Paredes de ar escrita por Senhorita Amabel
Rebeca se levantou do piano no instante em que a conclusão a alcançou e, antes que o desespero a tomasse, tomou-a o vazio.
Silêncio. O cessar dos dedos, das notas, das dores, tudo. Um silêncio em que o luar se apagava, dando lugar ao breu, as sombras dançavam umas sobre as outras em uma batalha para se sobrepor.
Assim era sua alma, Rebeca lutava para esconder um sentimento sobrepondo-o a outro, sem apagar nenhum, resultando num amontoado de sombras que, instáveis, dançavam em sua mente, tomando a forma de um amor que ela mesma não se dera conta de ainda nutrir.
Ah, o Amor, o mais brutal dos sentimentos! Pensara tê-lo abandonado, apenas para se dar conta de que o amor fraterno era tão vivo como o romântico jamais fora. Um amor que a matava, torturava, enchendo-a de tantas sensações que ao final não havia nenhuma, restando a ausência de um piano mudo num quarto escuro.
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