— Eu sou um perdedor!

— Eu sei. – Nino disse, fazendo com que eu o encarasse incrédulo – Cê quer que eu diga o quê? Você elogiou a cor dos dentes da Marinette ao invés de dizer o que queria.

— Sei disso, mas você falando assim... E eu fiquei nervoso! – me justifiquei e o meu melhor amigo riu.

De fato era complicado para mim chegar e dizer “Oi Marinette, então... Eu amo você e gostaria que pudéssemos ter três filhos e um hamster”. Eu até tentava, mas não conseguia de jeito nenhum.

Aquela garota mexia com o meu psicológico sem ao menos saber disso. Marinette é tudo de bom que uma garota poderia ser e tudo que eu queria era tê-la nos meus braços, o problema é que eu sou um completo fracassado por nunca conseguir nem falar com ela direito.

— Você tem que relaxar. – Nino me segurou pelos ombros, na tentativa de me tranquilizar – É só a Marinette, a garota mais legal de todo o colégio. Ela nunca iria te humilhar ou rir de você caso você declare o seu amor.

— É, eu meio que sei. Mas ela me deixa nervoso e eu acabo travando.

— Adrien está surtando por causa da Marinette de novo? – Nathaniel chegou com sua bandeja e sentou em nossa frente.

— O que você acha?

— Ei! – protestei – Vocês adoram me julgar, mas quem foi que surtou quando fez dupla com a Alya por causa do sorteio? – Nino desviou o olhar – E quem foi que surtou quando teve que trabalhar com o Marc em um projeto de artes?

— Não vale! – foi a vez de Nathaniel protestar – Pelo menos a gente fala com eles, você só fica “M-Marinette, v-v-ocê... Hum... Vai sempre lá? N-n-ão, digo-go você vem sempre a-aqui?” e ela responde que sim porque você pergunta isso na escola. – Nino começou a rir e eu cruzei os braços irritado, por mais que fosse verdade.

— Há há há, humor baseado na minha dor! Que bom que a minha desgraça pelo menos diverte vocês!

— Relaxa! – Nino colocou a mão sobre o meu ombro– É normal surtar, mas você precisa pelo menos conseguir dizer uma frase completa quando fala com ela. – suspirei. Era difícil fazer isso.

— Eu sei, eu sei.

— Ela está ali sozinha, provavelmente desenhando alguma roupa. – Nathaniel sussurrou – Você podia aproveitar e ir ali falar com ela. Sem pressão.

— Será que eu consigo? – comecei a ficar nervoso só ao encarar a garota dos meus sonhos.

Eu sabia o quão legal Marinette era e nunca riria de mim nem nada. No entanto a simples presença dela me deixava nervoso, com vontade de dizer várias coisas mas no fim acabava não saindo nada.

— Vai lá cara! – Nino me incentivou e então eu fiz uma expressão determinada.

— Eu consigo! – levantei da mesa, mas antes que pudesse sequer pensar em ir, uma pessoa sentou ao lado de Marinette.

— Eita! – meu amigo ruivo exclamou assim que viu Luka sentar ao lado dela.

— Abortar missão! – Nino me puxou para baixo, me fazendo sentar novamente.

— A-Ah... Já era! Perdi meu amor pra sempre! – lamentei e joguei os meus braços sobre a mesa, em seguida deitando sobre eles.

— Sem drama! Nino precisamos de um plano! – Nathaniel começou – Já sei o que fazer, mas preciso do seu suco.

— Tá bem, vai logo. – meu melhor amigo entregou o copo com menos da metade de suco, enquanto eu encarava os dois sem entender absolutamente nada.

— Adrien? – Nathaniel chamou a minha atenção.

— O que é?

— Vem comigo.

— Mas por quê?

— Vai de uma vez! – Nino me empurrou de leve e eu saí ao lado do ruivo.

Nós dois fomos na direção de onde Luka e Marinette conversavam animadamente. Então Nathaniel andou um pouco mais na frente e quando chegou perto dos dois, tropeçou e derrubou o suco de Nino em Luka.

— Ai meu Deus como eu sou desastrado! Desculpa mesmo! – me surpreendi com a atitude do meu amigo e fiquei apenas paralisado vendo a cena, sem saber o que fazer.

— Não, tudo bem. – Luka ficou de pé e disse simpático. Como odiava o quão calmo e amigável o garoto era. Queria ser assim também e conseguir falar com a garota que eu gosto.

— Deixa eu te ajuda a limpar pelo menos.

— Não precisa...

— Claro que sim, não vai ficar com a camisa desse jeito. Vem comigo. – dito isso Nathaniel pegou Luka pelo braço e me empurrou na direção de Marinette.

— D-Desculpa! – falei quase caindo por cima dela. – Nathaniel é muito desastrado!

— Tudo bem, sei como é. – sorriu simpática. Marinette era conhecida por ser uma garota desastrada e isso era uma das inúmeras coisas que eu amo nela.

