Hoje era o dia de patrulhar a cidade e eu saltava entre os prédios com uma expressão divertida enquanto Chat Noir me seguia, tentando chamar a minha atenção.

— Espera aí! – me dei por vencida e por fim parei. – Quem está fugindo agora, hã? – falou assim que me alcançou.

— Não estou fugindo, apenas cumprindo nosso compromisso de patrulhar a cidade. – disse me fingindo de desentendida e me segurando para não rir.

— Ah, então é assim? Você vai fingir que os últimos dez minutos não existiram? – Adrien questionou se referindo ao fato de que há pouco eu tinha simplesmente confessado para ele que eu sempre fui apaixonada por ele também.

Basicamente, desde que descobrimos nossas identidades ele vem tentando fazer com que eu me apaixonasse por ele também, contudo, ele não sabia que ele não precisava de esforço nenhum. Eu apenas não era corajosa o suficiente para dizer a verdade.

— Eu nunca disse que eles não existiram. – sorri divertida – De qualquer forma, agora você já sabe quem é o garoto pelo qual eu sou apaixonada. – Chat Noir me encarou paralisado e depois balançou a cabeça, soltando um “Uau” silencioso e sentando na beirada do prédio.

— Eu estou sonhando? Se eu estiver, você não ouse me acordar! – apontou o dedo me fazendo rir.

— Não é um sonho, gatinho! – sentei ao seu lado e escorei a minha cabeça no seu ombro – Eu apenas sinto muito por ter feito você esperar, é que foi difícil encontrar coragem para dizer que amo você também. – senti minhas bochechas esquentarem, sorte que ele não podia ver direito.

— Desculpa, você pode repetir? Porque eu acho que desmaiei por dois segundos! – dei um leve soco no seu peito.

— Gato bobo!

— Desculpa, Bugaboo, mas você literalmente jogou uma bomba em mim e saiu correndo. Queria que eu ficasse como?

— Achei que fosse óbvio, digo, todo mundo sabia.

— Sério isso?

— Sim. Alya sempre disse que estava na cara e que se você não sabia, era muito tapado. O que depois eu descobri ser verdade. – o que era bem patético, visto que eu deixava muito na cara segundo as minhas amigas. Então realmente é uma surpresa Adrien não saber.

— Ei! Até o Nino sabia?

— Aham.

— Caramba! Acho que eu sou burro mesmo! – ri da sua indignação consigo mesmo. – Bom, pelo menos agora eu fico mais tranquilo. – Chat Noir entrelaçou sua mão na minha.

— Ah é?

— Sim. Afinal, agora estamos namorando oficialmente. – levantei minha cabeça e encarei o loiro – O quê?

— Nós estamos “namorando oficialmente”? – questionei arqueando uma sobrancelha.

— É claro! – disse como seu fosse algo normal – Quero dizer, nós já estávamos namorando antes, mesmo que você não soubesse disso. Agora que você sabe, então é oficial. – ri sem acreditar na idiotice dele. No entanto não julgaria, pois tenho certeza que eu provavelmente faria algo do tipo também.

— Não lembro de ter concordado com isso, mas tudo bem.

— Está no contrato.

— Uh! A partir de hoje vou prestar mais atenção nas letras miúdas. – Chat Noir bateu seu ombro de leve no meu enquanto ríamos.

Depois que o riso cessou, Adrien me encarou profundamente. Seu olhos verdes pareciam mais brilhantes nessa noite e seus lábios, ainda mais convidativos.

— É considerado não muito profissional a gente se beijar agora no meio da patrulha? – ele questionou se aproximando mais.

— Estamos sentados no topo de um prédio conversando sobre um contrato fictício de namoro. Então eu acho que não. – o loiro sorriu e diminuiu de vez a distância entre nós, iniciando um beijo calmo.

De todas as poucas vezes que nos beijamos, essa com certeza tinha sido a melhor. Nada compensaria a vista que tínhamos agora e no momento ambos sabiam suas identidades e seus sentimentos um pelo outro. Não tinha nem como discutir que era o beijo mais incrível de todos.

— Seus lábios também são doces, my lady. – Chat Noir disse assim que nos afastamos.

— E os seus tem gosto de croissant. – o que era óbvio, já que eu tinha levado para ele como forma de pagamento por ter me ajudado a costurar os vestidos das irmãs da Alya, pouco tempo antes de ele me beijar e fugir pela janela. Mas a minha “vingança” estava completa agora e não podia ter sido melhor.

— A garota que eu amo me deu eles. A garota que eu amo... E que me ama também. – ele sorriu bobo – É tão incrível dizer isso! Marinette é a Ladybug, e ela me ama. – coloquei o indicador sobre seus lábios.

— Shh! Não é seguro falar esse tipo de coisa em público, você sabe muito bem que as paredes têm ouvidos.

— Desculpa, é que eu ainda estou maravilhado pela notícia de que estamos namorando.

— Então nós estamos namorando? – questionei sentindo minhas bochechas ficarem levemente quentes.

