Suas pálpebras pesadas tentavam abrir apesar da luminosidade ofuscante do sol em seu rosto. Batgirl moveu a cabeça sentindo a seda de seus lençóis sob seus cabelos. Ela estava em casa?

Havia uma agulha perfurando seu braço, conectada a uma bolsa de soro, seus dedos pareciam mais finos que o normal. Flores, cartas e balões ocupavam parte de sua mesa escondendo seu computador e penteadeira. Ela vestia pijamas e sua boca estava seca, sentia-se perdida no espaço tempo de suas memórias.

O que havia acontecido depois da batalha com o Máscara Negra?

Os pés foram de encontro às pantufas, seu equilíbrio estava claramente afetado. Ela cambaleava para chegar ao corredor depois de se livrar dos lençóis e das agulhas.

A mansão estava silenciosa, Wayne nem mesmo devia estar ali. Ela tentou chamar Alfred, mas sua voz não saia. Suas pernas a levaram até o salão principal, caminhando então para a cozinha, onde um burburinho se iniciou enquanto a garota se aproximava. Empurrou a porta de madeira encontrando seus irmãos reunidos na mesa de jantar.

Todos olharam para sua figura magra coberta por um grande pijama de linho vermelho que escondia as marcas das batalhas daquele ultimo dia.

Dick estava com suas roupas de detetive, apesar do braço direito notoriamente estar apoiado em uma tipoia e curativos chamarem atenção em sua cabeça. Ele sorria aliviado em vê-la de pé. Jason se levantou para acolhe-la em seus braços, seu pijama de carrinhos confortavelmente embalando a cabeça dela em seu peito enquanto ela ouvia seus batimentos cardíacos. Os danos internos de Jason sendo completamente ignorados pelo mesmo, para que ele pudesse desfrutar de alguns minutos de pé com sua menina favorita.

Máscara Negra era não somente um inimigo pessoal de Batman, mas também do Capuz Vermelho. Jason se sentia completamente responsável por não ter derrotado o cara e ter colocado a vida dos mais jovens em risco, já que seu trabalho mais recente era exatamente acabar com a criminalidade envolvida com o Máscara Negra.

Tim estendeu a cadeira ao lado dele para que ela se acomodasse, os olhos ternos e cheios de compaixão do menino transmitindo uma mensagens de gratidão e enchendo o coração de Batgirl de paz e leveza, eles estavam bem. Seu pior pesadelo não estava concretizado.

— Onde está Damian? – ela perguntou depois de beber água com ajuda de um canudinho.

— Bruce o levou ao Poço de Lázaro. – O coração de Batgirl perdeu o compasso. – Ele está tendo problemas para se recuperar.

— O que aconteceu? – ela indagou enquanto se alimentava.

— Bruce caiu em uma armadilha, levamos uma surra do Máscara Negra, mas você salvou a gente. Obrigado. – Tim explicou brevemente, ela estava se recuperando, não precisava se preocupar no momento.

— Eu sei que vocês fariam o mesmo por mim.

— O caso é que... – Dick interrompeu. – quando a transmissão da câmera foi desativada, Bruce achou que você também tinha morrido.

— O que deu força pra ele agir inconsequentemente. – Jason respondeu.

— Por isso ele chegou tão rápido. – Os flashs da noite invadiam sua mente.  – Ele desistiu de capturar o coringa por nós.

— Mesmo sem qualquer perspectiva de resgate. – Jason cravou seu olhar vazio na mesa, ele parecia refletir sobre sua relação com o chefe.

Todos ficaram em silêncio, Alfred se aproximou da menina, ela o fitou, seu olhar afetivo recaiu sobre sua cabeça. Bruce estava longe, mas deixava alguém de confiança para cuidar deles. Era seu modo de dizer que se importava com eles, com seu modo paternal e distorcido de ser.

De um jeito desconcertante, Batgirl se dava conta, Bruce nunca diria os motivos de tê-la adotado, mas não precisava. Ele havia lhe dado uma família.