— Então... – comecei sentando em sua frente e engoli em seco. Olhei na direção de Nino rapidamente e ele me fez um sinal positivo erguendo os dois polegares e dando um sorriso. – Você... – Marinette desviou seu olhar para mim, esperando que eu terminasse de falar. – Hã... Você sabia que eu... Sabia que o gás de cozinha na verdade não tem cheiro? – permaneci parado querendo me matar por ter dito isso.

Queria me jogar de uma ponte, mas o que posso fazer? Eu entrei em pânico!

— É sério? – ela riu de leve.

— Sim, é. – continuei – Colocam uma substância nele para ele ter cheiro e alertar as pessoas quando tem vazamento. – expliquei e para a minha surpresa, Marinette me encarava atenta.

— Nossa, interessante! – eu acho que ela realmente tinha achado interessante, pois parou para refletir por alguns segundos. – Bom, já que você me deu essa informação, deixe-me retribuir com outra informação interessante. Você sabia que a luz do Sol leva cerca de 8 minutos e 20 segundos para chegar à Terra?

— Wow! – exclamei impressionado e nós dois rimos. – Não imaginei que se interessasse por ciências.

— É, eu meio que me interesso quando temos prova. – rimos novamente – Estou brincando! Gosto um pouco, mas a minha paixão de verdade é a moda. Você deve saber.

— Sim, sei sim. – eu sabia tudo sobre ela. Entretanto não diria isso, poderia soar assustador e ela poderia pensar que sou um stalker.

Marinette escorou suas mãos na mesa e me encarou com um olhar divertido.

— E qual é a sua paixão, Adrien Agreste? – diga algo inteligente, diga algo inteligente, diga algo inteligente.

— Você. – falei no impulso, fazendo com que Marinette arregalasse os olhos e logo eu fiz o mesmo – D-Digo... Eu n-não gosto de você. – ela recuou – Não! Não é isso! – balancei as mãos frustrado, deixando ela ainda mais confusa. – Eu gosto, mas... Hã... – olhei para os lados tentando pensar em algo.

Nesse momento minha mente tinha apagado, como um enorme quadro branco e eu não fazia ideia de como sair dessa situação.

— Adrien... Eu sei que você gosta de mim, mais do que como amigos. – a garota disse depois de longos segundos de silêncio entre nós dois e eu encarei ela, totalmente surpreso.

— C-Como?

— É meio óbvio. – Marinette disse com um sorriso leve.

— M-Mas eu... Como... Isso... Espera! Você não gosta de mim, não é? Por isso não disse nada? É claro! – bati minha mão na testa e levantei – Desculpa por tomar o seu tempo.

— Ei, espera! – ela chamou e eu virei. – Eu não quis falar nada porque era visível que você não se sentia confortável para falar disso. – foi a vez de Marinette desviar o olhar – E pra sua informação, eu gosto de você também.

— O quê? – quase gritei, chamando a atenção de algumas pessoas em nossa volta e me repreendi mentalmente pelo escândalo. – Você, Marinette, gosta de mim, Adrien? – falei sentando novamente e apontando.

— Sim, eu gosto. E muito. – senti minhas bochechas esquentarem.

— Eu também gosto de você. – suspirei, ela já sabia disso – É... Você já sabe disso. – disse sem conseguir encarar Marinette.

O silêncio reinou entre nós e quando eu fui desviar o olhar para a garota em minha frente, percebi que agora ela estava sentada ao meu lado. Levei um susto leve e ela riu.

— Desculpe pelo susto. – Marinette segurou o meu rosto, me fazendo olhar diretamente para ela e ter um surto interno. – O que você quer fazer agora?

— Beijar você. – falei por impulso novamente, deixando ambos constrangidos – Me perdoa por dizer as coisas assim, é que você me deixa nervoso e eu acabo falando por reflexo. – me expliquei totalmente agitado.

— Você não precisa ficar nervoso. – engoli em seco. Sua voz era calma e angelical e eu me odiava por provavelmente estar mais vermelho que uma das cores da bandeira da França. – Pode me beijar se quiser.

Naquele momento eu congelei e tive outro surto interno.

Marinette ficou parada, esperando a minha reação e agora que eu tinha dito que queria beijá-la e ela concordou, não podia voltar atrás – não que eu quisesse voltar atrás.

Com receio, me aproximei dela devagar e fechei meus olhos. Quando nossos lábios se tocaram, uma sensação inexplicável invadiu o meu corpo me deixando completamente extasiado. Se eu pudesse, não sairia daqui.

Nos separamos devagar e mantemos a nossas testas encostadas.

— Finalmente! – ouvi Nino gritar enquanto fazia um toque com Nathaniel e Marinette riu.

— Desculpa por ter esperado tanto. – sussurrei.

— Tudo bem, valeu a pena. – ela sorriu e colocou seus braços ao redor do meu pescoço, me puxando para outro beijo.

E é com isso meus amigos, que posso afirmar que Adrien Agreste não é mais um total perdedor.