Spring. As Sicatrizes escrita por LOOHOOLIGAN


Capítulo 8
Capitulo 8




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Houston, Texas. Meses há trás.

       O medo estava à espreita. E para ela, isso era quase que palpável.

       Uma rua que costumava ser bem movimentada. Hoje, excepcionalmente, estava tão silenciosa, que a mulher poderia ouvir seus próprios passos dando ritmo a uma noite escura que apenas algumas lâmpadas iluminava o longo trajeto pois a ausência do luar, dava as sombras total autonomia, o vento mudo, porem constante lhe corta a pele.

    O batom avermelhado destacava-se tal como a maquiagem carregada no seu rosto, o vestido em azul escuro, e os saltos altos deixam claro quem ela era; o temor espreita a bela moça quando ela foi obrigada a olhar por cima do próprio ombro após o som de algo que parecia ser uma lata de lixo faz escândalo ao tocar o chão.

Grande erro.

   A parada foi tão abrupta, que ela quase caiu quando virou-se novamente para tomar o caminho de casa, já estava tão perto... uma pena.

   Ela tremia por cima dos sapatos, suas mãos suavam como água soltam a pequena bolsa que ela tinha, sua boca avermelhada abriu conforme o horror que ela via e em seus olhos o reflexo era nítido.

Nem mesmo o seu estridente grito ao encarar a criatura a sua frente chamou a atenção de alguém.

    Ela tentou correr, tentou muito. Mas o fato foi que além de mais alto que ela, essa figura com uma capa como o anoitecer, assim como o restante do traje mas o que a assustou não fora isso, quem dera que fosse. Os olhos embora castanhos, aparentavam ser sombrios mas assombrosamente ele usava uma masca; contudo, não era uma máscara qualquer como do dia das bruxas, o que a fez correr pela vida fora além da faca cintilante destacada em sua mão coberta pela luva. E sim as costuras que faziam da pele humana, uma máscara por completo.

    Malditos sapatos, a impediam de correr para se salvar, enquanto que no entanto ele andava calmamente sabendo que ela não iria muito longe. E de fato ele tinha razão. Pois não demorou que a pobre moça tropeçasse em seus próprios pés. Fazendo-a cair fatalmente com brutalidade na calçada, sua cabeça berrava para que ela corresse, corresse o máximo que pudesse, acontece que ela não pode.

   Outro som estridente veio sem demora quando ele puxava-a para mais próximo do terreno baldio que havia ali.

   Ela se debatia o quanto conseguia, mas não durou muito. Pois logo sua resistência fora vencida pela toalha branca quebrando a escuridão molhada com algo rapidamente eficaz. Fazendo-a perder os sentidos.

    Para ele, a fita brilhante veio em boa hora. Assim como o automóvel estacionado a poucos passos de distância, e a garantia da impunidade, já que não tem ninguém por perto, dá a ele, a certeza de que está para cometer o crime perfeito.

    Não demorou muito para que ele chegasse onde queria. Onde ele teria total privacidade para fazer o que veio planejando o percurso todo.  Ela ainda estava desacordada, por tanto não deu a ele trabalho algum de carrega-la. E joga-la na maca estofada fora a primeira coisa que ele fez.

    A moça por outro lado, se sentia zonza o bastante para se quer perceber que o chão era de cimento queimado, o espaço não tinha nada convencional, muito pelo contrário. Uma maca ficava no centro do que aparentemente era para ser um quarto, não havia janelas então mesmo que fosse ao longo do dia, jamais entraria luz. Por tanto a mesma só era concedida por lâmpadas que estavam por toda a parte e em especial, uma delas dava foco a maca.

     Amarra-la seria o próximo passo para que as coisas pudessem ocorrer normalmente. E foi o que ele fez. Além da boca que permanecia tampada, cordas envolveram seus pulsos já que elas estavam entorno da composição da maca.

      Ele estava curioso, louco para experimentar algo mais... demorado. Um bisturi parecia tão convidativo, e foi o que ele escolheu ao lado da moça ainda um pouco grogue. Ele olhou para ela como se fosse uma tela completamente em branco prestes a ser coberta pela figura que o artista deseja fazer. Como se estivesse pronta para ser usada. Ele estava indeciso, por onde começar? “Já sei” ele pensou.

     A ponta do lápis em sua mão contornou uma linha não tênue que ele havia feito primeiramente no rosto, depois no peito, e por fim nas coxas.

     O seu retorno a fez fazer um escândalo assim que ela viu a lâmina na sua mão fazendo seus olhos dobrarem de tamanho, ainda que ninguém a ouvisse. O que para ele não fazia diferença, já que ela não era a primeira a tentar, mas como as anteriores, não deu certo.

− Por favor, eu não vou contar pra ninguém. – “não vai mesmo” ele pensou enquanto retornava para perto dela.

    As gotículas de sangue formavam um verdadeiro rio quando espalhou-se para todos os lados em meio aos gritos estridentes dela. Sujando todo o ambiente. O que não fazia diferença para ele.

Pois o que realmente importava era a sua obra.

Hoje. Washington D.C. 

Virginia. Cede do FBI.

“Onde está? Eu jurava que tinha deixado aqui, agora eu preciso e não estou achando...”

− Procurando algo?

− Oi, eu vim só buscar um documento. Já estou indo. – Levo mecha insistente para trás da orelha, aliás, meu cabelo cresceu um pouco durante esse tempo, enquanto abro algumas gavetas, e até tateio próximo ao computador.

    O Italiano ao pé da minha mesa, com ambas as mãos nos bolsos do casaco me fita calmamente. O que me chama a atenção.

− Só queria saber se você estava bem para ir a palestra. – Levemente curvada, me apoio a mesa com as sobrancelhas erguidas

− Estou, por que não estaria? – Sorrio sugestivamente.

