Queda de Leões escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777574/chapter/1

A guerra do lado de fora fazia os olhos lacrimejarem com poeira suspensa e fumaça. O último dos dragões da rainha Deanerys estava enfurecido, apesar de alguns acreditarem que aquilo era apenas os genes Targaryen tirando a razão da mulher.

Jaime não acreditava nisso, mas essa era uma historia para outro momento. O que realmente importava naquele momento era que o espetaculo pirotécnico de Deanerys lhe dava cobertura para entrar em Porto Real sem ser percebido por Cersei ou sua guarda.

Ele imaginava que ela estaria sentada sobre o trono de ferro em toda a sua altivez assim como Aerys estava quando ele o matou.

Dessa vez ele não iria matar a rainha. Eles eram família no fim das contas, por mais que não tivesse mais desejos por ela, não podia negar que era sua irmã, a mãe de seus filhos e ela merecia mais do que ser queimada viva. Mas fazia isso principalmente por seu filho que crescia no ventre daquela mulher, uma criança não merecia uma morte daquelas.

Ele encontrou Cersei exatamente como imaginara que iria. Uma das mãos postas sobre o ventre levemente elevado, uma taça de vinho na outra encarando a porta como se esperasse por algo. Talvez que a rainha dos dragões entrasse por ali para que ela mesma pudesse mata-la em suas mãos.

Mas o que realmente encontrou foi jaime. Ainda vestido com as roupas viajem. O cabelo dourado riscado de branco que caia sobre os olhos verde e a abominavel mão de ouro balançando ao seu lado.

— Você voltou? — foi tudo o que ela disse.

— Você corre perigo — foi tudo o que ele respondeu, ainda se aproximando do trono em que ela se sentava altiva.

— Todos corremos — ela respondeu, se levantando do trono sem nenhuma dificuldade — Mas agora você está de volta e vamos ser uma família quando esse batalha estiver ganha.

Ela pegou a mão boa dele e a pos sobre sua barriga para sentir a criança imóvel. Jaime continuava a encarar os profundos olhos esmeralda quando retirou a mão.

— Eu não voltei por isso — ele disse, não queria ser a família de Cersei, não dessa forma, não como foram tantas vezes antes.

Seu coração agora pertencia a outra, uma pessoa que havia abandonado, por mais que isso lhe doesse. Mas afinal, amor era mais sobre os sacrificios que se fassem por ele do que pelos crimes que se comete sob seu nome.

— Eu vim apenas salvar a você e essa criança que você carrega no ventre.

Carregava ele pensou ao perceber o cheiro forte de vinho no hálito de sua irmã, a barriga muito menos desenvolvida do que deveria e falta de movimentos. Quais as chances de Cersei ter perdido o quarto filho? Ele se perguntava mentalmente.

Enquanto isso a cabeça de Cersei rodava em outra direção. Jaime havia atingido-a quando falou que estava ao lado da rainha dragão. Ela precisava atingi-lo tambem.

— Você pode tentar fugir, mas você voltou por mim — ela estava a muito menos do que um palmo de distancia, encarando os olhos verdes de seu irmão — Você a viu lá no norte, não é? — a mão boa de Jaime começou a treme ao lado de seu corpo, não saberia se podia se controlar se Cersei começasse a falar sobre Brienne.

— Ela era tão apaixonada por você — a leoa falou, mantendo sua dominancia — Eu pude ver naqueles olhos azuis. Como era mesmo o nome daquela aberração? — Jaime sentia a raiva fervendo sob a sua pele, correndo em suas vezes.

— Brienne é uma mulher honrada, algo que você parece não saber o que significa.

— Você se deitou com ela — Cersei riu, uma risada cruel. Tão eficiente quanto o próprio Rei da Noite em levantar os cadaveres das tumbas — Agora eu entendo porque você voltou. Você se deitou com ela e percebeu como sentia falta de uma mulher de verdade. — Os dedos de Jaime se contorceram ao se lado — Admita que você pensava em mim enquanto fodia aquela bizarrice em roupas masculinas.

Jaime não pode controlar sua mão quando ela envolveu o pescoço pálido de Cersei, primeiro sem muita força, era apenas um aviso.

— Não fale de Brienne dessa forma.

Cersei esticou a cabeça como se não percebesse o perigo que corria. O sorriso felino afiado em seus lábios, os olhos cerrados em um desfio claro. Testando até onde o irmão iria.

