Loneliness escrita por Mary Hollywood


Capítulo 1
Loneliness




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Não sabia o que fazer, estava em uma nova cidade, não conhecia ninguém, a única coisa que conseguia fazer era choramingar para seus amigos em conversas e redes sociais.

Encerrara um relacionamento abusivo de 3 anos para seguir seu sonho, e agora, finalmente livre após tantas amarras e sofrimento, estava decidida a não amar novamente.

Não conhecia ninguém do seu local de estudo, basicamente tudo e todos eram desconhecidos. Para uma garota do interior, tudo estava sendo muito difícil, mas estava empenhada a passar por tudo com garra.

Morando sozinha e sem amigos físicos ou família, a pessoa com quem mais falava durante sua semana toda era o cobrador do ônibus. Tinha sorte de não ser carente.

As pessoas do curso, todas entre 17 e 23 anos, não se conheciam, entretanto com o tempo formaram seus grupos, os quais infelizmente ficou de fora. Será que emanava uma aura ruim? Por qual outro motivo não conversariam com ela?

Três meses já haviam se passado e o máximo de palavras que trocara com os outros fora: que horas são e que horas eram. Tinha que admitir que as vezes tentava confortar sua solidão dizendo para si mesma: "Se você não tem amigos, você não se distrai dos estudos".

Naquele dia em específico, estava sentada no ônibus com os olhos inchados e ardendo, horas atrás chorara como uma criança, de solidão, baixa auto-estima e auto-sabotamento.

Quando tremulamente puxou a corda para descer, o motorista, deliberadamente ou não, a ignorou e parou apenas no seguinte.

Andou nervosa e cansadamente até o local que deveria estar há 10 minutos atrás. Ensopada de uma chuva que não esperava pegar, abriu a porta da sala e sentou-se como se não tivesse atrapalhado a aula, de certo modo era invisível ali.

De repente escutou a porta abrir de novo, e todos, incluindo ela, olharam na diração do barulho.

Um rapaz que nunca vira ali antes acabara de chegar. O observou sentar rapidamente numa cadeira no fundo ates de voltar-se ao professor.

Seria um aluno novo ou alguém que nunca notara? Acreditou não poder ser a segunda opção porquê ele lhe interessara fisicamente. Apesar de alguns continuarem olhando, se fez de difícil e focou em seu caderno, apesar de seu cérebro latejar de curiosidade.

Só o viu novamente após o fim das aulas quando arrumava suas coisas. Estava sozinho e no aguardo para conseguir sair, durante o processso de espera, moveu seus olhos pela sala e seus olhares encontraram-se.

Foi então que começou.

Desviou sua visão para baixo, encabulada. Terminou de organizar-se e não olhou mais naquela direção até o jovem sair. Deveria ser um ou dois anos mais velho, tinha um olhar sério e de certo modo, legal.

Voltou para casa e mais um dia reclamou nas redes sociais sobre sua vida.

Foi dormir pensando se o rapaz iria ao curso na manhã seguinte, ao não conseguir pegar no sono, decidiu masturbar-se até cansar pela primeira vez em meses.

Chegou no horário correto dessa vez, olhou para os lados da sala furtivamente, como se não quisesse admitir que estava procurando alguém. Nada.

Durante algumas horas até seu intervalo, nada. Mas de repente, enquanto os outros entravam na sala, olhou para trás e o avistou à duas cadeiras de distância.

Seus olharem se encontraram novamente, e mais uma vez ela desviou violentamente. COnseguira o que queria, mas durava tão pouco...

Esporadicamente olhava para trás fingindo estar procurando por algo, mas apenas checava para ver e ele a estava olhando de novo ou conversando com alguém, parece que não tinha amigos também. Seria sua chance? Mas por qual motivo falaria com alguém desconhecido?

Queria saber seu nome. Por sorte tinha um grupo de mensagens no celular e poderia checar lá. Ficou com vergonha de si mesma,

Enquanto arrumava mais uma vez seu material, foi "checar" rapidamente o adolescente.

Ele a estava olhando.

