Paredes de ar escrita por Senhorita Amabel
Escrever uma carta para alguém morto era tão doentio quanto desenterrar um cadáver.
Ao menos era isso que Lilian pensava sentada em sua escrivaninha com a folha em branco diante dela. Mas talvez fosse só o café velho. O maldito café velho que sua mãe continuava requentando infinitamente até que não restasse sequer uma gota na garrafa. Café esse que Lilian ainda não aprendera a jogar fora mesmo depois da mãe estar morta e enterrada.
Bem.
Não tinha jeito.
Se fosse para se livrar daquela sombra que continuava a perseguir cada movimento seu, então que seja, Lilian seria a pessoa que desenterraria cadáveres no cemitério para garantir que aqueles sentimentos descansassem em paz.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!