−Nada, apenas preocupação.

− Não precisa se preocupar. Estou bem.

−É que como o caso que vamos apresentar mexeu com você, pensei que talvez você não fosse.

− Pois saiba de uma coisa agente David Rossi... – Em um segundo eu encontro o bendito papel que estou procurando, e logo a alça da bolsa está em meu ombro. – que eu vou sim, embora um certo Dr. tenha sido um pouco resistente a isso.

− Talvez ele tenha razão, levando em consideração as circunstancias atuais. – Tem sido tão comum ultimamente, que nem percebo quando reviro os olhos.

− Tá ai uma frase que eu estou começando a odiar ultimamente. – Dou de ombros rindo. – Spencer Reid tem razão. – O elevador abre assim que Rossi chama-o.

− Pois é. – As portas de metais fecham-se e eu mando ir para o térreo. – As datas estão chegando, está ansiosa? −

− Mal posso esperar. – Eu simplesmente não sei como dizer o quão estou ansiosa.

− Bem-vinda de volta à equipe. – Olho para ele com o canto do olho com a sobrancelha erguida. – Que foi? Tenho minhas fontes.

− Penélope. – Constato com um sorriso no rosto. Com certeza ela espalhou para todos o meu retorno, que aliais fora definido ainda ontem, então a meu pedido. Hotch e Spencer não haviam contatado nada a equipe. Mas Penélope é a rainha para descobrir as coisas.

− O que aconteceu? – Os sons dos meus saltos chamou a atenção dos dois quase que assim que sai do elevador. – Me disse que era para vir assim que eu chegasse, eu nem passei em casa pra deixar as minhas coisas...

− A diretoria leu o relatório do caso. – Uma bolinha de pingue pongue, primeiro fitei o Reid, que estava com uma camisa azul que se destacava em meio ao preto do seu terno e logo o Hotch com... ele estava como sempre.

− E eu pedi para que levassem em consideração a sua relevância no caso. – Disse com os braços cruzados junto ao peito.

− Então... tem chance.... – Eu senti meu coração explodir só com a possibilidade de voltar para a UAC. Dobrei os cotovelos e ergui os braços na direção deles. Eu havia voltado do Texas porque dias antes eu abdiquei do meu cargo, estava sem emprego, mas eu tinha um tempo para decidir a minha vida ainda mais agora que... deixa pra lá.

− É um possibilidade sim. – Confesso que passei um bom tempo pensando em que área iria me dedicar.

− Obrigada Hotch. – Juntei as palmas e quase senti meus olhos lacrimejarem.

− Não me agradeça ainda. Vamos.

− Por que não disse que voltaria hoje? Eu teria ido ao aeroporto buscar você.

− Eu quis fazer uma surpresa. − Respondi seu sussurro com outro.

    Assisti lerem o relatório, assisti interrogarem o chefe da equipe e meu namorado, assisti o comitê dando 2h para decidirem. Foram as duas horas mais angustiantes da minha vida. Depois de tudo o que havia acontecido, era claro.

     O retorno deles foi muito bem-vindo por mim, com o veredito na mão, naquele papel era possível vermos apenas as sombras das letras.

−Vimos esse caso várias e várias vezes, para chegarmos a um veredito final. Manda-la para outra Unidade foi um terrível equivoco, mas ainda a uma questão.

− Que seria...?

− Vocês estarem na mesma equipe, é obvio.

− Se a questão eu não quero que ele deixe o cargo, porque ele é essencial para a equipe... 

− Contudo. Decidimos que, mediante aos fatos ocorridos, vemos que em nada influenciará a sua presença na equipe. O seu retorno para a UAC será o mais breve possível. Se você ainda quiser. 

− É claro. É claro.

− Você está bem? – E lá vamos nós de novo. Às vezes eu penso que eles imaginam que estou doente, não é possível. – eu avisei que poderia ficar. – Seria burrice pedir ou mesmo exigir para que ele não me perfilasse. Mas, por outro lado, é tão bonitinho, esse cuidado. – Desculpa, é que é difícil desligar as vezes.

− Não tem problema, eu estou sim. Aliás todos me perguntam isso.

− Serio?

− Não. Só você e o Rossi até agora. Sabe que ele concordou com você? – Sorrimos com isso. Falsamente, tento parecer mais surpresa, enquanto passamos entorno das cadeiras do auditório.

− É porque estou certo.

− Não ouse, não ouse. – Brincalhona, ergo o dedo a altura dos seus olhos fingindo seriedade.

− Tentaram separar a gente e não deu certo. – Descretamente, ele segura minha mão. E eu faço um pequeno carinho na sua.

− Não, não deu. Que bom por isso.

   J.J sorri amistosa enquanto me aproximo do artefato ao seu lado, o qual eu ficarei até o fim da palestra. Mas não consigo evitar olha sobe meus ombros vendo-o unir-se a Penélope do outro lado do palco.

− Vocês ficam tão bonitinhos juntos. – Eu pigarreio assim que junto-me a ela. – Você conseguiu a transferência?

− Consegui. Eu quis abrir mão do meu cargo no Texas assim que descobrimos... você sabe.

− Eu sei como é. Fez aquela pausa e agora está retornando para a UAC.

− Pois é.

     O estudantes aos poucos foram acomodando-se e logo o auditório estava lotado.

Hora do show.

 − Não é todos os dias que uma aula básica de criminologia tem a visita de palestrantes desse nível. Mas hoje fomos privilegiados. Quero dar as boas-vindas a um velho amigo escritor de amplo sucesso David Rossi e agente do FBI, e a equipe dele. A UAC. Eles concordaram em ceder uma hora de seu precioso tempo. Falando sobre o que fazem e como fazem, então vamos deixá-los a vontade. – Todos nós recebemos os aplausos de bom grado.

