Ela sentia um vazio todos os dias quando acordava. Estar longe dele era difícil. Não saber como ele estava e o que ele estava passando era uma tortura. Talvez fosse exagero para outras pessoas, afinal havia poucas semanas desde que Jang Dongwoo fora servir o seu país no exército. E por conta de seu trabalho, já não se viam com muita frequência nos últimos meses. Tudo aquilo fez com que a saudade ficasse forte e incontrolável. Sem ele, uma parte sua estava faltando. Doía, principalmente por saber que iria demorar muito tempo até vê-lo novamente.

O que fazia para externar essa dor; essa saudade era ouvi-lo cantar e se deixar levar. Ela gostava de dançar, mas só por causa dele. Seus movimentos eram tão inspiradores quanto sua voz. Levantou-se e prendeu os cabelos. Alongou-se e colocou o álbum “Bye” pra tocar. Aquele nome era muito mais incrível do que parecia. Ao mesmo tempo que a palavra “bye” significava “até logo”, a sigla “BYE” significava “Beside You Every moment”. O corpo dela se arrepiava todo só de lembrar do dia em que ele lhe explicou aquele nome: “Ao seu lado a todo o momento.” Era uma despedida, confirmando que estaria sempre pensando nos fãs enquanto longe, inclusive ela.

A intro começou a tocar, e seu corpo começou a se mover. “I AM” era apenas uma melodia calma e que fazia pensar. Conhecia Dongwoo o suficiente para entender que aquela introdução era nada mais do que uma explicação de todo o álbum. Ele queria mostrar quem era, e o que podia fazer sozinho. Sua personalidade e pensamentos, todos traduzidos naquelas músicas. A garota movimentou o corpo levemente até o fim da intro, pensando em quem era o dono de seus pensamentos.

Assim que “News” começou a tocar, ela entrou em transe. As palavras e a melodia fizeram o corpo mexer, e o coração apertar. Estava ao lado dele quando seu relacionamento anterior terminou, e sabia exatamente o que ele sofreu. Sua visão sobre amor havia mudado, e aquela música era a exposição de seus pensamentos sobre o assunto. Apesar do aperto no peito, “News” trazia, especialmente para ela, uma boa lembrança. Dançaram-na uma vez, apenas de brincadeira. Dongwoo pediu para que ela o acompanhasse, o que era para ser engraçado, acabou se tornando intenso e sedutor. Lembrar-se disso era bom, e ruim. A saudade aumentava. Lembrou dos passos e tentou imitá-los naquele momento: lembrou-se do toque das mãos grandes em seu corpo, e também da sensação de apertar seus ombros, em todas as coreografias que dançaram juntos. Os corpos colados, as respirações próximas... Sentia falta. Odiava ter que esperar e ficar apenas na imaginação. Passou a cantar em meio a dança, sentindo as lágrimas virem. “Não vá”, dizia ele na canção. E logo depois, “Eu estou aqui”. Colocou a mão sobre o peito. Ele estava ali, em seu coração. Sempre estaria. Mas queria notícias, ou então morreria.

Ao fim da canção, ela estava quase sem fôlego. “Gun” veio em seguida, e o corpo passou a tremer. Era a sua música favorita, e a que mais a deixava triste. Começou a se mover apenas quando a voz baixa disse “É melhor fazer isso acontecer”. Ela sabia, pois Dongwoo havia dito várias vezes que aquela música era para ser reconfortante. A melodia era melancólica e o rap falava de como a vida era difícil. Também dizia que estava tudo bem chorar, e era por isso que amava a canção. Dançava e cantava, chorava e sorria, pulava e gritava. Lembrava de quando o conheceu, da primeira vez em que sentiu seu cheiro. Do primeiro toque de seus dedos sob sua pele, dos lábios grossos distribuindo beijos por onde quisesse... “Isso não é tão fácil quanto eu pensava” cantava, traduzindo exatamente seus sentimentos. Nunca imaginou que seria tão doloroso ficar longe, sem saber o que ele estava fazendo, e se estava se machucando. Mas ele havia dito antes de ir, que iria voltar inteiro para ela. Era nisso que precisava acreditar. “Amor... Amor... Amor... Amor” dizia a voz baixa. Sentia-o tão perto quando aquela palavra era sussurrada... Queria-o ali, com as mãos em seus quadris, dançando sussurrando palavras doces. A voz dele era a maior arma contra ela.

