Darío, Um Gênio nas Ruas. escrita por Ytsay


Capítulo 2
O lance dos três pedidos.


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Mais um capitulo e vamos falar brevemente dos pedidos.



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A minha primeira pergunta, assim, olhando em seus olhos, é: Qual seria seu primeiro pedido a um gênio? A coisa que gostaria de fazer ou ter e que lhe parece impossível neste momento.

Claro, você riria da minha investida estranha, vendo-me interessado em ter sua atenção com algum tema, mas eu não perderia minha pose e esperaria a resposta. E é claro que você pensaria em algo qualquer para me dizer, se quiser que eu continue falando com você. E por mim tudo bem, mas não me engana. Eu sei quando é verdadeiro ou não, porém é sempre curiosa a criatividade humana nada criativa.

Há muito tempo estive aqui, neste planeta chamado ‘terra’, de um poder boreal que não me permitiria chegar aos outros mundos. Talvez seja esse fato que me faz perder as noites encarando o espaço sobre nossas cabeças, apenas admirando e pensando no que mais há lá fora. Sério, às vezes não vê como estamos preso num globo de vidro? Com uma vastidão inalcançável do outro lado, além da tal camada de ozônio? Quem sabe, se alguém pedisse, poderia levá-lo a uma viagem interestelar da NASA, mas nada além disso, nada de minha graciosa presença lá, pois a magia está aqui, emanando dos poderes cósmicos retidos e ricocheteados no globo de vidro eternamente... É uma prisão, mas com seus prazeres.

Bom, deve estar interessado em saber o que aconteceu depois que meu gnominho foi parar nas mãos de um humano qualquer. Então vamos lá:

A melhor sensação foi inspirar um ar novo nunca experimentado depois de ser sufocado por anos num espaço minúsculo. Até estiquei meu novo corpo e olhei em volta, nada era interessante naquele quarto.  O caminho para a saída foi obvio e, para minha surpresa, havia algumas crianças por ali, algumas com apenas duas décadas de vida, verdadeiros bebês diante de minha eternidade.

Sai da morada de menino Augusto levando um moletom vermelho, longo e com capuz que achei pendurado numa cadeira e carregando comigo meu gnominho de cerâmica magicamente reconstruído – coitadinho, ele estava bem mal tratado, os anos não foram generosos com ele, mas seguia firme e forte sendo o receptáculo de minha existência.

Os humanos da casa me olharam com estranhamento, era de noite, e alcancei a rua inspirando profundamente o ar gélido da cidade finalmente. Não podia deixar de sorrir com a liberdade depois de tanto tempo aprisionado, o infinito elevando-se sobre tudo e a insignificância de todos no solo.

— Aonde você vai? — um jovem de boné e cara de estranhamento chegou a mim, parado no portão da casa lar. Olhei-o de cima abaixo com curiosidade, suas vestimentas eram interessantes e até simplórias, de chinelos, bermuda e camisa cinza.

— Ainda não sei. Tens alguma sugestão? — estiquei o braço e os dedos, pegando seu chapéu estranho, azul e branco, analisando a curiosa peça que parecia falta o resto da aba.

— Que tal seu quarto, sua cama e dormir? — respondeu-me como se minha pessoa fosse demente. Encarei-o. — É tarde para ir para qualquer lugar, Augusto. ‘Tá louco?

— Perdão, mas chamo-me... Dário — adoro falar meu nome com um tom musical e aparece uma chuva de brilho prateados caindo no ar, só para causar impacto. Mas o rapaz estranhou, ficou meio assustado e deu um passo para trás. — Estou liberto dessa casa e o mundo é grande! Creio que não mais me verão — sorri-lhe, pondo o boné sobre minha cabeça, e sai correndo pelas ruas vazia, quase rindo em sentir-me agitado e vivo!

 As ruas da cidade eram um labirinto, mas a medida que andava encontrava mais veículos rápidos e barulhentos, indo de um lado para o outro, alguns estavam imóveis no acostamento. Também fui encontrando mais humanos e mais humanos, principalmente em algumas ruas que tinham estabelecimentos de comida e bebida. Contudo, a grande maioria deles estava distraída com o estranho aparelho em suas mãos, brilhando diante de seus olhos e onde deslizavam seus dedos.  Alguns outros, que andavam na calcadas sozinhos, nem se quer levantavam o rosto para dizer um ‘boa noite’, pareciam tensos e cautelosos com os desconhecidos que cruzavam.

Assim, aos poucos, compreendi onde e em que época estava. Tudo  ali era agitado e empolgante! Bem melhor que a década de sessenta, a ultima vez que estive livre – só por umas semanas.

Mas logo já tinha enrolado demais para começar. Quando o sinal fechou, atravessei uma pista de uma larga avenida e parei no canteiro do meio, observando carros e ônibus indo e vindo, em algo que me parecia rotineiro a todos os humanos. Dali, podia enxergar a extensão da pista iluminada por diversos postes, uma linha reta e cercada por prédios que faziam ali parecer um corredor.

Mas, além das coberturas dos prédios próximos, lá no alto mais alto, estava o céu. Extenso, pontilhado, limpo, grandioso! Sorri bobamente com o pescoço esticado. Estava ansioso em fazer meu trabalho!

Peguei o boné da cabeça e o segurei pela aba, no interior deixei o gnomo de cerâmica e retirei o relógio prateado que estava no meu pulso, deixando tudo ali e os observei. Concentrei-me por um minuto, ouvindo os zunidos dos carros e algumas conversas dos grupos de pessoas que atravessavam a avenida naquele semáforo. Logo, os três pedidos estavam prontos e reunidos nos objetos físicos. Só podia esperava ter mais sorte daquela vez do que da ultima.

— Vamos lá meus queridos — falei para o interior do boné. — Esse milênio tem que ser diferente. E você gnomo... Hmm! Senhor gnomo! — rosnei seu nome, encarando seus olhos parados e sorrisinho simpático, dependia da sorte ruim daquela coisa. — Faça-me o favor de ajudar. Eu fui um bom rapaz todos esses anos juntos, não?... Deixe-me aproveitar melhor esse tempo. Ok?

Duas garotas jovens pararam próximas de mim enquanto esperavam o sinal abrir para elas atravessarem. Elas me encararam quando conversei com os objetos, apenas sorri. Eram moças bonitas, arrumadas e havia perfume, elas sorriam tímidas em resposta. Só que se assustaram quando lancei todo o boné para o alto. Foi um segundo vendo o chapéu, relógio e gnomo flutuando no ar, mas pá! Num raio, eles partiram cada um para um lado, com um rápido rastro brilhante como estrelas cadentes. Meu coração pulsava agitado, encarando as direções que os pedidos foram. Sorrir tanto tava começando a fazer meu rosto doer...

 Quando aquilo passou e percebi que devia ir explorar o mundo, me lembrando logo das moças. Elas estavam me encarando com receio e fugiram com o sinal livre para atravessarem.

Não me dei trabalho algum de explicar que um realizador de pedidos estava surgido no mundo, e seu local de nascimento era no Brasil. Bastaria alguém encontra um dos três pedidos, para que eu fosse logo realizar. Não só no pais, no mundo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Comentem! Acompanhem.
Me fariam feliz!



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