− Obrigado Dra. Grace. Quando ela diz velho amigo ela se refere a de fato muito tempo. – Todos no amplo auditório riem. – Hoje, como já apontado pela Dra. Vamos, em uma hora apresentar um caso já solucionado para mostrar como fazemos nosso trabalho. mas antes, temos que dar os devidos créditos. Esse caso teve o auxílio da unidade de investigação, com a ajuda da nossa mais e no entanto não tão nova colega de trabalho. – A plateia gargalha da graça de Rossi enquanto o mesmo, gentilmente, ergue sua mão para mim. − Resolvemos o caso.  – Pigarreio e fico feliz que não possam ver quando passo uma perna a outra tentando me manter de pé, mas pena que o olhar de perfilador cai sobre mim quando alinho os ombros e deslizo a palma das mãos no suporte.

− Estávamos investigando há meses, para ser mais exata 7, − Discretamente, sorrio por dentro ao me lembrar de algo importante. −  uma denúncia de corrupção policial. – Rostos curiosos me fitam. 

−E a UAC entrou no caso por outras razões, haviam assassinatos macabros que de certa forma estavam ligados as investigações confirmaram isso.

− E meu chefe, dois suportes depois de mim, complementa o que eu acabo de dizer.

Spencer.

   Eu bem sei o que esses sete meses significaram.

“Nenhuma chamada recebida” arrisco dizer que foi a quinquagésima vez que eu vi essa mensagem no meu celular quando olhei o mesmo rapidamente, isso me deixou frustrado.

− Ela não entrou em contato?

— Não, no começo ela ligava algumas vezes, mas de três semanas pra cá ela não ligou mais, você acha que eu deva me preocupar? 

− Olha garoto, eu não acho que esteja sendo fácil para ela também, mas tenta relaxar, ela deve estar bem. – Eu tentei fazer das palavras do Morgan as minhas, mas no fundo eu sentia que algo não estava certo.

− Vamos começar? – Hotch adentrou a sala e a Garcia logo foi apresentando o caso para nós, eu tentei ao máximo manter meu pensamento no trabalho.

− Então, combatentes do crime. Embora desfalcados o estado da estrela solitária precisa da nossa ajuda. E esse caso é para os fortes de coração então se eu desmaiar vocês entendem. Corredores encontraram restos de um corpo hoje pela manhã numa lata de lixo, − Três imagens, uma da referida lata, outra causou um certo espanto na equipe e com razão já que alguns pedaços de pele foram retirados de determinados pontos do corpo dela como coxa, tronco, braços e rosto, e outra de uma garota loura com cabelos longos e com olhos claros identificando-a, e a terceira uma foto de um tiro que deu o golpe fatal nela possivelmente.  – Hanna Jackson, 23 anos e prostituta.

− Tanta brutalidade, ao que parece a pele foi retirada com ela viva. Isso mostra um alto nível de sadismo mas o conflito é que o tiro mata com mais rapidez.

− Tem outras vitimas ?

− Tem meu doce de chocolate, outra prostituta, Amanda Mackenzie, com 22 anos. Amigas de profissão deram queixa do desaparecimento dela três dias a trás. E... bem... vocês podem ver.

− É a mesma assinatura. – Hotch, ao lado de Garcia, viu as imagens e constatou isso.

− E está acelerando. – Rossi comentou.

− E está ficando mais confiante. – Morgan declarou apontando para as fotos.

− Então é melhor irmos, decolamos em 30.

− Este caso me remeteu a Herman Webster Mudgett  que mais tarde trocou seu nome para Dr Henry Howard Holmes, o primeiro assassino em serie Americano. − Enquanto gesticulo, eu também inclino-me para a plateia atenciosa, de frente para trás tendo a atenção de todos. – ele possuía um hotel em Chicago que foi arquitetado minuciosamente  que tinha a aparência de um castelo, onde ele usava o porão, assim como alguns quarto com as paredes em metal,  para anestesiar, estuprar, e despelar e vender os esqueletos de suas vítimas para faculdades, historicamente, ele confessou ter matado 27 pessoas mas as autoridades da época nunca chegaram a um número decisivo já que muitas de suas vítimas jamais foram encontradas talvez por terem tido outro fim já que no respectivo hotel havia um crematório. Ele morreu em 1896 após ser executado.

− Algumas das vítimas nunca saíram do hotel. – Rebeca complementa o que digo. Assim eu completo. 

− No porão, encontraram roupas ensanguentadas de uma mulher, ossos de animais para mascarar os ossos de uma possível criança, frascos com ácidos e equipamentos para torturar suas fatídicas vítimas.

 Cochichos demonstram as surpresas dos estudantes. 

 −  Com o caso repassado ainda no voo, precisávamos nos dividir para chegarmos ao elemento. Infelizmente alguns empecilhos e tempo era tudo o que tínhamos antes de termos outro corpo. Montamos uma sala na delegacia com ajuda da polícia local, fomos recebidos pela delegada Alice Louise.  – Hotch  se pronuncia. – Como estávamos desfalcados, eu fui entrevistar os familiares para saber se eles teriam algo. Falei com a irmã de Mackenzie− A foto da jovem logo estampa o telão com a ajuda de Garcia.  −e ela nos contou que elas haviam conversado por telefone dias antes, e disse que pressentiu que havia algo errado; pois desde o momento que a irmã saiu de casa elas quase nunca se falavam. Mas ela disse que a irmã tinha uma grande vontade de deixar a vida que levava. Isso significa que ela não pretendia seguir com isso a diante.

− Rossi e eu fomos ao legista, mas ai que os impasses começaram. O legista negligenciou os corpos não dando importância as vítimas e isso tornou difícil o nosso trabalho. tivemos que providenciar uma perícia mais detalhada, e isso nos faria perder tempo. – J.J diz.

