Tony não sabia o que esperar quando seus pais o fizeram passar o verão em Malibu quando todos os seus amigos ficariam em Nova York. Tudo o que lhe vinha à mente eram longos dias entediantes cercado por pessoas ignorantes e extremamente ricas, que só conversavam com ele por interesse. O que era um dos motivo para ele ter criado uma imagem de playboy rebelde que não se importava com o dinheiro da sua família, porém gastava mais do que o necessário só para provocar seu pai.

Era cansativo agir assim sempre, principalmente perto dos seus amigos da escola, mas era uma forma de se proteger quando certas pessoas que ele confiava acabavam por estar com ele apenas pelo nome da sua família. Não se apegava, não se importava em se lembrar dos nomes delas. Havia aprendido a confiar em pouquíssimas pessoas, incluindo Rhodey e Pepper, porém seus amigos tinham coisas para fazer e ele precisaria ficar sozinho ali por três meses.

Ou pelo menos, era isso o que pensou.

Tudo aconteceu muito rápido. Tony não era um bom nadador nem de longe, só ia até a praia quando queria sair da mansão e evitar seu pai, então quando entrou na água e não conseguiu mais sair, não ficou tão surpreso quanto deveria. Naquele momento, ele só pensava no quão estúpido seria se ele acabasse morrendo afogado quando fazia coisas perigosas o tempo todo e sempre saía com, no máximo, um arranhão ou hematomas.

Pensou no quanto seria zoado por Thor ou Clint quando eles o encontrassem na pós vida, o que soa deprimente, mas era tudo no que ele conseguia pensar enquanto as ondas se chocavam contra seu rosto. Seus pulmões queimavam pela falta de ar e ele já sentia que havia engolido uma quantidade grande de água salgada. Seus olhos não conseguiam focar em algo específico, até que resolveu fechá-los para evitar ficar ainda mais nervoso.

Não se lembra de como aconteceu, só que sentiu braços fortes sendo envolvidos ao redor de seu torso antes que pudesse perder a consciência. Depois disso, só pôde sentir uma pressão absurda em seu peito, parecia um carro brincando de pula pula em cima dele. Sentiu algo macio, porém quase agressivo sendo pressionado contra seus lábios e seus pulmões se encheram de ar novamente.

Tony acordou cuspindo água do mar e tentando desesperadamente puxar o máximo de ar que conseguia, começando a tossir quando sentiu sua garganta queimar.

— Pode me ouvir? — uma voz preocupada soou acima dele, e Tony precisou estreitar os olhos e forçar sua visão para ver quem estava ali. — Senhor, está tudo bem?

Foi então que viu aqueles olhos azuis pela primeira vez, olhos que poderiam ser confundidos com pedras preciosas se não estivessem presos àquele rosto perfeito. Observando cada detalhe dele, Tony percebeu que os lábios do homem à sua frente estavam levemente avermelhados e ele respirava pesadamente pela boca. Pensou em como aqueles mesmo lábios estavam pressionados contra os dele segundos atrás, e em como aquele rapaz extremamente atraente havia salvo sua vida.

— Vou te levar para o hospital — o homem o segurou em seus braços e Tony pôde sentir os músculos deles no mesmo instante.

— Não, não, espera! — o bilionário disse rapidamente, tocando no peito do loiro que ameaçava se levantar com ele no colo. — Estou bem, só… O que aconteceu?

— Você se afogou e eu te salvei. Estava um pouco longe da areia, fiquei preocupado que não fosse conseguir chegar à tempo — o homem pareceu mais aliviado agora que Tony havia começado a falar e não estava só o encarando com a maior cara de bobo.

— Você sempre salva pessoas aleatórias se afogando? — Tony deu um leve sorriso, evitando uma risada pois ainda sentia seus pulmões ardendo.

— É o meu trabalho, — o loiro sorriu, e Deus, Tony poderia ter caído no chão se estivesse de pé quando viu aquele sorriso inocente. — Sou salva-vidas nesse verão.

— Não me diga — aquele verão havia começado a ficar muito interessante. — Bom, obrigado por salvar a minha vida. Eu sou Tony.

— Steve Rogers — ele poderia ter estendido a mão para o moreno, porém preferia mantê-lo em seus braços até ter certeza de que ele não desmaiaria de novo. — Agora vou te levar para o hospital.

— Eu tô bem aqui, pode me deixar deitadinho na areia até eu recuperar o fôlego e… — antes que Tony terminasse, estava sendo carregado na direção do posto de salva-vidas como se não pesasse mais que um saco de uvas. — Ok, isso não é necessário.

Tony queria muito dizer que não estava corando, mas até seu lado mais durão sabia que seus hormônios não iriam cooperar quando havia um homem forte, bonito e sem camisa o carregando de forma tão gentil enquanto o encorajava a deitar a cabeça em seu ombro. Ele não se lembrava da última vez que havia corado por causa de outra pessoa sem ser durante um ato sexual, sentia que aquele homem seria um problema. Um problema que ele já adorava.

Depois desse dia, Tony passou a gostar muito mais de visitar a praia. Passava menos horas trancado em seu laboratório e mais horas “acidentalmente” encontrando Steve no posto de salva-vidas onde sabia que ele ficava. A princípio ele não esperava muito, só gostou de ter alguém para conversar que não fosse seu mordomo Jarvis. Steve era inteligente, altruísta, adorava falar sobre história e ouvia Tony falando sobre seus projetos por horas sem precisar fingir interesse, ele estava realmente intrigado pelas invenções do moreno.

