De frente a um enorme espelho, Freed Justine olhava para o próprio reflexo, completamente desgostoso. Estava de camisa social branca e calça preta. Os cabelos verdes estavam presos num rabo de cavalo no topo da cabeça. Havia preparado aquele visual simples para o dia mais esperado dos últimos tempos: sua formatura. Mas por alguma razão, estava odiando o que estava vendo.

— Eu devia ter escolhido vermelho... — disse ele, franzindo as sobrancelhas. Desviou o olhar do espelho e fitou o rapaz que lhe observava desde que começou a se arrumar. — Laxus, será que é muito tarde para trocar de roupa?

— Sim. — Laxus esboçou um sorriso e se aproximou. — Não fique assim tão preocupado. Você está perfeito, amor.

— Você acha mesmo? — Freed sentiu o rosto esquentar. Adorava ser elogiado por aquele homem.

Laxus Dreyar era o namorado de Freed. Eram companheiros desde muito jovens, e após dúvidas e conflitos familiares, os dois finalmente conseguiram oficializar o relacionamento. Freed era muito feliz ao lado de Laxus, não só por amá-lo, mas também pelo que a presença dele em sua vida significava: força.

A razão para ficar mais forte

É o que me faz seguir em frente

Freed havia passado por um inferno por conta da escolha de sua carreira. Seus pais foram contra o único filho estudar gastronomia, ao invés de arqueologia. Detestavam aquela ideia e por conta disso, desligaram o contato com ele. Eram pessoas insensíveis, o completo oposto de si. Nessa época, os amigos do rapaz lhe deram conselhos e diziam que tudo ia ficar bem. Laxus não. “Vai ser doloroso, e você vai sofrer” disse dirme.” Freed, você deve escolher o que é melhor pra você. O que te fizer feliz. Independente de qual caminho seguir, eu estarei ao seu lado.”

Era assim que Laxus funcionava. Ele não dizia o que Freed queria ouvir, mas sim o que ele precisava ouvir.

Ao passar do tempo, Freed foi descobrindo que o forte de Laxus não era as palavras, e sim as ações. Quando chorava, ele não perguntava o que havia acontecido; costumava apenas lhe abraçar, dar o máximo de carinho possível até que se acalmasse. E então, espontaneamente, Freed dizia a ele seus problemas, sem realmente pedir uma solução para eles. Não era isso que desejava; uma dica de como superar dificuldades. Só o que queria era alguém para se apoiar, e que estivesse sempre que precisasse de um abraço.

Essas lembranças cobertas por lama, fortalecem meu coração

E minhas mãos trêmulas

Encontraram algo que desejam segurar

Isso é o bastante

Apesar de todos os empecilhos, Freed conseguiu concluir seu curso, e estava na hora de se formar. Estava imensamente nervoso por causa da cerimônia, mas também por conta do que ela significava em sua vida: o começo de uma nova fase.

— Não faça essa cara de choro — pediu Laxus. Colocou suas mãos na cintura do namorado e colou as testas. — Tudo o que planejou está acontecendo.

— Eu sei, e por isso quero chorar — confessou, a voz soando trêmula. — Talvez eu não esteja pronto...

Sua falta foi cortada por um beijo. As mãos grandes do loiro passearam pelas costas de Freed com gentileza, contrastando com o modo violento que tomava os lábios vermelhos. Laxus era assim, carinhoso e intenso na mesma medida. Ele era tudo o que Freed precisava.

O som dos trovões ressoam em meu ouvido

Meu coração está acelerado

Há algo que somente minha gentileza poderia proteger?

Eu já sei a resposta

Quando se separaram, a vontade de chorar de Freed já havia desaparecido. Os olhos brilhantes de seu namorado encaravam os seus com um brilho diferente, fazendo-lhe sentir segurança. Não queria ouvir que estava sim pronto, e que tudo iria dar certo.

E Laxus sabia disso.

— Pronto ou não, eu estarei com você.

A força emanava do seu ser de todas as maneiras possíveis. E Freed sentia que também era forte, só por estar ao seu lado.

— Obrigado, Laxus — sussurrou, abraçando o corpo maior que o seu. — Obrigado por ser minha força.