 − No primeiro momento, achamos que poderia ser um assassino em série. Tudo apontava para isso. Vocês sabem o que é um assassino em série?

− É alguém que matou mais de três pessoas?

− Quase isso, mas para nós a qualidade é mais importante que a quantidade. – Morgan responde um dos estudantes.

 – Em determinado momento, mediante ao pânico causado pelos homicídios, decidimos liberar o perfil. E usar a imprensa a nosso favor.  E nesse meio tempo, pedimos a nossa analista que procurasse casos parecidos mesmo que com animais. – Rossi diz.  Eu lembro muito bem desse instante.

− Procuramos um homem branco, de 25 a 35 anos. Ele deve trabalhar como açougueiro ou pelo menos entende de anatomia.

− Como Ed Gein; que foi acusado de matar cinco mulheres de meia idade que eram parecidas com sua mãe que havia morrido anos antes de seus crimes, as que foi responsabilizado de apenas dois desses crimes. Gein confeccionava artefatos do lar com pele humana como por exemplo abajures, e até mesmo uma fantasia de mulher, entre outras coisas, costumava usar máscaras feitas com a pele de suas respectivas vítimas. Esse elemento também costuma despelar suas vítimas; os laudos do legista provam isso. – Do lado de Morgan e Rossi, eu complementava meu raciocínio.

− E por que fazer isso? – Um dos homens no fundo da sala em que estávamos perguntou.

− São várias as hipóteses, para causar pânico e euforia, para nos intimidar, por sadismo. Ou tudo isso junto. – Eu repliquei.

− Ele sabe ser simpático e sabe até onde precisa ir. Até que sente que precisa pôr a máscara para que consiga completar a sua fantasia, para o ato final. – J.J se pronunciou, enquanto permanecia próximo ao Hotch.

Tomamos o máximo de cuidado, para não deixar claro que nosso elemento poderia ser da polícia, arriscar era tudo que tínhamos até então.

− Ele é paciente, e mesmo que tenha ânsia para desmembrar, ele também sabe se camuflar e esperar o tempo que for preciso.

− Por que usar uma máscara?

− Como eu disse, faz parte da fantasia dele, não precisa fazer sentido para nós, só para ele.

− Ele precisa causar terror nas vítimas, primeiro ele é simpático para criar confiança mas depois ele precisa causar pânico então ele precisa colocar a fantasia. Isso pode significar que a segurança nele mesmo não é o suficiente ou pode significar que ele precisa dessa máscara para complementar. – Expliquei.

− Tudo é uma questão de tempo então é melhor começarem, obrigado. – O celular do Derek deu sinais de vida assim que os oficiais deixaram a sala da delegacia.

− Mas foi com a terceira vítima que soubemos a verdadeira história. – De relance e tentando ser o mais discreto possível, eu olho para ela. −Mas o maior dos empasses ainda estava por vir. – Hotch aponta. Uma onda de imagens toma conta das minha memorias.

− Amores eu adoraria ajudar, mas tudo que encontrei foi uma barreira.

− Ah qual é bebê? Não tem barreiras pra você. – Morgan respondeu o comentário de Garcia, de fato era incomum.

− Eu sei meu mousse de chocolate. Acontece que sempre tem uma mensagem nos arquivos dizendo que é confidencial.

− Garcia, quem espediu a confiabilidade? – Rossi perguntou, bem. Eu tentava manter a mente no caso, mas a verdade é que eu não estava conseguindo. Não completamente como eu sempre faço.

− Deixe-me ver...– Os dedos ágeis dela logo nos deu uma resposta surpreendente. – Dai mesmo Sr.

− Daqui? – Eu franzi os olhos imediatamente – Mas por que esconder da gente? E o que tem a ver com o nosso caso?

− É o que iremos descobrir, venha comigo. – Enquanto o acompanhava, me perguntava inocentemente o que nosso caso teria a ver com essa confidencialidade e se isso seria como um gatilho para o elemento até que chegamos sala da delegada que nos atendeu desde que chegamos.

Ouvimos um sonoro “entre” assim que batemos na porta.

− Agentes, o que querem?

− O que a sua investigação tem a ver com o nosso caso?

− Como? – Ela intercalou o olha entre Hotch e eu. – Não tenho ideia de onde o senhor quer chegar mas...

− A senhora pode fingir que não sabe de nada e nós descobrimos por nós mesmo e a senhora será acusada de cumplicidade, ou pode nos explicar como esses casos estão interligados.

− Você não tem todo o direito... – Posso apostar que ela teria erguido o indicador na altura dos olhos de Hotch se ela pudesse.

− Senhora, escute bem, a partir do momento em que sua investigação possa ter alguma coisa a ver com esse caso, eu tenho direitos sim. Então? Como vai ser? – Era como um jogo de tênis e a bolinha viajava de um lado a outro, mas fiquei feliz em presenciar a vitória de Hotch nesse impasse.

  Ela por outro lado, suspirou profundamente antes de dar a volta na mesa dando-se por vencida. A essa altura do campeonato tempo era tudo o que tínhamos.

− Bem, fomos informados que alguns oficiais estariam acobertando ou até mesmo traficando drogas, armas, e pessoas. Então montamos um esquema. E uma oficial foi designada para isso. E alguns meses ela percebeu que algumas garotas haviam sumido.

− Hotch devem ser as nossas vítimas. – Eu conclui.

− Se a sua infiltrada cogitou a hipótese, por que não investigou?

− Precisávamos de provas, não só de circunstancias. Então eu disse a ela para que procurasse algo mais conclusivo.

− Há quanto tempo ela está infiltrada?

− 3 semanas.

− Qual foi a última vez que ela entrou em contato?

− Dois dias atrás.