A melancolia e dor se esvaíram brevemente do corpo dela quando “ROMEO” começou a tocar. Um sorriso largo brotou em seu rosto, principalmente por se lembrar do de Dongwoo. Ele adorava aquela música, e sempre sorria ao dançá-la. Adorava seu sorriso largo e radiante. “Venha dançar comigo” cantava, e ela dançava. Imaginou os corpos colados e sorriu; aquela canção trazia felicidade. Fazia-a pensar em como tinha sorte de poder tê-lo, sentindo-se a mulher mais feliz do mundo. Dongwoo não era apenas um artista talentoso. Ele era o ser humano mais bobo e divertido da terra. Era doce e engraçado, na mesma medida em que era belo e sensual. O seu Romeu, diferente dos outros.

Era a vez de “Party Girl”. Estava cansada de dançar, mas recusar aquela era quase um pecado. “Vamos dançar até a manhã chegar”. Ela sorriu ao ouvir aquilo. Sabia toda a coreografia, pois era a mais agitada e sexy de todas em sua opinião. A forma com que Dongwoo movia seus quadris, mordia os lábios e lançava olhares penetrantes durante a dança... era como se fosse só pra ela, e ás vezes gostava de acreditar nisso. Era gostoso dançar com ele, principalmente as mais íntimas; as que ninguém podia ver. Ele a fazia se sentir especial a todo o momento, mas nos momentos íntimos... era surreal. Ele cuidava para que deleitasse, para que visse estrelas e perdesse a linha. Ela não precisava de muito, mas ele estava sempre disposto a entregar o máximo que podia. Faziam uma festa, e ela se tornava a única garota no mundo para ele.

“PERFECT” veio como um reforço de seus sentimentos. Dongwoo era perfeito, completamente. Sua personalidade, os altos e baixos dela, tudo! Era leal e destemido, sensível e divertido. “Eu acredito que consigo voar” cantou, tendo certeza que aquele trecho era a representação que precisava. Ao lado dele, ela achava que podia fazer tudo. Seus sonhos, seus desejos... sentia que tudo podia ser alcançado, se estivesse junto a ele. Era dependente, sabia disso. Mas não podia evitar. Desde o primeiro dia em que foi beijada por ele, seu mundo mudou. Tudo passou a ser perfeito.

Ela se deitou no chão, cansada. Não conseguia mover mais nenhum músculo. A respiração estava pesada e o coração batia forte, mas ainda faltava uma música. Aquela que parecia ter sido feita para os dois. “Something Between” mal começou, e os olhos dela voltaram a transbordar. “Se não é você, então não é nada”, era exatamente o que achava. Se não fosse ele, não iria se sentir assim tanta saudade. Não iria dançar horas a fio, pensando em coisas de amor. Não iria chorar fácil a cada lembrança boa. Não iria pedir aos céus para que ele estivesse bem. Se não fosse Dongwoo, não seria ninguém mais. “Eu apenas preciso de você, não sei por que gosto tanto de você. Estou preparando flores para o dia em que eu te ver.” Tantas razões vinham à mente dela quando pensava no porquê de ter se apaixonado por aquele homem. Queria dizer todas no dia em que pudesse ir vê-lo, e levar algumas flores que ele gostava também. “Parece que está acontecendo algo entre nós, algo...”

Sim, era o que achava também. Não era uma simples relação... era muito mais do que isso. “Espero que se sinta da mesma forma que eu”, ele cantava, e ela sorria. Sorria por saber que sentiam a mesma coisa um pelo outro. A cumplicidade, o desejo e a felicidade. Queriam estar sempre juntos, mesmo não sendo possível. Ela sabia que ele estava sentindo falta dele também. Por quê? Bom, a resposta era simples.

Amor.

E por amá-lo tanto, ela iria esperar. A saudade era grande, mas sabia que ele iria voltar são e salvo para os seus braços. Só precisava lembrar-se todos os dias que ela era a pessoa que ele amava. Ele havia dito essas mesmas palavras no dia em que foi cumprir seu dever. Guardou tudo em seu coração, sabendo que iria estar lá no dia em que ele voltar. Iria dizer aquilo que nunca disse, mas sempre sentiu.

— Eu te amo, Jang Dongwoo.