagitário e lhe dar uma coça, coisa que nenhum de nós esperava. Sammyrah lhe pegou com a guarda baixa após uma ofensa e também lhe deu uma surra e olha que ela era só uma aprendiz naquele momento…

—Isso não é… - murmurou, cerrando os punhos - Não é verdade

—Veja só como são as coisas - tornou a virar para ele, erguendo o rosto prateado, como se olhasse no fundo de seus olhos. Ele nunca saberia devido a máscara - Do jeito que estamos aqui… Da forma como você está ficando emocionalmente desequilibrado com o que lhe falo, eu mesma poderia dar-te uma surra aqui e agora, Aiolia. 

—E você vai fazer isso?

—Vontade não me falta, mas não - se afastou e voltou a se sentar - Eu tenho coisas mais importantes a me preocupar no momento.

—Shina?

—Além dela… - suspirou - Eu estou com receio de voltar ao Santuário…

—E isso por quê?

—Não é óbvio? Sirius, Alghetti, Dio e eu fomos enviados para te seguir. Os três estão mortos, enquanto eu não tenho um arranhão sequer - apoiou um dos braços na perna e a cabeça na mão - E eu duvido muito que o Mestre Arles vai acreditar que eles mandaram eu me esconder por medo do que o Senhor Camus poderia fazer se eu me ferisse.

—Eu já te observei no Coliseu - ousou sentar a seu lado - E eu sei que você não ficaria ali parada apenas porque eles mandaram.

—Lógico que não! - virou o rosto para ele - eu senti um cosmo imenso se aproximando. Sabia que algo ia acabar com eles. Achei que era a Armadura de Sagitário, mas era a Deusa em pessoa… E você também não cumpriu sua missão.

—Não se preocupe, Kammy de Cervo - atreveu-se a tocar em seu ombro - Eu me resolverei com Arles. Não tema uma punição sem sentido. Nada acontecerá a você e nem a Shina, afinal, sua ordem era me seguir e se certificar que eu ia cumprir meu objetivo. Você pode, inclusive, dizer a Píton o que eu fiz…

—Hm… Está bem - tirou a mão dele do ombro dela - agora saía de minha cabine. Preciso comer.

—Não há problema em tirar a máscara perto de mim - galanteou - Eu juro que não contarei a ninguém.

A loira ficou de pé, abriu a porta e ficou apoiada nela, sem dizer nada. Aquilo bastou para que o Cavaleiro de Leão a entendesse e deixasse o local.

 

Meio dia depois, chegaram ao Santuário. Aiolia entregou Shina aos cuidados de Cassius e partiu para a Sala do Grande Mestre, enquanto Kammy relatou a Píton parte do que viu na missão - obviamente, ocultou a parte em que Saori disse que era Athena e que a Armadura de Sagitário reapareceu no Japão - e voltou para a Casa de Aquário, onde Camus estranhou sua postura:

—Esperava que voltasse toda ensanguentada e satisfeita… Mas percebo um leve ar de frustração - o francês falou, convidando-a a biblioteca - Quer me contar o que houve?

—A missão foi um fracasso graças a Fera Domada - respondeu se sentando, tirando a máscara e pegando um croissant que estava em cima da escrivaninha - Aiolia apagou a Shina, que estava por lá não sei o que fazendo, e a mim. Acordei no navio, com enxaqueca.

—Entendi - deu um gole em uma caneca de café - E os Três Patetas que foram contigo?
—Obviamente, morreram nas mãos do Seiya.

—Aimée… - a olhou sério, com a sobrancelha arqueada - Você está me escondendo algo…

—É que… 

Ela olhou para o lado e viu uma caneta tinteiro sobre um papel. Pegou-a rapidamente, escrevendo “Eu não posso falar em voz alta, mas peço que se prepare, pois uma guerra começará em breve”. Feito isso, entregou-o para Camus, que leu e rasgou o papel o máximo que pode, atirando-o na lixeira. Permaneceram na biblioteca por um tempo, até que a Loira decidiu se recolher.


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