− É uma grande responsabilidade para uma inexperiente.

− Na verdade ela tinha uma grande carreira no departamento dela. Principalmente no que dizia respeito a personalidade dos que comandavam a quadrilha. Mas vocês acham que tem algo a ver?

− Temos quase certeza disso, qual é o verdadeiro nome da sua infiltrada?

− Ela veio de Quântico.  – Quando eu ouvi isso eu senti meu coração estremecer com a mera possibilidade, desejando desesperadamente que não fosse a Rebeca. – Ela se chama Rebeca, Rebeca Rews.

− Hotch se descobrirem que ela é infiltrada vão matá-la. – Oh droga. Não podia ser. Se antes eu já estava preocupado, agora sim eu fiquei mais preocupado.

− Eu entrei em ação quebrando o lacre e descobrimos algo bombástico. Então eu disse, − Garcia arranca risos dos alunos quando fez um gancho com a mão, como um telefone.  − Amores, achei algo. A policia recebeu uma denuncia...

Rebeca.

    Minha memória estava uma droga.

    Eu estava zonza, e enjoada. Mas o que....? isso me fez lembrar dos tempos na UAC. Como fazíamos com o perfil.  E como a ficção imita a vida.

    Para alguns, personagens de filmes de terror já são assombrosos demais, contudo, comparado a realidade era completamente ímpar. Saber da existência da mascará montada pedaço por pedaço de pele humana assustadoramente sob medida que guardava seu rosto, como cogitamos anteriormente; não impediu que o medo tomasse conta de cada pedaço do meu corpo.   

       Mas mesmo que o perfil nos preparasse para o que possivelmente vivêssemos a encontrar, não pude evitar o temor quando as luvas negras finalmente separam sua face da mascará tenebrosa, eu não consegui acreditar em meus próprios olhos.

    Com os traços da minha testa em evidencia, as sobrancelhas erguidas, olhos arregalados a boca aberta e consequentemente o queixo caído,, não consigo disfarçar minha  total estranheza ao finalmente ver o seu rosto.

− Como vai? – A voz, abafada pela mascará sombria, causava um frio cortante sobe minha pele, mas eu sabia quem era.

Minha cabeça dava mil e uma voltas.

   A última coisa que eu fiz, foi ir para o apartamento. E tudo ficou escuro.

  Assim como a água que escapa das minhas mãos, toma conta do meu rosto; provocando um certo alivio na minha pele. Em seguida, a superfície fria e dura do mármore da pia é a fonte de firmeza que eu preciso pra permanecer de pé e encarar o espelho, já que mesmo sendo baixos, os sapatos não são capazes de me ajudar nesse instante.

− Ei? Estamos quase recomeçando, algum problema? – Pego o papel próximo ao espelho ainda encarando o meu reflexo e rapidamente a maciez do mesmo logo suga os pingos de água do meu rosto.

− Não, nenhum. Eu só aproveitei o pequeno intervalo. Já estou voltando para o auditório. – Engulo em seco junto com a minha mentira e J.J de algum modo sabe que estou mentindo. – Acho que seria como abdicar do meu orgulho se eu dissesse que ele tem razão, rever esse caso está mexendo um pouco comigo.

− Está sentindo alguma coisa? − Nego.

− Eu só... – Suspiro, sentindo o ar me deixar e olho para o auto, encarando a lâmpada por alguns segundos. – Eu só precisava sair de lá um instante.

− Tá legal, só não deixa o Spence te ver assim, se não você já sabe.

− Sei, e como sei. – Concordo com ela.

   Ele realmente está mais atencioso que o normal.

      Por conta do microfone, um pigarro que deveria ser sutil, sai com certo estrondo. Antes que eu possa dar o meu relato.

− Eu fui a sua última vítima, e mesmo tendo sobrevivido e estar aqui, achei que ia morrer. – Seguro na barra do suporte e engulo em seco. −Eu estava suspeitando que talvez os fatos tivessem ligação, mas estar cara a cara com alguém que pode tirar a sua vida em fio de segundo era assustador. Mas pior ainda foi quando descobri quem era o assassino. Por que eu o conheci.

− Você tem alguma coisa a ver com isso, não tem. Adam? – Eu tinha ânsia na garganta, as minhas pupilas embaçadas demais impediam que eu visse direito um palmo a minha frente, a não ser o contorno do seu rosto; algo parecido com cordas envolviam meus pulsos me prendendo a parede ao que pareciam acinzentadas e impedindo que eu tomasse qualquer reação, como se eu tivesse alguma força para revidar, isso me fez pensar em como as vítimas neste caso. As amarras nos pulsos, torturadas enquanto eram despeladas....  o seu olhar era o último que elas viam antes de morrem do modo mais macabro possível e inimaginável.

− Com razão você estava numa unidade de elite, sabia que iria descobrir isso no momento em que vi você na delegacia mais cedo. Mas... você veio fazer o que aqui sem a sua equipe? – Um gosto como ferro preenchia minha boca, o cretino permanecia de pé encostado na porta, de braços cruzados por baixo de uma camisa social escurecida, e uma calça escura, olhar arrogante, sobrancelhas para cima e olhos fixos em mim coisa que eu não tinha visto antes. – Sou eu, − Ele se aproximou com dominância e eu não tinha para onde ir. – Mas quando você e sua equipe encontraram as minhas vítimas, eu constatei que tudo era só uma questão de tempo até vocês descobrirem. – Engoli rapidamente assim que seus dedos percorriam minha bochecha. – eu sou o assassino que procuram.

− Não importa, vai me matar do mesmo jeito.

    Me senti tão idiota naquele momento. Tão estupida. Como não percebi antes?

− Você será tão burro a ponto de me matar? – Perguntei diante do seu rosto. Sem deixar demonstra nada. – Está tão desesperado assim?