— Você está apaixonado por ela, Jaime? — ela perguntou, o veneno escorrendo em cada uma das palavras. Os dedos do reigicida se apertando — Então porque a deixou?

A imagem de Brienne atrás dele, o rosto avermelhado e inchado pelas lágrimas. Ela nunca o perdoaria, ele nunca se perdoaria.

— Admita que o que há entre nós é maior do que qualquer coisa — um engasgo cortou o seu discurso quando o aperto de Jaime ficou tão forte ao ponto de machucar, mesmo assim ela continuou — Você nunca poderia pertencer a outra pessoa, nós nascemos juntos e vamos permanecer juntos por toda a eternidade.

Aquelas palavras ecoaram na mente de Jaime, um brilho louco nos olhos Cersei denunciavam que ela já havia perdido a lucidez. Uma verdade que Jaime sempre negou se arrastou por sua mente naquele momento.

Cersei nunca amou ninguém além dela mesma. Ela era incapaz de amar qualquer outra pessoa. Ela só amava seus filhos porque eles eram uma cópia perfeita dela, só amava Jaime porque era como se olhar no espelho. Ele se sentiu um tolo enquanto olhava para aquele corpo em suas mãos, sendo espremiddo ao extremo.

Cersei já não conseguia falar, mas ela não daria o mesmo show que o filho havia feito. Ela era superior a tudo aquilo. Os olhos verdes se fecharam para sempre, nas mãos da pessoa que havia sido sua extensão por tantos anos, nas mãos da única pessoa que ela chegara perto de amar.

Jaime ainda estava na sala do trono. O corpo de Cersei caido sobre o tecido vermelho, como uma verdadeira Lannister. Dourado sobre carmim.

Ele chorava silencioso sobre o corpo da irmã. Chorava por ela, é claro. Mas chorava por si também, chorava por ter abandonado toda a chance de ser o homem decente que sempre desejara ser. Se ele tivesse ficado no norte ele poderia tentar, mas isso nunca iria apagar o peso de todas as coisas ruins que fizera e que agora esmagavam sua consciencia.

Foi assim que Arya encontrou a sala do trono. Com os dois leões ao chão. Jaime de joelhos e Cersei a sua frente, morta.

— O que houve aqui? — a assassina perguntou de forma fria ao homem que lutara ao seu lado pelo seu lar.

— Eu a matei — ele falou com simplicidade.

— Isso o machuca? — perguntou a jovem.

Aos seus olhos, Arya ainda era a problemática dos Starks, aquela que se sentava com os serventes e jogava comida na irmã, mas ali, naquele momento, ela era uma assassina.

— Não tanto quanto eu imaginei — ele admitiu se levantando e aproximando do corpo pequeno — Você veio para matá-la, não é?

Arya apenas assentiu, ainda com a adaga de aço valiriano em suas mãos, viu o grande leão se ajoelhar a sua frente com as mãos para o ar.

— Eu sou a última parte de Cersei que resta — ele falou, a encarando com os olhos de um verde profundo e ela sabia o que ele queria que acontecesse.

Arya nunca odiara Jaime, não como odiava Cersei. Não havia motivos para isso, além do que ele havia se tornado alguém melhor. Ele lutara por Winterfell, ele amava Brienne.

Arya respirou fundo, a adaga perdendo estabilidade em suas mãos. Ela precisava fazer rápido se fosse fazer.

— Tem certeza?

— Eu alejei o seu irmão — ele disse com simplicidade, o rosto marcado pelas lágrimas — Eu o atirei do topo de uma torre. Eu matei um rei e agora minha irmã, minha própria irmã enquanto ela esperava um filho meu.

Aquilo acertou Arya como um choque, mas Cersei precisava morrer de qualquer forma e Jaime já havia se redimido. — Você poderia formar uma família.

— Eu abandonei a única mulher amo — suas palavras eram secas e indiferentes como se falassem sobre o tempo e não sobre a morte. Eram dois assassinos no fim das contas — E eu sempre seria atormentado pelos meus erros.

Arya assentiu. Os olhos baixos, quase fechados quando acertou a adaga no peito do leão dourado. Ele não fez nenhum som enquanto a lámina afiada abria caminho por entre carne e ossos e o sangue escorria pelas vestes.

Arya se ajoelhou ao lado dele para apoiar o corpo, enquanto ele caia. Os olhos verdes ainda fitando o teto quando ela o deitou sobre o chão.

Ela orou uma prece rápida ao morto. Nunca fora religiosa, mas Jaime merecia mais do que o abraço frio do inferno.