Em choque guardou tudo rapidamente e saíra da sala às pressas, seu coração batendo forte e a face queimando. Ficara sem ar, nervosa, fazia anos que não sentia a sensação de paixão.

Algo estava errado, se ele a olhava também, algo com certeza estava acontecendo. Estaria ele aborrecido com seus olhares? Não conseguia pensar direito enquanto voltava para seu apartamento.

Assim que deitou-se  para dormir, abriu o grupo e torceu para o outro conceder acesso a sua foto de perfil.

Procurou cautelosamente, quando de repente! Achou uma foto sua e vibrou como uma garota de 12 anos. Seu nome estava ao lado, só o sobrenome, na verdade, asiático.

Ficou levemente curiosa, abriu sua foto e finalmente pôde olhá-lo com calma... seus olhos eram levemente puxados, de maneira delicada. Um pouco chocada aceitou sua descendência e foi dormir confortada por agora saber algo sobre ele. Naquele dia, sonhou que conversava e o beijava.

Assim que acordou e foi fazer suas higienes, indagou-se se deveria lhe mandar uma mensagem. Será que soaria como uma pervertida?

Após perguntar para suas amigas sobre o que deveria fazer, foi muitíssimo motivada a mandar uma mensagem.

O "conhecia" há apenas dois dias e lhe mandaria uma mensagem?! Decidiu que o mundo deveria se danar e começou a digitar. Mas na hora de enviar, seu corpo gelou.

Não era assim tão corajosa.

Após vários minutos lutando contra si mesma desistiu e foi tomar seu café. Não sabia seu nome ainda, precisava ir em busca de suas redes sociais.

Lembrou que diariamente era passada uma lista de presença, procuraria seu nome lá.

Sua vida fora do curso era resumida em estudar e comer, e isso não tem necessidade de ser documentado.

Não conseguia encarar o quanto uma nova paixão era mais prejudicial que novas amizades. Contudo gostava muito daquele sentimento, era gostoso e desesperador.

O sentiu com uma força brutal quando estava sentada olhando o professor e as costas do rapaz passaram na sua frente. Agora ele estava duas cadeiras a frente.

Observou-o durante basicamente todas as aulas, e sentiu-se mal, apesar de suas entranhas latejarem sempre que o rapaz olhava para trás, nunca sabia se ia olhá-la.

Assim como ela, ele não dirigiu-se à ninguém durante todas as horas de estudo. Ela tinha chances.

Nesse dia descobriu seu nome, que, comparado ao sobrenome, de asiático não tinha nada, anotou na sua mão para não esquecer. Quando chegou em casa e foi fuçar sua vida, foi vez de torcer para usar sua identidade em todas as redes sociais.

E usava... sem dúvidas era muito sortuda.

Aos poucos estava se preparando para puxar um papo, cada vez mais apaixonada.

Incrível como seus estudos estavam de cabeça para baixo desde que o dito cujo aparecera, ele deveria se responsabilizar por isso! Por danos ao seu pobre coração e cérebro.

No dia seguinte, decidiu que seria o dia de puxar conversa. Mas tudo caminhou para dar errado, mostrando que não tinha assim tanta sorte.

Chegou atrasada por culpa do ônibus e quando entrou, a sala estava repleta de pessoas, uma outra turma teria aulas com a sua, mal havia lugar para sentar-se, se esgueirou por muitas pessoas para achar um, e ele estava do seu lado oposto, desde o dia anterior não olhara para ela.

No tempo de aula antes do intervalo, a professora começara um debate e pedira para os alunos falarem e darem suas opiniões. Ela era calada, e permanceu assim, mas ele não, falou pelos cotovelos, e a apaixonada protagonista deleitou-se com sua voz.

Para sua extrema desgraça, quando o intervalo começou, outros alunos o rodearam numa roda de conversa. E por mais um dia ele não à olhou mais.

Pelos horas seguintes de solidão, o observou entrar em um grupo de novos amigos, enquanto continuava sozinha.

Aceitou sua derrota e, no fim daquele dia, sentada no ônibus, ficou mais uma vez com os olhos inchados e ardendo por culpa de sua profunda solidão.


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Notas finais do capítulo

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