    Tentei me conter o máximo que pude mas foi impossível não estremecer quando seus dedos percorriam a minha camisa, droga! E nesse momento me dei conta de que ele havia retirado meu blazer e com certeza fez o mesmo com a minha arma; eu precisava pensar rápido.

− Sabe, eu achava você muito bonita. – Ergueu as sobrancelhas enquanto continuava me admirando do modo mais predatório possível. Eu evitei pensar em qualquer ação desnecessária futura.

− Nunca teve a ver com as garotas, não é? As drogas, a corrupção... sempre foi isso, não foi? – Não consegui conter um grunido de dor quando meu corpo chocou-se com o chão após ele me desamarrar, sabendo que eu não teria forças para isso. Tentei me erguer, ficar de pé, mas tudo que consegui foi espalmar o chão e ainda assim meu corpo não correspondeu aos meus comandos.

− Não pense você que é o primeiro a fazer isso comigo, já conheci monstros como você. – O estalo em alto e ardido som fez se ouvir assim que a sua mão pesada chocou-se com o meu rosto. Me forçou a virar o rosto imediatamente.

− Calada! – Eu precisava ganhar tempo. E sei também que fui displicente, mas eu não sei exatamente o que me deu, talvez pela realidade atual eu acho que foi um instinto selvagem.

    O som afiado como uma agulha de um disparo foi a última coisa que eu ouvi, antes de perder os sentido.

− O que aconteceu com os envolvidos?

− Os responsáveis foram acusados por todos os crimes que cometeram e o real mandante foi alvejado por um tiro já que ele havia dado outro na agente a qual estava sobe seu poder.

− Justo, mas sempre termina assim? – Uma jovem de óculos e materiais em seu colo pergunta.

− Não, tem casos que conseguimos seguir em frente, e outros. Como esse, ficam marcados para nós. – Rossi diz.

− Então por que fazem isso? Como aguentam? – A mesma moça questiona.

− Salvar vidas, significa muito pra nós.

− Prender monstros reais e impedir que eles possam fazer as atrocidades que fazem com os outros, isso é gratificante.

− Não me vejo fazendo outra coisa. – Spencer completa o que J.J e eu dissemos.

Não demorou muito para encerrar a aula.

    Ao longo do tempo, eu percebi que as nossas vidas são como as estações do ano. O inverno significa o nosso volume que insistimos em guardar e ficam congelados dentro de nós, a primavera é quando nos renovamos e tal como o outono, criamos novos planos ao nos renovarmos. O verão, bem o verão...

   A força solar, as arvores carregadas e esbanjando o verde em meio ao branco das nuvens vivenciando a alegria e no ar, caracteriza muito bem o que estamos passando. No entanto, o escurecer hoje avisa que logo a noite chegará.

    Jack está realmente muito bonito com o cabelo para trás, gravata borboleta branca assim como o terno e Henry não fica por menos já que também está de claro, no caso um tom de verde quase azul, assim como Jack, com uma camisa social muito fofa. Cada um com uma almofada vermelha em suas mãos.  “obrigada” fora o que eu sussurrei para Henry após sentir o meu coração começar a descompassar com o artefato dourado e reluzente entre meus dedos.

     Respiro fundo encarando os olhos lindos do homem a minha frente com os cabelos bagunçados mas ao mesmo tempo arrumados, que assim como eu, também está de branco fazendo nos destacarmos em meio ao verde da grama.

     Diana, Penélope com, assistem ao momento com lagrimas nos olhos.

− Eu... – E é nesse momento que eu tenho a absoluta certeza que ensaios na frente do espelho do banheiro, não ajudam muito quando precisamos finalmente dizer o que passamos tantas horas decorando o que queremos dizer de fato. Envergonhada, eu deixo que minha cabeça pese em um segundo e quando retorno, tenho o meu mundo inteiro nos seus olhos ansiosos. A ansiedade avoluma-se na minha barriga e de repente as palavras somem diante de mim. – Sabe, eu fiquei a noite toda acordada, pensando no que dizer pra você. Pensando em como eu colocaria como eu me sinto. Pensando em como hoje nós daríamos um enorme passo. – E de fato, horas atrás, me vi finalmente só apoiando na pia do banheiro tendo meu reflexo me encarando de volta. –Eu pensava: “Uau! Eu vou me casar, vou me casar amanhã com o homem que eu amo, mas será que...” – Encolho os ombros entre meu pescoço e completo. – Dizer que aceito significa, não abrir mão do passado em si, porem significa que estamos prontos para percorrer, então eu estou pronta, pronta para aceitar percorrer esse novo trajeto com você. Porque eu te amo. – Acho que nunca vi Penélope chorar tanto como hoje, a felicidade está no rosto de todos. – Dizer isso, dizer que eu o aceitava foi a minha maior escolha.

     O círculo dourado envolve seu dedo devagar de modo que logo, alcança o “fim”

Ele repete meu ato anterior ao pegar a aliança de Jack.

 − Oh nossa. – Sei que ele está nervoso porque fica sem jeito ao buscar as palavras certas. – Geralmente, tenho respostas longas e diretas sobre uma gama de assuntos. Acontece que... – Ele pigarreia por um momento. – mas isso não tem a ver com logica, física quântica ou qualquer outro assunto. Na verdade, isso um assunto completamente novo para mim. Mas não vejo fazendo isso com outra pessoa. Porque você a mulher que eu amo. – Tal como eu havia feito. Meus olhos acompanham o deslizar da aliança por entre meu dedo anelar.  

− Rossi, obrigada por ceder a sua casa para a festa.

− Está brincando? Eu fiquei honrado com isso. – O transparente do copo em sua mão deixa o copo de vinho evidente.

    Já tiveram vários outros eventos nessa casa, mas acho que de fato nunca vi um banquete como este.