— Valar Morghulis — ela falou, fechando os olhos verdes.

 

 

 

Tyrion foi o primeiro a entrar na sala do trono e encontrar seus irmãos caidos no chão. Aquilo o doia, mais por Jaime que era seu melhor amigo, porém por Cersei também lhe causava um pouco uma pequena irritação.

A irmã não possuia nenhum machucado aparente, mas as marcas de dedos eram claras em seu pescoço e Tyrion logo pode deduzir que seu assassino havia sido o próprio amante. Provavelmente contaria isso a cavaleira se isso fosse faze-la se sentir melhor.

O irmão foi quem lhe deixou mais intrigado. Conhecia bem a adaga de aço valiriano cravada no peito dele, havia passado mais do que alguns meses andando com ela na cintura e sabia que ela havia salvado a bunda de todos há poucos dias em Winterfell.

Guardou a arma entre suas vestes, queria entender porque a pequena loba fizera aquilo sem que a rainha dos dragões soubesse. Não queria acreditar que Jaime pudesse ser um traidor e mesmo que fosse não gostaria que a morte dele tivesse sido daquela maneira.

O funeral de ambos foi muito simples, em Rochedo Casterly, onde foram enterrados junto ao pai.

Tyrion ficou ali mesmo depois que todos haviam ido embora. Sempre se imaginou cuspindo no túmulo da irmã e dançando sobre ele, assim como no do pai. Mas talvez, por conta de Jaime, seu humor estivesse baixo de mais para isso.

Apenas pegou uma taça de vinho e se sentou de frente para as lápides.

— Um brinde a nós — falou erguendo a taça em um brinde solitário — Que bela desgraça nossa família se tornou, não é? Incesto, parricidio, fatricidio — ele tomou um gole longo de sua bebida, agora muito mais sombrio do que antes — Um brinde aos honrados leões de Rochedo Casterly!

O tempo estava cinzento por uma tempestade no horizonte. Aquele clima parecia mais do que apropriado para um anão que bebia com fantasmas.

— Eu estou onde você sempre quis que eu não estivesse, pai — ele jogou as palavras como dardos em direção ao tumulo do pai — Senhor do Rochedo, mas não posso ficar, pois tambem sou mão da rainha — ele disse se gabando — Mas não se preocupe, deixarei um castelão que não é bebado ou prostituta.

Ele não chegou a encontrar Arya nos tempos que passaram. A assassina nunca ficava sozinha com o anão, na última vez que ele a vira ela passara o tempo todo grudada em Sansa, como se as duas estivessem confabulando.

Tyrion largou de sua posição de mão da Rainha após a morte de Dany. Fora uma decisão extremamente politica e o cargo passou para Sansa que não permitiu que ele se afastasse de Porto Real.

A jovem já havia lhe dito várias vezes que só se sentia segura ao lado dele. Ela havia se tornado a mulher mais inteligente de Westeros e Tyrion tinha proposto para Dany que a colocasse como Mão, mas a rainha não confiava na nortenha.

Dany morreu durante o parto de uma menina, ela nem ao menos tivera tempo de nomea-la, mas sempre soube que não teria outro filho após Reaghar, seu bebê com o falecido marido.

Mas Jon tomara a liberdade de chama-la Rhealla Lyanna Targaryen.

Os dois trocaram votos de casamento alguns dias após o fim da batalha. Dany ficara espantada com a destruição que causara em Porto Real e, após uma longa reunião com Varys, Sansa e o próprio Tyrion, ela aceitara que Jon se assumi um Targaryen e que os dois formalizassem uma união, mas com a condição de que ela teria a palavra final.

Os poucos meses de seu governo foram melhores do que o esperado por qualquer um de seus conselheiros e sua partida fora sentida até mesmo por Sansa.

A menina seria mandada para Winterfell, onde iria crescer longe das intrigas do reino para afastar ao máximo a loucura do sangue Targaryen.

Tudo parecia estar muito próximo do perfeito, mas Tyrion ainda sentia aquele aperto no peito. Ele era o último dos Lannisters de Rochedo Casterly e não sabia o que podia fazer para reconstruir sua casa, mas faria o melhor para reconstruir o reino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aviso de bom senso:
1 - Não estrangule mulheres, independente se são sua irmã, sua amante ou uma rainha tirano.
2 - Tiranos a gente vence queimando carros e cortando cabeças como os francês
3 - Não levem profecias tão a sério



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Queda de Leões" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.