Tony havia contado para ele sobre sua família e esperava uma reação completamente diferente da que o loiro havia tido. Steve apenas assentiu e lhe disse que não tinha nada contra a Stark Industries, mas que não concordava com muitas escolhas de Howard Stark, e isso foi o suficiente para Tony saber que ele era diferente.

Tiveram seu primeiro beijo de verdade no final do seu primeiro encontro, quando Tony o deixou na porta de casa. Estava hesitante em tentar algo, pois via Steve como alguém que queria proteger, fazer dele feliz e dar a ele todo o amor que merecia, mas esse não era quem o Stark era. Ele era um playboy egoísta que só pegava homens e mulheres e nunca se apegava. Ele não podia se apegar.

Quando Steve tocou seu rosto, no entanto, todos esses pensamentos desapareceram e ele só tinha olhos para o loiro. Seus pensamentos estavam em como ele observava os lábios do moreno com olhos entreabertos e em como conseguia sentir a respiração dele contra o seu rosto de tão perto que estavam. Tony não hesitou mais depois disso, apenas diminuiu o espaço entre eles e o beijou de forma delicada e casta. Naquele instante, ele sabia que não teria mais volta e que estava ferrado.

Os dias foram se passando e a cada dia Tony estava convencido de que sua vida estava bem melhor com Steve ao seu lado. Ele aflorava o melhor do moreno quando ele mesmo não se achava digno de estar com alguém tão bom e dedicado. Até o havia ajudado a levar brinquedos que foram doados para crianças em um orfanato, e sendo honesto com ele mesmo, Tony nunca havia se sentido tão feliz quanto quando viu o Rogers brincando com as crianças.

Tudo estava perfeito, até Tony perceber que três meses já haviam se passado e que logo ele precisaria voltar para Nova York. E Steve não iria com ele.

— Minha mãe está muito doente. Nós deveríamos voltar para o Brooklyn em algumas semanas, mas meu pai não acha que ela vai aguentar a viagem — Steve disse, olhando para o horizonte com uma expressão de pesar. — Ele trabalha em Londres a maior parte do tempo, então devemos nos mudar para lá quando…

Tony engoliu seco. Sabia que a condição da mãe de Steve não era nada boa e que ela provavelmente não sobreviveria. Eles já haviam discutido sobre isso diversas vezes, em uma delas Steve havia chorado e Tony sinceramente nunca mais queria ver aquilo acontecendo em sua vida. Agora ele parecia estar aceitando melhor a situação, só queria que ela não sofresse mais.

— Então acho que vou ter que me transferir para Londres nesse último ano — Tony comentou, segurando a mão do loiro.

— Acha que seus pais aprovariam? — ele deu um sorriso de canto e o moreno revirou os olhos.

— Quem liga? Eles só querem que eu termine o ensino médio logo para ingressar na faculdade e ter a vida mais entediante do mundo como CEO de alguma das empresas do meu pai.

— Você tem um futuro preparado para você.

— Talvez eu queira um futuro diferente — Tony se virou para Steve, olhando fundo nos olhos claros do parceiro. — Com você nele.

— Tony…

Ele sabia o que Steve diria. Que eles precisam aceitar que seus caminhos eram muito opostos e que por mais que se gostassem muito, não dariam certo. Aquilo era só um namoro de verão que não duraria, eles precisavam estar cientes disso. Mas não importavam todas as vezes que ele repetia essas mesmas palavras, sabia que nenhum dos dois acreditava nelas. Aquilo era mais que só algo passageiro que seria esquecido ao longo do ano.

— Só… Vamos aproveitar isso. Esses últimos momentos que temos juntos. Não quero pensar em você voando para outro país, ou no que meu pai tem guardado pra mim no futuro. Quero pensar em nós e em como eu amo quando você fica sem camisa e todo molhado assim — Tony brincou, recebendo uma gargalhada do outro em resposta.

— Você é incorrigível — Steve se aproximou para beijá-lo, porém foi empurrado de costas na areia com Tony sobre seu corpo forte e alto.

— E você é adorável quando fica embaixo de mim — o moreno deu um sorriso sedutor que fez o sangue subir para as bochechas de Steve rapidamente.

— Vai falar o dia todo ou vai realmente fazer algo, Stark? — as palavras dele saíram mais baixas e atingiram Tony em cheio, principalmente na área entre as pernas. Viu que as pupilas de Steve estavam dilatadas e que ele umedeceu os lábios com a língua rosada para provocá-lo.

— Oh, Rogers, você não sabe com quem está lidando.

Tony não perdeu tempo e beijou seu parceiro com avidez e paixão, conseguindo arrancar um suspiro de prazer dele quando mordeu seu lábio inferior e pressionou ainda mais seu corpo também seminu contra o dele. Os dois não se preocupavam mais com a demonstração de afeto em público, pelo menos não depois que haviam achado aquele ponto deserto da praia atrás de algumas rochas que tinha uma vista encantadora para o pôr do Sol.

Eles continuaram até ficarem sem ar e Tony pensar que acabaria cometendo um crime por causa daquele homem. Seu cérebro dizia que valeria a pena, se significasse que poderia ter Steve o mais rápido possível. Quando se afastou e pensou em fazer essa piada, o bilionário viu que o loiro o encarava com o cenho franzido.

— Ainda nem fiz a piada ruim que pretendia fazer, então não entendi o motivo da careta.

— Você não vai me esquecer, não é? — Tony sentiu seu coração doer quando viu a expressão triste de Steve.

— Como poderia? Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Nunca se esqueça disso.  Vamos nos encontrar de novo, eu prometo.