− Eu quero oferecer um brinde a felicidade dos noivos! – De pé e com a sua bebida erguida, Derek sugere no lado esquerdo da mesa. Todos correspondem seu gesto. – Rebeca. Te desejo sorte com esse ai, e garoto... – Com o canto do olhos, vejo meu marido encarar o moreno do outro lado com uma careta sugestiva. Com certeza esperando que alguma brincadeira venha. – Cuida bem dela.

− Vou cuidar, vou cuidar.

    Estonteantes, recebemos as felicitações dos nossos amigos, que para mim é uma família.

− Tem certeza que não vão precisar de nós? Podemos adiar. – Eu digo tendo meu marido ao meu lado e meu chefe a minha frente.

− De maneira nenhuma, curtam a sua lua de mel. Vão querer lembrar desses dias. O trabalho ainda estará lá quando voltarem.

− O que isso papai? – Sorrimos com a pergunta de Jack.

− Com licença garoto prodígio, mas eu vou roubar a sua noiva um instante. Vem cá Rebeca.

   O rosa em Penélope é tão evidente que ela consegue se destacar com facilidade enquanto me arrasta para junto da J.J que esta acompanhada tanto de Henry quanto de Will sentado ao seu lado.

Será uma longa conversa... 

Spencer

− Por que não convida ela pra dançar? – Sigo a taça, a qual ainda tem um pouco de bebida, com as sobrancelhas erguidas e olhos arregalados percebo que ele esta se referindo a Rebeca que está na companhia de Garcia e J.J que assim como a minha esposa, também tem uma barriga bem evidente.

   É tão diferente chama-la assim. Minha esposa. Porque parece que isso é apenas um sonho e que a qualquer momento, eu posso acordar.

− Morgan você sabe que eu não sei dançar.

− Ah qual é garoto? Deixa disso, não importa se você sabe ou não. curte ela um pouco. – Incrível como ela  ainda consegue me fazer sentir. E como esse tempo foi importante para nós.

    Pigarreio e ajeito meu terno e ouvindo um “manda ver” de Derek atrás de mim. Os burburinhos delas ficam cada vez mais audíveis enquanto dou passos pela grama.

− Você quer dançar? – J.J sorri ainda com o copo de suco entre os dedos, assisto Garcia abrir um perfeito “O” dizendo a ela para vir comigo. E ela? Bem, ela cobre a minha mão com a sua e eu a puxo para mais perto de mim.

− Se importam se eu rouba-la por um instante?

− De jeito nenhum, fique à vontade. – J.J infla as bochechas e estica os lábios e Garcia nega com a cabeça.

− Você querendo dançar? – Ela comenta zombeteira.

−Na verdade o Morgan insistiu. – Ela olha sob meus ombros e ela pisca para ele.

− Só não pise no meu pé e estará tudo bem. – Faço uma careta.

     Ela “despede-se” delas e em meio a grama esverdeada começamos a ouvir uma música calma, apenas com violão e voz.

       Entorna os braços em volta do meu pescoço, e eu a mantenho em meus braços somos separados apenas pelo volume que ela carrega mas não me importo.

Eu encontrei um amor para mim

Oh, querida, mergulhe de cabeça e me siga

Bem, eu encontrei uma garota, linda e doce

Oh, Eu nunca pensei que você era

a pessoa que me esperava

− Você que escolheu essa música? – Ela sorri e acena pra mim. Em meu ombro ela apoia a sua cabeça e eu faço o mesmo no dela, deixando seu perfume me envolver.

Pois nós éramos apenas crianças quando

nos apaixonamos

Sem saber o que aquilo significava

eu não desistirei de você desta vez

Querida me beije devagar

seu coração é tudo o que eu tenho

E em seus olhos você guarda os meus

− Pode não ser um grande clássico, mas ela significa o que eu sinto por você. – Meu coração se aquece quando ela diz isso. Sorrimos quando tento envolve-la um pouco mais, está ficando cada vez mais difícil fazer isso.

− Eu também. – Eu digo.

Baby, estou dançando no escuro

com você entre os meus braços

Descalços na grama, enquanto

ouvimos nossa música favorita

Quando você disse que estava desarrumada

eu sussurrei sob minha respiração

Mas você ouviu

querida você está perfeita esta noite

Bem eu encontrei um homem, mais forte

do que qualquer pessoa que conheço

Ele compartilha os meus sonhos

espero um dia compartilhar um lar

Encontrei um amor, para guardar mais

do que meus segredos

Para levar amor, para carregar

nossas próprias crianças

− Obrigada. – Franzo o rosto.

− Pelo que? – Seguro-a pelos ombros. Ela por sua vez, guia minha mão até a sua barriga.

− Por isso, por tudo. – Acolho suas bochechas em minhas mãos e ela me olha nos olhos.

− Nem todo o “obrigado” seria o suficiente para agradecer o quanto eu amo você.

− Eu também amo você, muito. – Tocamos os lábios um do outro com uma certa sutileza. Sem nos importarmos que o restante da equipe visse, na verdade eles estão tão felizes quanto nós, J.J descobriu que estava gravida quase que ao mesmo tempo que Rebeca. 

Rebeca

− Eu estou aqui. − Senti suas mãos amáveis cobriam a minha de mil e uma maneiras. Fiquei pensando se não poderia ser minha imaginação me pregando peças. Querendo me apegar a alguma coisa. − eu estou aqui agora.

−Spencer. −A minha garganta se trancou quando enfim consegui vê-lo. Ao em vez de suas habituais roupas, estava com uma roupa de hospital; mas o que me apavorou fora o curativo no seu pescoço e por seus ombros; Penélope sorriu animada empurrando a sua cadeira.

