Arquivos da Frota Estelar 5 - Montgomery Scott escrita por Valdir Júnior


Capítulo 1
O Autômato




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Apresentação:

Montgomery SCOTT é o Engenheiro-Chefe da Enterprise, um escocês que possui profundo conhecimento da alta tecnologia utilizada nas espaçonaves. É também projetista de motores e especialista na tecnologia de teletransporte. Sob sua responsabilidade está toda a engenharia e manutenção da nave. Assume o comando da Enterprise na ausência de Kirk, Spock e Sulu.

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Montgomery Scott estava fazendo uma das coisas que mais gostava. Enfiado em um tubo Jefferies (1), realizava uma bateria de testes nos circuitos de controle do reator de dobra da Enterprise. Ele precisava garantir que tudo estivesse em ordem para que sua “menina” funcionasse com a máxima eficiência.

Repentinamente a cabeça do alferes Aziz apareceu no final do tubo, logo abaixo do degrau onde Scott estava apoiado e do chamou.

— Comandante – disse o jovem oficial – o capitão me pediu para chamá-lo. Disse que quer vê-lo na cabine dele imediatamente.

“imediatamente?”, pensou o engenheiro, desligando seu fluxômetro de espectro e começando a descer para sair do duto, “isso geralmente não é sinal de uma coisa boa”.   

*  *  *

Logo que entrou na cabine do capitão, o engenheiro viu que ele não estava sozinho. O comandante Spock também estava na sala. E havia outra oficial da Frota sentada na cadeira em frente à sua mesa, tomando uma xícara de chá relaxadamente. Era uma mulher negra muito bonita, alta e simpática. Em pé, ao lado dela, estava o que parecia ser um robô com características humanóides, com o corpo metálico completamente dourado, cujo rosto era constituído apenas de duas luzes amarelas, parecendo pequenos faróis no lugar dos olhos, um pequeno nariz triangular muito arrebitado e uma fenda estreita e curta onde devia estar a boca.

— Scotty – disse o capitão, indicando a sua convidada  – quero apresentar-lhe a capitã Michael Burnham, da U.S.S. Discovery. Ela é também irmã de criação do Sr. Spock.

Quando Scotty olhou surpreso para o vulcano, este não disse nada, somente levantou a significativamente a sobrancelha. A capitã Michael apenas sorriu e tomou um gole do seu chá.

O engenheiro olhou para ela fascinado e em seguida sorriu e lhe estendeu a mão.

— Capitã – disse ele com entusiasmo, cumprimentando-a – é um prazer conhecê-la. Devo dizer que sempre tive muita curiosidade sobre a tecnologia de deslocamento com esporos que a sua nave usava. Mas nunca consegui acesso sequer aos desenhos básicos.

A capitã colocou a xícara na mesa e suspirou.

— Esta tecnologia ainda é secreta e por enquanto está suspensa, até que a Frota Estelar faça estudos mais profundos sobre sua segurança e vantagens.

Vendo a cara de decepção que o seu engenheiro fez, Kirk sorriu.

— Sinto muito Sotty – disse ele. Em seguida continuou – enfim, eu o chamei aqui por outro motivo.

E o capitão apontou para o autômato que estava em pé ao lado da capitã  Burnham.

— Michael, explique por favor – disse o capitão Kirk.

Michael Burnham levantou-se e colocou a mão sobre o ombro do robô.

— Comandante Scott, eu lhe apresento o C-3PO – disse ela – o protótipo da primeira tentativa de colocar um robô para auxiliar as operações de uma nave estelar da Frota.

O engenheiro olhou para a capitã Burnham parecendo confuso.

— Mas eu pensei que um autômato já houvesse servindo na sua nave – disse ele.

A capitã suspirou. O assunto trazia recordações desagradáveis para ela.

— Este é um erro comum Sr. Scott, baseado na pouca informação que e Frota Estelar divulgou sobre o assunto – disse ela por fim - a tenente-comandante Airiam não era um robô, mas um “ser humano modificado”, que possuía vários implantes cibernéticos e eletrônicos no corpo. Foi nossa oficial de ciências e uma das primeiras a se aperfeiçoar na operação da tecnologia de esporos. Ela morreu durante uma de nossas missões e a perda dela foi muito lamentada por toda a tripulação da “Discovery”. 

Michael ficou em silêncio por alguns momentos ao se lembrar da amiga. Mas logo se recompôs e  olhou novamente para o robô.

— O C-3PO, ao contrário, é um autômato completamente mecânico, e possui um núcleo de Inteligência Artificial capaz de aprender e interagir com os tripulantes da nave – continuou ela – eu fui encarregada de trazê-lo para que os primeiros testes com ele sejam feitos na Enterprise.

Montgomery Scott olhou para o capitão Kirk preocupado.

— Scotty – disse Kirk – pense nas vantagens. Ele poderá fazer operações e realizar tarefas dentro de uma nave estelar que são difíceis e até impossíveis para os humanos.

— Capitão – respondeu o engenheiro – não sei se um robô é a melhor opção...

Porém antes que Scott completasse a frase, o robô virou a cabeça para ele e falou com uma voz metalizada:

— Mas comandante Scott, seria muito instrutivo trabalhar com o senhor!

O engenheiro levou um susto tão grande que deu um salto para trás, como se houvesse levado um choque.

— E... essa coisa fala! – gaguejou ele.

— É lógico que eu falo— respondeu o autômato – de que outra maneira poderia fazer com que as pessoas me entendessem.

Scott continuou a olhar assustado para o robô, ainda sentindo o coração disparado.

— Comandante Scott – disse a capitã Burnham por fim – um técnico da nossa divisão de robótica será enviado para ajudá-lo a operar o C-3PO e programar os testes. O Quartel General da Frota Estelar acompanhará de perto os resultados da experiência, através dos seus relatórios.

— Sim senhora – respondeu o engenheiro.

— Então Scott, a partir deste momento o C-3PO está sob sua responsabilidade para treinamento e avaliação. Dispensados – ordenou o capitão Kirk.

E um assustado Montgomery Scott deixou a sala, seguido de perto pelo robô dourado. 

 

 

Referência do Capítulo:

(1) Tubos Jefferies é o como são conhecidos tradicionalmente os dutos de manutenção das naves estelares da Federação, que permitem contato direto seus circuitos e sistemas mais importantes, servindo também de vias de acesso de emergência da tripulação em períodos de falta de energia. Seu nome é uma homenagem ao diretor de arte Matt Jefferies, que criou o desenho das naves estelares Enterprise (Clássica, A e D) e a maioria de seus interiores. 

 


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