Memórias de Inverno escrita por Bored Mermaid


Capítulo 2
Amnésia


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a mais um capitulo, boa leitura!



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O resto todo foi muito rápido, lembro vagamente de sentir o cano frio da arma no meu pescoço, segundos antes de ser lançada contra a parede e cair em queda livre.

Acordei no chão do que parecia ser um estábulo, tentei me levantar e senti uma dor aguda na barriga. Levantei minha blusa e vi um curativo mal feito, ao tira-lo vi um corte, não parecia muito profundo e estava limpo. Não me mataria, mas seria um incômodo com certeza.

Minha arma não estava mais comigo, me levantei para procura-la e não tive sucesso. O lugar era imenso e estava abandonado a muito tempo, espirrei algumas vezes antes de acha-lo deitado no chão.

Minha primeira reação foi procurar meu comunicador, mas obviamente não estava mais comigo. A segunda reação foi reparar que ele estava ferido, sua camisa estava molhada de sangue. Quando ergui a blusa não havia ferimento algum, o sangue não era dele.

A mão metálica agarrou meu braço, eu havia o assustado, ele voltou a sua expressão comum e vazia e soltou meu braço para ir até a pequena janela.

— Porque estou aqui? - perguntei, ele continuou parado ignorando minha presença - Não acha que teria sido mais eficiente fugir sem um peso extra?

Ele saiu do compartimento onde estávamos e voltou carregando uma mochila, jogou de modo que rolasse até onde eu estava sentada.

Dentro havia água oxigenada, gases, algumas peças de roupa e um tênis, além de uma pasta e uma escova de dentes. Eu sabia o que ele queria, e fiz. Eu o vi lutar com três homens ao mesmo tempo, todos maiores que eu, e ele não teve dificuldades em os derrotar. Eu faria o que ele quisesse até ter a oportunidade certa de pedir ajuda.

Limpei meu ferimento novamente e troquei de roupa, coloquei a mochila nas costas e saí. O soldado também tinha trocado de roupa, estava com uma jaqueta preta, uma calça jeans e o cabelo preso dentro do boné.

Atravessamos o centro até chegar em um cais, onde pegamos um barco até uma pequena ilha de pescadores. O lugar ideal para matar alguém.

A viagem durou pouco mais de cinco horas, mesmo assim ele não me disse nenhuma palavra durante todo o trajeto. Tentei lembrar de qualquer coisa sobre ele que pudesse me ajudar. Seu nome era James Buchanan e era um assassino. Nada que ajudasse.

Quando chegamos em uma cabana feita de madeira, parei ainda na areia da praia, olhei em volta para avaliar minhas chances, que não eram nada boas.

— Não faça nada estupido - disse o Soldado sem mesmo olhar para mim. Entrei na cabana antes dele, observei com atenção seus movimentos enquanto andava pela cozinha. Consegui pegar uma faca e guarda-la na cintura - senta - disse indicando a mesa com duas cadeiras.

— Quem é ele? - disse colocando um pedaço de jornal recortado na mesa.

— Capitão América - Ele olhou para mim como se aquele nome não significasse nada - Ele lutou na segunda guerra, um super soldado. Ficou congelado por 70 anos. O nome dele é Steve Rogers.

— Steve - repetiu ele em voz baixa.

— Você o conhece? - Ele abriu a boca para falar mas fechou de novo logo que olhou para mim - Eu entenderia se você tivesse me arrastado de lá para fugir e tivesse me soltado assim que atingisse uma distancia segura, mas eu estou aqui e tem um motivo. Se você quiser ajuda tem que confiar em mim.

Ele empurrou a mesa com o pé, puxou a faca que eu tinha escondido em meu quadril e a jogou no chão.

— Você quer falar sobre confiança?

— Se estivesse no meu lugar, não faria qualquer coisa para se sentir minimamente seguro?

Ele puxou a mesa de volta para o lugar e sentou na outra cadeira.

— Eu tive um flash de memória, com ele - disse ele apontando para o pedaço de jornal.

— Um flash de memória?

— Eu sofri um acidente e perdi minha memória. Quando vi esse homem, me lembrei de algo, acho que o conheço.

— Você não se lembra de nada? Do que fez nos últimos anos?

Ele negou com a cabeça. Eu não deveria acreditar nele, não quando sei que ele assassina pessoas a sangue frio, mas como não acreditar quando consigo ver a dor no rosto dele?


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