— Você quer? Quer namorar comigo? – desviei o olhar com um sorriso. Provavelmente estava mais corada.

— Sim, eu quero namorar com você. – Adrien sorriu e depositou um beijo rápido na minha boca e segurou minhas mãos.

— Quero que saiba que eu vou fazer de tudo para você ser a garota mais feliz do mundo. O que não é tão difícil, já que você está namorando comigo. – falou em um tom convencido e eu estreitei o olhar. – Brincadeiras à parte. Eu amo você, Ladybug. E tudo que eu quero é que seja feliz. – agora foi a minha vez de sorrir como uma boba.

Tinha imaginado momentos como esse inúmeras vezes na minha cabeça, entretanto nenhum deles se comparava ao de agora.

— Eu também amo você, Chat Noir. E eu vou estar feliz desde que você também esteja, então não precisa se preocupar com isso.

— Bom, então entramos em paradoxo porque o motivo da minha felicidade é você. – nós rimos. – Ah e como minha namorada, você tem a obrigação de dar muito carinho pro seu gatinho.

— Você não é um gato de verdade, sabe disso, não é? – ironizei.

— Talvez não gato o animal, mas gato elogio, eu sou e muito! – bati minha mão na testa. Ele não parava nunca.

— Eu vou fingir que não ouvi isso. – fiquei de pé, logo Chat Noir fez o mesmo. Por alguns segundos me arrependi, já que como ele era mais alto que eu. Me sentia levemente intimidada nesse momento.

— Ah você ouviu sim. E como minha namorada você vai ouvir muitos, eu disse muitos, trocadilhos ridículos mas você vai rir de todos e dizer que eu sou fofo. – cruzei os braços e o encarei.

— Quer escrever um manual, gatinho? Porque eu estou começando a me arrepender de ter concordado com isso.

— Não, não é necessário. Você vai aprendendo com o tempo. – soquei o seu braço – Ai!

— Isso é pra você criar vergonha nesse rostinho lindo.

— Sinto muito, mas vai precisar de mais de um soco para isso. – Chat Noir não tem jeito mesmo.

— De novo, estou começando a me arrepender. – brinquei.

— Você não pode me deixar. Não é legal abandonar animais! – balancei a cabeça.

— Tudo bem, tudo bem. – balancei as mãos – Não vou abandonar você, desde que você pare de me deixar sem graça na frente das pessoas. – Chat Noir abriu a boca para falar algo, mas eu sabia o que ele diria – E não adianta dizer que adora ver a cor do meu rosto combinando com o traje da Ladybug!

— Tá. Eu paro. – ele revirou os olhos – De qualquer forma estamos namorando e eu posso andar de mãos dadas com você pelo colégio, o que provavelmente vai te deixar sem graça também. – bati no seu braço – Ei! Você só está me batendo hoje, e não é do jeito bom. – arregalei os olhos.

— Você é uma pessoa horrível! – o loiro tombou a cabeça para o lado e deu de ombros.

— Continuo sendo o seu namorado.

— É, não por muito tempo se continuar me incomodando. – cruzei os braços e virei em direção à cidade.

Senti o queixo de Adrien tocando o meu ombro e sua respiração bem próxima, em seguida ele colocou os braços ao redor da minha cintura e me deu um beijo demorado na bochecha.

— Poderia ficar assim o dia todo. – sorri e levei minha mão até os seus cabelos, os acariciando.

— Eu também. – me virei devagar e pousei os meus braços nos ombros dele.

Me inclinei para conseguir beijá-lo enquanto Adrien apertava mais a minha cintura, trazendo meu corpo ainda mais para perto do seu.

— Tem certeza que eu não estou mesmo sonhando? – balancei a cabeça e a escorei no seu peito.

— Tenho. Porque se você estivesse, eu certamente também estaria. – sai dos seus braços, suspirando – Bom, eu adorei tudo isso mas ainda temos uma cidade para patrulhar e nós nem começamos ainda.

— Ah! Podemos ficar mais um tempo aqui admirando a paisagem. – Chat Noir fez um bico e eu toquei o seu sino de leve. Embora ele estivesse muito fofo, não poderia ceder.

— Você sabe que temos nossas responsabilidades como super-heróis.

— É, eu sei. Mas amanhã você precisa sair comigo.

— Preciso?

— É. Saltar sobre prédios é o que sempre fazemos juntos e não conta bem como um encontro.

— Tá bom, vamos ter um encontro amanhã. Vamos ter quantos encontros você quiser, desde que você venha comigo terminar o nosso serviço.

Chat Noir se aproximou, me segurando para cintura e dando um daqueles olhares sugestivos.

— Eu irei com você para onde quiser. Até o fim do mundo. – sorri colocando a mão sobre o seu rosto.

— Esse tipo de frase é algo que vou ter que me acostumar como sua namorada? – ele riu.

— Exatamente.

— Ótimo! Agora vamos? – o loiro assentiu e pegou o seu bastão, fazendo uma reverência.

— Damas primeiro!