− O que houve com você? −Do meu dedinho ao último fio de cabelo doeram quando tentei me levantar, sendo logo impedida por alguém com orelhinhas fofinhas na cabeça me empurrando de volta para a cama.

−Não, não, não. Nada de contato próximo demais. Não que eu não goste mas você, mocinha, nos deu um grande susto e o geninho aqui; acabou de passar por uma cirurgia no pescoço então nada de matar a saudade agora. Na verdade só trouxe ele porque ele insistiu muito.

− Mas o que...− Senti meus olhos diminuírem quando as curvas dos mesmo se tornaram mais sensíveis para mim enquanto eu aperto a boca. Arriscando lembrar de algo.

−eu estou bem, eu estou bem. Foi só um susto. Como você está?

−Confusa, eu... − Quando toquei minha cabeça, foi como se eu lembrasse do que havia acontecido assim que meus olhos franziram. − Adam, Adam era o elemento. Ele me levou...

− calma, não precisa lembrar disso agora. Ele trocou tiros com a equipe e acabou morrendo. O que importa é que você está bem. Linda e maravilhosa. - Garcia teve o apoio de Spencer ao dizer isso.

−Quanto tempo eu estou aqui ?  −Com cautela, tentei olhar melhor ao redor. As persianas nos vidros próximo a porta branca, assim como elas, estavam entre abertas, permitiam que eu visse o restante da equipe do lado oposto da parede cinza. Uma vez que como um relâmpago eu acabei lembrando da parede a qual eu ficava acorrentada.

− Viemos para investigar os homicídios e encontrar o elemento. − Um silêncio foi tudo que precisou para que nos sentíssemos a vontade. E um olhar de canto de olho de Spencer para Penélope me fez rir, como se a pedisse para sair. Ela. Então, arregalou os olhos atrás das armações azuis dos óculos; tal como o vestido que ela usava, e deixar por segundos seu queixo cair. Como se estivesse dando-se conta de algo.

− Bem . Já que está tudo bem, eu vou deixar vocês conversarem. – Praticamente, passo por passo, ela nos fitava por cima dos ombros antes de chegar a porta com o branco e o rosa em sua boca.

−obrigado. − eu sorri com isso.

− Gostei do cabelo. – Brinquei. Já que fazia algum tempo que não nos víamos. Ah que saudades que eu senti desse sorriso tímido e gracioso.

− Morgan disse que eu estava começando a parecer um sem teto.

− Pra mim está ótimo.

− Senti sua... falta. – Ele sussurrou tão levemente que quase não o ouvi, apertei sua mão.

− Eu também.

− Por que você não ligou? Quer dizer, antes disso tudo acontecer.

− Eu não podia. Quando deixei a UAC, fui incumbida de participar de uma investigação sobre corrupção policial, ganhei outra identidade, e eu precisei me afastar de você. De todos. Mas não houve, Spencer, um só dia em que eu não pensasse em você, em como você pudesse estar... em você.

−Eu também. Rebeca, eu também. – Mesmo a parede e o vidro impedindo alguns ruídos de entrar, o fino e audível grito de Penélope chama nossa atenção. E mais ainda o restante da equipe pedindo, gestualmente, que ela se contenha o que foi um pouco difícil.

   O Dr. adentra o quarto passando por Spencer, o qual cumprimentou, para me examinar.

− Como se sente?

− Bem, − Encarei o fecho de luz que o médico tinha entre os dedos. − O  que está acontecendo?

− Você poderia retornar para o quarto?

− Não, eu quero que ele fique. – A essa altura a equipe toda já estava dentro do quarto, J.J estava ao pé da minha cama, Hotch ao lado dela, Morgan perto do Spencer, Penélope junto a ele.

− Dr. com todo o respeito mas ele também tem o direito de saber. – Todos nós olhamos para Penélope. – Que foi? Ela com certeza não fez sozinha.

− Do que ela está falando Dr. ? – Eu já estava intrigada.      

− Senhorita, você passou por alguns exames e está tudo bem, felizmente não afetou em nada o feto. – Eu confesso que fiquei estática.  Como é que é?

− Feto? Eu não estou entendendo.

− É compreensível que não saiba já que só o embrião não tem um mês, para ser mais preciso tem três semanas.

  Eu estava complexa.

Eu vou ser mãe.

− Em que está pensando? – Sua voz me tira das minha lembranças; com as sobrancelhas erguidas, repouso meu queixo no seu ombro com um sorriso no rosto.

− Estava lembrando do dia que descobri que eu estava gravida. – Eu imediatamente abre um largo sorriso.

− O melhor dia da minha vida.

− Meu também. – Acaricio a sua mão.

− Nossa menina está chegando.

    Suas sobrancelhas abaixadas, assim como seu olhar, e uma preção no seu lábio superior me deixa um pouco preocupada. Com o indicador, ergo seu rosto pra mim antes de perguntar:

− O que foi? Por que você ficou assim de repente?

− É que... e se... – Tomo seus ombros com as mãos antes de ve-lo molhar os lábios rapidamente. – Eu tenho tantos receios, a esquizofrenia é genética assim como o Alzheimer também...

− Eu sei que você tem os seus pesadelos mas... – Seguro nas suas mãos olhando-o nos olhos. – Os exames dela ainda não deram nenhuma anomalia, pequena que seja. Só vai te causar preocupações pensar nisso antes do tempo.

−É que eu não posso evitar.

− Eu sei. Eu sei. Eu não sei como vai ser daqui pra frente quando ela nascer. Nem se eu serei uma boa mãe...

− Não tenho certeza de muitas coisas, mas sei que faremos o nosso melhor.

− Com certeza. – Não á segundas, terceiras, ou quartas intenções, apenas amor no toque sutil de lábios. Nossos lábios.

Assim como muito que virão. E eu torço, torço muito para sermos verdadeiramente felizes.


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